O nº1 português estabeleceu ontem (segunda-feira) dois
recordes nacionais, ao ascender ao 113º lugar do ranking mundial e ao
37º do ranking olímpico.
Em ambos os casos, tratou-se de uma consequência do seu
3º lugar (empatado) no Foshan Open que terminou há dois dias (Domingo)
nos arredores de Guangzhou, na China.
Em 2014, poucos meses depois de ter-se tornado
profissional, Ricardo Melo Gouveia foi 12º neste Major do Challenge Tour,
de 453 mil euros em prémios monetários, mais do que os 375 mil da Grande
Final de Omã e só superado pelos 600 mil do Madeira Islands Open BPI.
Há um ano, terminou com 11 pancadas abaixo do Par, com
voltas de 65, 72, 70 e 70, recebendo um prémio de 5 mil euros.
Desta feita, embora nunca tenha estado realmente na luta
pelo título, andou lá perto e fez melhor, somando 12 abaixo do Par, com
voltas de 70, 66, 72 e 68. Embolsou 26 mil euros de prémio e partilhou o
3º lugar com o norte-americano John Hahn e o dinamarquês Joachim Hansen.
Ganhou o espanhol Borja Astudillho, que conquistou o seu
segundo título do ano no Challenge Tour com o resultado de -15 (64+67+72
e 70) e o prémio de 69.588 euros elevou-o ao 3º lugar no Ranking.
De uma só penada, Astudillo garantiu a subida ao European
Tour em 2016, tal como Melo Gouveia, Nacho Elvira e Sebastien Gros, e,
ao mesmo tempo, ficou com hipóteses matemáticas de encerrar a época como
nº1 da segunda divisão europeia.
Claro que o grande candidato à salva de prata que é
oferecida ao nº1 do final do ano é o português Ricardo Melo Gouveia,
que, com o 3º lugar na China, recuperou a 1ª posição que tinha perdido
para o francês Gros quando este se apoderou do seu segundo troféu do ano
no Cazaquistão, outro dos Majors do Challenge Tour, em setembro.
Portanto, o algarvio de 24 anos andou seis semanas na 2ª
posição para regressar agora à liderança. «É ótimo ir para Omã na frente
e ter uma boa hipótese de vencer o Ranking», disse ontem numa entrevista
concedida no Dubai.
Em Foshan, o antigo campeão nacional amador mostrou que
continua a bater muito bem na bola, mas que o seu rendimento nos greens
oscila entre o muito bom e o razoável.
Em quatro dias fez 21 birdies e apenas 9 bogeys, ou seja,
muito mais consistente do que o seu grande rival, Sebastien Gros, que
terminou no 17º lugar empatado, com -7 (72+67+69+73), convertendo 1
eagle, 18 birdies, 12 bogeys e 1 duplo-bogey.
«Conheço bem o Sebastien, é um tipo divertido. Ele
passou-me depois do Cazaquistão e agora ultrapassei-o eu. É bom termos
esta rivalidade que nos leva a jogarmos melhor. Por exemplo, na segunda
volta, ele viu-me no leaderboard a jogar muito bem e disse-me que isso
ajudou-o a jogar também melhor».
O Foshan Open disputou-se pela terceira vez. Para Ricardo
foi a sua segunda participação e se em 2014 viajou sozinho para a China,
este ano levou o seu pai como caddie para ajudá-lo a descontrair e
combater a solidão, apesar de, na China, também ter jogado o português
Filipe Lima.
Lima procurava um lugar no top-45 do Ranking do Challenge
Tour que lhe desse acesso à Grande Final da próxima semana, mas não
conseguiu melhor do que ser 44º empatado no Foshan Open, com -2
(73+71+72+70). O prémio de 2.175 não lhe permitiu subir do 51º posto que
já ocupava na Corrida para Omã. Este foi o seu último torneio do ano no
Challenge Tour.
Mas voltando à presença de Tomás Melo Gouveia no torneio,
diga-se que desempenhou também o papel de assessor de media pessoal do
seu filho e eis algumas informações que foi prestando aos jornalistas ao
longo do torneio:
«A viagem (do Algarve para a China) correu bem mas só
chegámos na noite de terça-feira, com as horas bastante trocadas. Na
quarta-feira foi dia de Pro-Am. Esteve quente e húmido. O set up do
torneio é o maior que já vi no Challenge Tour, do tipo do Portugal
Masters, com imensos voluntários, restaurantes e animações para o
publico. O jogo correu bem, o Ricardo bateu bem na bola, mas continua
sem meter putts.
