Açores Ladies Open

LEONOR BESSA PRIMEIRA PORTUGUESA NO TOP-10

 

O 4º Açores Ladies Open tem vindo a quebrar recordes nacionais. Depois de ter sido a primeira vez que três portuguesas se inscreveram num torneio do Ladies European Tour Access Series (LETAS), a 2ª divisão do golfe profissional europeu feminino; depois de ontem Mónia Bernardo ter sido a primeira portuguesa a conquistar um troféu, com o 2º lugar no Pro-Am; hoje foi a vez de Leonor Bessa ser a primeira golfista nacional a colocar-se no top-ten do mais importante torneio de golfe feminino português.

Numa 4ª edição do torneio da Golf Stream, de 30 mil euros em prémios monetários, em que nove das dez primeiras do ranking do LETAS estão presentes, merece ainda mais destaque o 9º lugar empatado de Leonor Bessa, uma jovem amadora que só no mês passado completou 16 anos.

 

Leonor Bessa por João Moniz

A bicampeã nacional de 16 anos, a competir pela primeira vez num torneio de profissionais, a jogar pela primeira vez nos percursos C e A, bem desafiadores, do Batalha Golf Course, em São Miguel, cumpriu os primeiros 18 buracos em 74 pancadas, 2 acima do Par, estando empatada com a suíça Melanie Maetzler, a 8ª do ranking do LETAS!

Apenas seis jogadoras bateram o Par-72 do belo percurso de montanha da Azores Golf Islands e a liderança é tripartida pela suíça Caroline Rominger, a checa Daniela Prorokova e a alemã Franziska Friedrich, todas com 70 pancadas, 2 abaixo do Par.

A campeã nacional de profissionais, Mónia Bernardo, é 39ª empatada, com 80 (+8), enquanto a campeã nacional de amadoras, Susana Ribeiro, foi desclassificada por ter recorrido à ajuda de um dispositivo eletrónico de medição de distâncias, proibido neste circuito, algo que a portuguesa, obviamente, desconhecia.

Leonor Bessa com objetivos ambiciosos

O 9º lugar empatado de Leonor Bessa supera o 12º posto com que Sofia Câmara tinha concluído a primeira volta de há dois anos, neste mesmo Batalha Golf Course e agora é possível que uma segunda portuguesa consiga passar amanhã o cut apenas pela segunda vez.

Nesse ano de 2012, fustigado por dois furacões, Sofia Câmara foi a única portuguesa em quatro edições da prova a passar o cut. No ano passado, no Clube de Golfe da Ilha Terceira, Susana Ribeiro falhou por 1 única pancada.

Mas, agora, depois da boa exibição de hoje, Leonor Bessa, que jogou com o equipamento oficial da equipa do Club de Golf de Miramar, pode mesmo sonhar com mais do que integrar o top-25 do torneio aos 36 buracos e apurar-se para o último dia. 

«Sim, passar o cut (é um objetivo), e já que este primeiro dia correu bem, gostaria de tentar acabar no top-10 ou no top-15», disse, depois de um bom back nine com 1 bogey e 2 birdies, sem ter perdido qualquer pancada nos últimos oito buracos.

«Hoje foi ótimo. O campo está em muito bom estado, os greens estão bons e acho que cumpri o meu objetivo. “Patei” bem, os shots ao green não foram tão bons mas espero que amanhã corram melhor, apesar de hoje já ter obtido um bom resultado», acrescentou a irmã de Tomás Bessa, que teve um front nine consistente, com 1 bogey e sete buracos corridos a Par, até ao duplo-bogey do buraco 7, provocado por um approach que bateu numa árvore, impedindo a bola de chegar ao green.

Amanhã, Leonor Bessa começa a jogar às 10h10, do tee do buraco 10.

Mónia Bernardo traída pelo putt

Um dia depois de se ter exibido solta no Pro-Am, Mónia Bernardo chegou a andar no top-ten do leaderboard, por cumprir o Par dos quatro primeiros buracos que jogou (do 10 ao 13). A partir daí foi mais difícil, com 3 bogeys até ao 18 e, depois, sentiu muitas dificuldades nos últimos 9 buracos: 1 duplo-bogey no 2, bogeys no 3, 4, 8 e 9, e apenas 1 birdie no 5.

«O balanço é positivo, não pelo resultado, mas porque bati bem na bola. Infelizmente, não “patei” bem e fiz quatro greens a 4 putts, o que fez uma diferença muito grande no resultado final. Tirando isso, joguei bem e tive muitos putts para birdie que não entraram. Também falhei muitos putts curtos de um metro para dentro para Par nos últimos nove buracos. Daí o +5 do back nine», lamentou-se a madeirense residente no Algarve.

