Em 2016 houve uma novidade, dado que, pela primeira vez,
foi necessário recorrer a um play-off para decidir o título, depois das
duas equipas terem chegado ao final das três sessões regulamentares
empatadas a 6 pontos, acabando por triunfar Portugal por 7-6.
O capitão da equipa portuguesa, João Cerejo, apostou em
João Maria Pontes, o campeão nacional de sub-16 que, nesta especialidade
de P&P, foi bicampeão nacional em 2014 e 2015, não podendo tentar o tri
este ano pois estava a competir no estrangeiro quando se disputou o
Campeonato Nacional de P&P de 2016.
Foi uma dupla aposta de João Cerejo em João Maria Pontes,
uma vez que o jovem do Club de Golf de Miramar recebeu um “wild card” do
selecionador, dado não ter cumprido nenhum dos critérios estabelecidos
para o apuramento direto para a equipa: ser campeão nacional, ser
vice-campeão nacional ou estar classificado no top-3 do Ranking de P&P
da Federação Portuguesa de Golfe (FPG).
João Cerejo já sabia quem iria chamar para a morte
súbita: «Não tive muitas dúvidas. O João Maria Pontes, mesmo nos treinos
e no jogo que tinha feito neste fim de semana, mostrou a qualidade que
tem. Ele defrontou hoje o Andrés Pastor, um dos melhores de Espanha em
P&P, e derrotou-o logo ali no buraco 12. Todos os nossos jogadores são
excelentes, qualquer um poderia ter assumido a responsabilidade, mas
achei que tem sido um ano fantástico para o João Maria, ele está muito
confiante, isso nota-se e tem uma qualidade ímpar. A decisão foi minha,
mas foi consensual na equipa».
O capitão espanhol, Jesús Barrera, designou para o
play-off o jogador Sérgio Ruiz, um estreante nestes embates
Portugal-Espanha, uma opção que poderá ter causado alguma surpresa à
equipa portuguesa: «Eu já tinha jogado com o Sérgio Ruiz e achava que os
shots ao green não eram o seu ponto forte, embora no último dia tenha
jogado muito bem frente ao Arnaldo Paredes. Mas no play-off acusou
claramente o momento. Com dezenas de pessoas à volta a ver, com tudo
para decidir e falhou».
O capitão português explicou que «houve um sorteio e o
espanhol saiu em primeiro lugar. Fez um shot direto ao bunker, ficou
encostado à parede de trás e não conseguiu tirar a bola do bunker.
Tentou 3 ou 4 pancadas e deu o match, até porque o João Maria Pontes
tinha a bola no green».
Tal como na Ryder Cup, o ponto da vitória entra sempre
para a história e no caso de João Maria Pontes foi ainda mais
importante, pois garantiu 3 pontos num máximo de 4 possíveis. Hugo
Espírito Santo, o português com melhor palmarés nacional e internacional
na especialidade de P&P, somou 1,5 pontos, tal como o próprio João
Cerejo.
Um dos casos mais interessantes desta vitória portuguesa
foi a presença de João Filipe Monteiro nos singulares da última sessão,
quando era apenas o suplente. Um episódio revelador do bom espírito de
grupo reinante.
O selecionador nacional de P&P conta como tudo se passou:
«O Mário Filipe teve uma honestidade de louvar. É um jogador com
experiência e títulos nacionais e internacionais em P&P, mas sentiu que
a ajuda que deu à seleção nos pares não foi a que estava à espera.
Reconhecendo as qualidades do suplente, o João Filipe Monteiro, ele
próprio disse que seria mais vantajoso para a seleção nacional ser
substituído. E a verdade é que o João Filipe Monteiro jogou muito bem e
acabou por somar o seu ponto nos singles».
Todos os pontos e meios pontos averbados acabaram por ser
fundamentais, uma vez que Portugal partiu para o último dia com menos
dois pontos do que a Espanha: «Ontem, nos pares (fourball) a jornada
começou bem de manhã, com uma vitória e dois empates, mas à tarde os
pares (foursomes) não nos correram nada bem e perdemos os três matches.
Fomos para o último dia com uma desvantagem de dois pontos (2-4) mas nos
singulares fizemos uma grande recuperação. Dos seis duelos, ganhámos
quatro, o que precisávamos para empatar. Daí o play-off inédito».
