A competição decorreu entre 24 clubes, de
20 a 22 de outubro, ao mesmo tempo que no Algarve se disputava o 10º
Portugal Masters do European Tour, e foi a sexta vez que a EGA trouxe
este Europeu para Portugal, embora desta feita numa decisão à última
hora, por impossibilidade da Grécia, para onde estava inicialmente
marcado.
Três anos depois do Clube de Golfe de
Vilamoura ter-se tornado no único representante português a vencer o
Europeu, neste mesmo percurso nº1 da Aroeira, o OGC teve uma prestação
digna, ao ser 12º entre os 24 conjuntos da elite europeia, sobretudo se
pensarmos na juventude dos seus jogadores: Afonso Girão, de 19 anos, o
campeão nacional de sub-18 do ano passado; Vasco Alves, o campeão
nacional de sub-16 no ano passado; e João Pedro Maganinho, o
vice-campeão nacional de sub-14 em 2015 e o jogador mais jovem em
competição, entre 72 inscritos.
«O OGC talvez tenha apresentado a formação
mais jovem de sempre de uma equipa portuguesa nesta competição e tinha o
jogador mais jovem desta edição. O OGC representou muito bem Portugal»,
considerou Manuel Agrellos, o presidente da FPG.
«Achámos que são os jogadores com maior
margem de progressão e uma vez que a FPG também tem apostado neles,
considerámos que deveríamos prosseguir no mesmo caminho», disse Eduardo
Maganinho, o treinador do clube sediado em Espinho, em declarações à
FPG-TV.
A equipa que este ano venceu o Campeonato
Nacional de Clubes Solverde teve de ser mexida e o carismático técnico
do OGC explica porquê: «O Manuel Violas é um excelente jogador e é uma
pena que a sua vida profissional não lhe permita (jogar mais); o Tiago
Rodrigues passou (entretanto) a profissional e desejo-lhe uma muito boa
carreira; e o Thomas Perkins é um bom jogador para aquilo que consegue
treinar».
Eduardo Maganinho poderia ainda
acrescentar o facto de João Girão, o nº1 do clube nortenho, ter
entretanto emigrado para os Estados Unidos, onde estuda e compete no
circuito universitário.
Tendo em conta estas condicionantes, o
resultado e a classificação do OGC tem de ser considerado positivo,
totalizando 439 pancadas, 7 acima do Par, após jornadas de 144 (Par),
144 (Par) e 151 (+7). Note-se que aos 18 buracos a equipa capitaneada
por Miguel Montenegro era 7ª classificada, passando depois para 9ª. Foi
o último dia, o de condições meteorológicas mais complicadas, que atirou
o OGC para fora do top-10.
«O resultado ficou um bocadinho aquém da
expectativa, porque estávamos a pensar num top-10, mesmo reconhecendo a
juventude da equipa. Mas não vou ficar triste pela prestação dos meus
atletas, bem pelo contrário», analisou Eduardo Maganinho.
«Foi uma pena não acabarmos no top-10, mas
não estivemos longe. No último dia, o João Pedro falhou um putt para
birdie no 18 de uns 70 ou 75 centímetros; o Vasco fez 1 bogey no 17; e o
Afonso fez 1 bogey 12 quando tinha pitch ao green. Regra geral foi uma
prestação muito boa e dou-lhes os parabéns», acrescentou.
Eduardo Maganinho é dos profissionais de
golfe que não tem “papas na língua” e se é preciso criticar de uma forma
construtiva fá-lo, pelo que, tem ainda mais valor o elogio que fez à
organização da prova, tendo em conta que houve apenas pouco mais de um
mês para prepará-la: «Foi um torneio muito bem organizado pela FPG.
Somos muito bons a organizar aquilo a que nos propomos».
«A equipa da FPG trabalhou muito bem. Já
temos a máquina oleada para grandes competições internacionais. Fez-se
um esforço para acolher este campeonato à última hora, mas já gozamos de
há muito de uma estreita colaboração com a EGA», acrescentou Manuel
Agrellos.
