As 151 pancadas de
hoje foram o melhor resultado nos quatro dias de competição da equipa
portuguesa, liderada pelo capitão João Coutinho e treinada pelo
selecionador nacional Nuno Campino.
Ser o melhor
resultado é um facto que deve ser salientado, até por as jogadoras
portuguesas terem regressado ao percurso teoricamente mais difícil, o
Oshitate Course, um Par-72 (34 nos primeiros 9 buracos e 38 nos segundos
9), de 5.765 metros, que tem a particularidade de terminar com um buraco
de Par-6 de 670 metros!
Era, portanto, uma
derradeira jornada mais complicada para se subir na classificação geral,
ao contrário, por exemplo, da Austrália que aproveitou competir hoje no
mais acessível Iriyama Course, para saltar da 4ª para a 1ª posição,
anulando a desvantagem de 7 pancadas, superando o Canadá, que liderara
desde o primeiro dia.
Susana Ribeiro, que
ontem começou a ser medicada para debelar a gripe contraída mesmo antes
de começar o torneio, nunca encontrou o seu melhor golfe e, pela segunda
vez em quatro dias, fez o pior resultado das portuguesas, não contando,
por isso, para esta última volta da equipa.
A bicampeã nacional
amadora, de 24 anos, bem se esforçou para representar dignamente o país,
mas estava limitada e aquém do que tem feito este ano, designadamente
quando foi 15ª no Campeonato Internacional Amador de Espanha. Teve de
contentar-se com um último dia em 79 pancadas, 7 acima do Par. Foi o seu
segundo 79 seguido, depois de 80 e 83 nos dois primeiros dias,
terminando com um agregado de 321 (+33), no 130º posto, caindo 1 lugar
no último dia. Mesmo assim, superou o 145º lugar (+47) que alcançou há
dois anos no Mundial da Turquia.
«A Susana é a
jogadora mais experiente, com 24 anos, mas teve uma semana terrível.
Jogou doente todos os dias, para além de outros azares como perder o
laser. Não é o fim do mundo, mas desconcentra. O facto de a Susana estar
a ter uma má semana, muito abaixo do seu real valor, foi também um fator
de pressão para as jogadoras mais novas», comentou João Coutinho, o
capitão de equipa, chefe da delegação portuguesa e diretor-técnico
nacional.
É perfeitamente
compreensível que a equipa tenha acusado a doença da sua “chefe de
fila”, como acontece em qualquer seleção nacional de qualquer modalidade
desportia, mas, até por essa razão, deve ser elogiada a volta de hoje de
Leonor Bessa.
As suas 73 pancadas
(+1) foram o melhor resultado nacional dos quatro dias, sendo de referir
que dobrou os primeiros 9 buracos em -2 (2 birdies), sofrendo depois 3
bogeys no back nine. A jovem jogadora, quase a completar 16 anos,
totalizou 4 birdies nas últimas 3 voltas. Esse esforço da bicampeã
nacional de sub-16 valeu-lhe a subida no leaderboard de dia para dia,
terminando no 122º posto (empatada), com um agregado de 317 (+29),
melhor do que o 133º (+33) de há dois anos na Turquia.
«A Leonor fechou com
chave de ouro. Num Campeonato do Mundo, a jogar num campo com este
comprimento, depois de uma primeira volta de 88 pancadas, fazer duas
voltas de 78 pancadas e acabar com um 73 – isto tudo aos 16 anos, é de
facto uma grande jogadora», analisou João Coutinho.
E o que dizer da
estreante em Mundiais Inês Barbosa, com apenas 15 anos, que acabou por
contar por três vezes em quatro dias para o resultado global da equipa,
quando se previa que as suas quatro voltas fossem para deitar fora?
A ex-campeã nacional
de sub-14 também carimbou 2 birdies no último dia e, ao contrário de
Leonor Bessa, esteve melhor nos últimos 9 buracos (+2) do que no front
nine (+4). Fechou com 78 (+6), para um total de 325 (+37), no grupo das
133ª classificadas, uma subida de 4 lugares na última jornada.
«A Inês, nas duas
últimas voltas, mostrou bem o seu potencial e a sua idade dá-lhe a
possibilidade de chegar longe. A Leonor e a Inês são, de facto, uma
promessa para o golfe nacional. Demonstram determinação, vontade,
espírito de grupo e dedicação, são duas miúdas extraordinárias»,
declarou o capitão de equipa.
A melhor
classificação (teórica) de sempre de Portugal no Espírito Santo Trophy
continua a ser o 22º lugar na primeira edição da prova, em 1964, mas o
peso dessa classificação é relativo por terem competido apenas 25
países.
É normalmente
atribuído maior valor ao 31º lugar alcançado em 2004 em Porto Rico,
entre 48 países, bem como ao 33º posto, entre 52 nações, em 2010, na
Argentina.
Este 45º lugar de
2014, entre 50 países, não ficará como uma das melhores participações
nacionais e nenhuma das três portuguesas se aproximou das 295 pancadas
de Marta Vasconcelos na Argentina, que também assinou a melhor volta de
18 buracos de sempre, em 67 pancadas (no 1º dia).
Mas João Coutinho
está convencido que, dada a juventude desta equipa, foi uma etapa
importante para melhores resultados em edições posteriores do Mundial:
«Esta equipa foi, sem qualquer dúvida, a melhor escolha para este
Campeonato e é uma equipa promissora».
«A prestação da
equipa nacional e a sua classificação não reflete a qualidade desta
equipa, nem de perto nem de longe. O primeiro dia foi um verdadeiro
desastre, não poderia ter acontecido mas aconteceu. Partir atrás do
prejuízo é difícil e põe ainda mais pressão nas jogadoras. Se no
primeiro dia tivéssemos feito um resultado entre as 7 ou 9 pancadas
acima do Par, teríamos acabado numa posição que provavelmente
corresponderia mais ao real valor desta equipa», concluiu o
diretor-técnico nacional.
O Women’s World
Amateur Team Championship, que atribui ao país campeão o Espírito Santo
Trophy, foi conquistado pela 3ª vez pela Austrália, com 547 (-29),
ficando a apenas 1 pancada do recorde mundial da Coreia do Sul em 2010.
Merece grande destaque a nº1 mundial amadora, Minjee Lee, que conseguiu
a melhor volta do último dia, em 65 (-7).
Na classificação
individual, a vitória foi para a nº2 mundial amadora, a canadiana Brooke
Henderson, com 269 (-19), superando Lee por 3 shots.
É importante referir
que estas melhores amadoras do Mundo têm dado já cartas nos melhores
circuitos profissionais, incluindo em Majors. É esta a concorrência de
Portugal num Mundial, é um nível competitivo muito superior ao que as
nossas jogadoras estão habituadas.