«Na quinta-feira, devido ao jet lag, o Ricardo acordou
muito cansado e a não sentir-se nas melhores condições. O dia quente e
húmido também não ajudou, mas apesar de não estar a 100% a bater na
bola, conseguiu manter um nível de jogo bom. Se tivesse metido mais
putts teria acabado mais perto dos líderes. Apesar disso, acabou com -2,
o que não foi nada mau.
«A segunda volta acabou com -6 (-8 no total), apesar de
ter começado com 2 boggeys (1 green a 3-putts e outro em que falhou um
ferro ao green e acabou dentro de agua). Entrou lentamente no seu ritmo
normal e hoje já meteu mais putts, o que se nota no resultado, mas
continua a deixar alguns birdies no campo. De qualquer modo, foi muito
bom. Como hoje começávamos cedo, fomos para a cama por volta das 21h30 e
à meia-noite estávamos os dois acordados a tentar desesperadamente
dormir qualquer coisa até às 5h30. Isto do jet lag para este lado tem
que se lhe diga, mas são ossos do ofício e por isso não admira que ele
tenha demorado a apanhar o ritmo do jogo. A temperatura de manhã estava
ótima e foi começando a subir vertiginosamente até acabarmos acompanhado
da humidade normal que se faz sentir por aqui.
«A terceira volta acabou com muito calor e humidade. As
bandeiras estavam mais difíceis, o que se traduziu em scores não muito
baixos. Apesar do Ricardo ter começado bem (birdie, birdie), a mira
avariou (deve ter sido provavelmente do calor) e não conseguiu deixar as
bolas perto das bandeiras e concretizar mais birdies. A vontade de fazer
uma boa última volta é grande. Hoje o ambiente à volta do campo era de
festa popular, com muito mais público. Com certeza por ser Sábado e
também porque jogámos ao lado de um jogador chinês (Zhang Xinjun).
Tivemos muito publico a seguir-nos e (os espectadores) são completamente
“malucos” por fotografias e vídeos, que tiram em qualquer altura e
situação.
«A última volta começou com chuva forte que depois limpou
e deixou uma humidade quase impossível. Apesar da chuva, o povo chinês
apareceu e havia muito publico a ver o golfe e a passear ao mesmo tempo
com a família. Hoje foi mais um dia bom. O jogo não esteve com a solidez
do costume, mas houve muitas oportunidades para birdie não concretizadas
e um resultado de -4. O 3º lugar empatado deu-lhe a recuperação do 1º
lugar do Ranking, neste momento, o objetivo da época que está quase a
terminar».
Uma autêntica reportagem diária do caddie e pai Tomás
Melo Gouveia, complementada pelos comentários do próprio Ricardo na sua
conta no Facebook.
«Hoje foi um dia complicado em que senti-me muito cansado
e fraco mas consegui apresentar um bom score de -2 pancadas», escreveu
no final da primeira volta.
Já no Domingo a mensagem foi mais positiva: «Acabou mais
um torneio do Challenge Tour. O jogo comprido ainda não esteve a 100%,
mas consegui meter alguns putts que foram importantes. Acabei o torneio
no 3º lugar e com isso subi para nº1 do Ranking. Agora resta-me só o
torneio final, no Omã, na próxima semana. Aproveitei esta semana para
vir até ao Dubai treinar e preparar-me da melhor maneira para a Grande
Final do Challenge Tour».
Em Foshan e no Dubai, Ricardo Melo Gouveia tem-se
desdobrado em entrevistas, conferências de Imprensa, Pro-Am e presenças
em cerimónias para as quais é requisitado pelo Challenge Tour.
Um mediatismo sentido igualmente na semana anterior ao
Portugal Masters e ao qual vai-se habituando aos poucos. Numa dessas
entrevistas explicou porque razão, depois de garantido o lugar no
European Tour do próximo ano e depois de um Portugal Masters
desgastante, continuou a competir, lutando contra o cansaço das viagens.
«Sabia que a maioria dos jogadores iriam jogar na China e
não quis tirar uma semana de férias e perder pontos do Ranking para os
outros. Quero aquele nº1 e tenho de jogar tudo», declarou antes do
torneio começar.
Cinco dias depois tinha dado um passo que poderá ser
vital para esse objetivo e a cereja no topo do bolo foi a aproximação ao
mítico top-100 mundial – inédito para um golfista português – e a
consolidação no top-40 do ranking olímpico, sabendo que os 60 primeiros
irão ganhar o tão desejado prémio de poder lutar por uma medalha
olímpica no Rio de Janeiro em 2016.
Press-Release
F.P.G:
27 de Outubro 2015
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