Então, boas tacadas XIX

Fernando Nunes PedroNesta véspera de Natal de 2005 desejo a todos os golfistas Festas Felizes e um Ano de 2006 com saúde e baixa acentuada de handicap. 

Porquê desejar baixa de handicap e não auspiciar uma mão cheia de vitórias? Pela beleza do vosso jogo. Pelo voo da bola. Para que um dia possam ter o orgulho de dizerem que são “single figures”. Para pertencer ao grupo de 1% de jogadores, a nível mundial, que só têm um dígito no handicap.  

Qual é o seu handicap? – pergunta uma voz de jogador ou não, tanto faz. O peito do atleta enche-se de ar, olha o questionador com falsa humildade. E pensa:  “agora vou impressionar”. Os olhos do interlocutor não escondem a expectativa; tentam vislumbrar no seu aspecto geral, olhar de águia ou de ave mais terrestre, músculos ou determinação excepcional. O que vai sair daquela boca? “Pelo aspecto, deve ser pra’í uns 24”, “ ou mesmo mais”. 

Nesse momento diz-se com uma voz tranquila e firme: “ 7 “, mais precisamente “7,2 EGA”, i.e., ainda mais redundante, está mais perto do 7 do que dos 8.  

A seguir vem a pergunta tradicional: “ Oh !  Fulano, mas já joga há muito tempo, não é verdade?”. A partir daí a partida já está ganha. Se disser que joga há pouco tempo, digamos 3 ou 4 anos, o seu inquiridor vai ficar deslumbrado porque isso significa que é, apesar da sua não tão tenra idade, um atleta a sério. Se puder dizer “ Sim, já jogo há mais de 30 anos, desde miúdo”, com ar blasé, então a impressão causada ainda é maior, porque isso implica que a sua origem é eventualmente fidalga, pensa ele. Claro que o leitor é da elite dos golfistas, não mais do que isso.  

O problema é manter o handicap. Como se mantém ou se alcança um handicap de “single figure? ”. Aqui está outra situação completamente distinta uma da outra. Uma coisa é alcançar um handicap de um só dígito e outra muito diferente é mantê-lo. Porquê? 

Baixar de handicap é difícil porque normalmente o principiante, liga o handicap não à sua capacidade de jogo, à sua destreza, à beleza dos seus “draws”, mas às vitórias que foi conseguindo e às moedas que foi sacando – sim sacando -  dos bolsos dos seus parceiros. Só que o tempo passa e quando alguém se distingue nesse projecto de vida, acaba por se sair mal, porque o tempo se encarrega de mostrar que se continuará a jogar sempre a esse nível e não a um superior. 

De outra filosofia se trata o “manter” o handicap. Aí, depois de se chegar aos tais 7, quiçá menos, e quanto menos melhor, só precisa de gerir a chegada aos 9,9. Basta-lhe fazer um a dois resultados por ano, 7 ou 8 pancadas abaixo do seu par e mantém-no calmamente.  

É evidente que falo também de prestígio golfista. Toda a gente fica a saber que o leitor é “um single figure”. Mesmo que jogue mal n vezes, toda a gente compreende que isso se deve a uma noite mal dormida ou a muita actividade profissional. Mas que o potencial está lá, isso é naturalmente reconhecido. 

Posto isto, resta-me desejar que o seu handicap, caro leitor e amigo ( creio que só os meus amigos me lêem) desça rápidamente e para tal, deixo apenas três conselhos para chegar a “single figure”:  

1º Jogue depressa.
2º Não pense no shot falhado. Ainda vai falhar muitos mais! 
3º Acabe sempre o seu backswing. Não tenha pressa. Não está atrasado para ir para o emprego. 

E, para terminar este ano de 2005 vou fazer como é tradicional entre os astrólogos. Nesta época de balanços, aqui ficam as minhas previsões para 2006: 

  • O Dr. Jorge Sampaio vai baixar de hcp a partir de Março.

  • Ainda não é este ano que vamos ter um grande jogador a aparecer entre nós. A concorrência da Play Station é imbatível no momento.

  • Os trabalhos para a construção do campo de golfe do Jamor não se iniciam em 2006.

  • Entre inaugurações e campos em construção o ano de 2006 vai ser um dos mais proveitosos de todos os tempos. Contam-se pelo menos uns dez novos campos.

  • A partir de Fevereiro um grande projecto de golfe vai pôr em contacto com a modalidade mais de 200 mil portugueses.

  • Se tudo correr bem, eu não vou subir de handicap. Não ganho nada, mas não subo.

Bom Natal, Feliz Ano Novo e  

Então, boas tacadas

Fernando Nunes Pedro
fnp-golfe@netcabo.pt

 

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Revised: 02-01-2006 .