Como é habitual nestes escalões mais baixos, não houve
revalidações de títulos e todos os quatro laureados venceram pela
primeira vez um Campeonato Nacional de Jovens. Aliás, na história destes
torneios de sub-10 e sub-12, só João Magalhães revalidou títulos.
Nos sub-10 jogou-se em stableford gross e os títulos
foram para Diana Barros, do Oporto Golf Club, e Alberto Costa Marques,
do Club de Golf de Miramar.
Nos sub-12 impuseram-se Rita Costa Marques, de Miramar, e
Francisco Matos Coelho, do Clube de Golfe de Vilamoura, sendo este o
único campeão a não vir do norte do país.
O “fator casa” revelou-se fundamental, como se viu pelos
sucessos dos irmãos Costa Marques, mas também por Diana Barros conhecer
muito bem o campo, dado ter sido ali que se iniciou na modalidade, antes
de transferir-se para o clube de Espinho.
Nelson Ribeiro, um dos dois profissionais do clube
anfitrião, concorda com essa análise: «Nos momentos em que foi preciso
estarem seguros, o conhecimento do lay-out do campo foi fundamental, na
medida em que sabiam onde arriscar um pouco mais, onde segurar e esperar
que as coisas não corressem tão bem aos outros. Aí houve uma clara
vantagem».
É de salientar que houve um bom número de 70
participantes nestes dois escalões e que o Club de Golf de Miramar se
engalanou devidamente para receber a prova, beneficiando ainda de
condições meteorológicas divinais.
Diana Barros
campeã de sub-10
Bastou a cerimónia de entrega de prémios para se perceber
a diferença de estatura física de Diana Barros para os demais jogadores
de sub-10, em ambos os sexos.
Mais forte e mais alta, sabe tirar partido disso em
termos de distância, de potência de jogo. Aliás, das suas 34 pancadas
acima do Par, os buracos de Par-5 só contribuíram com +1!
«O jogo comprido é o que faço melhor. E conhecer o campo
foi importante. Acho que neste campo o importante é a bola ao green e
conhecer bem as linhas de putt. Os putts às vezes não são fáceis», disse
a algo introvertida Diana Barros, que considerou esta a sua «vitória
mais importante».
E apesar de só este ano se ter transferido para o Oporto
Golf Club, tendo-se iniciado «no golfe em Miramar, aos 6 anos»,
declarou-se «contente por ganhar para o Oporto no ano de aniversário»,
referindo-se aos 125 anos que o clube celebra em 2015.
Com um handicap de 34, Diana Barros somou 13 pontos
stableford gross, com voltas de 5 e 8. Assumiu o comando aos 18 buracos,
com 1 ponto de vantagem sobre Ana da Costa Rodrigues, de Miramar, e aos
36 buracos tinha dilatado a superioridade para 2 pontos.
O título foi decidido entre ambas, dado que a 3ª
classificada, Maria Isabel Alves, do Oporto, ficou a 11 pontos da
campeã. Foi o segundo ano seguido em que Ana da Costa Rodrigues se
sagrou vice-campeã nacional. Em 2014, no Jamor, ficou atrás de Maria
Barroso Sá.
«Esta vitória foi mais ou menos, nem fácil, nem difícil,
nunca senti que estava totalmente à vontade. Mas não estava muito
nervosa, mais ou menos, e fui ficando mais calma com o andar do jogo»,
disse a trineta de um famoso caddie do clube de Espinho.
O seu pai, José, conta como a família foi para o golfe:
«O Henrique (irmão de Diana) pediu-me a dada altura para jogar golfe.
Falei com o Sérgio Ribeiro (treinador) e ele colocou-o a jogar em
Miramar. Depois levei também a Diana e em 2015 mudámo-nos para o Oporto.
Eu só joguei depois do Henrique, o primeiro de nós a jogar, mas o golfe
já vem de família. O meu bisavô era caddie no Oporto (Firmino Barros de
Oliveira) e jogou uma partida com o conde de Barcelona (avô do Rei de
Espanha). No livro que conta a história do clube aparece o torneio que
ele ganhou. É uma história engraçada porque ele começou a jogar calçado
mas como era pescador e não se dava com o calçado e estava a perder,
tirou os sapatos, jogou descalço e ganhou ao conde».
