A
“mão invisível” de Adam Smith, é a explicação para o aparecimento na
nossa realidade económica de tantos campos de golfe. Não foram os
governos que suscitaram a sua construção. Como diz Ernâni Lopes no seu
“A Economia no Futuro de Portugal” – “não é por decreto que o poder
político fará aparecer empresários”, e ,“o poder político é eficaz no
exercício do poder negativo mas muito limitado a exercer o poder
positivo.” Isto é, os golfes apareceram porque as pessoas descobriram
que Portugal era um bom clima para se jogar golfe e viver. E houve
investidores que acreditaram nisso.
Depois do 25 de Abril, Portugal teve três Reformas que determinaram o
seu futuro:
A
Reforma Agrária, que destruiu o tecido agrícola do país.
A
Reforma do Mar que abateu navios de pesca aos nossos activos,
desmantelou a construção e reparação naval e vendeu quotas de pesca a
espanhóis, japoneses e russos, entre outros com certeza.
A
Reforma Ambiental, que entregou 23% do território nacional à Rede Natura
2000, às ZEC – Zonas Especiais de Conservação, ZPE – Zonas de Protecção
Especial e SLN – Sítios da Lista Nacional tudo isto dentro do PSRN –
Plano Sectorial da Rede Natura e ao abrigo da Lei de Bases do
Ordenamento do Território.
Mas
23% é muito território: são 2,07 milhões de hectares dos 9 milhões da
nossa superfície continental e insular.
Numa altura em que todos falam que o problema é “económico” e que há que
criar condições de justiça para atrair o investimento nacional e
internacional, e que é necessário exportar mais, que não sejam têxteis,
calçado e cerâmicas, porque essas indústrias são mantidas por
trabalhadores indiferenciados e mal pagos, não restam dúvidas de que o
turismo e o turismo residencial seriam óptimas opções de investimento em
Portugal.
As
razões são inequívocas: temos um clima excepcional além de outras coisas
muito boas como as pessoas, a segurança, a cultura, o património e a
história.
Por
essas razões muitas empresas portuguesas e regiões venceram esta semana
em Londres vários prémios internacionais conferidos pelo World Travel
Awards tais como “ o melhor city break da Europa– Lisboa”, o “ melhor
destino da Europa: Lisboa”; o melhor Hotel Boutique- Vila Joya; “ o
melhor destino de cruzeiros: Lisboa” e o “melhor resort europeu de
golfe e turismo:”Marriott Praia d’el Rey – Óbidos”.
O
Turismo em Lisboa, na Costa Alentejana e no Alqueva, no Algarve, na
Madeira e nos Açores, são entre outros, os lugares para os investimentos
que há que acarinhar. Falta-nos qualidade no serviço, mas a tradicional
bonomia, a capacidade de adaptação e inteligência do povo português são
mais do que suficientes para passarmos rapidamente do sector secundário
para o terciário. Em ambiente de superior qualidade. De preços elevados.
Com naturalidade. Um turismo singular. Um turismo para universitários e
reformados ricos do norte da Europa. Com golfe, no melhor clima do mundo
para se jogar.
Porque esse é o investimento de maior velocidade de retorno. Em que a
matéria prima – o sol - já cá está. É o nosso petróleo. E não acaba.
É
evidente que a sustentabilidade ambiental é da maior importância. Mas
não é preciso é tornar o “país insustentável” com mais de 2 milhões de
hectares alocados ao Ambiente.
Falar ou escrever sobre golfe é algo de estranho. Parece até pecado
elaborar sobre coisas que parecem fátuas. Sem interesse. E que a
globalização que nos trouxe problemas graves e insolúveis não permitirá
sair do estádio em que nos encontramos tal a poluição que envolve o
planeta. Mas como diz Freeman Dyson , cientista da Universidade de
Princeton, NJ, numa recente entrevista no New York Times, “se a
globalização serviu para tirar do estado de pobreza mais de 1 bilião de
pessoas, ela já valeu a pena”.
Está aí o nosso mercado. Nas pessoas ricas dos países emergentes. Nos
BRIC.
Ah.
Faltam-nos ainda as Contra Reformas.
Então, boas tacadas
Fernando Nunes Pedro
fernandonp@npgolf.pt
fnp-golfe@netcabo.pt
Lisboa, 11 de
Novembro de 2009