Campeonato Nacional Jovens Sub-10 e Sub-12

NORTE GANHA 3 DOS 4 TÍTULOS

 

O Norte ganhou três dos quatro títulos em disputa nos escalões etários de sub-10 e sub-12 do Campeonato Nacional de Jovens, que a Federação Portuguesa de Golfe (FPG) organizou nos dois últimos dias no histórico Club de Golf de Miramar, em Vila Nova de Gaia. 

«Na semana anterior jogámos aqui em Miramar o Campeonato Regional de Jovens da Associação de Golfe do Norte de Portugal e é uma excelente preparação para o Campeonato Nacional», explicou Nelson Ribeiro, o treinador das equipas de Miramar e um dos membros da equipa técnica da FPG. 

   

Como é habitual nestes escalões mais baixos, não houve revalidações de títulos e todos os quatro laureados venceram pela primeira vez um Campeonato Nacional de Jovens. Aliás, na história destes torneios de sub-10 e sub-12, só João Magalhães revalidou títulos. 

Nos sub-10 jogou-se em stableford gross e os títulos foram para Diana Barros, do Oporto Golf Club, e Alberto Costa Marques, do Club de Golf de Miramar. 

Nos sub-12 impuseram-se Rita Costa Marques, de Miramar, e Francisco Matos Coelho, do Clube de Golfe de Vilamoura, sendo este o único campeão a não vir do norte do país. 

O “fator casa” revelou-se fundamental, como se viu pelos sucessos dos irmãos Costa Marques, mas também por Diana Barros conhecer muito bem o campo, dado ter sido ali que se iniciou na modalidade, antes de transferir-se para o clube de Espinho. 

Nelson Ribeiro, um dos dois profissionais do clube anfitrião, concorda com essa análise: «Nos momentos em que foi preciso estarem seguros, o conhecimento do lay-out do campo foi fundamental, na medida em que sabiam onde arriscar um pouco mais, onde segurar e esperar que as coisas não corressem tão bem aos outros. Aí houve uma clara vantagem». 

É de salientar que houve um bom número de 70 participantes nestes dois escalões e que o Club de Golf de Miramar se engalanou devidamente para receber a prova, beneficiando ainda de condições meteorológicas divinais. 

Diana Barros campeã de sub-10 

Bastou a cerimónia de entrega de prémios para se perceber a diferença de estatura física de Diana Barros para os demais jogadores de sub-10, em ambos os sexos. 

Mais forte e mais alta, sabe tirar partido disso em termos de distância, de potência de jogo. Aliás, das suas 34 pancadas acima do Par, os buracos de Par-5 só contribuíram com +1! 

«O jogo comprido é o que faço melhor. E conhecer o campo foi importante. Acho que neste campo o importante é a bola ao green e conhecer bem as linhas de putt. Os putts às vezes não são fáceis», disse a algo introvertida Diana Barros, que considerou esta a sua «vitória mais importante». 

E apesar de só este ano se ter transferido para o Oporto Golf Club, tendo-se iniciado «no golfe em Miramar, aos 6 anos», declarou-se «contente por ganhar para o Oporto no ano de aniversário», referindo-se aos 125 anos que o clube celebra em 2015. 

Com um handicap de 34, Diana Barros somou 13 pontos stableford gross, com voltas de 5 e 8. Assumiu o comando aos 18 buracos, com 1 ponto de vantagem sobre Ana da Costa Rodrigues, de Miramar, e aos 36 buracos tinha dilatado a superioridade para 2 pontos. 

O título foi decidido entre ambas, dado que a 3ª classificada, Maria Isabel Alves, do Oporto, ficou a 11 pontos da campeã. Foi o segundo ano seguido em que Ana da Costa Rodrigues se sagrou vice-campeã nacional. Em 2014, no Jamor, ficou atrás de Maria Barroso Sá.   

«Esta vitória foi mais ou menos, nem fácil, nem difícil, nunca senti que estava totalmente à vontade. Mas não estava muito nervosa, mais ou menos, e fui ficando mais calma com o andar do jogo», disse a trineta de um famoso caddie do clube de Espinho. 

O seu pai, José, conta como a família foi para o golfe: «O Henrique (irmão de Diana) pediu-me a dada altura para jogar golfe. Falei com o Sérgio Ribeiro (treinador) e ele colocou-o a jogar em Miramar. Depois levei também a Diana e em 2015 mudámo-nos para o Oporto. Eu só joguei depois do Henrique, o primeiro de nós a jogar, mas o golfe já vem de família. O meu bisavô era caddie no Oporto (Firmino Barros de Oliveira) e jogou uma partida com o conde de Barcelona (avô do Rei de Espanha). No livro que conta a história do clube aparece o torneio que ele ganhou. É uma história engraçada porque ele começou a jogar calçado mas como era pescador e não se dava com o calçado e estava a perder, tirou os sapatos, jogou descalço e ganhou ao conde». 

