No entanto, Leonor
Bessa concluiu os 54 buracos com as mesmas 227 pancadas (75+75+77) de
Gómez Cisterna (76+81+70), a apenas 2 de Aldana Foigel (73+72+80).
E, nas palavras do
selecionador nacional da Federação Portuguesa de Golfe, Nuno Campino,
«jogou os últimos nove buracos em 2 abaixo do Par, poderia ter forçado a
um play-off, houve esperança até ao fim, manifestou grande vontade de
vencer e mostrou que sob pressão começa jogar bem, visto que não é fácil
jogar na última formação, seja em que torneio for».
A irmã de Tomás Bessa
tem vindo a assumir-se como uma figura de proa em eventos a contar para
o ranking mundial amador, onde é a 637ª classificada. Foi ela a melhor
portuguesa, quer no Açores Ladies Open, em outubro de 2014 (torneio do
LETAS, a segunda divisão do golfe profissional europeu), quer no
Campeonato Internacional Amador de Portugal, em janeiro deste ano. Agora
voltou a ser a nossa melhor representante em Buenos Aires.
Neste último dia de
prova, a lutar pelo título, apesar de ter partido com 5 pancadas de
atraso em relação à futura campeã, nunca baixou os braços, mesmo «sem
ter começado bem», como admitiu o treinador nacional.
Com efeito, Leonor
Bessa dobrou os primeiros nove buracos em 43 pancadas, o seu pior front
nine da competição (37 no primeiro dia e 39 no segundo), fruto de 2
duplos-bogey e 3 bogeys. Mas soube reagir e teve os seus melhores nove
buracos da prova, em 34, com 2 birdies e 7 pares, num back nine em que
fizera nos dias anteriores 38 e 36.
A campeã, Aldana
Foigel, sentiu a portuguesa a crescer e tremeu. Nos últimos nove
buracos, a jogadora argentina sofreu 1 duplo e 3 bogeys e foi com alívio
que fechou o torneio com uma derradeira volta em 80 pancadas (+8), face
às 77 da portuguesa.
Leonor Bessa foi,
entretanto, apanhada no 2º lugar por Agustina Gómez Cisterna, que
carimbou a melhor volta do torneio, de 70 (-2), a única das 24
participantes a lograr bater o Par-72 do campo em três voltas
disputadas.
Mas o melhor
resultado português na última jornada não pertenceu a Leonor Bessa, mas
sim a Susana Ribeiro, com 75 pancadas (+3), o que lhe permitiu galgar 4
posições na classificação e terminar isolada no 6º posto, com um total
de 235 (+19), após cartões de 78, 82 e 75.
A bicampeã nacional
amadora, que tem lutado neste início de época com gripes e viroses,
terminou em grande, ao nível dos seus melhores dias, com 3 birdies nos
últimos 4 buracos. Ou seja, fez aí tantos birdies quantos somara nos 50
buracos anteriores!
«A Susana não teve um
segundo dia nada bom e comprometeu aí todas as suas aspirações de tentar
lutar por ganhar esta prova, mas neste último dia mostrou que o seu
golfe começa a ganhar forma novamente», avaliou Nuno Campino.
Quanto a Beatriz
Themudo, aconteceu-lhe o mesmo que no Montado Hotel & Golf Resort em
janeiro, isto é, consente uma quebra de rendimento nas últimas voltas.
Em Buenos Aires,
desceu do 9º para o 13º posto, empatada com a argentina Carolina
Vallacco, com 241 (+25), piorando sempre os resultados: 78, 80 e 83. Em
Palmela começou por ser 10ª e terminou no 39º posto com voltas de 74,
74, 75 e 82.
Se pensarmos que a
campeã nacional de sub-18 compete muito menos em torneios internacionais
do que as suas compatriotas e que em Portugal joga sobretudo eventos de
dois dias (no Circuito Liberty Seguros/FPG e no PGA Portugal Tour),
percebe-se que mental e fisicamente o desafio é diferente em 54 buracos
como neste Nacional da Argentina ou em 72 buracos como no Internacional
de Portugal.
Nuno Campino, que
decidiu desta vez chamá-la à seleção nacional, está ciente deste facto e
sabe que tem nesta jogadora de longas distâncias um potencial a
explorar: «A Beatriz conseguiu qualificar-se dentro das 15 primeiras
para jogar neste último dia, o que é sempre importante. Nota-se-lhe um
pouco de falta de ritmo em competições internacionais, mas acredito que
pode melhorar bastante!»
A filha do treinador
João Pedro Themudo foi a única portuguesa inscrita na classificação
juvenil deste Nacional argentino e aí o seu resultado de +25 valeu-lhe o
2º lugar, a 5 pancadas da nova campeã juvenil local, Debora Orieta.
Sendo Portugal e
Argentina os únicos países representados no torneio feminino,
disputou-se entre ambos uma competição por equipas, a Copa Challenge.
Contaram os dois
melhores resultados das três jogadoras de cada seleção e a Argentina
venceu com 296 (+8), face às 308 (+20) de Portugal.
O Nacional amador da
Argentina abriu-se a participação estrangeira e nasceu em 1957, embora a
primeira edição feminina se tenha realizado apenas em 1971, no Tortugas
Country Club, exatamente o palco onde o torneio regressou em 2015.
Não era este o
torneio em que a FPG planeara inscrever a seleção nacional feminina, mas
sim no Southern Cross Invitational, que se realiza na próxima semana,
com a presença dos portugueses Vítor Lopes, Afonso Girão, João Ramos e
Pedro Lencart, que ontem (Domingo) partiram de Lisboa para a Argentina.
«Foi o torneio que a
Federação Argentina de Golfe conseguiu arranjar para jogarmos, de forma
a colmatar o cancelamento do torneio feminino da próxima semana, em que
estariam algumas das melhores equipas do mundo», explicou Nuno Campino.
Nestas
circunstâncias, foi importante aproveitar ao máximo a situação
inesperada: «Apesar de tudo é importante jogarmos torneios menos cotados
no circuito e conseguirmos bons resultados para aprendermos a vencer e a
alcançar top-tens, como foi o caso. O balanço final é muito positivo
pela atitude das atletas. Foi uma semana excelente para o golfe
nacional. Jogou-se em condições nada fáceis, devido ao calor dos
primeiros dias, num campo muito técnico e estratégico. E os resultados
da Leonor em 2º, da Susana em 6º e da Beatriz em 13º dão a perceber como
foi uma excelente semana».