Terá sido,
eventualmente, a mais longa final feminina da história do torneio e
seguramente uma das melhores e nunca Rita Félix esteve tão perto de
vencer o único grande troféu que lhe falta, depois de ter perdido também
as finais de 2013 e 2010.
Vítor Lopes, do Clube
de Golfe de Vilamoura, bateu na final João Girão, também de 17 anos, do
Oporto Golf Club, por 5/4, fechando o match no 32º buraco. Para João
Girão também foi a sua primeira final na Taça FPG BPI.
Foi o seu primeiro
Major nacional amador a nível individual de Joana Silveira e Vítor
Lopes, embora qualquer um deles já tivesse conquistado este ano o Major
por equipas que é o Campeonato Nacional de Clubes Solverde.
Joana Silveira sucede
à sua companheira de clube, Susana Ribeiro, a nº1 do Ranking Nacional
BPI, que a própria Joana derrotou nas meias-finais, enquanto Vítor Lopes
segue-se na lista de campeões a Miguel Gaspar, que não veio defender o
título por ter-se tornado profissional no final da época transata.
Alguns recordes a ter em conta
O diretor-técnico
nacional, João Coutinho, na cerimónia de entrega de prémios, depois de
agradecer «ao BPI, ao Montado, aos árbitros e aos jogadores», salientou
que «a final feminina foi uma autêntica maratona de golfe e deverá ser
um feito inédito uma final feminina de 40 buracos, para mais, com golfe
de grande qualidade».
Mais tarde, em
declarações à equipa de reportagem do programa “Golf Report” da SIC
Notícias, João Coutinho chamou a atenção para a curiosidade dos
«vencedores da fase de stroke play deste torneio – Susana Ribeiro e
Tomás Silva – não terem depois ganho a prova no formato de match play» e
ainda apontou «a Joana e o Vítor como duas jovens promessas do golfe
nacional que já demonstram uma maturidade golfística muito boa».
Finalmente, em
considerações ao Gabinete de Imprensa da FPG, o também diretor de
torneios da FPG, destacou alguns aspetos importantes: «A Joana Silveira
é a primeira a ganhar um Major nacional com 14 anos desde que o António
Castelo venceu o Campeonato Nacional Amador em 1989 (então, também com
14 anos). E atenção que, nessa altura, o Campeonato Nacional
disputava-se no mesmo formato que a Taça da FPG BPI tem agora, com fase
qualificativa de stroke play e depois o match play. Queria ainda elogiar
o trabalho efetuado nas suas escolas de formação pelos clubes de golfe
de Miramar e de Vilamoura, como se viu neste torneio, uma vez mais».
Final feminina para a história
Qualquer uma das
finais teve reviravoltas no marcador e grandes momentos que seriam
fastidiosos narrar, mas não há dúvida que a feminina fica para a
história pela emoção, pela qualidade de jogo, sobretudo em momentos
críticos, e, acima de tudo, pela vontade das duas jogadoras. Isso foi o
que se destacou neste confronto – como ambas tiveram tanta garra, tanta
determinação, tanto ódio à derrota.
Joana Silveira, com o
caddie Renato Ferreira, dobrou os primeiros 18 buracos com uma vantagem
de 3 buracos e parecia ter a final controlada, mas uma grande reação de
Rita Félix, que levou como caddie Berenice Nunes Pedro, levou-a a
empatar no buraco 22. Daí até ao final foi um festival de match play
feminino.
Razão teve Rita
Félix, ex-campeã nacional amadora (2012) em frisar no seu discurso
oficial de vice-campeã, por vezes com a voz embargada: «Demonstrámos que
se consegue jogar muito bom golfe feminino em Portugal. Eu queria mesmo
muito isto».
Minutos depois, em
entrevista para o “Golf Report”, elaborou um pouco mais sobre os seus
sentimentos ambivalentes: «Mais uma vez perdi na final, pela terceira
vez, mas, sinceramente, não sabe a derrota. Termos jogado 40 buracos já
foi uma vitória, poderia ter caído para qualquer uma e foi o melhor
match que já joguei».
Bem mais radiante era
o semblante e o tom da vencedora: «É incrível, não estava nada à espera
de vencer este torneio. Eu pensava que nem à final chegava. Foi um
encontro muito renhido, consistente e nos últimos buracos estávamos
ambas muito cansadas, mas, mesmo assim terminámos ambas a Par do campo,
o que mostra bem da qualidade de jogo. É, claro, o meu título mais
importante, mais do que o 3º lugar no Campeonato Nacional Amador Peugeot,
do que a vitória no Campeonato Nacional de sub-14 ou no Campeonato
Nacional de Segundas Categorias».
Esta é uma competição
que Joana Silveira não esquecerá, porque não foi só ganhar um Major
nacional amador aos 14 anos, após uma final épica.
Foi também fazê-lo
derrotando nas meias-finais e na final as duas inquestionáveis melhores
jogadoras portuguesas, que entre si venceram os últimos três Campeonatos
Nacionais amadores Peugeot e as duas primeiras do Ranking Nacional BPI!
Incrível para uma
menina que só começou a bater na bola em 2009 por brincadeira, e que só
em 2011 se iniciou a sério no golfe. Há três anos teve o seu primeiro
handicap e agora é a campeã da Taça FPG.
Final masculina com reviravolta
A final masculina
ficou marcada pela reviravolta operada por Vítor Lopes, quando parecia
que João Girão iria ganhar o torneio.
O jogador do Oporto
Golf Club passou os primeiros 18 buracos a vencer por 3 buracos de
vantagem e foi então que aconteceu o momento decisivo da final – a
paragem para almoço.
No dia anterior, os
jogadores tinham-se informado junto da equipa de arbitragem se seria
possível fazer uma paragem para almoço e foi-lhes dito que poderia haver
um intervalo até meia hora. Ora essa paragem foi fundamental para o que
o que aconteceu depois.
No regresso ao campo,
o jogador do Clube de Golfe de Vilamoura fez
birdie-eagle-par-birdie-bogey-birdie-birdie e virou completamente as
cartas na mesa, passando de 3 buracos abaixo para 2 acima, não mais
largando o comando até ao triunfo final de 5 buracos de vantagem com 4
para se jogar, fechando a final no 32º buraco.
«Depois de ter feito
3 putts no buraco 18, fiquei a perder por 3. Estava enervado quando fui
para a Clubhouse, porque não queria ficar de novo em 2º lugar, como já
tinha acontecido quatro vezes em provas da FPG (no Circuito Liberty
Seguros). Nessa paragem, comi, refleti, o meu treinador (Joaquim
Sequeira) conversou comigo e motivou-me. Se tivesse ido logo para o tee
do buraco 1 iria estar irritado. Foi uma boa decisão, a paragem».
Estas palavras de
Vítor Lopes dizem tudo, tal como à sua resposta à questão sobre se teria
sido o seu maior feito desportivo: «A nível nacional sim». É que,
internacionalmente, o algarvio dá muito valor aos bons resultados que
tem tido esta época e ao facto de ter provado que está ao nível «dos
melhores da Europa» no escalão de sub-18.
João Girão, que fora
vice-campeão nacional em 2013, foi agora finalista do outro Major
nacional amador. Tendo liderado a final por 3 buracos, não poderia
sentir-se realizado com a final de hoje: «É uma grande desilusão ter
derrotado tão bons jogadores para chegar à final, para depois perder
assim. Mas também estou feliz porque nunca tinha chegado tão longe neste
torneio. Hoje os putts não quiseram entrar, o cansaço entrou em jogo nos
segundos 18 buracos, ele entrou muito bem na segunda volta e está de
parabéns».