O pai da jogadora fez questão de agradecer «ao Eduardo e ao José Maganinho pela aposta que fizeram nela» e Eduardo admite que «embora nós apostemos em todos, reparámos que a Diana, com o seu batimento de bola, a sua idade e a sua fisionomia, tem um potencial grande. Claro que temos de perceber que a cabeça corresponde a 10 anos e não àquele físico que apresenta. Se ela continuar a gostar, dentro de dois anos poderemos ter uma boa jogadora». 

O carismático treinador do Oporto Golf Club conta o trabalho que foi feito com ela: «Ela trabalha comigo e com o meu irmão, o Zé desde o início do ano. Tem uma batida forte, mas é no jogo curto e no putt que ela tem vindo a melhorar e tem sido nessa área que mais temos trabalhado, para que pudesse ter sucesso neste campeonato. Apesar de haver uma diferença grande de handicaps entre ela e a Ana, nestes escalões tudo define-se mais na área do jogo curto e no feeling dos putts». 

E Eduardo Maganinho devolve o elogio ao pai da jogadora, partilhando responsabilidades: «Mesmo antes da competição foi engraçado ver como o pai a ajudou nesse departamento, porque ela jogava de tarde e de manhã ele vinha com ela treinar para o clube no tal jogo curto. Ele tem assistido um pouco ao que o meu irmão e eu temos trabalhado com ela e sabia que era aí que deveria motivá-la. Queiramos ou não, aos 10 anos os pais são muito importantes, se tiverem uma atitude positiva». 

Nome: Diana Oliveira Barros
Idade: 10 anos
Data de nascimento: 11 de maio de 2005
Clube: Oporto Golf Club
Clubes anteriores: Club de Golf de Miramar
Treinadores: Eduardo Maganinho e José Maganinho 

Alberto Costa Marques campeão de sub-10 

Alberto Costa Marques, de handicap 11,4, somou 26 pontos, com duas voltas de 13 pontos stableford gross, 10 acima do Par e destacou-se por ter jogado os Par-5 a Par e os Par-3 apenas em +1. 

«Gostei de como joguei e o jogo curto foi o que fiz melhor. Chipei bem e patei bem. E como acho que neste campo o mais importante é o shot ao green… Acho que foi uma vantagem conhecer bem o campo porque mesmo quando calho num sítio mau, sei sempre o que devo fazer. Senti-me sempre mais confortável», disse, depois de bater por 5 pontos Matvem Golovanov, de handicap 17,5. 

Golovanov, por vezes chamado de Matthew, por ser um russo que reside nos Estados Unidos e que de vez em quando joga em Portugal, onde representa Vilamoura, era, sem dúvida, um dos grandes favoritos, mas o desconhecimento do campo foi-lhe fatal, sobretudo os 4 duplos-bogey no primeiro dia. A sua segunda volta de 14 pontos foi até a melhor do torneio neste escalão etário. 

Não é normal uma criança da idade de Alberto Costa Marques mostrar uma regularidade de resultados tão forte, mas o seu treinador, Nelson Ribeiro, não ficou surpreendido: «O Alberto tem uma qualidade que às vezes define e distingue uns jogadores dos outros e tem o perfil adequado para a modalidade. Quando é necessário estar focado está, quando é necessário arriscar ele arrisca, quando é preciso estabilizar tem essa consciência. Apesar de ter 10 anos, já tem muito essa noção de como estar». 

Comecei a jogar golfe aos 5 anos, porque o meu pai (Manuel Alberto) também jogava e experimentei», recordou o jogador de Miramar. A influência familiar tem sido fundamental para o seu sucesso e isso não passou despercebido ao treinador: «Acho que é benéfico o Alberto e a Rita serem irmãos, porque acabam por partilhar as experiências que têm com alguém que passa pela mesma situação. A Rita, por ser mais velha e por ser senhora, traz o Alberto mais à razão e à lógica. O Alberto é um jogador motivado e ela tira-o um bocadinho desse estado e leva-o mais para a parte racional». 

Por outro lado, o facto de Miramar estar a investir mais nos últimos tempos nos jovens começa a criar uma bola de neve. «O Alberto olha para o Tomás Bessa, o Pedro Lencart, o Pedro Morris, que saem para os torneios internacionais e que acabam por transmitir-lhe os seus testemunhos». 

