Challenge Tour depois do Foshan Open

RICARDO MELO GOUVEIA RECUPERA Nº1 E SOBRE EM TODOS OS RANKINGS

 

Ricardo Melo Gouveia parte no final desta semana para Omã com o sonho de poder tornar-se no primeiro português a terminar uma época na 1ª posição do Ranking do Challenge Tour, superando o 2º lugar de Filipe Lima em 2009.

O nº1 português disse que «significaria o Mundo para mim» mas está a tentar afastar esses pensamentos enquanto se prepara esta semana no Dubai: «Não quero pensar agora na minha boa época, mas apenas em jogar em Omã e em ter uma boa exibição».

 

O nº1 português estabeleceu ontem (segunda-feira) dois recordes nacionais, ao ascender ao 113º lugar do ranking mundial e ao 37º do ranking olímpico.

Em ambos os casos, tratou-se de uma consequência do seu 3º lugar (empatado) no Foshan Open que terminou há dois dias (Domingo) nos arredores de Guangzhou, na China.

Em 2014, poucos meses depois de ter-se tornado profissional, Ricardo Melo Gouveia foi 12º neste Major do Challenge Tour, de 453 mil euros em prémios monetários, mais do que os 375 mil da Grande Final de Omã e só superado pelos 600 mil do Madeira Islands Open BPI.

Há um ano, terminou com 11 pancadas abaixo do Par, com voltas de 65, 72, 70 e 70, recebendo um prémio de 5 mil euros.

Desta feita, embora nunca tenha estado realmente na luta pelo título, andou lá perto e fez melhor, somando 12 abaixo do Par, com voltas de 70, 66, 72 e 68. Embolsou 26 mil euros de prémio e partilhou o 3º lugar com o norte-americano John Hahn e o dinamarquês Joachim Hansen.

Ganhou o espanhol Borja Astudillho, que conquistou o seu segundo título do ano no Challenge Tour com o resultado de -15 (64+67+72 e 70) e o prémio de 69.588 euros elevou-o ao 3º lugar no Ranking.

De uma só penada, Astudillo garantiu a subida ao European Tour em 2016, tal como Melo Gouveia, Nacho Elvira e Sebastien Gros, e, ao mesmo tempo, ficou com hipóteses matemáticas de encerrar a época como nº1 da segunda divisão europeia.

Claro que o grande candidato à salva de prata que é oferecida ao nº1 do final do ano é o português Ricardo Melo Gouveia, que, com o 3º lugar na China, recuperou a 1ª posição que tinha perdido para o francês Gros quando este se apoderou do seu segundo troféu do ano no Cazaquistão, outro dos Majors do Challenge Tour, em setembro.

Portanto, o algarvio de 24 anos andou seis semanas na 2ª posição para regressar agora à liderança. «É ótimo ir para Omã na frente e ter uma boa hipótese de vencer o Ranking», disse ontem numa entrevista concedida no Dubai.

Em Foshan, o antigo campeão nacional amador mostrou que continua a bater muito bem na bola, mas que o seu rendimento nos greens oscila entre o muito bom e o razoável.

Em quatro dias fez 21 birdies e apenas 9 bogeys, ou seja, muito mais consistente do que o seu grande rival, Sebastien Gros, que terminou no 17º lugar empatado, com -7 (72+67+69+73), convertendo 1 eagle, 18 birdies, 12 bogeys e 1 duplo-bogey.

«Conheço bem o Sebastien, é um tipo divertido. Ele passou-me depois do Cazaquistão e agora ultrapassei-o eu. É bom termos esta rivalidade que nos leva a jogarmos melhor. Por exemplo, na segunda volta, ele viu-me no leaderboard a jogar muito bem e disse-me que isso ajudou-o a jogar também melhor».

O Foshan Open disputou-se pela terceira vez. Para Ricardo foi a sua segunda participação e se em 2014 viajou sozinho para a China, este ano levou o seu pai como caddie para ajudá-lo a descontrair e combater a solidão, apesar de, na China, também ter jogado o português Filipe Lima.

Lima procurava um lugar no top-45 do Ranking do Challenge Tour que lhe desse acesso à Grande Final da próxima semana, mas não conseguiu melhor do que ser 44º empatado no Foshan Open, com -2 (73+71+72+70). O prémio de 2.175 não lhe permitiu subir do 51º posto que já ocupava na Corrida para Omã. Este foi o seu último torneio do ano no Challenge Tour.

Mas voltando à presença de Tomás Melo Gouveia no torneio, diga-se que desempenhou também o papel de assessor de media pessoal do seu filho e eis algumas informações que foi prestando aos jornalistas ao longo do torneio:

«A viagem (do Algarve para a China) correu bem mas só chegámos na noite de terça-feira, com as horas bastante trocadas. Na quarta-feira foi dia de Pro-Am. Esteve quente e húmido. O set up do torneio é o maior que já vi no Challenge Tour, do tipo do Portugal Masters, com imensos voluntários, restaurantes e animações para o publico. O jogo correu bem, o Ricardo bateu bem na bola, mas continua sem meter putts.

