Os oito torneios que “Melinho” jogou este ano no Challenge Tour, ficaram
a dever-se a convites arranjados pela Hambric Sports, a mesma empresa de
gestão de carreiras que se encarrega do amigo Pedro Figueiredo e de
estrelas como Francesco Molinari e Dustin Johnson.
Doravante, sabe que, pelo menos, para o ano não irá necessitar desses
convites. Mas a subida ao 49º lugar do ranking abre-lhe mesmo as portas
aos próximos três torneios do Challenge Tour, dois na China e um no Omã,
onde poderá bastar um bom resultado para se qualificar para a Grande
Final deste circuito, no Dubai, reservado ao top-45.
Uma vez na prova dos Emirados Árabes Unidos que conclui a época, poderá
então sonhar com top-15 que tem acesso ao European Tour, a primeira
divisão europeia, onde, até ao momento, não há nenhum português
garantido em 2015, embora Ricardo Santos possa conseguir esse passaporte
já esta semana no Portugal Masters.
São todas estas conjeturas que agora trespassam a cabeça do algarvio de
23 anos, numa semana em que deveria concentrar-se apenas no Portugal
Masters. Será interessante verificar como irá gerir o mediatismo no
Oceânico Victoria, pois deverá ser recebido como o novo herói do golfe
nacional. Para mais, a jogar em casa, dado ter sido, durante anos, um
dos expoentes máximos do Clube de Golfe de Vilamoura.
«Isto muda tudo. Agora, o meu objetivo é qualificar-me para a Grande
Final e tentar chegar ao top-15 do ranking. Na próxima semana (esta que
hoje começa), em Portugal, irei sentar-me com o meu empresário e estudar
o meu calendário competitivo. Isto é tudo muito animado», declarou
Ricardo Melo Gouveia ao Gabinete de Imprensa do Challenge Tour.
A antiga estrela dos “Knights” da Universidade Central da Florida, onde
ainda milita o seu amigo José Maria Joia, estava a apostar mais na
Escola de Qualificação para aceder ao European Tour. Na semana passada
cometera a proeza de passar a Primeira Fase, em Itália, com um 2º lugar
e um fantástico resultado de 17 abaixo do Par.
Estava tudo preparado para jogar a Segunda Fase, de 7 a 10 de novembro,
mas agora poderá nem necessitar, caso saia da Grande Final do Challenge
Tour, no Dubai, no dia 8 de novembro, dentro do top-15 do ranking.
Tudo isto são contas, cenários a encarar, mas uma coisa é certa – este
foi o momento mais importante da carreira do simpático algarvio, mais do
que os títulos conquistados no circuito universitário norte-americano,
mais do que o Campeonato Nacional Amador de 2009, mais do que ajudar a
Europa a vencer a Palmer Cup este ano frente aos Estados Unidos.
Um play-off eletrizante
«Nem consigo descrever quão bem me sinto neste momento. Ainda nem
assimilei a relevância que isto tem para mim», admitiu, momentos depois
de ter derrotado o alemão Florian Fritsch no terceiro buraco de um
play-off eletrizante.
«O plano era que este torneio seria o meu último torneio do ano (neste
circuito) e depois iria à Segunda Fase da Escola. O meu objetivo esta
semana consistia apenas terminar no top-20 e ficar com alguma categoria
para poder jogar para o ano no Challenge Tour. Limitei-me a
concentrar-me em jogar o meu melhor golfe todos os dias e fui jogando
cada vez melhor», acrescentou.
As voltas de 68, 71, 69 e 67 ao Olgiata Golf Club mostram como o
português esteve muito regular a um nível elevado. Foi o seu terceiro
torneio seguido com, pelo menos, três voltas em quatro abaixo do Par. E
se na semana anterior, na Escola de Qualificação, arrancara 25 birdies
em 72 buracos, desta feita foram 19! Está claramente com a mão quente.
Tendo partido para a última volta a 2 pancadas do líder, o germânico
Fritsch, uma antiga estrela do Pro Golf Tour e ex-jogador do European
Tour, Ricardo Melo Gouveia saltou para o comando da prova e chegou ao 18
com 1 pancada de vantagem. Sofreu então 1 bogey no 18 e teve de ir a
play-off, dado que ambos estavam com 9 abaixo do Par.
Um dia antes, escrevera no Facebook que tinha sido divertido estar num
último grupo, com mais público e atenção mediática. Agora, a liderar
pela primeira vez um torneio desta importância, com apenas um buraco
pela frente, sofria 1 bogey quando parecia ter uma mão no troféu. Esse
bogey poderia tê-lo destroçado, mas foi o contrário que aconteceu.
«Não senti que tivesse perdido (o título) com aquele bogey no último,
porque em golfe nunca se sabe o que pode acontecer. Nunca tinha estado
naquela posição e um bogey destes é expectável num cenário inédito»,
explicou, algo desassombradamente.
Foi ele quem começou melhor na morte súbita. De acordo com o site
oficial do Challenge Tour, «quase metia um putt monstruoso para birdie
no primero buraco» (no 18).
No segundo buraco, de novo no 18, «produziu um soberbo up and down de um
bunker situado a 36 metros do green, para 1 bogey, tendo Fritsch falhado
1 putt de 2 metros para Par».
No terceiro buraco de play-off, agora já no 10, «foi Gouveia quem
produziu uma pancada maravilhosa, um ferro-7 que deixou a bola a 1,5
metros para 1 birdie e para a vitória que irá mudar a sua vida».
A consolação de Florian Fritsch foi saber que subiu ao 7º lugar no
ranking do Challenge Tour e não deverá ter problemas em permanecer no
top-15 até ao final da época.
O alemão não vai jogar os últimos torneios do ano, o Final Swing, na
China e no Omã, porque tem medo de voar, mas para o ano deverá já
regressar ao European Tour.
Portugueses campeões no Challenge Tour
Até ontem apenas dois portugueses tinham vencido no Challenge Tour, a
segunda divisão do golfe profissional europeu: Filipe Lima no Segura
Viudas Challenge de España em 2004 e no Ecco Tour Championship em 2009
(Dinamarca); e Ricardo Santos no The Princess By Schuco em 2011
(Suécia).
Agora, junta-se a estes nomes consagrados de vencedores também de
torneios do European Tour, o de Ricardo Melo Gouveia no EMC Golf
Challenge Open. Uma vitória que lhe valeu a alcunha de “Rei de Roma”.
Nestes registos históricos, não contabilizamos aqui os títulos de
Ricardo Santos no Madeira Islands Open BPI de 2012 nem de Filipe Lima no
Aa St. Omer Open de 2004, porque são eventos que, embora contando também
para o ranking do Challenge Tour, são, na realidade, torneios do
calendário oficial e internacional do European Tour e permitiram a
qualquer um dos portugueses garantir o cartão para a primeira divisão
europeia na época seguinte.
Vale a pena fazer a ressalva que em 2004 Filipe Lima representava ainda
França, mas já tinha nessa altura dupla nacionalidade.
Receção em apoteose
Tal como aconteceu com Ricardo Santos, quando ganhou na Suécia em 2011,
também um grupo de amigos de Ricardo Melo Gouveia organizou uma receção
apoteótica, ontem à noite, no aeroporto da Portela, em Lisboa, de acordo
com uma informação enviada por sms, por José Luís Figueiredo, pai de
Pedro Figueiredo, ao Gabinete de Imprensa da FPG.
Press-Release
Gab. Imprensa F.P.G..
5 de Outubro 2014
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