Campeonato Nacional Mid-Amateurs BPI

PAULA SAÚDE SOMA TRÊS TÍTULOS, SALVADOR COSTA MACEDO BICAMPEÃO

 

Ana Paula Saúde e Salvador Costa Macedo venceram a 24ª edição Campeonato Nacional de Mid-Amateurs BPI, que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) organizou nos últimos dois dias no campo nº2 de Ribagolfe, em Benavente.

Paula Saúde somou o seu 3º título no Nacional de Mid-Amateurs BPI nos últimos quatro anos, repetindo os sucessos de 2012 no Aroeira-1 e de 2013 em Troia. A jogadora do Club de Golf do Estoril totalizou 166 pancadas, 22 acima do Par, após duas voltas de 83 (+11), batendo por 2 Marta Lampreia.

 

   

Salvador Costa Macedo apoderou-se do seu 2º troféu nesta competição, replicando o êxito de 2013. Como no ano passado não participou no Estela Golf, houve um certo sabor a revalidação do título neste triunfo averbado com 150 pancadas, 6 acima do Par, ao entregar cartões de 73 (+1) e 77 (+5), superando Gonçalo Xavier por 1 “shot”.

Rivalidade a dois no torneio feminino

A versão feminina do Campeonato Nacional de Mid-Amateurs BPI tem proporcionado uma rivalidade entre duas jogadoras nos últimos tempos. Se Paula Saúde venceu pela terceira vez em quatro anos, Marta Lampreia foi campeã nacional em 2007 e 2011, sendo ainda vice-campeã nos últimos três anos.

Só Mafalda Magalhães, do Multiplica Estrelas Clube de Golfe, tem conseguido imiscuir-se, ganhando a prova no ano passado e sendo 3ª classificada este ano.

Paula Saúde explica que «é uma rivalidade saudável, damo-nos bem, nunca nos incompatibilizámos no campo, mas somos mais rivais por ausência de outras. Não é porque sejamos melhores, de modo algum, mas as outras não aparecem. Na Aroeira, em 2012, ainda houve um leque de jogadoras aceitável. A partir daí tem sido uma pobreza». E a renovada campeã nacional chega a admitir que «a Marta tem um potencial muito superior ao meu».

E foi Marta Lampreia, do Clube de Golfe do Paço do Lumiar, quem começou melhor, com 81 pancadas, na primeira volta, mas depois fez 87 no segundo dia e foi superada pela regularidade de Paula Saúde que assinou dois cartões de 83.

A vantagem de 2 pancadas com que Lampreia partiu para a última volta estava anulada quando foram ambas para o tee do buraco 4, devido aos bogeys cedidos no 1 e no 3. Perdeu mais 2 pancadas no 5 e no 6 e essa desvantagem de 2 “shots” veio a revelar-se irrecuperável, como explicou a vencedora: «Fiz 6 pares seguidos para começar a volta, o que terá deixado a Marta um pouquinho assustada e, a partir daí, foi uma questão de não perder o tino».

A economista que colaborou «em comissões técnicas em Troia e no Estoril e na Comissão de Handicaps da FPG» não encara esta vitória como a mais importante que viveu porque nunca esquecerá os inícios da sua “carreira” na modalidade, provando que não é obrigatório ser-se brilhado nos escalões etários juvenis para se ser bem cotado nos mid-amateurs ou nos seniores: «Comecei a jogar golfe em 1997 e em 1998 houve um Campeonato Nacional de 1ª e 2ª Categorias. Como era em Troia, o campo onde comecei a jogar, lá fui, apesar de ter um handicap de 4ª Categorias, mas as pessoas assustam-se de vir jogar a Troia e eu fui experimentar. Quando dei por mim, estava na final com a Lara Vieira (que 4 anos depois seria campeã nacional amadora absoluta). Não consegui ganhar-lhe, mas foi a minha primeira taça da FPG ao cabo de apenas um ano e meio de jogar golfe. Esse título de vice-campeã nacional de 2ª Categorias foi giro por ser o primeiro e por ser inesperado».

Portanto, 2015 não foi o mais importante e também não foi o mais complicado: «O primeiro título de Mid-Amateurs talvez tenha sido o mais difícil, porque em 2012 havia mais participantes. Por exemplo, todas as minhas amigas do Estoril foram, o torneio foi mais exigente e tive sorte em conseguir ganhar».

