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Então Boas Tacadas XLIV

TIGER WOODS, MUDAR DE ASSUNTO ... OU AS "TIGER RULES"

 

Nesta minha última crónica do ano para o Portugal Golf, tinha prometido que não falaria do Tiger Woods. Mas parece que o assunto é incontornável. Ainda ontem, na partida natalícia, mais uma série de anedotas foram contadas. As risadas são mais de condescendência do que verdadeira vontade de rir. O assunto é velho, apenas com novos personagens. Um atleta famoso, muito rico, filho de um negro americano e de uma tailandesa,  casado com uma sueca loira de olhos azuis, que era baby-sitter dos filhos do Jesper Parnevik, outro golfista sueco, excêntrico, que comia escórias vulcânicas e acendia um charuto depois de cada vitória, logo ali no green. O seu pai era um famoso cómico sueco e curiosamente os pais da sueca loira também estão ligados à cultura, a mãe foi mesmo ministra e o pai também era actor. O móbil das anedotas é o sexo, como não podia deixar de ser. O sexo que ocupa a maior parte do mapa do neo-cortex do cérebro humano.

 

O Tiger também tem sido actor toda a sua vida. Que deve ser uma rica vida, mas também muito chata. O pai levou-o ao que ele é: um autêntico robot do golfe, à custa de muito treino desde os três anos de idade e também de muito talento.  Depois vieram as vitórias, a fama, os patrocinadores e a fortuna imensa.  

Depois do incidente com a mulher Elin, ele retratou-se e prometeu que ia fazer um retiro para tentar ser uma melhor pessoa, melhor pai e melhor marido. Não percebo: então o pai não lhe ensinou isso? Pelo menos a ser uma boa pessoa? Agora vai treinar a ser isso tudo? Humm. Os americanos começaram a chamar-lhe “cheeta” em vez de “tiger”. 

E aqui vêm as minhas recordações do Tiger Woods. Vou lembrar apenas duas. A primeira foi num Open Britânico no Royal Lytham St. Annes. O drive do Tiger no buraco sete, um longo para 4 de mais de 400 jardas, bateu na borda do fairway , flectiu para a direita e foi bater na cabeça de uma garota de 12 anos de idade. Ela foi levada logo dali acompanhada da mãe até ao centro médico do Open e teve ainda a atenção do Bernhard Langer e do Mark O’Meara que iam no grupo da frente. O Tiger entretanto chegou, perguntou pela garota e naturalmente continuou a jogar, já que, apesar de um pouco de sangue na cabeça, a pancada não tivera aparentemente grande efeito. 

No dia seguinte de manhã, a jovem lá estava com a mãe, junto ao putting-green, para pedir um autografo numa bola ao seu ídolo. Para isso lho pediram, dizendo a mãe que a sua filha era a  jovem que tinha levado com a bola na cabeça depois do drive dele no buraco sete,  no dia anterior.  “Agora não posso, estou a trabalhar”, foi a resposta do grande Tiger muito comentada por toda a imprensa britânica.  

O segundo episódio foi no Open de 2005 em St. Andrews. O Tiger chega ao 72º buraco do torneio com cinco pancadas de avanço sobre Colin Montgomerie. Podia chegar ao green com uma madeira cinco mas decidiu jogar à defesa com um ferro cinco, um wedge – mau -  que ficou no Sin’s Valley e daí mais dois putts para a vitória. Ele apenas se esqueceu que tinha a vê-lo na TV quase 1 bilião de pessoas, que esperavam dele mais do que um shot comercial e/ou”inteligente”. Faltou espectáculo. Jogou como um autómato. O tal robot.   

Mas o que na verdade todos estes acontecimentos funestos da sua vida significam, é que a próxima vez que ele entrar em campo para jogar golfe vai ser com as “Tiger Rules”. Ou seja: sempre que ele entrar numa competição e a audiência da transmissão passar dos 1,5% para os 8,5% só porque ele aparece no ecrã, serão as televisões a ter que pagar. É que até aqui as televisões pagam aos PGA’s uma verba que dá direito à transmissão de cada torneio sempre a tentarem “acertar” naqueles em que o Tiger entraria e que por isso suscitariam maior interesse por parte de patrocinadores. Independentemente do facto de o Tiger aparecer ou não no ecrã. E como os patrocinadores lhe fugiram, para o terem de novo, vão ter de pagar muito mais às televisões com quem o Tiger vai negociar.: as “Tiger Rules” a que somará as sempre tentadoras “appearance fees”. Isto é, o “Tigre” vai ficar cada vez mais rico. 

E com esta última presença do ano, me despeço dos meus leitores desejando a todos um 2010 de “single figure” e, com muitas 

E boas tacadas, 

Fernando Nunes Pedro
fernandonp@npgolf.pt

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Revised: 13-05-2010 .