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Então Boas Tacadas XLIV

O GOLFE E AS REFORMAS

 

Falar ou escrever sobre golfe em Portugal é algo de estranho.  

Por um lado é raro o dia em que se não vêem artigos sobre golfe ou fotografias de pessoas a jogar. Sejam elas o Tiger Woods, o Obama, ou o miúdo de Viseu. Qualquer revista internacional – dos EUA à China – tem quase sempre um anúncio de golfe. Nele se evidenciam a necessidade de “perseverança”, de “rigor”, de “estratégia”, em ambientes “saudáveis”, de grande “beleza” em que a Natureza é a mãe de todas as virtudes. Isto é o golfe de imprensa dia a dia. Chega a haver “boas” notícias de golfe e outras em que se pretende ajuizar do comportamento de pessoas porque “jogam golfe”.  

Por outro lado, nestes tempos de crise económica e financeira, com o desemprego a acelerar, as contas públicas a disparar, os défices do PEC a aumentarem e as balanças comerciais a apresentarem défices cada vez maiores, falar de golfe é difícil. Talvez seja melhor esquecer e ir jogar. May be.

 

A “mão invisível” de Adam Smith, é a explicação para o aparecimento na nossa realidade económica de tantos campos de golfe. Não foram os governos que suscitaram a sua construção. Como diz Ernâni Lopes no seu “A Economia no Futuro de Portugal” – “não é por decreto que o poder político fará aparecer empresários”, e ,“o poder político é eficaz no exercício do poder negativo mas muito limitado a exercer o poder positivo.” Isto é, os golfes apareceram porque as pessoas descobriram que Portugal era um bom clima para se jogar golfe e viver. E houve investidores que acreditaram nisso. 

Depois do 25 de Abril, Portugal teve três Reformas que determinaram o seu futuro:  

A Reforma Agrária, que destruiu o tecido agrícola do país.  

A Reforma do Mar que abateu navios de pesca aos nossos activos, desmantelou a construção e reparação naval e vendeu quotas de pesca a espanhóis, japoneses e russos, entre outros com certeza.  

A Reforma Ambiental, que entregou 23% do território nacional à Rede Natura 2000, às ZEC – Zonas Especiais de Conservação, ZPE – Zonas de Protecção Especial e SLN – Sítios da Lista Nacional tudo isto dentro do PSRN – Plano Sectorial da Rede Natura e ao abrigo da Lei de Bases do Ordenamento do Território. 

Mas 23% é muito território: são 2,07 milhões de hectares dos 9  milhões da nossa superfície continental e insular.  

Numa altura em que todos falam que o problema é “económico” e que há que criar condições de justiça para atrair o investimento nacional e internacional, e que é necessário exportar mais, que não sejam têxteis, calçado e cerâmicas, porque essas indústrias são mantidas por trabalhadores indiferenciados e mal pagos, não restam dúvidas de que o turismo e o turismo residencial seriam óptimas opções de investimento em Portugal.  

As razões são inequívocas: temos um clima excepcional além de outras coisas muito boas como as pessoas, a segurança, a cultura, o património e a história.  

Por essas razões muitas empresas portuguesas e regiões venceram esta semana em Londres vários prémios internacionais conferidos pelo World Travel Awards tais como “ o melhor city break da Europa– Lisboa”, o “ melhor destino da Europa: Lisboa”; o melhor Hotel Boutique- Vila Joya; “ o melhor destino de cruzeiros: Lisboa” e o “melhor resort  europeu de golfe e turismo:”Marriott Praia d’el Rey – Óbidos”.  

O Turismo em Lisboa, na Costa Alentejana e no Alqueva, no Algarve, na Madeira e nos Açores, são entre outros, os lugares para os investimentos que há que acarinhar. Falta-nos qualidade no serviço, mas a tradicional bonomia, a capacidade de adaptação e inteligência do povo português são mais do que suficientes para passarmos  rapidamente do sector secundário para o terciário. Em ambiente de superior qualidade. De preços elevados. Com naturalidade. Um turismo singular. Um turismo para universitários e reformados ricos do norte da Europa. Com golfe, no melhor clima do mundo para se jogar. 

Porque esse é o investimento de maior velocidade de retorno. Em que a  matéria prima – o sol -  já cá está. É o nosso petróleo. E não acaba.  

É evidente que a sustentabilidade ambiental é da maior importância. Mas não é preciso é tornar o “país insustentável” com mais de 2 milhões de hectares alocados ao Ambiente. 

Falar ou escrever sobre golfe é algo de estranho. Parece até pecado elaborar sobre coisas que parecem fátuas. Sem interesse. E que a globalização que nos trouxe problemas graves e insolúveis não permitirá sair do estádio em que  nos encontramos tal a poluição que envolve o planeta. Mas como diz Freeman Dyson , cientista da Universidade de Princeton, NJ, numa recente entrevista no New York Times, “se a globalização serviu para tirar do estado de pobreza mais de 1 bilião de pessoas, ela já valeu a pena”.  

Está aí o nosso mercado. Nas pessoas ricas dos países emergentes. Nos BRIC.

Ah. Faltam-nos ainda as Contra Reformas.

 

Então, boas tacadas
Fernando Nunes Pedro
fernandonp@npgolf.pt
fnp-golfe@netcabo.pt

Lisboa, 11 de Novembro de 2009

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Revised: 13-05-2010 .