Opinião corroborada pelo membro da
Comissão Executiva da EGA, Ian Hubrecht: «A FPG veio pela segunda vez
este ano em nosso auxílio e temos de agradecer-lhe, tal como a este
excelente campo». Segunda vez, porque em março foi preciso organizar em
cerca de dois meses os confrontos entre as seleções da Europa e da Ásia,
na sequência da impossibilidade de levar a prova para a Turquia, como
estava previsto.
O European Men’s Club Trophy – como é
oficialmente designado – foi conquistado pelo Golf St. Germain en Laye,
com 417 pancadas, 15 abaixo do Par, um agregado resultante de jornadas
de 137, 135 e 145.
A decisão do título europeu acabou por ser
extremamente emocionante e houve apenas 1 pancada a separar o clube
parisiense dos escoceses do Balmore Golf Club, que totalizaram 418
(143+136+139), -14. Um final incrível, tendo em conta que a formação de
St. Germain en Laye liderava aos 18 buracos com uma vantagem de 4
pancadas e aos 36 buracos de 7 ‘shots’.
«Parecia durante grande parte da prova que
estávamos a assistir a um comboio a fugir dos outros, mas depois tivemos
um último dia entusiasmante», regozijou-se o dirigente da EGA.
Foi o 12º triunfo de equipas francesas em
41 edições do Europeu de Clubes, o 5º se contarmos apenas desde 2010. Um
domínio que poderá eventualmente ser explicado pelo incremento que a
modalidade tem tido naquele país desde que a Federação Francesa de Golfe
venceu a candidatura à organização da Ryder Cup de 2018, com injeções
anuais de investimento público e privado desde 2011. «A França é um
grande país de golfe, com 650 mil jogadores», sublinhou Manuel Agrellos.
Na classificação individual, muito menos
importante neste evento, houve dois jogadores empatados no topo com 208
(-8): o escocês Chris MacLean (70+69+69), do Balmore Golf Club, e o
alemão Nicolai von Dellingshausen (69+70+69), do Golf Club Hubbelrath. O
escocês foi o grande responsável pela incerteza que se viveu até ao fim
na classificação coletiva, ao carimbar 6 birdies nos últimos dez
buracos!
A formação de St. Germain en Laye
apresentou os seguintes resultados e classificações individuais: 4º
(empatado) Thomas Perrot, 211 (75+65+71), -5; 8º (empatado) Romain Payet,
214 (70+70+74), -2; 10º (empatado) Thomas Faucher, 215 (67+73+75). A
melhor volta do torneio foram as 65 pancadas do francês Perrot e do
holandês Stan Kraai, do Eindhovensche Golf.
As classificações e resultados dos
portugueses, entre 72 jogadores, foram as seguintes: 20º (empatado)
Afonso Girão, 219 (72+72+75), +3; 30º (empatado) João Pedro Maganinho,
223 (72+75+76), +7; 45º (empatado) Vasco Alves, 229 (80+72+77), +13.
Chris MacLean, um dos 1º classificados,
conversou com a FPG-TV e elogiou o percurso nº1 da Aroeira, que já
albergou tanto o Open de Portugal masculino como o feminino: «Estivemos
num grande campo de golfe e em boas condições».
Carlos Cortês, da Orizonte Lisbon Golf, o
grupo proprietário dos dois campos da Aroeira, admitiu que «esta
competição foi organizada num tempo recorde», mas frisou ter sido «um
prazer recebê-la». «Correu tudo muito bem e creio que no futuro iremos
ver alguns destes jogadores no circuito profissional».
E a verdade é que pelo menos para um deles
foi o último torneio como amador, como elucidou Laurent Gauthier, o
capitão da equipa vencedora, no seu discurso na cerimónia de entrega de
prémios: «Foi a nossa primeira participação nesta prova. Podem imaginar
o sonho que é para nós vencê-la. Para mais, o Romain (Payet) vai ser pai
dentro de poucos dias e o Thomas (Perrot) jogou aqui o seu último
torneio como amador, pois vai passar a profissional».
O Europeu de Clubes de 2017 será disputado
de 26 a 28 de outubro, mas a EGA ainda não anunciou qual o país que irá
receber a prova. Portugal foi anfitrião pela sexta vez, depois de
Vilamoura em 1994, 1995 e 1996, Estela em 2010 e Aroeira em 2013 e 2016.