O pai da jogadora fez questão de agradecer «ao Eduardo e
ao José Maganinho pela aposta que fizeram nela» e Eduardo admite que
«embora nós apostemos em todos, reparámos que a Diana, com o seu
batimento de bola, a sua idade e a sua fisionomia, tem um potencial
grande. Claro que temos de perceber que a cabeça corresponde a 10 anos e
não àquele físico que apresenta. Se ela continuar a gostar, dentro de
dois anos poderemos ter uma boa jogadora».
O carismático treinador do Oporto Golf Club conta o
trabalho que foi feito com ela: «Ela trabalha comigo e com o meu irmão,
o Zé desde o início do ano. Tem uma batida forte, mas é no jogo curto e
no putt que ela tem vindo a melhorar e tem sido nessa área que mais
temos trabalhado, para que pudesse ter sucesso neste campeonato. Apesar
de haver uma diferença grande de handicaps entre ela e a Ana, nestes
escalões tudo define-se mais na área do jogo curto e no feeling dos
putts».
E Eduardo Maganinho devolve o elogio ao pai da jogadora,
partilhando responsabilidades: «Mesmo antes da competição foi engraçado
ver como o pai a ajudou nesse departamento, porque ela jogava de tarde e
de manhã ele vinha com ela treinar para o clube no tal jogo curto. Ele
tem assistido um pouco ao que o meu irmão e eu temos trabalhado com ela
e sabia que era aí que deveria motivá-la. Queiramos ou não, aos 10 anos
os pais são muito importantes, se tiverem uma atitude positiva».
Nome: Diana Oliveira Barros
Idade: 10 anos
Data de nascimento: 11 de maio de 2005
Clube: Oporto Golf Club
Clubes anteriores: Club de Golf de Miramar
Treinadores: Eduardo Maganinho e José Maganinho
Alberto Costa
Marques campeão de sub-10
Alberto Costa Marques, de handicap 11,4, somou 26 pontos,
com duas voltas de 13 pontos stableford gross, 10 acima do Par e
destacou-se por ter jogado os Par-5 a Par e os Par-3 apenas em +1.
«Gostei de como joguei e o jogo curto foi o que fiz
melhor. Chipei bem e patei bem. E como acho que neste campo o mais
importante é o shot ao green… Acho que foi uma vantagem conhecer bem o
campo porque mesmo quando calho num sítio mau, sei sempre o que devo
fazer. Senti-me sempre mais confortável», disse, depois de bater por 5
pontos Matvem Golovanov, de handicap 17,5.
Golovanov, por vezes chamado de Matthew, por ser um russo
que reside nos Estados Unidos e que de vez em quando joga em Portugal,
onde representa Vilamoura, era, sem dúvida, um dos grandes favoritos,
mas o desconhecimento do campo foi-lhe fatal, sobretudo os 4
duplos-bogey no primeiro dia. A sua segunda volta de 14 pontos foi até a
melhor do torneio neste escalão etário.
Não é normal uma criança da idade de Alberto Costa
Marques mostrar uma regularidade de resultados tão forte, mas o seu
treinador, Nelson Ribeiro, não ficou surpreendido: «O Alberto tem uma
qualidade que às vezes define e distingue uns jogadores dos outros e tem
o perfil adequado para a modalidade. Quando é necessário estar focado
está, quando é necessário arriscar ele arrisca, quando é preciso
estabilizar tem essa consciência. Apesar de ter 10 anos, já tem muito
essa noção de como estar».
Comecei a jogar golfe aos 5 anos, porque o meu pai
(Manuel Alberto) também jogava e experimentei», recordou o jogador de
Miramar. A influência familiar tem sido fundamental para o seu sucesso e
isso não passou despercebido ao treinador: «Acho que é benéfico o
Alberto e a Rita serem irmãos, porque acabam por partilhar as
experiências que têm com alguém que passa pela mesma situação. A Rita,
por ser mais velha e por ser senhora, traz o Alberto mais à razão e à
lógica. O Alberto é um jogador motivado e ela tira-o um bocadinho desse
estado e leva-o mais para a parte racional».
Por outro lado, o facto de Miramar estar a investir mais
nos últimos tempos nos jovens começa a criar uma bola de neve. «O
Alberto olha para o Tomás Bessa, o Pedro Lencart, o Pedro Morris, que
saem para os torneios internacionais e que acabam por transmitir-lhe os
seus testemunhos».
Talvez por isso, Alberto Costa Marques tenha sido o único
dos quatro novos campeões nacionais a não considerar este o seu título
mais importante, tendo-lhe dado mais gozo eventos internacionais: «Houve
dois torneios que ganhei que são mais importantes – o World Kids no ano
passado em Vilamoura, em sub-9, e o Campeonato Ibérico em Espanha, em
agosto do ano passado, em sub-10. São torneios internacionais».
