Campeonato do Mundo Amador Feminino de Nações

PORTUGAL DESPEDE-SE DO JAPÃO EM 45º

 

Não é a melhor classificação de sempre da Selecção Nacional, mas Leonor Bessa fez uma boa volta de 73 pancadas no último dia e a jovem equipa mostrou ter valor para o futuro.

Portugal terminou hoje (sábado) a sua participação no Campeonato do Mundo Amador Feminino de Nações no 45º lugar, numa 26ª edição em que a Austrália conquistou o seu 3º título na competição, que este ano se realizou no Karuizawa 72 Golf East, no Japão, organizado pela Associação de Golfe do Japão (JGA), sob a supervisão da Federação Internacional de Golf (IGF). 

 

   

As 151 pancadas de hoje foram o melhor resultado nos quatro dias de competição da equipa portuguesa, liderada pelo capitão João Coutinho e treinada pelo selecionador nacional Nuno Campino.  

Ser o melhor resultado é um facto que deve ser salientado, até por as jogadoras portuguesas terem regressado ao percurso teoricamente mais difícil, o Oshitate Course, um Par-72 (34 nos primeiros 9 buracos e 38 nos segundos 9), de 5.765 metros, que tem a particularidade de terminar com um buraco de Par-6 de 670 metros! 

Era, portanto, uma derradeira jornada mais complicada para se subir na classificação geral, ao contrário, por exemplo, da Austrália que aproveitou competir hoje no mais acessível Iriyama Course, para saltar da 4ª para a 1ª posição, anulando a desvantagem de 7 pancadas, superando o Canadá, que liderara desde o primeiro dia. 

Susana Ribeiro, que ontem começou a ser medicada para debelar a gripe contraída mesmo antes de começar o torneio, nunca encontrou o seu melhor golfe e, pela segunda vez em quatro dias, fez o pior resultado das portuguesas, não contando, por isso, para esta última volta da equipa. 

A bicampeã nacional amadora, de 24 anos, bem se esforçou para representar dignamente o país, mas estava limitada e aquém do que tem feito este ano, designadamente quando foi 15ª no Campeonato Internacional Amador de Espanha. Teve de contentar-se com um último dia em 79 pancadas, 7 acima do Par. Foi o seu segundo 79 seguido, depois de 80 e 83 nos dois primeiros dias, terminando com um agregado de 321 (+33), no 130º posto, caindo 1 lugar no último dia. Mesmo assim, superou o 145º lugar (+47) que alcançou há dois anos no Mundial da Turquia. 

«A Susana é a jogadora mais experiente, com 24 anos, mas teve uma semana terrível. Jogou doente todos os dias, para além de outros azares como perder o laser. Não é o fim do mundo, mas desconcentra. O facto de a Susana estar a ter uma má semana, muito abaixo do seu real valor, foi também um fator de pressão para as jogadoras mais novas», comentou João Coutinho, o capitão de equipa, chefe da delegação portuguesa e diretor-técnico nacional.  

É perfeitamente compreensível que a equipa tenha acusado a doença da sua “chefe de fila”, como acontece em qualquer seleção nacional de qualquer modalidade desportia, mas, até por essa razão, deve ser elogiada a volta de hoje de Leonor Bessa.  

As suas 73 pancadas (+1) foram o melhor resultado nacional dos quatro dias, sendo de referir que dobrou os primeiros 9 buracos em -2 (2 birdies), sofrendo depois 3 bogeys no back nine. A jovem jogadora, quase a completar 16 anos, totalizou 4 birdies nas últimas 3 voltas. Esse esforço da bicampeã nacional de sub-16 valeu-lhe a subida no leaderboard de dia para dia, terminando no 122º posto (empatada), com um agregado de 317 (+29), melhor do que o 133º (+33) de há dois anos na Turquia. 

«A Leonor fechou com chave de ouro. Num Campeonato do Mundo, a jogar num campo com este comprimento, depois de uma primeira volta de 88 pancadas, fazer duas voltas de 78 pancadas e acabar com um 73 – isto tudo aos 16 anos, é de facto uma grande jogadora», analisou João Coutinho. 