Mas se não foi o mais importante nem o mais exigente, nem por isso o êxito de ontem deixou de ter um sabor muito especial: «Foi um enorme desafio, porque tenho estado a jogar mal, com problemas nas costas, mas não deitei a toalha ao chão. Tentei pôr alguma ordem no meu jogo. As coisas não correram bem porque o resultado não é brilhante, tenho a consciência disso, mas face ao que estava a jogar foi muito bom. Só eu sei quão bom é, sobretudo depois de a Marta ter feito o melhor resultado no primeiro dia. Foi um desafio gratificante ter entrado bem em jogo na segunda volta».

Estes três títulos em quatro anos manifestam um domínio na prova que nos remete para o tricampeonato de Teresa Matta (entre 2004 e 2006), mas Paula Saúde tem a noção de que ser campeã nacional não faz dela necessariamente a melhor jogadora portuguesa neste escalão etário: «Já é a 3ª vez que sou campeã mas isso deve-se também à falta de competitividade das minhas companheiras, na medida em que conheço quem jogue melhor do que eu, tenho amigas que jogam melhor do que eu, mas não vêm aos campeonatos. Isso facilita-me a vida».

Jogadoras que marcaram uma época do golfe nacional, como Lara Vieira, Inês Mendonça e mesmo Patrícia Nunes Pedro, poderiam reforçar este torneio se quisessem participar.

1 pancada decidiu torneio masculino

Também Salvador Costa Macedo julga que o torneio masculino poderia ter sido mais participado, embora 86 jogadores seja um elevado número de competidores: «Faltaram outros 15 ou 20 que também teriam hipóteses de lutar pelo título. Por exemplo, o José Maria Cazal Ribeiro, o Miguel Franco de Sousa, o António Castelo, o Ricardo Oliveira, mas o nível foi bom e só faz falta quem lá está».

Ao contrário do que sucedeu com Paula Saúde, para Salvador Costa Macedo a vitória de ontem foi mais difícil do que a de há dois anos. Em Troia, o diretor de golfe do Quinta do Peru Golf & Country Club começou logo com uma vantagem de 5 pancadas aos 18 buracos e só por culpa própria (5 bogeys nos últimos nove buracos) foi permitindo a recuperação de Rogério Brandão, acabando por vencer por 1 pancada.

Dois anos depois, voltou a impor-se por 1 “shot”, mas o equilíbrio foi muito maior. Arrancou para o segundo dia com a vantagem mínima sobre Bruno Vantieghem e chegou mesmo a perder a liderança quando se dirigiu para o buraco 3 da segunda volta, depois do jogador da Aroeira ter começado com 2 birdies seguidos.

Para mais, desta vez o perigo não se limitou ao seu grupo, até porque Bruno Vantieghem e Carlos Guerreiro (cinco vezes campeão da prova) foram perdendo terreno aos poucos, ao ponto de terminarem, respetivamente, no 8º (+15) e 7º (+13) lugares. Foi preciso, sobretudo, ter atenção ao que iam fazendo outros jogadores, como Gonçalo Xavier, do Golfe Benfica, ou Filipe Salazar de Sousa, também do Peru, que fez a melhor última volta (73, +1), não perdeu qualquer pancada no “back nine”.

Sendo o agora bicampeão nacional um distinto comentador de golfe na SportTV, com boa capacidade de comunicação, vale a pena deixá-lo narrar o modo como foi vivendo as emoções:

«Depois dos primeiros 27 buracos pensei: “isto está controlado, estou seguro, consistente”. Ia no total com +1, só faltavam nove buracos, era não jogar para as bandeiras, não tentar dar grandes “shots”, só colocar a bola em jogo e tenho grandes hipóteses. Estava a jogar com o Carlos Guerreiro e o Bruno Vantieghem e controlava os resultados deles.