Talvez por isso, Alberto Costa Marques tenha sido o único dos quatro novos campeões nacionais a não considerar este o seu título mais importante, tendo-lhe dado mais gozo eventos internacionais: «Houve dois torneios que ganhei que são mais importantes – o World Kids no ano passado em Vilamoura, em sub-9, e o Campeonato Ibérico em Espanha, em agosto do ano passado, em sub-10. São torneios internacionais». 

«Nós temos, em Miramar, dois projetos paralelos definidos: um nacional e outro que é quer colocar os atletas em ambientes fora de Portugal cada vez mais cedo para terem a consciência de como se joga lá fora», elucidou Nelson Ribeiro. Pelos vistos, logo aos dez anos a mensagem está a passar. 

Nome: Manuel Alberto Gomes da Costa Marques
Idade: 10 anos
Data de nascimento: 11 de fevereiro de 2005
Clube: Club de Golf de Miramar
Clubes anteriores: Não houve
Treinador: Nelson Ribeiro 

Rita Costa Marques campeã de sub-12 

Foi no torneio feminino de sub-12 que se sentiu mais o fator casa, por ser o mais equilibrado dos quatro campeonatos. Aliás, aos 18 buracos, Leonor Medeiros, do Quinta do Peru Golf & Country Club e campeã nacional em título, estava na frente, empatada com Rita Costa Marques, de Miramar, com Ivete Rodrigues, do VerdeGolf Country Club (ilha de São Miguel, nos Açores) no 3º posto, a apenas 1 pancada! 

«Ser jogadora deste clube foi uma vantagem muito importante porque já jogo aqui há alguns anos e conheço melhor o campo. Enquanto as outras só viam a parte mais fácil de analisar, eu sei certas coisas, como determinados espaços onde as bolas caem e não se sabe bem onde ficam», asseverou a campeã. 

O complicado buraco 18 acabou por decidir o título. Na primeira volta, Ivete Rodrigues sofreu 1 quádruplo-bogey no 18, as mesmas 4 pancadas que Leonor Medeiros perdeu ali na última volta. 

Ora Rita Costa Marques, de Miramar, venceu por… 1 única pancada sobre a açoriana e 3 sobre a jogadora de Azeitão. O final de prova foi simplesmente eletrizante, como contou a campeã: «A Ivete fez 1 birdie no 16 e eu ia a perder por 1 pancada no final desse 16. Elas iam as duas empatadas na frente. Mas no buraco seguinte (17) eu fiz 1 birdie e elas fizeram Par (Leonor) e bogey (Ivete). Portanto, fiquei empatada na frente com a Leonor e a Ivete ia 1 atrás, com um buraco por jogar. No 18 eu fiz um bogey, o que não é mau porque não é um buraco fácil, a Leonor fez um quádruplo e perdeu aí o campeonato. Ela esteve a ganhar quase todo o dia, ia mesmo confiante e naquele buraco foi-se abaixo. A Ivete fez bogey no 18 e assegurou o 2º lugar». 

O treinador da nova campeã, Nelson Ribeiro, desvela que «na escola ela é uma aluna que toda a vida tirou 5, nunca tirou sequer um 4. Está focadíssima em tentar manter os estudos a esse nível e o tempo livre que tem é disponibilizado para o golfe. Para a Rita, o golfe é um desafio semelhante». 

A própria jogadora, com um discurso muito mais maduro do que os seus 11 anos, corrobora essa análise: «O golfe não é uma coisa para descontrair, é mesmo para ser boa jogadora. Sou boa aluna na escola e encaro as duas coisas com a mesma seriedade». 

Nelson Ribeiro assegura que «os dois irmãos Costa Marques trabalham imenso, cinco vezes por semana, durante todo o ano». Não são campeões nacionais por acaso. 

No caso de Rita, beneficia ainda do ambiente competitivo do clube que se sagrou campeão nacional de clubes no setor feminino em 2014 e que em 2015 ainda reforçou mais a sua equipa. Afinal, nessa equipa militam jogadoras como Susana Ribeiro, tricampeã nacional amadora absoluta, Beatriz Themudo, campeã nacional de sub-18, Leonor Bessa, bicampeã nacional de sub-16, e Joana Silveira, campeã nacional de sub-14! 

«Sou muito mais nova do que elas – afirma – e tenho sempre aquela ambição de querer chegar ou até ser melhor do que elas já foram. Agora já se sabe o que resultou com elas e o treinador poderá tentar fazer ainda melhor em mim. Poderá haver um progresso se eu for seguindo o meu percurso».

