Beatriz Themudo ultrapassara Catarina
Inocentes nas meias-finais (3/2) e Inês Mendonça nos quartos de final
(6/5). Rita Costa Marques levara a melhor nas meias-finais sobre Ivete
Rodrigues (4/3) e sobre Filipa Capelo na primeira ronda (5/4).
Quanto a Tomás Melo Gouveia, de 22 anos,
jogador do Clube de Golfe de Vilamoura, bateu na final Afonso Girão, de
19 anos, representante do Oporto Golf Club, por 2/1. Portanto, a final
terminou no penúltimo buraco, o 35º.
No percurso para o título, Tomás Melo
Gouveia afastou sobre Gustavo Guzzo (4/3) na primeira ronda, Gonçalo
Mata (3/2) na segunda, Nathan Brader (4/3) nos quartos de final e Tomás
Silva (3/2) nas meias-finais. Afonso Girão foi superando Ricardo Garcia
(6/5), João Gaspar (2/1), Guilherme Oliva (2/1) e João Pedro Maganinho
(2 up).
Final feminina com luta até ao fim
Para Beatriz Themudo, antiga campeã
nacional de sub-12, sub-16 e sub-18, este triunfo foi o culminar de dois
anos de tentativas de ganhar um ‘Major’ amador no escalão etário
principal, dado que, em 2015, foi 2ª no Campeonato Nacional Amador
Peugeot e repetiu essa classificação em 2016, enquanto na Taça FPG/BPI
de 2015 tinha sido eliminada nas meias-finais por Rita Costa Marques.
«Sinto-me muito bem e acho que esta
vitória foi bastante merecida. Sem dúvida que ganhar um torneio destes
sabe melhor do que o 2º lugar no Nacional. A vitória é outra coisa. A 2ª
é a 1ª das últimas e eu sentia que o objetivo não estava concluído»,
disse.
A final deste ano foi uma desforra da
meia-final de 2015, no Estela Golf Club, na Póvoa de Varzim. «No ano
passado, na meia-final com a Rita, nada me saiu bem, com shots e putts
completamente falhados. Já hoje de manhã joguei mesmo muito bem, só
faltou terem entrado mais putts. À tarde a Rita jogou muito bem e deu
luta. Tive azar no buraco 11, o que me afetou um pouco, porque estava
debaixo de uma árvore, com a bola jogável, só que quando bati na bola
havia uma raiz escondida, bati com o taco nela e dei quase um shank»,
recordou Beatriz Themudo, que teve a capacidade de recuperar a calma
quando tudo parecia estar a virar para o lado da adversária. Ao empatar
os dois últimos buracos, a filha de João Pedro Themudo – o ex-presidente
da PGA de Portugal – assegurou a sua vitória mais saborosa de sempre.
A Taça FPG/BPI feminina só teve a
participação de oito jogadoras, mas é preciso sublinhar que coincidiu no
calendário com o Europeu de Clubes, fazendo com que a equipa principal
de Miramar não pudesse jogar em Ribagolfe, por estar na Bulgária. Pelo
menos Inês Barbosa (vice-campeã nacional de sub-18) e Joana Silveira
(campeã nacional amadora) teriam jogado, uma vez que Leonor Bessa, a
vencedora da Taça FPG/BPI, já tinha avisado que não iria defender o
título a Ribagolfe, para competir antes no Açores Ladies Open (da
segunda divisão europeia de profissionais), que também teve alguma
coincidência de datas com esta Taça.
Essas ausências não retiraram qualquer
mérito às finalistas, até porque no ano passado Rita Costa Marques,
então com 12 anos, já se tinha cotado como a grande surpresa da prova,
chegando à final. E este ano foram também estas duas jogadoras a
ocuparem as duas primeiras posições da primeira fase, jogada em duas
voltas de stroke play: Rita em 1º com 11 pancadas acima do Par e Beatriz
em 2º com +12.
Rita Costa Marques, vice-campeã nacional
de sub-14, valoriza, obviamente, muito mais esta dupla presença em
finais da Taça FPG/BPI e por pouco não se tornava na mais jovem de
sempre a ganhar a competição: «É a confirmação de que mereço estar na
final e, sim, é mais importante porque no Campeonato Nacional de Jovens
estamos divididas por escalões e aqui há jogadoras de todas as idades,
com mais experiência».