«Estava um pouco mais de vento no segundo dia e nos segundos nove buracos comecei a apanhar o vento de frente, da esquerda para a direita, a minha maior fraqueza. Fiquei logo pouco confortável. É aí que se sente a falta de ritmo de jogo. Fiz duplo-bogey no 10 por ter de jogar para o lado duas vezes; fiz 3 putts no 11 e aquilo começou a mexer com a minha cabeça; no 12 fiz 1 bom birdie que me acalmou um bocadinho; no 13, de novo com o tal vento, dropei uma bola e veio outro duplo-bogey; no 14 tinha vento a favor e fiz birdie; no 15 arranquei um bom Par e no 16 também, mas tudo muito sofrido; no 17, outra vez com o mesmo vento, dropei outra bola e sofri novo duplo.

«Cheguei então ao tee do 18 com um agregado de +6. No 13 ou no 14 tinha-me cruzado com o Gonçalo Xavier e perguntei-lhe pelos resultados. Sabia que ele estava a jogar bem e que vinha com +3 ou +4 no dia, enquanto eu vinha com +3. Eu pensei que ele tinha feito +3 ontem, +4 hoje, eu vinha com +4 no total, não tinha grande margem, eram 3 pancadas que se perdem fácil num ou dois buracos. Percebi que não podia olhar só para os meus parceiros e que tinha de ter atenção ao que se passava à frente.

«Tudo isso influenciou, até porque não estou habituado a estar nessa situação de liderar e ter de gerir o resultado. No 18, muito sofrido, um Par-5, tive um 3º “shot” ao “green” de 70 metros e fiquei a 15 da bandeira. Um dos problemas com que me debati em todo o torneio foi no controlo da distância dos “greens”.

«Sabia que estava com um total de +6, não sabia o resultado com que o Gonçalo tinha acabado, mas achei que ele estaria com +6 ou +7. Eu tinha um “putt” de 15 metros para “birdie” mas nem pensei no “birdie”, só pensei em fazer 2 “putts” e mesmo assim ficava preocupado. Bati o primeiro e fiquei aí a 1,5 metros, da direita para a esquerda, a subir. Estava muito pouco confiante ou, pelo menos, não estava confortável, não era daqueles que dissesse que iria entrar, que estava dado. E sabia que tinha de meter aquele putt para ganhar por 1 ou para ir a play-off. Meti o putt e não sabia se tinha ganho. Perguntei ao meu irmão mas ele não sabia. Fiquei na dúvida e era uma sensação estranha, a de terminar a prova e não saber se tinha ganho. Depois veio aquele longo caminho até entregar o cartão e o Rui Frazão (do Departamento Técnico da FPG) também não me disse. Só pude celebrar quando o Rui imprimiu as classificações e vi que tinha ganho por 1 pancada».

Depois da ansiedade veio a celebração. Apesar de ter sido sempre um dos bons jogadores da sua geração, Salvador Costa Macedo só foi campeão nacional de pares mistos (em 2003, com Patrícia Nunes Pedro), antes desta “dobradinha” nos Mid-Amateurs em 2013 e 2015: «Fui campeão nacional de pares mistos e fui 6º num Nacional Amador no Ribagolfe-1 há muitos anos (2007). Nunca fui um dos jogadores de topo, andei sempre ali discretamente com top-15 e top-20, às vezes um top-10. Por isso, fiquei todo contente com esta vitória, por ser de novo campeão nacional. Há dois anos a surpresa foi maior e isso preparou-me, de certa forma, para este ano porque já sabia que tinha possibilidades de ganhar».

O diretor da Orizonte Golf tem jogado no Campeonato Nacional de Clubes Solverde e nos torneios do PGA Portugal Tour que passam pelo “seu” campo do Peru. Às vezes tenta ir às etapas do Circuito Liberty Seguros, mas sente que este triunfo de ontem tem muito mais a ver com questões mentais do que com um elevado momento de forma:

«Preparei-me, mais que não seja a nível psicológico. Estava preparado para lutar pela vitória. Em termos técnicos não consegui preparar-me como queria, mas ainda fiz uma volta e meio de treino no Ribagolfe-2 na semana anterior e bati umas bolas para preparar-me o possível para este torneio. Psicologicamente já vinha há uns dois meses a pensar no torneio e a preparar-me para estar na luta.

