F.P.G. CAMPEONATO DA EUROPA INDIVIDUAL AMADOR

PRESS-RELEASE

O Treinador Nacional, Sebastião Gil, admite que a Selecção ficou aquém do desejado, mas está convicto de que a lição foi aprendida para 2004.

 

A fase de transição por que todo o sector de Alta Competição da Federação Portuguesa de Golfe (FPG) tem estado a passar este ano, por forma a criar uma base de crescimento sustentado para o futuro, teve os seus reflexos no Campeonato da Europa Individual Amador, ganho pelo irlandês Brian McElhinney, já que nenhum dos cinco portugueses conseguiu passar o ‘cut’ após 54 buracos, numa 16ª edição da prova em que se admitia a possibilidade de colocarmos um jogador no ‘top-20’.

 

Hugo Santos (Vilamoura), Nuno Campino (Aroeira), Tiago Cruz (Estoril), Ricardo Santos (Vilamoura) e Nuno Brito e Cunha (Oitavos) foram os cinco jogadores que representaram Portugal na competição mais importante do calendário da EGA (Associação Europeia de Golfe), organizada pela Scottish Golf Union, no Nairn Golf Club, nos arredores de Inverness.

 

Depois de no ano passado Hugo Santos ter obtido uma boa 19ª posição, no Tróia Golf, julgava-se possível repetir a proeza nas imediações do famoso Loch Ness, mas Portugal teve de contentar-se com resultados bem mais modestos, embora possa queixar-se de uma “pontinha” de infelicidade, uma vez que Hugo Santos contraíu uma gripe e tanto Nuno Campino como Nuno Brito e Cunha ficaram no 71º lugar, a apenas uma pancada de passar o ‘cut’.

 

Num típico ‘links course’ escocês, em que as variações de vento e a chuva colocaram os 144 participantes à prova, Hugo Santos queixou-se de dores no corpo. Foi observado por um médico, que detectou febre e diagnosticou gripe. «Se não estivesse doente teria jogado melhor ou pior? Isso é uma coisa que não se sabe», comentou, algo fleumaticamente, o campeão nacional, mas o certo é que o resultado de 231 (75+79+77), 15 acima do Par, ficou “uns furos” abaixo do normal num dos melhores golfistas amadores da Europa Continental, que este ano foi sexto classificado na fase de ‘stroke play’ do British Amateur.

 

Nuno Campino, provavelmente o português mais regular em ‘stroke play’, voltou a demonstrar as suas capacidades, mas acusou, desta feita, alguns erros pontuais que lhe foram fatais. «No primeiro dia, joguei super bem, mas fiz duas asneiras, no buraco 14 e 16, onde fiz duplo ‘bogey’ e triplo, respectivamente, que estragaram o meu resultado», reconheceu o vice-campeão nacional, que assinou cartões de 77, 74 e 79, num total de 230 pancadas (+14).

 

Nuno Brito e Cunha, que estuda em Newcastle e este ano habituou-se a actuar em campos mais semelhantes ao do Nairn Golf Club, foi o único português a fazer uma volta abaixo do Par (72) do percurso, ao fechar o terceiro dia com 69 pancadas (-3), graças a cinco ‘birdies’ e dois ‘bogeys’. «Ontem, na segunda volta, joguei muito mal, mas aprendi muito. Quando jogo mal, gosto de aprender qualquer coisa para não cometer os mesmos erros. Hoje já joguei um golfe mais suave e consegui manter-me calmo, mas também tive um pouco de sorte. Começar com tres ‘birdies’ deu-me mais confiança, em particular no ‘putt’, e salvei alguns Pares importantes. Senti-me um bocado desiludido por não ter passado ‘cut’. Foi aquela volta de 86 pancadas que estragou tudo», lamentou-se o “emigrante” português, que somou 230 pancadas (75+86+69), 14 acima do Par.

