Challenge European Tour

RICARDO MELO GOUVEIA DUPLO CAMPEÃO EM ROMA

Ricardo Melo Gouveia obteve ontem uma dupla vitória em Roma. De uma assentada, tornou-se no terceiro português a conquistar um título do Challenge Tour, no EMC Challenge Open, garantindo, em simultâneo o cartão para esta segunda divisão europeia em 2015.

O triunfo no torneio de 180 mil euros em prémios monetários, pouco mais de três meses depois de se ter tornado profissional, levou-o a galgar do 167º ao 49º lugar do ranking do Challenge Tour, graças aos 28.800 euros embolsados, o mais elevado prémio monetário da sua ainda recente carreira.

Os oito torneios que “Melinho” jogou este ano no Challenge Tour, ficaram a dever-se a convites arranjados pela Hambric Sports, a mesma empresa de gestão de carreiras que se encarrega do amigo Pedro Figueiredo e de estrelas como Francesco Molinari e Dustin Johnson.

Doravante, sabe que, pelo menos, para o ano não irá necessitar desses convites. Mas a subida ao 49º lugar do ranking abre-lhe mesmo as portas aos próximos três torneios do Challenge Tour, dois na China e um no Omã, onde poderá bastar um bom resultado para se qualificar para a Grande Final deste circuito, no Dubai, reservado ao top-45. 

Uma vez na prova dos Emirados Árabes Unidos que conclui a época, poderá então sonhar com top-15 que tem acesso ao European Tour, a primeira divisão europeia, onde, até ao momento, não há nenhum português garantido em 2015, embora Ricardo Santos possa conseguir esse passaporte já esta semana no Portugal Masters.

São todas estas conjeturas que agora trespassam a cabeça do algarvio de 23 anos, numa semana em que deveria concentrar-se apenas no Portugal Masters. Será interessante verificar como irá gerir o mediatismo no Oceânico Victoria, pois deverá ser recebido como o novo herói do golfe nacional. Para mais, a jogar em casa, dado ter sido, durante anos, um dos expoentes máximos do Clube de Golfe de Vilamoura.

«Isto muda tudo. Agora, o meu objetivo é qualificar-me para a Grande Final e tentar chegar ao top-15 do ranking. Na próxima semana (esta que hoje começa), em Portugal, irei sentar-me com o meu empresário e estudar o meu calendário competitivo. Isto é tudo muito animado», declarou Ricardo Melo Gouveia ao Gabinete de Imprensa do Challenge Tour.

A antiga estrela dos “Knights” da Universidade Central da Florida, onde ainda milita o seu amigo José Maria Joia, estava a apostar mais na Escola de Qualificação para aceder ao European Tour. Na semana passada cometera a proeza de passar a Primeira Fase, em Itália, com um 2º lugar e um fantástico resultado de 17 abaixo do Par.

Estava tudo preparado para jogar a Segunda Fase, de 7 a 10 de novembro, mas agora poderá nem necessitar, caso saia da Grande Final do Challenge Tour, no Dubai, no dia 8 de novembro, dentro do top-15 do ranking.

Tudo isto são contas, cenários a encarar, mas uma coisa é certa – este foi o momento mais importante da carreira do simpático algarvio, mais do que os títulos conquistados no circuito universitário norte-americano, mais do que o Campeonato Nacional Amador de 2009, mais do que ajudar a Europa a vencer a Palmer Cup este ano frente aos Estados Unidos.

Um play-off eletrizante

«Nem consigo descrever quão bem me sinto neste momento. Ainda nem assimilei a relevância que isto tem para mim», admitiu, momentos depois de ter derrotado o alemão Florian Fritsch no terceiro buraco de um play-off eletrizante.

«O plano era que este torneio seria o meu último torneio do ano (neste circuito) e depois iria à Segunda Fase da Escola. O meu objetivo esta semana consistia apenas terminar no top-20 e ficar com alguma categoria para poder jogar para o ano no Challenge Tour. Limitei-me a concentrar-me em jogar o meu melhor golfe todos os dias e fui jogando cada vez melhor», acrescentou. 

