O
5º torneio do Circuito Liberty Seguros/FPG, em Troia, no Domingo
passado, foi o seu último título enquanto amadora. O seu discurso de
campeã na cerimónia de entrega de prémios foi memorável e muito
aplaudido.
«É
um momento em que as emoções estão à flor da pele, por ser, no fundo,
uma despedida. Queria terminar a minha carreira amadora com uma vitória.
Foi sem dúvida um discurso emotivo. A dada altura, tive de terminar os
agradecimentos, porque já estava quase a chorar, até porque o João
Coutinho (diretor-técnico nacional) começou agradecer a minha dedicação
enquanto jogadora. É bom sentir que as pessoas valorizam isso. É difícil
traduzir tudo o que sinto neste momento por palavras, mas queria
agradecer tudo o que a Federação Portuguesa de Golfe fez por mim durante
todos estes anos. Toda a equipa da FPG, para além de contar com
excelentes profissionais, deixou-me, sobretudo, bons amigos», disse
Susana Ribeiro, de 25 anos.
Atrás de si deixa um registo impressionante de 3 vitórias no Campeonato
Nacional Amador Peugeot, 5 no Campeonato Nacional de Clubes Solverde (3
pelo Estela Golf e 2 ao serviço do Club de Golf de Miramar) e 2 na Taça
FPG/BPI, para referir apenas os Majors nacionais amadores. Foi ainda a
nº1 do Ranking Nacional BPI/FPG durante quatro anos seguidos, entre 2001
e 2014.
É a
única a ter ganho o Campeonato Nacional Amador Peugeot em três anos
consecutivos (2013, 2014 e 2015).
No
estrangeiro, competiu em Campeonatos do Mundo (Espírito Santo Trophy),
da Europa, e as suas melhores classificações foram o 6º lugar no
Campeonato Nacional de Stroke Play da Argentina em 2015, e o 15º lugar
nos Campeonatos Internacionais Amadores da República Checa em 2015 e de
Espanha em 2014.
A
portuense de 25 anos, sócia do Club de Golf de Miramar (em Vila Nova de
Gaia), residente em Belas, também tem competido esporadicamente em
torneios profissionais do PGA Portugal Tour e no Açores Ladies Open do
Ladies European Tour Access Series (LETAS).
O
presidente da PGA de Portugal, José Correia, considerou que «a Susana é
bem-vinda ao grupo dos profissionais portugueses. Precisamos de mais
jogadoras e ela passará a jogar os torneios do nosso circuito, a começar
pelo Solverde Campeonato Nacional PGA, onde também estará a Mónia
Bernardo».
«A
Susana disse-me que tem alguns convites garantidos para jogar no LETAS
(a segunda divisão europeia) e existe a hipótese de podermos abrir o
Algarve Pro Golf Tour a jogadoras. Vamos pensar nisso, porque seria uma
boa ajuda para ela neste seu início de carreira», acrescentou José
Correia, que é também um dos promotores do Algarve Pro Golf Tour, que
decorre entre novembro e março.
Antes de passar a profissional e de enviar a necessária comunicação por
escrito à FPG, a tricampeã nacional amadora teve o gesto bonito de falar
pessoalmente com o presidente e o secretário-geral da FPG,
respetivamente, Manuel Agrellos e Miguel Franco de Sousa, para além de
anteriormente se ter aconselhado com o diretor-técnico nacional, João
Coutinho.
«O
presidente da FPG disse-me que era importante porque precisamos de mais
raparigas a passarem a profissionais», contou Susana Ribeiro, sobretudo
quando estamos a um ano do golfe regressar aos Jogos Olímpicos.
Não
há uma grande tradição das melhores jogadoras portuguesas optarem pelo
profissionalismo. Aconteceu com Patrícia Roquette, Mónia Bernardo,
Cláudia Dantas, Carla Lopes e agora Susana Ribeiro. O seu processo de
decisão não foi fácil e levou muito tempo:
«Quando entrei para a faculdade, a ideia era ter uma profissão e jogar
como amadora. Pensava que o profissionalismo não era para mim. Concluí a
licenciatura em Gestão e depois fiz o mestrado em Marketing e Gestão de
Desporto.
«Percebi rapidamente que a gestão de empresas não seria o meu futuro.
