O SECRETÁRIO DE
ESTADO DO DESPORTO, HERMÍNIO LOUREIRO, GARANTE QUE OS TRÂMITES BUROCRÁTICOS
FORAM ULTRAPASSADOS
A construção do primeiro campo
público em Portugal, uma das grandes apostas da actual Direcção da
Federação Portuguesa de Golfe (FPG), poderá iniciar-se já em Março ou Abril
de 2005, dependendo apenas da vontade política do Governo que resultar
das próximas eleições legislativas. Esta foi a principal mensagem deixada ontem
(Terça-feira) à noite, pelo Secretário de Estado do Desporto, Hermínio
Loureiro, no Jantar Anual de Gala da FPG, realizado na Quinta dos
Cedros, no Linhó.
«Sobre o tão ansiado campo público
do Jamor – declarou
Hermínio Loureiro, no discurso de encerramento do Jantar – tinha
preparado um anúncio para esta ocasião, juntamente com o presidente da FPG, e
gostaria de poder anunciar a sua construção. De todas as formas, o processo de
concessão está concluído, graças ao trabalho do Instituto do Desporto de
Portugal (IDP) e da FPG, e, relativamente à construção, o acordo também está
feito com a Direcção Geral do Turismo, o IDP e a FPG. A tramitação burocrática
está ultrapassada, a decisão política está tomada, mas, nesta fase política que
atravessamos, não nos é possível avançar mais do que isto, por imperativos de
actos de mera gestão do Governo. Mas o mais difícil está feito e julgo poder
dizer-vos que, seja qual for o resultado das eleições, o poder político poderá
iniciar a sua construção entre Março e Abril do próximo ano».
O discurso improvisado do Secretário de
Estado do Desporto começou pela leitura de uma mensagem do seu homólogo
do Turismo, Carlos Martins, ausente, que terminava com o desejo de que o
golfe «seja um ‘driver’ da nossa Economia». A presença do presidente do
IDP, José Manuel Constantino; do presidente da Fundação do Desporto,
Mário Marques Pinto; do presidente da Confederação do Desporto de
Portugal, Carlos Cardoso; do chefe de gabinete do Secretário de Estado
do Desporto, Augusto Baganha; do presidente do Comité Olímpico de
Portugal, Vicente Moura; da vice-presidente do Instituto do Turismo de
Portugal, Madalena Torres, do presidente da Região do Turismo do
Algarve, Hélder Martins; do presidente da Junta de Turismo da Costa do
Estoril, Duarte Nobre Guedes e de alguns dirigentes de outras modalidades
desportivas, mereceu por parte do governante português o comentário de que
«significa a grandeza e a importância que o golfe tem, não só para o desporto,
mas também para o turismo, no nosso país».
Hermínio Loureiro
fez ainda questão de salientar o trabalho efectuado por duas personalidades do
golfe nacional. «Gostaria de fazer uma referência especial e sentida a um
dirigente da FPG, que bem poderia estar aqui, neste meu lugar, a falar
convosco, e que muito tem feito pelo golfe em Portugal, o Dr. Miguel de Sousa»,
disse, referindo-se ao vice-presidente da FPG que chegou a ser
indigitado Ministro do Desporto. A outra referência foi para Manuel Agrellos,
recém-empossado presidente da PGA da Europa: «Desejo felicitar, em
nome do Governo, o vosso presidente, pelo trabalho efectuado, não só no golfe,
mas também no desporto em Portugal. Foi eleito para mais um cargo que vai
trazer enorme prestígio a Portugal. Ao longo dos anos, o Governo tem feito um
esforço para que os nossos dirigentes desportivos atinjam lugares de topo nas
estruturas internacionais e temos outros bons exemplos. O Sr. presidente da FPG
lançou esta noite o desafio de querer ter mais profissionais nos circuitos
internacionais, o que demonstra a ambição que o tem norteado. Tem sido uma
satisfação assistir, ao longo dos anos, em Portugal, ao crescimento saudável e
sustentado do golfe, uma modalidade magnífica e posso garantir-vos que o plano
estratégico da FPG foi um dos melhores que recebi, pela forma como enquadra os
sectores da formação e da alta competição».
