Challenge Tour Najeti Open

FILIPE LIMA REGRESSA AOS TÍTULOS

 

Filipe Lima conquistou hoje o 7º título internacional da sua carreira, mas o primeiro desde 2009, o primeiro troféu desde que foi pai de Charline e logo no dia do pai em França, onde reside e onde hoje venceu a 20ª edição do Najeti Open.

Um Najeti Open que agora faz parte do Challenge Tour, a segunda divisão do golfe profissional europeu, oferecendo 200 mil euros em prémios monetários, mas que quando Filipe Lima o ganhou pela primeira vez, em 2004, chamava-se ainda Aa Saint-Omer Open, integrava o European Tour, a primeira divisão europeia, e distribuía 400 mil euros de prize-money.

 

Dois títulos ganhos pelo mesmo jogador na mesma prova, com um intervalo de 12 anos e com algumas incríveis coincidências: Em 2004 terminou com uma volta de 66 pancadas e em 2016 começou com um cartão igual; o vice-campeão foi em ambas as ocasiões o italiano Alessandro Tadini, um dos melhores amigos de Ricardo Santos no circuito profissional; e tanto em 2004 como em 2016 o título veio depois de momentos de alguma crise na carreira do jogador de 34 anos.

Em 2004, Lima assinava ainda Philippe e representava França mas tinha vivido alguns conflitos com a Federação Francesa de Golfe, facto bem aproveitado pela Federação Portuguesa de Golfe para convencê-lo a representar o país dos seus pais, o que veio a acontecer em outubro desse ano.

Em 2016 o título de Filipe – ou José-Filipe como o European Tour gosta de designá-lo – acontece depois de alguns anos minados por lesões, sobretudo nas costas, problema que implicou uma cirurgia.

Em 2015, em entrevista ao site especializado “Golftattoo”, o português nascido em Versalhes explicou que vivia uma situação financeira periclitante e que nem sempre tinha dinheiro para viajar aos torneios. Isto depois de ter vivido épocas áureas em que, só em prémios monetários, auferiu algumas centenas de milhares de euros por ano.

Uma conjuntura nada fácil de gerir, sobretudo depois de se ter casado e de ter constituído família, tornando-se pai pela primeira vez em janeiro último. Ao mesmo tempo que ganhou outra estabilidade emocional, também ficou com maiores responsabilidades.

É neste contexto que são mais do que compreensíveis as lágrimas de alegria testemunhadas e descritas pelo press officer do Challenge Tour no site oficial deste circuito.

«Estou muito feliz e é um momento emotivo para mim. Tem sido tudo muito difícil, por causa de muitas coisas, as minhas costas que me forçaram a parar e este ano tive um bebé, tem sido duro. Nem sei como me sinto», disse ao press officer do Challenge Tour o profissional que já representou os campos da Oceânico Golf e de Ribagolfe, mas que agora está ligado a Saint-Nom-La-Bretèche onde o seu pai trabalhou tantos anos.

«É enorme e é igualmente importante (comparação dos dois títulos). São sensações diferentes, mas igualmente enormes», reforçou aos media franceses, ele que passa a ser o primeiro jogador a vencer por duas vezes este torneio em 20 edições da prova.

Terá sido aquele resultado de 66 logo no primeiro dia um sinal de que a história iria repetir-se? Filipe Lima só pensou nisso a sério hoje: «Foi estranho, porque quando vi o Tadini no topo da classificação lembrei-me de 2004 e pensei “Uáu, eu e Tadini outra vez, talvez isto caia para o meu lado hoje”… e tal como há 12 anos foi um bom prenúncio».

Apesar do vento que soprou no campo de Lumbres, ao norte de França, caracterizado por greens de linhas traiçoeiras, Filipe Lima sentiu-se em casa e colecionou 19 birdies em quatro voltas, para 10 bogeys.

Há 12 anos tinha ganho com 5 pancadas abaixo do Par, hoje fê-lo com -9 (275), após voltas de 66, 70, 71 e 68, batendo por 2 Tadini e um jovem belga, Thomas Détry, a disputar aos 23 anos apenas o segundo torneio como profissional e ambos concluídos no top-10!

