Já há Campos
de Golfe que se intitulam Golfes Públicos... mas o que ainda falta, para
desenvolver a modalidade, são Golfes para
o público!
Esta
actividade vai se impondo à opinião dos mais atentos – políticos, homens de
negócios, gestores etc. – devido às suas virtudes económicas e não tanto
como modalidade desportiva.
Chegou altura
de encararmos o assunto de uma forma diferente e mais realista!
Não há
actividade económica que progrida e tenha futuro se os que lhe estão
próximos quase não dão por ela.
Alguns
operadores Turísticos atribuíram há tempos o título de “Melhor
destino de Golf ” ao Algarve; somos visitados anualmente por mais de 250 mil
praticantes estrangeiros que deixam entre nós muitos milhões de Euros; temos
no país cerca de 70 Campos, de todos os tipos que dão trabalho directo a
mais de 1500 trabalhadores e indirecto a muitos milhares mais; o Golf
valoriza terrenos, ajuda a equilibrar as contas dos hotéis na chamada época
baixa e dá que fazer a muitas centenas de restaurantes etc. etc.
Apesar de tudo
isto, há ainda quem não o aceita e o acha
prejudicial....
Não vou perder
tempo com isso, mas limito-me a constatar que se ainda há tanta oposição, é
porque o Golf em Portugal ainda é só um divertimento ou negócio de alguns e
ainda não interessa a muitos. O Golf não é ainda considerado uma modalidade
desportiva de âmbito Nacional. Quando assim for – e poderia sê-lo facilmente
– não tenho muitas dúvidas que os portugueses passarão a ter consciência e
assumirão que são de facto um dos melhores destinos de Golf Mundial
O Golf, depois
de passar uns anos a tentar impor-se entre nós e depois de ter sido sempre
considerado uma actividade para
velhinhos ricos, já se impôs como actividade económica.
Actualmente ele está em tudo o que é revista ou anúncio de produtos, ditos,
de prestígio. Não há publicação social ou de Turismo que se preze que não
fale dele e mostre imagens de Torneios e Eventos, mais ou menos mediáticos
que apresentam o “who`s
who” nacional em todo o seu
esplendor. Não há empresário ligado ao turismo que não tenha nos seus planos
construir um Golf do tipo “Championship
Course”, embora não haja quem defina
exactamente o que isso é.
Falta-nos
divulgar o Golf entre nós e pô-lo à disposição do público em todo o país. Só
assim ele pode transformar-se numa modalidade forte e com futuro garantido.
Não basta fazer declarações de intenção e anúncios laudatórios de auto
satisfação. Se queremos que o Golf seja uma realidade e que continue a ser
um bom negócio para este país, tem de ser encarado como um todo; tem de se
tornar uma modalidade desportiva prestigiada e que interesse à maioria dos
portugueses.
A receita
utilizada até aqui não resultou. Por este caminho, arriscamo-nos a ter de
esperar décadas ou então a nunca mais sair deste lugar medíocre, que embora
rentável, não tem dimensão Nacional e Internacional. Falta-lhe a base de
sustentação que só o interesse público lhe pode dar. Uma actividade para ser
bem aceite e ter algum poder, tem de envolver a população em geral e não só
alguns pseudo privilegiados. O Golf português se quiser deixar de ser um
simples serviço a prestar a estrangeiros mais ou menos endinheirados, tem de
contar com milhares de praticantes e adeptos locais. Dessa massa sairão os
grandes jogadores e os dirigentes capazes de o fazerem crescer e fortalecer
entre nós.
Num país com
as condições naturais do nosso, só não há muitos milhares de praticantes
porque quem pode não sabe e quem sabe não tem podido.
Toda a gente,
dos 7 aos 70 anos, que tenha um mínimo de condições físicas e económicas é um
potencial jogador de Golf. A questão está em saber quais são essas condições
mínimas e equilibrar os custos de utilização ao nível de vida médio das
populações.
