Campeonato da Europa Amador Masculino por Equipas

PORTUGAL CAMPEÃO DA 2ª DIVISÃO NA POLÓNIA SOBE AO ESCALÃO PRINCIPAL

 

Portugal derrotou a Áustria por 4,5-2,5 na final da Segunda Divisão do Campeonato da Europa Amador Masculino por Equipas, um título inesquecível para todos os que contribuíram para mais um sucesso do golfe nacional, alcançado um dia depois de se ter garantido a subida à Primeira Divisão em 2016.

«O dia de hoje foi fantástico e é para isto que trabalhamos durante anos, para conseguir vitórias», congratulou-se o selecionador nacional, Nuno Campino.

 

   

Não é todos os dias que a bandeira nacional ocupa o lugar mais elevado do pódio nem que o hino “A Portuguesa” é tocado em torneios da Associação Europeia de Golfe (EGA), e o Postolowo Golf Club, a 26 quilómetros de Gdansk, entrou necessariamente para a história do golfe português.

Há um ano, Portugal ficou em 15º e penúltimo lugar da 1ª Divisão, na Finlândia. O objetivo era regressar este ano ao escalão principal e tudo foi preparado minuciosamente para consegui-lo.

No estágio que antecipou a digressão à Polónia houve um momento em que os responsáveis técnicos se dirigiram mais formalmente aos jogadores.

Conta João Coutinho: «Disse-lhes que não me sentia um diretor-técnico de Segunda Divisão e que o Nuno Campino não era seguramente um selecionador nacional de Segunda Divisão. E depois perguntei-lhes: “E vocês? Sentem-se jogadores de Segunda Divisão?” Responderam-me que não».

Nos últimos quatro dias a resposta foi dada dentro do campo por Tomás Silva, Vítor Lopes, Gonçalo Costa, João Girão, Tomás Bessa e Pedro Lencart, estes dois últimos a estrearem-se em Europeus.

Essa resposta não poderia ter sido mais convincente, na medida em que a presença na final já dava o passaporte para a Primeira Divisão, mas os jogadores fizeram questão de conquistar o título e de saírem invictos de uma competição que, recorde-se, começou com João Girão a liderar o leaderboard da fase de stroke-play. Na altura era impossível adivinhar, mas estava dado o mote.

Um dos aspetos mais importantes deste triunfo foi o espírito de equipa que fez com que houvesse sempre um português a agigantar-se quando outro claudicava, fazendo com que no cômputo geral se transmitisse aos adversários uma imagem de força coletiva.

Essa imagem foi fundamental, uma vez que, à exceção do 9º lugar de Tomás Silva no Europeu individual de 2014, estes jogadores não estão habituados a posições de relevo em Europeus ou Mundiais.

Não esqueçamos que e seleção nacional masculina tem estado a sofrer uma enorme renovação nas duas últimas épocas, depois de uma geração de ouro ter passado a profissional nos últimos dois anos, com destaque para Pedro Figueiredo, Ricardo Melo Gouveia, João Carlota, Gonçalo Pinto e Miguel Gaspar.

Com esta vitória na Polónia, os novos membros da equipa nacional estão a mostrar serem capazes de forjar uma nova geração de campeões e não foi por acaso que o n.º1 nacional, Ricardo Melo Gouveia, esta semana na Eslováquia, a lutar por mais um título no Challenge Tour, lhes dedicou uma mensagem no Facebook: «Parabéns aos Tugas que venceram o Qualifying para o Campeonato da Europa!»

Essa força coletiva foi provada nos resultados. Na primeira fase, foi importantíssimo o primeiro dia de João Girão, com aquele fantástico cartão de 68 (-4), num dia em que Vítor Lopes, com o seu 79 (+7) esteve longe do que se precisava. Depois, no segundo dia, foram Gonçalo Costa e Vítor Lopes a brilharem com 71 (-1) e Costa a mostrar que um português tinha nível para estar no top-ten da classificação individual.

Quem apostaria antes da prova começar que seriam os dois wild cards – Girão e Costa – a fazerem falar mais de si na primeira fase?

«Uma vitória que mostrou também que o ranking das equipas nacionais está bem organizado, visto que apurou os melhores jogadores, e que o wild card foi bem dado», declarou Nuno Campino, referindo-se a uma das novidades da época de 2015 – a criação de um ranking das seleções nacionais, com critérios definidos para cada prova, previamente conhecidos dos jogadores.

Depois, na segunda fase, vieram ao de cima os dois esteios da seleção, os dois titulares dos Majors amadores nacionais, o triplo campeão nacional amador Tomás Silva e o vencedor da Taça FPG Vítor Lopes.

Juntos ganharam os seus dois pares (foursomes), nas meias-finais com a Noruega e na final com a Áustria. Individualmente também venceram os seus dois confrontos, o que significa que garantiram sempre 3 pontos em cada match e Portugal bateu sempre a Noruega e a Áustria por 4,5-2,5.

Frente à Noruega, nas meias-finais, Tomás Bessa deu um alento fundamental à equipa quando ela mais precisava e hoje foi Gonçalo Costa a desempenhar esse papel, enquanto João Girão assegurou meio ponto por dia.

Quanto a Pedro Lencart, o benjamim de apenas 15 anos, foi poupado dos singulares, porque tem sido dos jogadores mais solicitados na primeira metade da época. Mas é de salientar que naquela primeira fase em que Portugal só seguiu em frente no 4º e último lugar de apuramento, ele contribuiu para o resultado dos dois dias.