A profissional do Sheraton Pine Cliffs acredita, contudo, na reviravolta, até porque está a apenas 3 pancadas do cut provisório: «O resultado não foi brilhante, mas não me coloca fora de cena. Se jogar bem amanhã e fizer o meu jogo normal, se jogar a Par com 1 abaixo, tenho todas as hipóteses de passar o cut». Amanhã começa a jogar às 9h30 do tee do 1.

Uma top-ten do ranking na liderança

Se as jogadoras portuguesas têm como objetivo primeiro passar o cut e depois pensar num bom resultado, as três líderes só querem conquistar o título. Jogar abaixo do Par no Batalha Golf Course é sempre positivo, mesmo num dia de sol, algum calor e, sobretudo, com apenas uma brisa a soprar.

Das três líderes da prova, a suíça Carolina Rominger é a única que integra o top-ten do ranking do LETAS e o 7º posto que ocupa faz com que, naturalmente, vise aqueles 5 primeiros lugares que no final do ano darão acesso ao Ladies European Tour, a 1ª divisão europeia.

«Hoje joguei mesmo bem, hoje foi um dia de jogo fácil, como se gosta no golfe, fazendo muitos fairways e greens. É claro que poderia ter feito menos putts, mas foi bom», disse a helvética que fez 5 top-ten nos últimos sete torneios que jogou, incluindo dois top-3 e outro top-5! É uma jogadora em forma, num campo que jogou pela primeira vez e descobriu com prazer.

«Gostei do campo, foi como se estivesse de férias, tem vistas lindas, muitas árvores e flores. Gostei da areia escura dos bunkers, como vi antes em Tenerife. Sinto-me a jogar bem e em todos os tipos de shots. Neste campo, é importante colocar os drives no fairway, porque não há muito espaço dos lados. E como não sou das mais curtas, se colocar a bola no fairway posso fazer bons ferros nos segundos shots», comentou Caroline Rominger que, no ano passado, já tinha dado que falar.

Embora já tenha jogado antes entre nós, no Portugal Ladies Open, do Ladies European Tour, no Dolce Campo Real, foi no ano passado, neste Açores Ladies Open, que a suíça brilhou, tendo lutado pelo título. Em 2013, na Terceira, era 3ª aos 18 buracos (a Par), 5ª aos 36 (+1) e terminou em 9ª (+2). Agora quer mesmo elevar o troféu e saltar para o top-5 do ranking.

Susana Ribeiro desclassificada

A desclassificação de Susana Ribeiro ofuscou mediaticamente o feito de Leonor Bessa, ao ocupar um lugar do top-ten neste primeiro dia. A verdade é que acabou por ser o tema do dia e, sem entrar em grandes explicações específicas sobre esta regra de golfe, algo incompreensíveis para o grande público, é preciso deixar claro que a o livro de regras do Royal & Ancient Golf Club of St. Andrews impede a utilização de dispositivos eletrónicos de medição.

Eis o que disse a bicampeã nacional amadora, que até estava a jogar bem: «Estava confiante, a bater bem na bola, a “patar” bem, tinha tudo para fazer um bom resultado. Tinha jogado três bons buracos, a Par, com o birdie muito perto em dois deles. Usei o Bushnell nos primeiros dois buracos e não podia. Não sabia disso, porque não vinha nas regras locais nem no regulamento da prova. A Diana Barnard (diretora do LETAS) explicou-me que está nas regras do golfe e, de facto, está. Só não acontece a quem não joga, mas, sim, eu deveria saber, porque é uma regra».

Como atenuante para esta situação que parece insólita, vale a pena recordar que até Tiger Woods já foi penalizado por situações que têm avaliações de arbitragem diferentes no European Tour e no PGA Tour e Susana Ribeiro está habituada a jogar no PGA Portugal Tour e no circuito amador da Federação Portuguesa de Golfe onde estes dispositivos eletrónicos são permitidos.

«Nos torneios amadores, estamos habituadas a que, quando não se pode utilizar, venha nas regras locais ou nos avisem no tee de saída. Nos torneios em Espanha, por exemplo, é proibido usar e aparece no regulamento da prova», explicou a jogadora do Club de Golf de Miramar.

Doravante, fica a saber que no circuito profissional feminino o pensamento deve ser ao contrário, ou seja, como a regra proíbe, está sempre em vigor, salvo qualquer indicação explícita em contrário, o que não foi o caso neste Açores Ladies Open.

Imagine-se o estado em que ficou a campeã nacional amadora, depois de ter sonhado tanto com este torneio, o mais importante do seu país e de ter viajado aos Açores às suas custas. À pergunta sobre se estaria a ser um dos momentos mais difíceis do ano, respondeu, lacónica e pensativamente: «Sim, …diria que sim».

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Golfstream
3 de Outubro 2014

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Revised: 06-10-2014 .