«Há várias semanas que andava a jogar bem, mas não estava a ter sorte nos greens. Agora, eu gosto deste campo, toda a gente sabe disso e voltei a mostrar como isso é verdade. Eu não estava a sentir-me como alguém que não vencia há muito tempo. Estava apenas a jogar e se acontecesse seria golfe. É preciso estar sempre calmo e trabalhar muito porque é assim que se tem sorte. Eu estou a trabalhar mais do que nunca e talvez por isso também tenha tido mais sorte», analisou ainda a quente.

Quem se lembra do 3º lugar de Filipe Lima no Open de Portugal e de alguns top-10 no Open da Madeira consegue perceber como o ambiente influencia os seus resultados. É daqueles jogadores que gosta de sentir-se acarinhado, valorizado e isso acontece sempre que regressa a Saint-Omer.

«Eu estava a divertir-me no campo, a gozar o meu bom jogo, a apreciar as pessoas que estavam comigo. Foi assim a semana toda e isso é o mais importante. Sinto-me bem, o meu jogo está bom e o meu objetivo é, claro, terminar no top-15 e subir ao European Tour. Vou focar-me agora no Challenge Tour e espero jogar tão bem como agora até ao final da época», explicou.

Parte desse objetivo foi atingido. Os 32 mil euros que embolsou hoje de prémio, convertidos em pontos, permitiram-lhe subir exatamente 100 lugares na Corrida para Omã, para o 10º lugar e dão outro desafogo financeiro.

Claro que ainda falta muito para se jogar, mas por duas vezes na sua carreira terminou uma temporada como n.º2 no ranking do Challenge Tour e, como ele próprio afirmou, sabe que é «suficientemente bom» para regressar ao European Tour em 2017.

É também esse o objetivo de Ricardo Santos, outro jogador que já provou, em 2011, que é capaz de usar o Challenge Tour como trampolim para o European Tour. Nessa época, Ricardo Santos foi o n.º4 no ranking da segunda divisão europeia.

No Najeti Open, Ricardo Santos não foi feliz e falhou o cut por 2 pancadas, com 146 (+4), após voltas de 75 e 71. O algarvio de 33 anos é agora o 34º na Corrida para Omã.

A vitória de Filipe Lima foi naturalmente celebrada no meio golfístico português. João Coutinho, o diretor-técnico nacional, não se esqueceu de referi-la na cerimónia de entrega de prémios do Campeonato Nacional de Pares que a FPG organizou em Ribagolfe; os bicampeões amadores de pares, Renato Ferreira e Tomás Bessa, enviaram mensagens ao português residente em França através da FPG-TV; e Ricardo Melo Gouveia, o n.º1 português da atualidade, deixou também uma menção ao Gabinete de Imprensa da FPG.

«É uma excelente notícia para todos os portugueses, especialmente para o próprio Filipe, que tem tido algum azar com lesões nos últimos anos. Falei com ele na Suécia e disse-me que, nos torneios do European Tour deste ano, estava a conseguir bons resultados, mas que no Challenge Tour ainda não. Agora conseguiu esta vitória importantíssima. Veio na altura ideal e vai-lhe dar com certeza muita confiança para o resto da época», considerou o único golfista português que irá estar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Ricardo Melo Gouveia e Filipe Lima são os dois únicos portugueses com três títulos no Challenge Tour.

Lima ganhou o Segura Viudas Challenge de España em 2004, o ECCO Tour Championship em 2009 e agora o Najeti Open de 2016.

Embora o Aa Saint Omer Open que Lima arrecadou em 2004 também contasse para o ranking do Challenge Tour, tinha na altura o estatuto de evento do European Tour, tal como sucedeu durante muitos anos com o Madeira Islands Open BPI.

Para além destes três troféus do Challenge Tour e um do European Tour, Filipe Lima venceu ainda uma Segunda Fase da Escola de Qualificação do European Tour em 2003 e o Masters 13 em 2004 e 2005. Trata-se de um torneio do Alps Tour, uma das terceiras divisões europeias. São estes os seus sete títulos internacionais.

Press-Release
F.P.G:
20 de Junho 2016

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Revised: 26-06-2016 .