Então, boas tacadas XXXVII
 

O mundo em crise, uma oportunidade para Portugal

É já muito batida a ideia de que (crise=perigo+oportunidades) . Mas é, contudo, uma equação que merece uma reflexão. Pegando nos seus termos, podemos inferir que, (crise-oportunidades=perigo), isto é, sem oportunidades ou com estas tendencialmente igual a zero, só há perigo.  

Nestes tempos profundamente conturbados, à crise financeira mundial segue-se, segundo os experts, a crise económica, com um decréscimo da procura de toda a espécie de bens, originando um aumento exponencial do desemprego, da fome e quiçá de outros malefícios. Pirataria? Guerras? 

O dinheiro movimenta-se do ocidente para oriente. As economias asiáticas e as dos países emergentes vão crescer e aproximar-se ou ultrapassar aquelas. Centenas de milhões de pessoas vão sair duma situação de pobreza para o segmento da classe média. O mundo actual está – como sempre - a justificar o principio dos vasos comunicantes. Quando sobe de um lado, desce do outro, até se equilibrarem. O que é justo. Mas não necessariamente perigoso. 

As economias árabes, ricas num petróleo que, em breve, vai acabar, perderam nestas últimas semanas muita da sua riqueza, investida em inenarráveis operações financeiras por esse mundo fora. As suas cidades faraónicas, com projectos espectaculares, construídos sobre a areia do deserto com temperaturas próximas dos 50ºC. têm por base projectos imobiliários em que os compradores são especuladores na sua grande maioria.  

Portugal está numa situação privilegiada por três ordens de razão: a) tem uma posição geográfica excepcional com alguns dos países emergentes dentro da nossa esfera de influência – Brasil e Angola - podendo ser um porto de entrada, uma plataforma logística, para a Europa; b) temos um mar com imensas riquezas que não apenas as da pesca, dentro de uma Zona Económica Exclusiva que é a maior da Europa e, c) temos um clima cuja amenidade se aproxima muito do conceito de paraíso.  

Estas três vantagens competitivas a que acresce o facto de sermos um país relativamente pequeno, pode transformar-nos numa nação grande. Basta que a estabeleçamos como uma estratégia nacional para os próximos cem anos.  

Os chineses e os indianos e os russos e os brasileiros vão viajar como os japoneses que enchiam Paris e Londres nos anos setenta. Os árabes vão querer reinvestir noutros lugares mais seguros. E que lugar melhor que aquele que é o país mais mestiço da Europa? E, por tal, o mais seguro, de todos os pontos de vista? 

Se juntarmos a estes factores, que já existem de per si – posição geográfica, mar e clima – uma universidade de referência mundial, temos o leque de opções à volta das quais Portugal terá um futuro brilhante.  

O turismo residencial será assim uma das saídas para aumentar as exportações, preservando o ambiente, com recurso às novas tecnologias e às energias renováveis, propiciando a agricultura de gourmet, desde as laranjas do Algarve aos vinhos, azeites, queijos, morcelas, farinheiras, siricaias e ovos-moles da nossa gastronomia.  

Já cá está tudo. Só falta a estratégia, e, 

Então, boas tacadas

Fernando Nunes Pedro
fernandonp@npgolf.pt 

9 de Dezembro de 2008

 

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Revised: 09-12-2008 .