Trabalhei no Belas Clube de Campo, tanto na receção, como no apoio ao
diretor de campo e apercebi-me que não era bem o que queria no golfe.
Queria jogar ou dar aulas e foi nessa altura, em 2013, que decidi ser
profissional. Falei com os meus pais e dei-me um prazo de dois anos para
me preparar para o profissionalismo».
Embora vá tentar tornar-se na primeira portuguesa a competir
regularmente no Ladies European Tour (a primeira divisão europeia), onde
milita a luso-francesa Caroline Afonso (campeã nacional amadora em
2006), Susana Ribeiro tem os pés assentes na terra e está já a preparar
uma carreira posterior como treinadora:
«Tenho o curso de nível-1 e tenho de fazer o nível-2, porque cada nível
demora dois anos, ainda é um processo longo. Creio que é em janeiro que
abre o próximo nível-2. Vou continuar a dar aulas às crianças na Escola
Nacional de Golfe (no Centro Nacional de Formação de Golfe do Jamor),
até porque os torneios profissionais costumam ser durante a semana. Para
o ano gostava de fazer o TPI (Titleist Performance Institute) em
Espanha. É uma área em que vou continuar a investir.
Foi
há cerca de um ano que Susana Ribeiro anunciou aos media portugueses, no
Açores Ladies Open, que estava a pensar em tornar-se profissional em
2015. Porquê agora, em setembro?
«É
uma boa altura, porque estou numa boa fase de jogo e gostava de jogar
alguns torneios profissionais antes da Escola de Qualificação do Ladies
European Tour em dezembro. Também quero ambientar-me um pouco, porque é
uma vida completamente diferente. Já joguei um Campeonato Nacional de
profissionais (em 2011) como amadora, mas é muito diferente fazê-lo como
profissional. Logo a seguir jogo o Quality First Open da PGA de Portugal
em Belas, e o Açores Ladies Open. Desse modo não vou a frio para Escola
de Qualificação do LET.
Ninguém treina todos os dias e compete durante dez anos seguidos – os
primeiros registos de resultados seus na FPG têm uma década – sem
estabelecer objetivos e Susana Ribeiro tem alcançado tudo a que se
propôs: «Quando era pequenina tinha o sonho de ganhar alguns torneios e
consegui vencê-los todos, como o Nacional de Clubes e o Nacional
Absoluto. Também queria ser nº1 nacional».
Agora, como profissional, os objetivos são outros: «Uma pessoa tem
sempre sonhos e eu gostaria de conseguir jogar daqui a dois anos no
Ladies European Tour e gostaria de jogar um Major».
O
mais difícil será angariar apoios financeiros. José Correia, presidente
da PGA de Portugal, avisa que o Portugal Golf Team «tem recursos muito
limitados e até ao momento tem-se dirigido apenas para jogadores e não
para jogadoras. Mas nunca se sabe. Se houver patrocínios específicos
para jogadoras poderemos tentar ajudar a Susana».
No
imediato, a jogadora conta com o seu salário de treinadora na Escola
Nacional de Golfe e, claro, com a família: «Vai haver ajuda dos meus
pais quando for a torneios. Começará por aí, mas depois espero ter
alguns apoios».
No
Solverde Campeonato Nacional PGA irá ganhar o seu primeiro prémio
monetário e a sua grande rival será Mónia Bernardo, três vezes campeã
nacional de profissionais. Susana Ribeiro poderá tornar-se na primeira a
vencer no mesmo ano os dois Campeonatos Nacionais, o de amadores e o de
profissionais.
O
Oporto Golf Club, reconhecido internacionalmente como o terceiro clube
de golfe mais antigo da Europa Continental, celebra 125 anos em 2015.
O
Solverde Campeonato Nacional PGA é um dos eventos mais relevantes das
celebrações da efeméride, sendo a primeira vez que esta prova se realiza
nesta autêntica instituição do golfe português. Aliás, a última vez que
um torneio do circuito profissional português se realizou naquele campo
foi em 1969.
Por
esse motivo, o Mateus Rosé PGA Pro-Am, marcado para o dia 20 de setembro,
é uma oportunidade rara e exclusiva para alguns amadores jogarem ao lado
e conviverem com os melhores profissionais portugueses, num ambiente de
festa no Oporto Golf Club.