«Na quinta-feira, devido ao jet lag, o Ricardo acordou muito cansado e a não sentir-se nas melhores condições. O dia quente e húmido também não ajudou, mas apesar de não estar a 100% a bater na bola, conseguiu manter um nível de jogo bom. Se tivesse metido mais putts teria acabado mais perto dos líderes. Apesar disso, acabou com -2, o que não foi nada mau.

«A segunda volta acabou com -6 (-8 no total), apesar de ter começado com 2 boggeys (1 green a 3-putts e outro em que falhou um ferro ao green e acabou dentro de agua). Entrou lentamente no seu ritmo normal e hoje já meteu mais putts, o que se nota no resultado, mas continua a deixar alguns birdies no campo. De qualquer modo, foi muito bom. Como hoje começávamos cedo, fomos para a cama por volta das 21h30 e à meia-noite estávamos os dois acordados a tentar desesperadamente dormir qualquer coisa até às 5h30. Isto do jet lag para este lado tem que se lhe diga, mas são ossos do ofício e por isso não admira que ele tenha demorado a apanhar o ritmo do jogo. A temperatura de manhã estava ótima e foi começando a subir vertiginosamente até acabarmos acompanhado da humidade normal que se faz sentir por aqui.

«A terceira volta acabou com muito calor e humidade. As bandeiras estavam mais difíceis, o que se traduziu em scores não muito baixos. Apesar do Ricardo ter começado bem (birdie, birdie), a mira avariou (deve ter sido provavelmente do calor) e não conseguiu deixar as bolas perto das bandeiras e concretizar mais birdies. A vontade de fazer uma boa última volta é grande. Hoje o ambiente à volta do campo era de festa popular, com muito mais público. Com certeza por ser Sábado e também porque jogámos ao lado de um jogador chinês (Zhang Xinjun). Tivemos muito publico a seguir-nos e (os espectadores) são completamente “malucos” por fotografias e vídeos, que tiram em qualquer altura e situação.

«A última volta começou com chuva forte que depois limpou e deixou uma humidade quase impossível. Apesar da chuva, o povo chinês apareceu e havia muito publico a ver o golfe e a passear ao mesmo tempo com a família. Hoje foi mais um dia bom. O jogo não esteve com a solidez do costume, mas houve muitas oportunidades para birdie não concretizadas e um resultado de -4. O 3º lugar empatado deu-lhe a recuperação do 1º lugar do Ranking, neste momento, o objetivo da época que está quase a terminar».

Uma autêntica reportagem diária do caddie e pai Tomás Melo Gouveia, complementada pelos comentários do próprio Ricardo na sua conta no Facebook.

«Hoje foi um dia complicado em que senti-me muito cansado e fraco mas consegui apresentar um bom score de -2 pancadas», escreveu no final da primeira volta.

Já no Domingo a mensagem foi mais positiva: «Acabou mais um torneio do Challenge Tour. O jogo comprido ainda não esteve a 100%, mas consegui meter alguns putts que foram importantes. Acabei o torneio no 3º lugar e com isso subi para nº1 do Ranking. Agora resta-me só o torneio final, no Omã, na próxima semana. Aproveitei esta semana para vir até ao Dubai treinar e preparar-me da melhor maneira para a Grande Final do Challenge Tour».

Em Foshan e no Dubai, Ricardo Melo Gouveia tem-se desdobrado em entrevistas, conferências de Imprensa, Pro-Am e presenças em cerimónias para as quais é requisitado pelo Challenge Tour.

Um mediatismo sentido igualmente na semana anterior ao Portugal Masters e ao qual vai-se habituando aos poucos. Numa dessas entrevistas explicou porque razão, depois de garantido o lugar no European Tour do próximo ano e depois de um Portugal Masters desgastante, continuou a competir, lutando contra o cansaço das viagens.

«Sabia que a maioria dos jogadores iriam jogar na China e não quis tirar uma semana de férias e perder pontos do Ranking para os outros. Quero aquele nº1 e tenho de jogar tudo», declarou antes do torneio começar.

Cinco dias depois tinha dado um passo que poderá ser vital para esse objetivo e a cereja no topo do bolo foi a aproximação ao mítico top-100 mundial – inédito para um golfista português – e a consolidação no top-40 do ranking olímpico, sabendo que os 60 primeiros irão ganhar o tão desejado prémio de poder lutar por uma medalha olímpica no Rio de Janeiro em 2016.

Press-Release
F.P.G:
27 de Outubro 2015

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Revised: 29-10-2015 .