«Tomei muito cedo a decisão de ser treinador, com apenas
18 anos apareceu-me um convite e aceitei-o logo», recorda.
A partir desse momento, embrenhou-se no conhecimento que
considerou fundamental: «Percebi imediatamente que para desempenhar essa
tarefa da melhor forma teria de compreender as mais variadas áreas. Fui
estudante da Faculdade de Ciências do Desporto da Universidade do Porto
(é finalista), e pretendo ainda concluir os estudos em Psicologia que
iniciei em 2007. Fiz igualmente o curso de treinadores da FPG/PGA de
Portugal até ao nível 3».
A sua insaciável sede de conhecimento fez com que tivesse
como principal objetivo de carreira «o estudo do treino, do rendimento,
da investigação. Tenho a ambição de trabalhar a uma escala internacional
mas, sinceramente, nem nunca tive a ambição nem nunca me vi como
selecionador nacional. Claro que é um orgulho, mas encaro este posto
como uma forma de ajudar os atletas a atingirem o potencial máximo de
cada um. Essa será a minha maior preocupação».
Depois de 14 anos como jogador ao serviço do Oporto Golf
Club, em Espinho, está há 14 anos como treinador do Club de Golf de
Miramar, em Vila Nova de Gaia, onde já liderava há alguns anos as
equipas de competição de todas as categorias e escalões etários. Sob a
sua batuta, 21 jogadores sagraram-se campeões ou vice-campeões nacionais
nos mais diversos setores.
Nos últimos dois anos integrava também, em tempo parcial,
a equipa técnica liderada pelo anterior Treinador Nacional, Nuno
Campino, e julga que essa experiência poderá ser-lhe agora útil: «Tenho
conhecimento das dificuldades com que o Nuno se deparava muitas vezes
enquanto selecionador. Tenho (ainda) a mais-valia de estar no mesmo
clube há 14 anos. Tendo estado no clube e tendo trabalhado com o Nuno
nas seleções, vivi os dois ambientes. Sei como se encaram os assuntos
num clube e na FPG. Isso poderá permitir-me tomadas de decisão mais
próximas do correto».
Para Miguel Franco de Sousa, que só no final do ano
passado assumiu o seu primeiro mandato de presidente da FPG, a escolha
poderá ter levado algum tempo, mas valeu a pena. «Foi um processo
idêntico ao que passámos em 2003. Lembro-me de quando entrei para os
quadros da FPG em fevereiro de 2003 tivemos perto de dois meses sem
treinador nacional. Quando ele começou foi com um número muito limitado
de dias e só depois foi evoluindo.
«Nestas coisas, a pressa nunca foi boa conselheira.
Quisemos selecionar um treinador que reunisse as condições e não
quisemos deixar completamente descalço um clube que tem feito um
trabalho magnífico no âmbito da alta competição. O Nelson manterá algum
vínculo ao Club de Golf de Miramar, nomeadamente aos atletas integrados
nas seleções nacionais, o que não vai é treinar as equipas do clube, nem
vai representar o clube em competições nacionais, mas vai continuar ao
longo de 2017 com um vínculo ao Club de Golf de Miramar.
«Esse era um objetivo da FPG e não teria sido um bom
sinal dizermos que queremos dar apoio aos clubes para depois
desfalcá-los. Chegámos a um entendimento, foi um processo mais demorado
porque exigiu reuniões, conversações, cedências de parte a parte e
estamos muitíssimos satisfeitos com o entendimento entre as três partes.
Agora temos de olhar já para o trabalho que é preciso fazer em 2017.
«Acreditamos que o Nelson Ribeiro tem uma vasta
experiência no desenvolvimento do treino de alto rendimento na escola do
Club de Golf de Miramar, cujos resultados são conhecidos por todos.
Basta dizer que o Club de Golf de Miramar tem 17 atletas integrados nas
várias seleções nacionais, com um modelo muito concreto de
desenvolvimento e o que queremos é aproveitar esse modelo e
desenvolvê-lo à dimensão das seleções nacionais e à escala da FPG».
Miguel Franco de Sousa elucidou ainda sobre as razões de
um contrato de quatro anos: «O treinador nacional passará a ter um
mandato equivalente ao da Direção. O que nós pretendemos é dar tempo
para que possa desenvolver o seu trabalho, não se fazem trabalhos nem em
um nem em dois anos. Em 2020 encerra-se um ciclo olímpico, a FPG está
integrada nas modalidades olímpicas e deverá estar sempre alinhada com
os ciclos olímpicos.
«Temos um objetivo muito concreto que é ter uma
participação lusa nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Tivemos uma presença
muito significativa no Rio de Janeiro em 2016, tendo sido uma
experiência completamente nova e acredito que agora, com o capital
adquirido ao longo destes últimos dois anos, vai-nos permitir
desenvolver um trabalho e uma estratégia que nos leve a ter não só a
presença de jogadores portugueses mas também aspirar a algo mais.
«Se bem que a nível de objetivos e resultados será mais
oportuno comunicarmos mais adiante, não só para as competições nacionais
e internacionais amadoras, mas também profissionais. Vamos ter de, cada
vez mais, completar todo um ciclo de trabalho que começa no Projeto
Drive de Desenvolvimento Juvenil, passa para os quadros competitivos
nacionais, internacionais até chegarmos ao pináculo que são os Jogos
Olímpicos e a presença nos circuitos profissionais europeus e até mesmo
americanos».
O novo Treinador Nacional deverá agora constituir a sua
equipa técnica. «Irei ter uma equipa técnica – garante Nelson Ribeiro –
mas poderá ser mais flexível porque pretendo sensibilizar os jogadores
para o conhecimento científico e de que modo isso poderá ser benéfico
nas suas carreiras. Portanto, haverá momentos em que será relevante ter
ao meu lado um determinado especialista, mas depois, para outras
circunstâncias, recorrer a outro perito. É importante sublinhar que não
quero substituir ninguém. Quero é ajudar e que cada treinador de clube
me veja como mais um elemento dentro da equipa técnica do seu clube,
pronto a ajudá-lo».
O presidente da FPG, Miguel Franco de Sousa, dá-lhe todo
o seu apoio: «A FPG, desde o primeiro momento, comunicou que não iria
impor uma equipa técnica. O Treinador Nacional terá de constituir uma
equipa da sua confiança, trabalhar com quem e como entender. O que temos
de fazer é depositar toda a confiança neste Treinador Nacional, como
depositámos nos anteriores. Essa equipa será oportunamente anunciada».
Press-Release
FPG 15 de fevereiro 2017
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