Não fosse uma “gravata” no buraco 16 (um
putt de 10 metros) e um birdie-putt no 18 de 6 metros que descaiu
ligeiramente para a esquerda e Ricardo Santos estaria a liderar isolado
a Grande Final que, pelo sétimo ano seguido, decorre no resort’ da
região de Puglia, no Sul de Itália, onde a participação do Nápoles na
Liga dos Campeões desperta a loucura geral.
Mesmo assim, o algarvio não se queixa e a
sua volta em 66 (-5) igualou os cartões anteriormente registados do
francês Julien Guérrier, do espanhol Jorge Campillo e do italiano Andrea
Pavan, qualquer um deles atrás de Santos no ranking do Challenge Tour.
Em termos matemáticos, só os 12 primeiros
do ranking podem terminar o ano no primeiro posto. E dos co-líderes, só
Pavan (7º) se encontra nessa posição, bem atrás do português (3º).
Claro que o perigo está longe de afastado
e os ingleses Tommy Fleetwood e Sam Little, que jogaram hoje
(quarta-feira), no mesmo último grupo de Santos, estão a apenas 1
pancada, no 5º lugar, pelo que está ainda tudo em aberto.
Ricardo Santos, vencedor este ano no The
Princess by Schucco, na Suécia, faz questão de afastar a pressão e na
entrevista que deu ao programa televisivo do Challenge Tour (que
passará, em Portugal, na SportTV Golfe), disse: «Se acabar a época como
nº1, melhor, caso contrário, paciência, tive uma excelente época e quero
é divertir-me».
O nº1 do ranking da PGA de Portugal,
acrescentou depois ao Gabinete de Imprensa da associação dos
profissionais portugueses que a volta de 5 birdies e isenta de bogeys
ficou a dever-se ao treino intensivo que fez no jogo curto e a alguns
conselhos no novo caddie, o argentino residente na Alemanha, Jorge
Gamarra:
«Foi um dia bastante positivo. Do tee ao
green não joguei do outro Mundo, mas cometi apenas um erro que poderia
ter sido perigoso e salvei-me com um putt no 14 de fora do green. Foi
uma volta salva pelo jogo curto, uma consequência de me ter focado neste
aspecto nos treinos das duas últimas semanas. Fiz shot e putt em vários
buracos, nem me lembro de todos, mas no 1, 9, 15 e 17, os dois primeiros
para Par e os dois últimos para birdie. Tive os breaks do meu lado e
isso deu sempre motivação para os buracos seguintes».
Quando no 15, o chip (para eagle)
executado num corredor de relva entre dois bunkers rasou o buraco, Sam
Little, o actual nº1 do Challenge Tour, vociferou «not again» («Outra
vez, não»). A primeira situação semelhante tinha sido no 9, onde outro
chip de Ricardo Santos batera na bandeira.
Mas o caddie – que já puxou o saco de
alguns craques do European Tour, como Francesco Molinari e Miguel Angel
Jiménez – também ajudou à boa volta de Ricardo Santos:
«Houve shots de estratégia em que ele me
aconselhou tacos que talvez eu não tivesse usado. Por exemplo, no 7, no
2º shot, eu talvez usasse um rescue e ele disse-me para jogar o 3 para
não colocar um bunker em jogo, e no 3 muitos jogadores saíram de driver
e ele disse-me para ir de madeira-3 porque em caso de erro perdoaria
mais. Falhei mesmo à esquerda e deu para fazer chip e putt atrás do
bunker».
Se Ricardo Santos quer, sobretudo,
divertir-se, Filipe Lima tem a enorme pressão de tentar juntar-se ao seu
compatriota no European Tour em 2012, mas, para isso, necessita de
manter-se no top-20 que ocupa (19º) no ranking do Challenge Tour.
O português residente em França nem quer
fazer contas porque são bem complicadas, dado que qualquer um dos 45
participantes pode integrar esse top-20 no final dos 72 buracos.
Sendo Lima o 19º no ranking do Challenge
Tour, o 18º posto em que figura em San Domenico, após uma primeira volta
em 69 (-2) é positivo, sobretudo se, como sucedeu, forem os melhores do
ranking a assaltarem o leaderboard.
O que Lima não quer é um top-ten dominado
pelos jogadores que estão a morder-lhe os calcanhares no ranking e isso,
até ao momento, não tem sucedido. O único perigo é Jamie Elson, 24º no
ranking e 2 pancadas à frente do português residente em França.
Filipe Lima jogou bem, ao ataque como é
seu costume, com «boas saídas e a patar bem, a fazer muitos birdies. É
bom sinal».
Concretizou até mais birdies (6) do que
Ricardo Santos, mas cometeu, nas suas próprias palavras, «duas asneiras
que resultaram em bogeys» e isso não o deixou nada satisfeito, sobretudo
um ferro-7 no buraco 16 que ultrapassou o green e foi parar a um rough
denso, impossibilitando o chip e putt: «Deveria ter sido um ferro-9 ou,
quanto muito, um 8, mas estava a contar com o vento que não apareceu».
Foi, de facto, uma primeira volta sem
vento, com sol, digno do sul de Itália, com o mar Adriático em pano de
fundo em muitos dos buracos deste Par-72 de 6.410 metros.
Se Ricardo Santos nunca tinha jogado
neste campo e só ontem (terça-feira) fez a sua volta de reconhecimento,
já Filipe Lima lembra-se bem de quando jogou aqui em 2009: «Fazia muito
mais vento. Não há comparação. Mas há previsões de mais vento no final
do torneio. Poderá ser bom para mim».
Essas são as únicas contas que faz o nº2
do ranking da PGA de Portugal. As outras, do ranking, recusa-se, não
quer ser calculista. «Não ligo a isso. Só sei que se jogar bem fico bem
classificado e isso será suficiente», disse, Filipe, acompanhado pela
mulher, Isabel, também nas funções de caddie.