«Noto que estou consistente e que a idade traz a experiência. Não sou demasiado ambicioso, não tento dar um drive de 300 metros, é preferível jogar com o que temos. Já não podemos treinar aquilo que gostaríamos e a experiência faz-nos ganhar mais pancadas e traz-nos a gestão das expectativas. Sei que não tenho treinado o que gostaria, pelo que, tudo o que vier a mais é bónus. Não ponho a fasquia muito elevada, não coloco demasiada pressão sobre mim mesmo em fazer resultados baixos e isso leva-me a jogar buraco a buraco. Como alguém dizia, uma volta são 18 trabalhos e acabando o 1º trabalho vai-se para o 2º. Joga-se tranquilamente e o que vier, vem.

Outro aspeto marginal mas curioso tem a ver com o facto de jogar melhor desde que comenta semanalmente os melhores do Mundo no PGA Tour e no European Tour: «Tenho pensado que talvez tenha a ver com o facto de estar na SportTV, onde estou a vê-los jogar, a reparar na estratégia que seguem, como procuram estar sempre em jogo. Eu também sinto-me muito mais em jogo. Quando jogo mal não faço muitas. É engraçado mas acho que isso tem a sua influência no meu jogo».

Novo regulamento

Desde 2010 que o mais importante torneio nacional para jogadores com mais de 35 anos não se disputava nos campos da Herdade de Vargem Fresca, integrados no Grupo Orizonte Golf. Este ano houve a novidade de os regulamentos terem sido alterados para admitir jogadores que em 2015 completam 30 anos.

«Ainda não conseguimos que muitos mais jogadores tenham participado no torneio por causa disso, mas talvez por ser um primeiro ano e haver muitos que não tenham tomado conhecimento, apesar de termos publicado notícias sobre o assunto no Facebook e de termos colocado o regulamento no site da FPG. No entanto, é uma boa medida porque aumenta a competitividade. E tivemos um bom número de participantes este ano», disse o diretor-técnico nacional da FPG, João Coutinho, referindo-se aos 91 participantes (86 na prova masculina e 5 na feminina), superando claramente os 67 em 2014 e 59 em 2013.

Para Paula Saúde, foi algo surpreendente não haver mais participantes com menos de 35 anos: «Gostei da alteração no regulamento e acho que deve fazer-se tudo para melhorar a competição. Tinha até a esperança de que aquela leva das miúdas da Madeira, já com 30 anos, pudesse aparecer e dar alguma vida e uma lufada de ar fresco ao Campeonato. Foi uma surpresa não ter visto ninguém. Nos homens também sei que ficou um pouco abaixo das expectativas porque o João Coutinho disse-me que só 5 jogadores com menos de 35 anos se inscreveram. Mas, enfim, houve uma boa adesão. As pessoas não leem lá muito os regulamentos. Eu trabalho no golfe em vários domínios e lembro-me de num ano a FPG ter permitido equipas mistas no Campeonato Nacional de Clubes Mid Amateurs e eu ter sido a única senhora a inscrever-se».

Por seu lado, Salvador Costa Macedo apreciou ter-se sagrado campeão num ano em que houve um aumento do número de participantes: «Foi um torneio com 86 participantes, o que é um bom indicador e uns 15 estavam a lutar pela vitória. Gostei do nível de jogo, diverti-me imenso porque alia bem a componente competitiva à de reencontrar amigos».

Com efeito, se olharmos para os participantes e não para os inscritos (que foram mais, mas houve várias desistências e faltas de comparência), o Campeonato Nacional de Mid-Amateurs BPI contou com 91 jogadores, 86 homens e 5 senhoras, superando os 67 competidores de 2014, os 59 de 2013 e os 78 de 2011. Na presente década, só os 99 inscritos de 2012, na Aroeira, superaram os dados deste ano.

Resultados

Os principais resultados finais foram os seguintes:

Torneio feminino

1ª Paula Saúde (Club de Golf do Estoril), 166 (83+83), +22.
2ª Marta Lampreia (Clube de Golfe do Paço do Lumiar), 168 (81+87), +24.
3ª Mafalda Magalhães (MECG – Clube de Golfe), 173 (86+87), +29.

Torneio masculino

1º Salvador Costa Macedo (Quinta do Peru Golf & Country Club), 150 (73+77), +6.
2º Gonçalo Xavier (Golfe Benfica), 151 (75+76), +7.
3º Filipe Salazar de Sousa (Quinta do Peru Golf & Country Club), 153 (80+73), +9.

 

Gab. Imprensa F.P.G.
30 de Março 2015

Voltar

 

 

Revised: 31-03-2015 .