«Nós temos, em Miramar, dois projetos paralelos
definidos: um nacional e outro que é quer colocar os atletas em
ambientes fora de Portugal cada vez mais cedo para terem a consciência
de como se joga lá fora», elucidou Nelson Ribeiro. Pelos vistos, logo
aos dez anos a mensagem está a passar.
Nome: Manuel Alberto Gomes da Costa Marques
Idade: 10 anos
Data de nascimento: 11 de fevereiro de 2005
Clube: Club de Golf de Miramar
Clubes anteriores: Não houve
Treinador: Nelson Ribeiro
Rita Costa
Marques campeã de sub-12
Foi no torneio feminino de sub-12 que se sentiu mais o
fator casa, por ser o mais equilibrado dos quatro campeonatos. Aliás,
aos 18 buracos, Leonor Medeiros, do Quinta do Peru Golf & Country Club e
campeã nacional em título, estava na frente, empatada com Rita Costa
Marques, de Miramar, com Ivete Rodrigues, do VerdeGolf Country Club
(ilha de São Miguel, nos Açores) no 3º posto, a apenas 1 pancada!
«Ser jogadora deste clube foi uma vantagem muito
importante porque já jogo aqui há alguns anos e conheço melhor o campo.
Enquanto as outras só viam a parte mais fácil de analisar, eu sei certas
coisas, como determinados espaços onde as bolas caem e não se sabe bem
onde ficam», asseverou a campeã.
O complicado buraco 18 acabou por decidir o título. Na
primeira volta, Ivete Rodrigues sofreu 1 quádruplo-bogey no 18, as
mesmas 4 pancadas que Leonor Medeiros perdeu ali na última volta.
Ora Rita Costa Marques, de Miramar, venceu por… 1 única
pancada sobre a açoriana e 3 sobre a jogadora de Azeitão. O final de
prova foi simplesmente eletrizante, como contou a campeã: «A Ivete fez 1
birdie no 16 e eu ia a perder por 1 pancada no final desse 16. Elas iam
as duas empatadas na frente. Mas no buraco seguinte (17) eu fiz 1 birdie
e elas fizeram Par (Leonor) e bogey (Ivete). Portanto, fiquei empatada
na frente com a Leonor e a Ivete ia 1 atrás, com um buraco por jogar. No
18 eu fiz um bogey, o que não é mau porque não é um buraco fácil, a
Leonor fez um quádruplo e perdeu aí o campeonato. Ela esteve a ganhar
quase todo o dia, ia mesmo confiante e naquele buraco foi-se abaixo. A
Ivete fez bogey no 18 e assegurou o 2º lugar».
O treinador da nova campeã, Nelson Ribeiro, desvela que
«na escola ela é uma aluna que toda a vida tirou 5, nunca tirou sequer
um 4. Está focadíssima em tentar manter os estudos a esse nível e o
tempo livre que tem é disponibilizado para o golfe. Para a Rita, o golfe
é um desafio semelhante».
A própria jogadora, com um discurso muito mais maduro do
que os seus 11 anos, corrobora essa análise: «O golfe não é uma coisa
para descontrair, é mesmo para ser boa jogadora. Sou boa aluna na escola
e encaro as duas coisas com a mesma seriedade».
Nelson Ribeiro assegura que «os dois irmãos Costa Marques
trabalham imenso, cinco vezes por semana, durante todo o ano». Não são
campeões nacionais por acaso.
No caso de Rita, beneficia ainda do ambiente competitivo
do clube que se sagrou campeão nacional de clubes no setor feminino em
2014 e que em 2015 ainda reforçou mais a sua equipa. Afinal, nessa
equipa militam jogadoras como Susana Ribeiro, tricampeã nacional amadora
absoluta, Beatriz Themudo, campeã nacional de sub-18, Leonor Bessa,
bicampeã nacional de sub-16, e Joana Silveira, campeã nacional de
sub-14!
«Sou muito mais nova do que elas – afirma – e tenho
sempre aquela ambição de querer chegar ou até ser melhor do que elas já
foram. Agora já se sabe o que resultou com elas e o treinador poderá
tentar fazer ainda melhor em mim. Poderá haver um progresso se eu for
seguindo o meu percurso».