 

Se Nuno Brito e Cunha e Nuno Campino ainda sonharam com o apuramento para o último dia e Hugo Santos beneficiou da atenuante da gripe, já Tiago Cruz e Ricardo Santos não tiveram hipóteses nenhumas de brilhar, terminando a competição fora do ‘top-100’. Para Sebastião Gil, que acompanhou os jogadores na Escócia e que este ano assumiu o cargo de treinador da selecção nacional, «a nossa presença foi positiva, não em termos de resultados, mas de experiência futura. Os jogadores foram alertados para este género de campos e de condições climetéricas, e espero que no próximo ano – tenho quase a certeza que sim – se apresentem em muito melhor forma. Estes torneios são extremamente importantes para aprenderem como se joga fora de Portugal».

 

Sebastião Gil não apontou ainda o dedo aos aspectos menos positivos: «Os resultados ficaram muito aquém do que esperava. Há várias explicações. Primeiro, os nossos jogadores não estão habituados a jogar em ‘links’ nem a actuar sob estas condições climatéricas. Segundo, falta-lhes ambição, pois ainda não acreditam neles próprios. Terceiro e último, a época não foi preparada a tempo e a horas. Não houve estágios suficientes para preparar os jogadores e eles não estão nas melhores condições físicas e psicológicas».

 

Mentalidade ganhadora foi o que não faltou ao novo campeão da Europa, que viveu uma última volta de sonho. O irlandês Brian McElhinney partiu para os derradeiros 18 buracos na sexta posição, a oito pancadas do líder, Michael Tannhauser, mas o alemão perdeu cinco ‘shots’ nos seis primeiros buracos e acabou por nem conseguir garantir um lugar no pódio. «Ainda estou em estado de choque e nem sei o que dizer. Não estava nada à espera de ganhar e, de qualquer forma, penso que não fui eu a ganhar, mas ele quem perdeu», declarou este amador de 20 anos, que não faz mais nada na vida para além de jogar golfe de alta competição.

 

Brian McElhinney conquistou este ano o Campeonato Amador da Irlanda do Norte e o Prémio de Mérito/Joe Carr Perpetual, atribuído pela Golf Union of Ireland, depois de ter ganho o Connacht Youths e de ter registado dois segundos lugares no Leinster Youths e no Ulster Youths, três torneios do circuito irlandês de sub-21. McElhinney foi o terceiro irlandês a sagrar-se campeão europeu, depois de Steven Browne em 2001 e Paddy Gribben em 1998.

 

A Espanha, actual campeã da Europa por equipas, esteve muito perto de fazer o mesmo a nível individual, uma vez que Pablo Martin, o campeão do British Amateur de 2001, considerado o melhor amador da Europa Continental, ficou em segundo lugar, a apenas uma pancada do vencedor, depois de uma última volta espectacular de 66 (-6). Merece ainda destaque o facto dos 11 primeiros classificados terem batido o Par deste campo fundado em 1887, o que, só por si, revela o nível elevado do golfe amador europeu, cuja associação (EGA) é presidida pelo português Manuel Agrellos.

 

Os principais resultados da classificação geral definitiva do 16º Campeonato da Europa Individual Amador foram os seguintes:

 

1º Brian  McElhinney (Irlanda) 283 (72+68+76+67), -5
2º Pablo Martin Benavides (Espanha), 284 (71+74+73+66), -4*
3º Mathew Richardson (Inglaterra), 284 (67+71+75+71), -4*
4º Michael Thannhauser (Alemanha), 284 (67+68+73+76), -4*
5º Jan van Hoof (Holanda), 285 (66+78+72+69), -3
5º Martin Rominger (Suica), 285 (70+74+71+70), -3
5º Martin Kymer (Alenha), 285 (74+71+70+70), -3
5º James Heath (inglaterra), 285 (69+73+72+71), -3
9º Steven Jeppesen (Suecia), 287 (67+70+79+71), -1
10º Christian Schunck (Alemanha), 287 (72+71+73+71), -1

 

Portugueses
71º Nuno Brito e Cunha, 230 (75+86+69), +14
71º Nuno Campino, 230 (77+74+79), +14
80º Hugo Santos, 231 (75+79+77), +15
109º Tiago Cruz, 237 (75+82+80), +21
115º Ricardo Santos, 238 (76+82+80), +22

 

* Os lugares do pódio foram decididos com recurso ao sistema de desempate que beneficia a melhores últimas voltas de 18 buracos.

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Revised: 08-09-2003 .