As voltas de 68, 71, 69 e 67 ao Olgiata Golf Club mostram como o português esteve muito regular a um nível elevado. Foi o seu terceiro torneio seguido com, pelo menos, três voltas em quatro abaixo do Par. E se na semana anterior, na Escola de Qualificação, arrancara 25 birdies em 72 buracos, desta feita foram 19! Está claramente com a mão quente.

Tendo partido para a última volta a 2 pancadas do líder, o germânico Fritsch, uma antiga estrela do Pro Golf Tour e ex-jogador do European Tour, Ricardo Melo Gouveia saltou para o comando da prova e chegou ao 18 com 1 pancada de vantagem. Sofreu então 1 bogey no 18 e teve de ir a play-off, dado que ambos estavam com 9 abaixo do Par.

Um dia antes, escrevera no Facebook que tinha sido divertido estar num último grupo, com mais público e atenção mediática. Agora, a liderar pela primeira vez um torneio desta importância, com apenas um buraco pela frente, sofria 1 bogey quando parecia ter uma mão no troféu. Esse bogey poderia tê-lo destroçado, mas foi o contrário que aconteceu.

«Não senti que tivesse perdido (o título) com aquele bogey no último, porque em golfe nunca se sabe o que pode acontecer. Nunca tinha estado naquela posição e um bogey destes é expectável num cenário inédito», explicou, algo desassombradamente.

Foi ele quem começou melhor na morte súbita. De acordo com o site oficial do Challenge Tour, «quase metia um putt monstruoso para birdie no primero buraco» (no 18).

No segundo buraco, de novo no 18, «produziu um soberbo up and down de um bunker situado a 36 metros do green, para 1 bogey, tendo Fritsch falhado 1 putt de 2 metros para Par».

No terceiro buraco de play-off, agora já no 10, «foi Gouveia quem produziu uma pancada maravilhosa, um ferro-7 que deixou a bola a 1,5 metros para 1 birdie e para a vitória que irá mudar a sua vida».

A consolação de Florian Fritsch foi saber que subiu ao 7º lugar no ranking do Challenge Tour e não deverá ter problemas em permanecer no top-15 até ao final da época.

O alemão não vai jogar os últimos torneios do ano, o Final Swing, na China e no Omã, porque tem medo de voar, mas para o ano deverá já regressar ao European Tour.

Portugueses campeões no Challenge Tour

Até ontem apenas dois portugueses tinham vencido no Challenge Tour, a segunda divisão do golfe profissional europeu: Filipe Lima no Segura Viudas Challenge de España em 2004 e no Ecco Tour Championship em 2009 (Dinamarca); e Ricardo Santos no The Princess By Schuco em 2011 (Suécia). 

Agora, junta-se a estes nomes consagrados de vencedores também de torneios do European Tour, o de Ricardo Melo Gouveia no EMC Golf Challenge Open. Uma vitória que lhe valeu a alcunha de “Rei de Roma”.

Nestes registos históricos, não contabilizamos aqui os títulos de Ricardo Santos no Madeira Islands Open BPI de 2012 nem de Filipe Lima no Aa St. Omer Open de 2004, porque são eventos que, embora contando também para o ranking do Challenge Tour, são, na realidade, torneios do calendário oficial e internacional do European Tour e permitiram a qualquer um dos portugueses garantir o cartão para a primeira divisão europeia na época seguinte.

Vale a pena fazer a ressalva que em 2004 Filipe Lima representava ainda França, mas já tinha nessa altura dupla nacionalidade.

Receção em apoteose

Tal como aconteceu com Ricardo Santos, quando ganhou na Suécia em 2011, também um grupo de amigos de Ricardo Melo Gouveia organizou uma receção apoteótica, ontem à noite, no aeroporto da Portela, em Lisboa, de acordo com uma informação enviada por sms, por José Luís Figueiredo, pai de Pedro Figueiredo, ao Gabinete de Imprensa da FPG.

Press-Release
Gab. Imprensa F.P.G..
5 de Outubro 2014

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Revised: 07-10-2014 .