A FPG pode, na
verdade, orgulhar-se de dirigentes com capacidade de planear a longo prazo e
esse crescimento sustentado de que falou o Secretário de Estado do Desporto
é o produto do trabalho realizado por várias Direcções. É por isso que
Manuel Agrellos tem vindo a homenagear, todos os anos, no Jantar de Gala,
figuras que desempenharam um papel essencial no desenvolvimento da modalidade
no nosso país. Em 2004, uma
dessas homenagens recaiu sobre José Roquette, talvez mais conhecido por
ter dirigido o Sporting Clube de Portugal, mas cuja obra enquanto presidente da
FPG (1981-1985) não foi esquecida, tendo Manuel Agrellos
salientado alguns pontos: «O regresso à organização do Open de Portugal,
interrompido entre 1975 e 1983, após negociação com Ken Schofield. A
representação dos nossos profissionais junto da Federação e o apoio financeiro
para pudessem dispor de um circuito profissional próprio. A instalação da 1ª
sede social própria, independente das emprestadas pelo Clube de Golfe do
Estoril e pela empresa do anterior Presidente e a oferta da maioria do seu
mobiliário inicial. A profissionalização do ‘staff’ da Federação e a
contratação do seu Secretário-geral. A introdução do uso de cartão de filiado.
A elaboração sistemática de programas para desenvolver o golfe juvenil. A
percepção da importância de envolver a Comunicação Social na divulgação da
imagem e prática golfe. O desenvolvimento sistemático da procura de patrocínios
para desenvolvimento dos programas de trabalho da Federação. No seguimento do
que ainda em 1974 vinha sendo conversado entre o anterior Presidente e a
Direcção Geral dos Desportos, o claro entendimento da importância da criação de
um Centro Nacional de Formação, tentando a negociação com a Câmara Municipal de
Lisboa para a instalação do Driving Range em Monsanto e em alternativa
oferecida pela mesma Direcção Geral em 1984 o acordo obtido para a sua
localização no Complexo Desportivo do Jamor».
Naquele que talvez tenha sido o mais inspirado
discurso da noite, pela emoção colocada nas palavras e pelo seu conteúdo,
José Roquette relembrou «aqueles que me acompanharam nesse período vital
para a recuperação do golfe português. Não foi fácil recuperar a imagem do
golfe, numa altura em que quase todas as suas actividades eram entendidas
como... enfim, fascistas, mas foi um trabalho de equipa que resultou e é com
orgulho que vemos a realidade poderosíssima de goza hoje o golfe em Portugal,
sob a orientação do Manea (alcunha do actual presidente da FPG).
Basta ver que, naqueles tempos, tínhamos umas poucas centenas de federados e
que hoje mesmo o presidente falou no desejo de atingir os 30 mil no final do
seu mandato. São números notáveis para uma modalidade que representa um dos
sectores mais importantes para o turismo em Portugal».
A FPG tem, actualmente, cerca de 15
mil filiados, mas a meta de 30 mil foi, de facto, enunciada como um
dos objectivos da actual Direcção até ao final do seu mandato, num vídeo
bem produzido pela GolfMark, que revelou o trabalho da FPG nos
últimos anos e os planos para o futuro próximo. Os outros alvos nos
próximos três anos são: «o início da construção do campo público do Jamor, a
expansão os campos municipais e ter, pelo menos, um profissional no Circuito
Europeu».
Numa noite em que se celebrou também o 70º
aniversário do actual campeão nacional de super-seniores, Domingos Sousa
Coutinho, a FPG manteve a tradição de distinguir todos os anos um
jogador com um prémio de carreira. Em 2004, o eleito foi Nuno Brito e
Cunha, o Visconde de Pereira Machado, do qual, Manuel Agrellos
desfiou um rol de feitos desportivos, entre os quais destacamos «o melhor
resultado de sempre de um português no Open de Portugal – o 3º lugar em 1965; a
integração nas selecções nacionais durante 24 anos, atravessando três décadas;
três vitórias no Campeonato Internacional Amador de Portugal; três vezes
campeão nacional absoluto; quatro presenças em Campeonatos do Mundo; duas
convocações para a selecção da Europa Continental no St. Andrews Trophy; três
vitórias em torneios italianos, uma em Inglaterra e cinco vezes campeão de
clubes em França».
Nuno Brito e Cunha,
que pediu a todos os presentes que bebessem «um copo ao jogo de golfe»,
recordou nomes de «personalidades esquecidas do golfe português, que foram
grandes jogadores de golfe, sobretudo no Estoril», onde aprendeu a
«admirá-los». Dos vários nomes enunciados, incluíam-se os de «José Sousa
e Mello, o pai, Duarte Espírito Santo, Carlos Vilhena, Henrique Paulino e o
Chico Poças».
Se José Roquette viu o seu
estatuto de Membro de Mérito da FPG ser aprovado numa
Assembleia-geral (AG) realizada na tarde de ontem, em Lisboa, houve ainda
outra votação unânime, a da atribuição de Membro Honorário ao inglês
Kenneth Schofield, que já tinha sido agraciado, em 1996, com o grau de
‘Commander of the British Empire for Services to Golf’, durante as
comemorações do aniversário da Rainha Isabel II.