E o que dizer da estreante em Mundiais Inês Barbosa, com apenas 15 anos, que acabou por contar por três vezes em quatro dias para o resultado global da equipa, quando se previa que as suas quatro voltas fossem para deitar fora?  

A ex-campeã nacional de sub-14 também carimbou 2 birdies no último dia e, ao contrário de Leonor Bessa, esteve melhor nos últimos 9 buracos (+2) do que no front nine (+4). Fechou com 78 (+6), para um total de 325 (+37), no grupo das 133ª classificadas, uma subida de 4 lugares na última jornada. 

«A Inês, nas duas últimas voltas, mostrou bem o seu potencial e a sua idade dá-lhe a possibilidade de chegar longe. A Leonor e a Inês são, de facto, uma promessa para o golfe nacional. Demonstram determinação, vontade, espírito de grupo e dedicação, são duas miúdas extraordinárias», declarou o capitão de equipa. 

A melhor classificação (teórica) de sempre de Portugal no Espírito Santo Trophy continua a ser o 22º lugar na primeira edição da prova, em 1964, mas o peso dessa classificação é relativo por terem competido apenas 25 países. 

É normalmente atribuído maior valor ao 31º lugar alcançado em 2004 em Porto Rico, entre 48 países, bem como ao 33º posto, entre 52 nações, em 2010, na Argentina. 

Este 45º lugar de 2014, entre 50 países, não ficará como uma das melhores participações nacionais e nenhuma das três portuguesas se aproximou das 295 pancadas de Marta Vasconcelos na Argentina, que também assinou a melhor volta de 18 buracos de sempre, em 67 pancadas (no 1º dia). 

Mas João Coutinho está convencido que, dada a juventude desta equipa, foi uma etapa importante para melhores resultados em edições posteriores do Mundial: «Esta equipa foi, sem qualquer dúvida, a melhor escolha para este Campeonato e é uma equipa promissora». 

«A prestação da equipa nacional e a sua classificação não reflete a qualidade desta equipa, nem de perto nem de longe. O primeiro dia foi um verdadeiro desastre, não poderia ter acontecido mas aconteceu. Partir atrás do prejuízo é difícil e põe ainda mais pressão nas jogadoras. Se no primeiro dia tivéssemos feito um resultado entre as 7 ou 9 pancadas acima do Par, teríamos acabado numa posição que provavelmente corresponderia mais ao real valor desta equipa», concluiu o diretor-técnico nacional.  

O Women’s World Amateur Team Championship, que atribui ao país campeão o Espírito Santo Trophy, foi conquistado pela 3ª vez pela Austrália, com 547 (-29), ficando a apenas 1 pancada do recorde mundial da Coreia do Sul em 2010. Merece grande destaque a nº1 mundial amadora, Minjee Lee, que conseguiu a melhor volta do último dia, em 65 (-7). 

Na classificação individual, a vitória foi para a nº2 mundial amadora, a canadiana Brooke Henderson, com 269 (-19), superando Lee por 3 shots. 

É importante referir que estas melhores amadoras do Mundo têm dado já cartas nos melhores circuitos profissionais, incluindo em Majors. É esta a concorrência de Portugal num Mundial, é um nível competitivo muito superior ao que as nossas jogadoras estão habituadas. 

João Coutinho fez ainda questão de destacar alguns detalhes referentes ao torneio e não tanto à participação nacional: «Só tenho um adjetivo para descrever esta organização, soberba! É sem dúvida o campeonato amador melhor organizado em que alguma vez estive. Esta não é apenas minha opinião, é a opinião geral, incluindo a de quem já esteve em 11 Campeonatos do Mundo. Destaco os transportes, o número impressionante de voluntários, o live scoring em real time buraco a buraco, a cobertura televisiva em streaming para a web com 17 câmaras, ao nível do European Tour Productions. Detetei apenas um aspeto negativo, mas de grande importância para as jogadoras: a qualidade do driving range. É bastante mau».

Gab. Imprensa F.P.G.
7 de Setembro de  2014

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Revised: 15-09-2014 .