Uma das novidades deste 7º Match Ibérico de P&P foi um
envolvimento superior da FPG na organização conjunta com o Clube de
Golfe da Quinta das Lágrimas, desde a calendarização da prova à
constituição da seleção nacional.
«Foi uma seleção escalonada com critérios. Juntamente com
o diretor-técnico nacional, João Coutinho, decidimos que seriam levados
em conta o Ranking de P&P da FPG e o Campeonato Nacional de P&P. O
campeão e o vice-campeão nacionais estavam dentro, bem como e os três
primeiros classificados do ranking. Sobraram três “wild cards” e o
suplente. Aí escolhemos o João Maria Pontes, por ter sido bicampeão
nacional de P&P antes do Diogo Gambini, e depois, quer o Mário Filipe,
quer o João Monteiro, quer eu próprio, já tínhamos muita experiência
destes matches anteriores», elucidou João Cerejo.
A participação ativa da FPG foi deveras apreciada: «O
João Coutinho colocou tudo o que necessitámos à nossa disposição e o
Miguel Franco de Sousa (secretário-geral da FPG) foi inexcedível.
Provocámos o Miguel Franco de Sousa para marcarmos em Coimbra este Match
e ele acedeu, considerando que o campo mais antigo de P&P em Portugal
reunia as condições para organizá-lo. Desde a primeira hora que ele
esteve muito envolvido. Depois, durante este fim de semana, esteve
sempre a apoiar os jogadores como espectador e no final dos matches
tinha uma palavra de incentivo e alguns conselhos úteis. Ele tem uma
grande experiência como capitão, tem uma carreira e uma inteligência de
análises que nos foram muito úteis».
João Cerejo explica que foram dias triplamente
desgastantes, porque atuou em três frentes distintas, «como jogador,
capitão e presidente do clube anfitrião». Nesse papel de organizador,
fez questão de deixar mais dois agradecimentos especiais: «O Amadeu
Ferreira foi o nosso árbitro, sempre presente e sempre excelente, e
tivemos ainda a sorte de pode contar na cerimónia de entrega de prémios
com o Vereador de Desporto da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos
Cidade».
Merece ainda destaque o facto de haver cinco jogadores
que estiveram nas duas vitórias de Portugal sobre Espanha. Os repetentes
(2014 e 2016) foram Hugo Espírito Santo, João Cerejo, Arnaldo Paredes,
Mário Filipe e João Filipe Monteiro.
Os resultados completos foram os seguintes:
1ª Jornada/Fourballs: Portugal - Espanha, 2-1
João Cerejo / Diogo Gambini (Portugal) – Sérgio Ruiz /
Javier Marroquin (Espanha), A/S (empate).
Arnaldo Paredes / João M. Pontes (Portugal) – Tino Martin / Thomy
Artigas (Espanha), 2/1.
Mário Filipe / Hugo E. Santo (Portugal) – Andres Pastor / Pablo
Rodriguez (Espanha), A/S.
1ª Jornada/Foursomes: Espanha - Portugal, 3-0
Andres Pastor / Pablo Rodriguez (Espanha) – João Cerejo /
Diogo Gambini (Portugal), 3/1.
Tino Martin / Thomy Artigas (Espanha) – Hugo E. Santo / Mário Filipe
(Portugal), 2/1.
Sergio Ruiz / Javier Marroquín (Espanha) – Arnaldo Paredes / João M.
Pontes (Portugal), 1 up.
2ª Jornada/Singles: Portugal-Espanha, 4-2
João Maria Pontes (Portugal) - Andres Pastor, 8/6.
Hugo Espírito Santo (Portugal) - Pablo Rodriguez (Espanha), 5/4.
Sergio Ruiz (Espanha) - Arnaldo Paredes (Portugal)-, 5/4.
João Cerejo (Portugal) - Thomas Artigas (Espanha), 4/3.
João Filipe Monteiro (Portugal)- Javier Marroquin (Espanha), 4/3.
Tino Martin (Espanha)-Diogo Gambini (Portugal), 3/2.
Playoff: Portugal-Espanha, 1/0
João Maria Pontes (Portugal) – Sergio Ruiz (Espanha), 1/0
Resultado final: Portugal-Espanha, 7-6
Press-Release
FPG
18 de Setembro 2016
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