Então, boas tacadas XXXVI
O
golfe, os jogos Olímpicos e o Amateur Boys Championship da Europa
De tempos em tempos,
discute-se, em pequenos comités, privados e institucionais, a
oportunidade de o golfe poder ser considerado, de novo, uma modalidade
olímpica. Toda a gente dá a sua opinião e argumenta diligente e
inteligentemente sobra a matéria sem que se chegue a qualquer conclusão.
Era para ter sido em 2008 e parece que já se discute a possibilidade de
ser em 2012 ou mais tarde...enfim.
O golfe, como o ténis, têm
ao longo de cada ano, praticamente em cada semana , um conjunto de
competições jogadas nos quatro cantos do mundo. Em ambas as modalidades
quatro dessas competições, consideradas como majors , constituem
o grand slam. As do ténis são os Open da Austrália, Roland Garros,
Wimbledon e o US Open. No golfe são o Masters, British Open, US Open
e o PGA da América. Ganhar um major significa muito para
qualquer jogador e quando se ganha mais do que um, entra-se para a lista
dos que podem alcançar uma espécie de shangri-La, ou seja a
“imortalidade”, superar o número de vitórias dos actuais detentores de
mais majors : Pete Sampras, no ténis com 14 majors e Jack
Nicklaus, no golfe com 17 vitórias, tendo como eventuais conquistadores
desse feito, Roger Federer no ténis e Tiger Woods no golfe.
O grand slam é que conta.
As vitórias nesses torneios, para além dos aspectos fiduciários,
garantem contratos fabulosos aos seus detentores. São eles os heróis dos
povos, são eles que trazem os espectadores de televisão a sentarem-se na
sala de estar, são eles que catalizam a publicidade dos “produtos
globais” e fazem mexer o mundo, do Dubai ao México, da China à Rússia,
da Coreia ao Brasil, do Quénia à Suécia.
No golfe, tal como no
ténis com a Taça Davis – competição entre equipas representativas de
países -, também há campeonatos entre equipas de países como a World Cup
e ainda mais uma no golfe, a Ryder Cup que se joga de dois em dois anos
entre continentes: de um lado os 12 melhores jogadores dos Estados
Unidos e do outro os 12 melhores da Europa. Curiosamente, na Ryder Cup,
não há prémios financeiros e os jogadores competem apenas pela glória de
representarem os seus países. Mas, claro, com mais de 1 bilião de
pessoas a seguirem a competição pela televisão. É a passerelle favorita
dos profissionais de golfe.
Em resumo, joga-se por
muito dinheiro e por glória. Em viagens semanais, de país em país, de
continente em continente, numa vida extenuante.
Esta sobre exposição dos
golfistas profissionais, directamente proporcional às dos seus
promotores – as grandes companhias globais – e às horas televisão
comercial e imprensa especializada que mediatizam e servem a indústria
do golfe é a razão por que não há ainda medalhas olímpicas de ouro,
prata ou bronze.
Curiosamente,
durante os Jogos de Beijing, houve um feito de um jovem atleta português
Pedro Figueiredo, de 17 anos de idade , que venceu o Amateur Boys
Championship de golfe da Europa, um torneio reservado aos under-18.
Esta foi uma autêntica
medalha de ouro conquistada durante as Olimpíadas a que praticamente
nenhum órgão de comunicação portuguesa se referiu. Provavelmente, para o
Pedro Figueiredo, será bem melhor assim. Diz-se entre os “connaisseurs”
do golfe nacional que o Pedro já foi convidado para estudar e jogar
golfe por mais de uma dezena de universidades americanas. É que além de
ser o melhor jogador da Europa na sua idade, o Pedro é um excelente
aluno. E, se ele quiser, se tiver sorte, se treinar tenazmente, será o
primeiro português a integrar a selecção da Europa da Ryder Cup, se ele
obviamente optar por uma carreira de profissional de golfe de alta
competição.
Quanto às medalhas
olímpicas, se as houver, será o Pedro a dizer se jogará ou não.
Então, boas tacadas
fnp-golfe@netcabo.pt
15 de Setembro de 2008 |