Nome: Rita Silva Gomes da Costa Marques
Idade: 11 anos
Data de Nascimento: 16 de agosto de 2003
Clube: Club de Golf de Miramar
Clubes anteriores: Foi sempre este clube
Treinador: Nelson Ribeiro
Francisco
Matos Coelho campeão de sub-12
Francisco Matos Coelho, do Clube de golfe de Vilamoura,
merece um destaque especial pelo resultado excelente de 4 pancadas acima
do Par em 36 buracos, com uma primeira volta de 70, igualando o Par do
deslumbrante campo costeiro.
Tendo em conta que vem sendo o grande dominador do
Circuito Drive Liberty Seguros nas Zonas Centro e Sul, a sua vitória só
pode surpreender por ter acontecido no Norte, onde compete muito menos.
Francisco Matos Coelho, com 144 (+4) esmagou a
concorrência e obteve o triunfo mais folgado, deixando o vice-campeão,
Tomas Mician, seu companheiro de clube, a uma distância de 12 pancadas!
O jogador de 12 anos mora em Lisboa e representa o clube
algarvio que é o crónico campeão nacional de clubes no setor masculino.
Pode parecer estranho, mas muito no golfe de Francisco Matos Coelho é
pensado ao detalhe:
«Eu jogava futebol e como o meu pai tinha muitas reuniões
da empresa na Penha Longa, fomos um dia experimentar jogar golfe e eu
gostei, fiquei logo agarrado ao golfe aos 8 anos, fiquei mais ou menos
um ano na Penha Longa. Depois fui para o Paço do Lumiar. Quando competia
na Zona Centro, ganhava muitos torneios e achei que deveria ir para a
Zona Sul, para ter mais competitividade, porque há mais e melhores
jovens a competirem em Vilamoura na minha idade.
«Vivo em Lisboa e normalmente aos fins de semana vou ao
Algarve treinar e fazer os torneios do Circuito Drive Liberty Seguros.
Quando vejo que há torneios na Zona Centro também jogo se achar que isso
é necessário para me preparar para os torneios importantes. Com o
Joaquim Sequeira costumo trabalhar mais o swing, enquanto com o Hugo
Santos costumo trabalhar mais o jogo curto».
Esta primeira vitória no Campeonato Nacional de Jovens
foi pensada com o mesmo cuidado: «Não conhecia este campo mas como o
Nacional foi aqui, vim fazer voltas de treino algumas vezes durante o
ano. Isso fez com que o fosse conhecendo melhor». O resultado foi o que
se sabe: «O meu melhor título de sempre».
Hugo Santos, um dos seus treinadores, soube da vitória de
Francisco no mesmo dia em que ele próprio conquistou pelo terceiro ano
seguido o Estoril PGA Open e teceu rasgados elogios ao miúdo: «Com a
idade que tem, é um jogador que já demonstra muita capacidade e eu
acredito que ele pode ter um futuro muito risonho. Com esta idade não é
fácil mostrar já as ferramentas que apresenta.
«É muito forte em todas as partes do jogo. Claro que terá
de continuar de trabalhá-las. Para além disso, é muito humilde, com os
pés bem assentes na terra, para mim um elemento muito importante».
Nome: Francisco Soares Mendes Matos Coelho
Idade: 12 anos
Data de nascimento: 27 de fevereiro de 2003
Clube: Vilamoura (há dois anos)
Antigos clubes: Penha Longa e Paço do Lumiar
Treinadores: Joaquim Sequeira, Hugo Santos e o pai (Pedro Matos Coelho)
Resultados
Sub-10 Femininos
1ª Diana Barros (Oporto Golf Club), 13 pontos (5+8), +34
2ª Ana da Costa Rodrigues (Club de Golf de Miramar), 11 (4+7), +27
Sub-10 Masculinos
1º Alberto Costa Marques (Club de Golf de Miramar), 26 pontos (13+13),
+10
2º Matvem Golovanov (Clube de Golfe de Vilamoura), 21 (7+14), +17
Sub-12 Femininos
1ª Rita Costa Marques (Club de Golf de Miramar), 165 pancadas (83+82),
+25
2ª Ivete Rodrigues (VerdeGolf Country Club), 166 (84+82),
+26
Sub-12 Masculinos
1º Francisco Matos Coelho (Clube de Golfe de Vilamoura), 144 pancadas
(70+74), +4
2º Tomas Mician (Clube de Golfe de Vilamoura), 156 (79+77), +16.
Gab. Imprensa F.P.G.
8 de Julho 2015