Manuel Agrellos
contou como este «presidente-executivo do European Tour, entre 1975 e 2004»
efectuou «um gigantesco trabalho, sendo hoje responsável pela organização de
mais de 100 eventos, incluindo o European, Seniors e Challenge Tour e o World
Golf Championships, com um valor global de mais de 80 milhões de libras de
‘prize money’». Em Portugal, Schofield «contribuiu para o crescimento e
prestígio do Open de Portugal, concedendo, durante largos anos, através da
PGAET, o apoio financeiro que permitiu a manutenção do nosso Open dentro das
provas do European Tour».
Ken Schofield
“pagou da mesma moeda” a Manuel Agrellos e, depois de sublinhar «a
humildade» com que recebeu «um galardão tão especial», declarou que
«não foi surpresa para nós a sua eleição para presidente da PGA da Europa
porque o vosso presidente é um amigo de longa data do European Tour e uma
pessoa muito especial». O inglês frisou ainda que «num momento em que a
PGA da Europa integrou o grupo de instituições que gerem a Ryder Cup em todo o
Mundo, seria positivo que, muito rapidamente, houvesse um português a vencer
torneios no European Tour e a integrar a selecção da Europa da Ryder Cup».
O Jantar Anual de Gala da FPG, que, como
de costume, entregou os troféus aos vencedores de todos os torneios integrados
no calendário oficial da FPG, incluindo os campeões nacionais, serviu
também de palco à entrega dos prémios especiais anuais. A lista de premiados
foi a seguinte:
Troféu Ricardo Espírito Santo (Profissional do
ano) – António Sobrinho, Troféu Tito Lagos (Jogador Amador) – Ricardo
Santos, Troféu José Sousa e Mello (Jovem) – Pedro Figueiredo, Troféu
Fernando Cabral (Sociedade Comercial) – Sociedade de Golfe de Amarante e
Sociedade de Golfe da Quinta do Lago, Troféu José Roquette (Jornalista) –
Luís Ribeiro Soares, Troféu Visconde de Pereira Machado (Clube) –
Clube de Golfe do Santo da Serra.
Coube, como habitualmente, ao presidente da
FPG, dirigir algumas palavras à “plateia” e Manuel Agrellos, depois
de agradecer o empenho manifestado pela Administração Pública no
desenvolvimento do golfe em Portugal, deteve-se em alguns aspectos menos
visíveis do trabalho da FPG:
«No domínio da alta competição
começam a surgir os primeiros resultados da exigência posta na execução dos
planos de trabalho. Apraz-me tornar público que o sistema adoptado de pontuação
para a Ordem de Mérito da Associação Europeia de Golfe, que teve em 2004 um ano
experimental ainda sem divulgação, coloca o nosso Ricardo Santos em 5º lugar
dos amadores de toda a Europa.
«Para incremento da motivação dos nossos
melhores jogadores e de maior visibilidade do golfe nacional, o jogador Filipe
Lima readquiriu a nacionalidade desportiva portuguesa, e terá o apoio da
Federação para levar o nome de Portugal a nível internacional, como jogador do
circuito principal do European Tour. Com esta iniciativa, esperamos abrir a
porta da internacionalização de outros jogadores portugueses, apoiando a sua
ascensão, sobretudo nos primeiros anos da sua actividade como jogador
profissional.
«O apoio ao programa de formação de
profissionais, em conjunto com a PGA de Portugal agora com a colaboração da
faculdade de Motricidade Humana, entrou numa fase de actualização dos seus
manuais e do reconhecimento, junto das entidades competentes, da profissão de
treinador de golfe. Neste domínio, como também na formação de outros agentes
desportivos, o Projecto de Formação prevê-se que ela se estenda por outros
níveis académicos de pós-graduação, de mestrado e até mesmo ao nível do
doutoramento. Isto já está a acontecer na Universidade do Algarve e prevê-se o
seu alargamento a outras universidades portuguesas.
«Dentro ainda da área da formação, merecem
registo os cursos de formação de juízes árbitros, designadamente o que teve a
colaboração directa de responsáveis pela Comissão de Regras do Royal and
Ancient Golf Club of St. Andrews. Nesse curso, com elevada percentagem de
aprovações no exame final, tivemos o gosto da aprovação certificada pelo Ruling
Body mundial, da mais jovem árbitro do mundo, a Maria João Moreira da Silva, na
altura com 13 anos de idade.
A frase com que encerrou o seu
discurso – «Melhor
Golfe e mais golfe é o lema que temos para responder aos desafios dos próximos
anos» –
foi
recuperada por Hermínio Loureiro para fechar também o Jantar Anual de
Gala da FPG de 2004 .