O selecionador nacional frisou isso mesmo, o contributo de todos: «É uma vitória que tem muitos sabores. É a vitória do trabalho organizado que já vem de há alguns anos, da organização no estágio para este Europeu, que foi pensado para obtermos os melhores resultados, juntamente com o José Pedro Almeida (preparador físico) e o Gonçalo Castanho (psicólogo), de toda a Federação Portuguesa de Golfe, designadamente da Comissão de Alta Competição e da equipa técnica nacional. É importante ainda agradecer à Compress Sport, à Gímnica pelo apoio a este grupo de trabalho. Foram marcantes na preparação e recuperação da equipa».

Nesta altura, depois dos festejos, depois do hino, depois de se ter a taça na mão, já parece menos relevante saber como foi ganha a final frente à Áustria, mas Nuno Campino sabe bem que foi mais difícil do que o resultado mostra à partida.

«Os matches foram muito equilibrados e tivemos momentos brilhantes. De manhã (nos pares) o Vítor meteu um putt de 10 metros para fazermos 1 ponto e igualar os foursomes. Um ponto que poderia fazer toda a diferença.

«De tarde (nos singulares) a estratégia foi a mesma, de concentração, dedicação, coração e inteligência, juntamente com garra.

«Perdemos logo o primeiro match, do Tomás Bessa e era vital não perdermos o segundo match, o do Costa. Ele estava abaixo por 1 buraco para o 17 e empatou-o com um putt de 5 metros. Depois fez birdie no 18 para ir a play-off, ganhando no 1º buraco de forma brilhante e muita maturidade.

«Depois disso, tudo correu bem. O Vítor jogou bem, ganhou no buraco 15, e o João Girão estava a vencer por 2 buracos com 2 para jogar, enquanto o Tomás Silva ia empatado no 18, pelo que só precisávamos de 1 ponto, e foi aí que o Girão empatou o buraco 17 e ganhámos».

O Gabinete de Imprensa da FPG solicitou a todos os jogadores que explicassem o que sentiram. Eis as suas respostas:

Tomás Silva

«É um sentimento único. Quase inexplicável. Este grupo é fantástico, a vontade, o crer e a ambição que todos tivemos levou-nos a subir ao piso mais alto do pódio.

«Ouvir o hino nacional ao mesmo tempo que segurávamos a taça foi o momento mais arrepiante que vivi neste desporto.

«Não posso claro, deixar passar sem dizer o quão importante foi o trabalho dos técnicos que estiveram presentes aqui, o Nuno Campino e o José Pedro Almeida, pelo trabalho que fizeram connosco, desde acordar às 5h30 para fazer uma ativação matinal, até estarem connosco a motivar-nos e a analisar os aspetos menos bons do dia. Foi sem dúvida muito especial».

Gonçalo Costa

«Foi um dia cheio de emoções… sinceramente, duvido conseguir algum dia explicar o que senti. É algo de único, que nunca irei esquecer.

«É uma sensação de dever cumprido e de orgulho em toda a equipa, desde a comitiva que esteve presente aqui na Polónia, a todos os intervenientes que tornaram esta vitória possível: Comissão técnica da FPG e o psicólogo Gonçalo Castanho.

«Foi uma semana fantástica e que ajudou-nos a perceber que com trabalho conseguimos obter os resultados que pretendemos. Agora é continuar e olhar cada vez mais para cima».

João Girão

«Foi uma vitória muito importante para todos. Para mim, este troféu tem uma grande importância, até porque foi preciso muito trabalho para consegui-lo (referindo-se à vitória no torneio de apuramento que lhe deu um dos dois wild cards), tal como por parte de toda a equipa (não só meu). E estou muito orgulhoso por ter conseguido representar Portugal nesta grande vitória».

Pedro Lencart

«Foi uma vitória muito importante para todos, pois além de conseguirmos o nosso objetivo de subir de divisão, fomos a melhor equipa do torneio.

«Foi a minha estreia neste torneio e saio bastante contente com esta nova experiência. Para mim esta vitória significa todo o esforço deste grupo de jogadores e treinadores e também o grande orgulho de representar Portugal no torneio de equipas mais importante do calendário».

Vítor Lopes

«Este título é bastante importante tanto para a equipa como para a Federação Portuguesa de Golfe. Tínhamos o objetivo de fazer uma boa prestação e treinámos bastante antes deste torneio, o só demonstrou que valeu mesmo a pena.

«É sempre um orgulho ouvir o nosso hino quando estamos a receber a Taça.

«Estou bastante orgulhoso da equipa e acredito que foi um abrir de olhos para todos nós portugueses, para acreditarmos na nossa qualidade e ambição».

Os resultados da final Portugal 4,5 – Áustria 2,5 foram os seguintes:

‘Foursomes’: 1-1

Lukas Lipold/Felix Schulz-João Girão/Pedro Lencart, 2-1

Tomás Silva/Vítor Lopes-Michael Ludwig/SeppStraka, 1up

‘singles’

Markus Habeler-Tomás Bessa, 2-1

Gonçalo Costa-Markus Maukner, 19º buraco

João Girão-Lukas Lipold, empate

Vítor Lopes-Felix Schulz, 5-3

Tomás Silva-Michael Ludwig, 2-1

Gab. Imprensa F.P.G.
12 de Julho 2015

Voltar

 

 

Revised: 17-07-2015 .