O momento da final feminina foi quando
Beatriz Themudo dobrou para os últimos nove buracos com uma vantagem de
4 buracos, mas depois deu-se aquele incidente que referiu na raiz da
árvore. A quebra de concentração que admitiu custou-lhe dois buracos
seguidos e quase três, pois Rita Costa Marques teve um putt de metro e
meio para diminuir a desvantagem na final de 4 para apenas 1. «A bola
fez um círculo de 360 graus, eu já ia a festejar e saiu. Acontece»,
lamentou-se a mais jovem finalista, que nunca baixou os braços: «Este
ano sempre pensei que pudesse ganhar a final, porque já tinha sido a 1ª
no stroke play. É óbvio que o match play é sempre diferente mas pensei
que conseguisse. Foi uma final muito renhida, joguei bem, ela também, só
posso estar contente».
Vencer um título que o irmão mais
velho não conseguiu
Se Beatriz Themudo deixou a sua adversária
aproximar-se perigosamente depois de ter conseguido uma vantagem
confortável, a Tomás Melo Gouveia sucedeu algo semelhante na final
masculina. Afonso Girão ganhou o primeiro buraco mas depois o irmão mais
novo de Ricardo Melo Gouveia chegou a ter uma vantagem de 3. Só que
Afonso Girão reagiu, chegou a empatar o match no início da segunda
volta, mas o campeão acelerou de novo a partir do 22º buraco e terminou
de novo com uma vantagem de 2. Na opinião da maioria dos espectadores e
treinadores que assistiram à final, a qualidade do algarvio nos greens
marcou a diferença.
«A diferença que notei no jogo dele em
relação ao Afonso foi o putt. Acho que decidiu-se no putt, porque o
Tomás “patou” lindamente. Os amadores têm de perceber cada vez mais que
o jogo decide-se ali, à volta do green e no putt. Houve muita
consistência da parte do Tomás, já não o via há algum tempo e dou-lhe os
parabéns», referiu Eduardo Maganinho, o treinador do Oporto Golf Club.
«O Tomás teve fases em que “patou” bem e
outras nem por isso, mas de uma maneira geral o putt andou sempre muito
perto do buraco e houve muitos que não caíram porque não quiseram. Nesse
aspeto, acho que sim, que esteve bem no green», elogiou Joaquim
Sequeira, o treinador do Clube de Golfe de Vilamoura.
«Tenho estado a “patar” muito bem e hoje
também. Meti putts bem importantes, mas acho que a minha consistência do
tee e no jogo curto foram fundamentais, para continuar a colocar pressão
no Afonso, deixá-lo desconfortável», confirmou Tomás Melo Gouveia.
Durante alguns anos, Tomás foi uma
espécie de carta fora do baralho do golfe nacional amador português, em
grande parte por ter estado a estudar e a competir na Florida, no
Rollins College, equipa que até se sagrou campeã da segunda divisão da
NCAA há dois anos. O jogador compreendeu sempre a situação, mas agora
vai estagiar para uma empresa em Lisboa e espera poder continuar a
treinar seriamente no golfe para concretizar o sonho de representar a
seleção nacional em Europeus ou Mundiais, uma vez que, ao contrário do
seu irmão, Ricardo, que compete no European Tour, Tomás não pretende
tornar-se profissional de golfe.
Curiosamente venceu nas meias-finais Tomás
Silva, o melhor amador português da atualidade e o jogador que tinha
impedido Ricardo Melo Gouveia de conquistar a Taça FPG/BPI na final de
2009, também em Ribagolfe, mas no campo nº1. «Sabia disso, mas em campo
nunca pensei nisso. Quando acabámos disse-lhe que tinha vingado o meu
irmão e foi ótimo, porque ganhar ao nº1 nacional é um grande feito»,
frisou Tomás Melo Gouveia, que venceu o nº1 do Ranking Nacional BPI nas
meias-finais e o nº2 na final: «É sem dúvida o auge da minha carreira.
Nos Estados Unidos joguei alguns torneios bem, mas não com esta
importância».
Para além dos finalistas, entre os 69
participantes do torneio masculino, é imperativo «destacar as provas do
semifinalista João Pedro Maganinho e dos quartofinalistas Guilherme
Oliva e Vasco Figueiredo», como salientou o diretor de torneio, João
Coutinho. Maganinho, de apenas 14 anos, tinha sido o 32º e último
apurado para a fase de stroke play, e no match play eliminou na primeira
ronda o 1º do stroke play e campeão nacional amador, Pedro Lencart. Nos
quartos de final, derrotou Vítor Lopes, o nº1 nacional amador de 2015 e
campeão deste torneio em 2014. Memorável!
Gab. Imprensa F.P.G.
6 de Outubro 2016