Então, boas tacadas XIX
Nesta
véspera de Natal de 2005 desejo a todos os golfistas Festas Felizes e um Ano
de 2006 com saúde e baixa acentuada de handicap.
Porquê desejar baixa de handicap
e não auspiciar uma mão cheia de vitórias? Pela beleza do vosso jogo. Pelo voo
da bola. Para que um dia possam ter o orgulho de dizerem que são “single
figures”. Para pertencer ao grupo de 1% de jogadores, a nível mundial, que só
têm um dígito no handicap.
Qual é o seu handicap? –
pergunta uma voz de jogador ou não, tanto faz. O peito do atleta enche-se de
ar, olha o questionador com falsa humildade. E pensa: “agora vou
impressionar”. Os olhos do interlocutor não escondem a expectativa; tentam
vislumbrar no seu aspecto geral, olhar de águia ou de ave mais terrestre,
músculos ou determinação excepcional. O que vai sair daquela boca? “Pelo
aspecto, deve ser pra’í uns 24”, “ ou mesmo mais”.
Nesse momento diz-se com uma voz
tranquila e firme: “ 7 “, mais precisamente “7,2 EGA”, i.e., ainda mais
redundante, está mais perto do 7 do que dos 8.
A seguir vem a pergunta
tradicional: “ Oh ! Fulano, mas já joga há muito tempo, não é verdade?”. A
partir daí a partida já está ganha. Se disser que joga há pouco tempo, digamos
3 ou 4 anos, o seu inquiridor vai ficar deslumbrado porque isso significa que
é, apesar da sua não tão tenra idade, um atleta a sério. Se puder dizer “ Sim,
já jogo há mais de 30 anos, desde miúdo”, com ar blasé, então a impressão
causada ainda é maior, porque isso implica que a sua origem é eventualmente
fidalga, pensa ele. Claro que o leitor é da elite dos golfistas, não mais do
que isso.
O problema é manter o handicap.
Como se mantém ou se alcança um handicap de “single figure? ”. Aqui está outra
situação completamente distinta uma da outra. Uma coisa é alcançar um handicap
de um só dígito e outra muito diferente é mantê-lo. Porquê?
Baixar de handicap é difícil
porque normalmente o principiante, liga o handicap não à sua capacidade de
jogo, à sua destreza, à beleza dos seus “draws”, mas às vitórias que foi
conseguindo e às moedas que foi sacando – sim sacando - dos bolsos dos seus
parceiros. Só que o tempo passa e quando alguém se distingue nesse projecto de
vida, acaba por se sair mal, porque o tempo se encarrega de mostrar que se
continuará a jogar sempre a esse nível e não a um superior.
De outra filosofia se trata o
“manter” o handicap. Aí, depois de se chegar aos tais 7, quiçá menos, e quanto
menos melhor, só precisa de gerir a chegada aos 9,9. Basta-lhe fazer um a dois
resultados por ano, 7 ou 8 pancadas abaixo do seu par e mantém-no calmamente.
É evidente que falo também de
prestígio golfista. Toda a gente fica a saber que o leitor é “um single
figure”. Mesmo que jogue mal n vezes, toda a gente compreende que isso
se deve a uma noite mal dormida ou a muita actividade profissional. Mas que o
potencial está lá, isso é naturalmente reconhecido.
Posto isto, resta-me desejar que
o seu handicap, caro leitor e amigo ( creio que só os meus amigos me lêem)
desça rápidamente e para tal, deixo apenas três conselhos para chegar a
“single figure”:
1º Jogue depressa.
2º Não pense no shot falhado. Ainda vai falhar muitos mais!
3º Acabe sempre o seu backswing. Não tenha pressa. Não está atrasado para ir
para o emprego.
E, para terminar este ano de
2005 vou fazer como é tradicional entre os astrólogos. Nesta época de
balanços, aqui ficam as minhas previsões para 2006:
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O Dr.
Jorge Sampaio vai baixar de hcp a partir de Março.
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Ainda
não é este ano que vamos ter um grande jogador a aparecer entre nós. A
concorrência da Play Station é imbatível no momento.
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Os
trabalhos para a construção do campo de golfe do Jamor não se iniciam em
2006.
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Entre
inaugurações e campos em construção o ano de 2006 vai ser um dos mais
proveitosos de todos os tempos. Contam-se pelo menos uns dez novos campos.
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A partir
de Fevereiro um grande projecto de golfe vai pôr em contacto com a
modalidade mais de 200 mil portugueses.
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Se tudo
correr bem, eu não vou subir de handicap. Não ganho nada, mas não subo.
Bom Natal, Feliz Ano Novo e
Então, boas tacadas
Fernando Nunes Pedro
fnp-golfe@netcabo.pt |