Nome: Rita Silva Gomes da Costa Marques
Idade: 11 anos
Data de Nascimento: 16 de agosto de 2003
Clube: Club de Golf de Miramar
Clubes anteriores: Foi sempre este clube
Treinador: Nelson Ribeiro 

Francisco Matos Coelho campeão de sub-12 

Francisco Matos Coelho, do Clube de golfe de Vilamoura, merece um destaque especial pelo resultado excelente de 4 pancadas acima do Par em 36 buracos, com uma primeira volta de 70, igualando o Par do deslumbrante campo costeiro. 

Tendo em conta que vem sendo o grande dominador do Circuito Drive Liberty Seguros nas Zonas Centro e Sul, a sua vitória só pode surpreender por ter acontecido no Norte, onde compete muito menos. 

Francisco Matos Coelho, com 144 (+4) esmagou a concorrência e obteve o triunfo mais folgado, deixando o vice-campeão, Tomas Mician, seu companheiro de clube, a uma distância de 12 pancadas! 

O jogador de 12 anos mora em Lisboa e representa o clube algarvio que é o crónico campeão nacional de clubes no setor masculino. Pode parecer estranho, mas muito no golfe de Francisco Matos Coelho é pensado ao detalhe: 

«Eu jogava futebol e como o meu pai tinha muitas reuniões da empresa na Penha Longa, fomos um dia experimentar jogar golfe e eu gostei, fiquei logo agarrado ao golfe aos 8 anos, fiquei mais ou menos um ano na Penha Longa. Depois fui para o Paço do Lumiar. Quando competia na Zona Centro, ganhava muitos torneios e achei que deveria ir para a Zona Sul, para ter mais competitividade, porque há mais e melhores jovens a competirem em Vilamoura na minha idade. 

«Vivo em Lisboa e normalmente aos fins de semana vou ao Algarve treinar e fazer os torneios do Circuito Drive Liberty Seguros. Quando vejo que há torneios na Zona Centro também jogo se achar que isso é necessário para me preparar para os torneios importantes. Com o Joaquim Sequeira costumo trabalhar mais o swing, enquanto com o Hugo Santos costumo trabalhar mais o jogo curto». 

Esta primeira vitória no Campeonato Nacional de Jovens foi pensada com o mesmo cuidado: «Não conhecia este campo mas como o Nacional foi aqui, vim fazer voltas de treino algumas vezes durante o ano. Isso fez com que o fosse conhecendo melhor». O resultado foi o que se sabe: «O meu melhor título de sempre». 

Hugo Santos, um dos seus treinadores, soube da vitória de Francisco no mesmo dia em que ele próprio conquistou pelo terceiro ano seguido o Estoril PGA Open e teceu rasgados elogios ao miúdo: «Com a idade que tem, é um jogador que já demonstra muita capacidade e eu acredito que ele pode ter um futuro muito risonho. Com esta idade não é fácil mostrar já as ferramentas que apresenta. 

«É muito forte em todas as partes do jogo. Claro que terá de continuar de trabalhá-las. Para além disso, é muito humilde, com os pés bem assentes na terra, para mim um elemento muito importante». 

Nome: Francisco Soares Mendes Matos Coelho
Idade: 12 anos
Data de nascimento: 27 de fevereiro de 2003
Clube: Vilamoura (há dois anos)
Antigos clubes: Penha Longa e Paço do Lumiar
Treinadores: Joaquim Sequeira, Hugo Santos e o pai (Pedro Matos Coelho) 

Resultados

Sub-10 Femininos
1ª Diana Barros (Oporto Golf Club), 13 pontos (5+8), +34
2ª Ana da Costa Rodrigues (Club de Golf de Miramar), 11 (4+7), +27 

Sub-10 Masculinos
1º Alberto Costa Marques (Club de Golf de Miramar), 26 pontos (13+13), +10
2º Matvem Golovanov (Clube de Golfe de Vilamoura), 21 (7+14), +17 

Sub-12 Femininos
1ª Rita Costa Marques (Club de Golf de Miramar), 165 pancadas (83+82), +25
2ª Ivete Rodrigues (VerdeGolf Country Club), 166 (84+82), +26 

Sub-12 Masculinos
1º Francisco Matos Coelho (Clube de Golfe de Vilamoura), 144 pancadas (70+74), +4
2º Tomas Mician (Clube de Golfe de Vilamoura), 156 (79+77), +16.

Gab. Imprensa F.P.G.
8 de Julho 2015

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Revised: 08-07-2015 .