Para isso só
há uma receita: criar Campos de Golf simples e baratos .
A grande
maioria das pessoas está convencida que para jogar Golf é preciso ser rico
ou próximo disso. Evidentemente quando só se constroem Campos de 8 ou 10
milhões de Euros para cima, não pode ser barato. Mas há lugar para todos!
Entre nós há
actualmente só cerca de 15 mil praticantes ou seja 0,015% da população. (Sem
querer fazer comparações nos EUA essa percentagem é de quase 10%).
Muita gente se
tem interessado, nos últimos anos, por fomentar o Golf entre nós, mas sem
grande sucesso. Muito à nossa maneira, não temos paciência. Queremos queimar
etapas. Os diversos organismos, associações e grupos de pressão ligados à
modalidade tem-se concentrado na busca de um
super dotado que possa ser a
nossa bandeira e assim promover este desporto entre nós. Seria óptimo mas
não é realista!
Os
super dotados aparecem com muito
trabalho de fundo e quando há um numero elevado de praticantes. Para alem
disso só por milagre e isso só com cunhas muito fortes....
Os nossos
praticantes amadores mais capazes – que também os há -
mal conseguem alguns resultados abaixo de “PAR” e devido à tal impaciência
cultural passam logo a profissionais sem consolidarem convenientemente as
suas carreiras de Amadores. Esquecem que hoje em dia, há no Mundo centenas
para não dizer milhares de jovens de enorme categoria.
Os nossos
Clubes que deveriam ser as entidades onde se forma e fomenta a modalidade,
fazem o que podem com as reduzidas quotizações que conseguem, enquanto cada
vez há mais Clubes sem campo e sem instalações sociais que existem sobretudo
para conseguir descontos nos Campos sem Clube ou com poucos sócios. A
confusão é de facto muito grande e não leva a lado nenhum.
Qual é então a
resposta?
Julgo só haver
uma: Como foi dito acima, começar pelo princípio, ou seja: criar muitos
campos simples e baratos (de preferência de 9 buracos), em todo o país que
possam ser usados pela população das nossas principais cidades, sobretudo na
província. Toda a aprendizagem começa pela Instrução primária, em
Instalações simples. As Universidades são para quem já tem conhecimentos e
sabe usá-los.
Tudo passa por
estabelecer um Conceito, criar um Plano e definir Objectivos a nível
Nacional e fazê-lo com bom senso, para que haja uma correcta gestão dos
meios.
O negócio do
Golf deve continuar a desenvolver-se naturalmente, como acontece com todos
os negócios rentáveis. Porem, a melhor forma de o ajudar é criar condições
para que apareçam, por esse pais fora, muitos milhares de praticantes que
mais tarde, querendo e podendo, ingressariam em Clubes mais sofisticados e
de maior dimensão ajudando a rentabilizar essas explorações.
Resumindo:
-
Defina-se
como objectivo a criação do chamado mercado interno de Golf.
-
Crie-se um
Plano Nacional para o desenvolvimento desse Objectivo.
-
Estabeleçam-se as condições, em conjunto ou com o apoio das Autarquias,
para que possam aparecer Campos de Golfe simples mas convenientemente
organizados, de baixo investimento e que portanto possam ser postos à
disposição do público a preços convidativos.
-
Faça-se a
coordenação destes programas de uma forma integrada e envolvendo os
interessados de modo a aproveitar todos os recursos disponíveis.
Conceito: É mais fácil conquistar
clientes ao pé da porta do que ir buscá-los a milhares de
Kms.
P.S.
– O Golf aparece neste artigo escrito sem
e final porque assim é
conhecido Mundialmente. Entre nós, como muitas vezes acontece, apressámo-nos
em aportuguesar a palavra antes de desenvolvermos a actividade. Sugiro que
comecemos por aportuguesar a actividade.....cada coisa a seu tempo.