Revista de Imprensa

 

Mesmo EGA, Melhor EGA II

Por, José Dias Pereira

 

A Rede Nacional de Informações sobre Handicaps 

Mais um importante passo na melhoria do nosso Sistema de handicaps vai ser dado pela Comissão de Handicaps e Course Rating da FPG. Embora ainda não saibamos exactamente como tudo irá funcionar, achamos de interesse sensibilizar o golfista atento para a forma como, de futuro, os seus resultados se movimentarão. 

Não é nossa intenção descrever com exactidão o funcionamento da Rede, tão pouco fazer qualquer tipo de análise detalhada a procedimentos, apenas dar um pequeno contributo para a aceitação desta nova fase de tratamento dos handicaps que reputamos do máximo interesse na procura da verdade do Jogo. 

Como se inicia esta Rede – A Rede Nacional de Informações sobre Handicaps (que designaremos por RNIH, sigla esta não consagrada) será formada a partir de todas as informações sobre todos os jogadores filiados (histórico do handicap) fornecidas, em determinado momento, por todas os Clubes (Autoridades de Handicap). 

Como se alimenta a Rede – No final de cada competição que organizam, os Clubes enviam para a RNIH os resultados da mesma. Nessa ocasião e noutras a estipular serão ainda enviados históricos de handicap actualizados de todos os seus jogadores, pois, entretanto, poderão haver novos resultados, derivados, por exemplo, pela inclusão de novos jogadores ou pela feitura de EDS. 

O trabalho da Rede – Será o de digerir estas informações actualizando os históricos dos handicaps de todos os jogadores e enviando para os Clubes de Filiação os “away scores” dos respectivos jogadores que jogaram competições válidas noutros campos. Ao serem aceites, automaticamente todos os handicaps serão actualizados. 

A interface com a Rede – Que será permitida aos Clubes, dará acesso ao handicap de qualquer jogador, mesmo de outro Clube.  

Este o esquema geral, simplificado e admitindo que todos os procedimentos serão cumpridos pelos agentes do sistema, os jogadores e Clubes. À FPG pede-se o funcionamento impecável do sistema informático, sob pena de se criar uma situação incontrolável. 

Sendo nós intransigentes defensores da “cultura de informação” que pauta os nossos dias e um pouco conhecedores dos resultados obtidos nos EUA, desde os anos 80, com sistema idêntico, estamos completamente de acordo e apoiamos este novo passo que a FPG em breve dará. 

Desejamos, porém, além de listar algumas das vantagens e potencialidades chamar a atenção para certos cuidados a ter e também, como é normal quando se instala/melhora qualquer sistema de informação, aproveitar para regenerar algumas células menos boas. 

Vantagens

  • Ser uma rede nacional em que todos jogadores filiados na FPG são integrados.

  • Correcção no tratamento dos handicaps por poder controlar desatenções/erros dos Clubes.

  • Idem por incluir as alterações de handicap havidas entre a data de inscrição e de realização dum torneio.

  • Publicitação dos handicaps em tempo, actualmente não observado por inúmeros Clubes, alguns dos quais sem qualquer possibilidade, física ou pela Internet, de o fazer.

  • Possibilidade de qualquer Clube incluir nas suas provas jogadores doutro Clube de Filiação sem pedir a actual confirmação escrita.

  • Protecção das informações ao servir de cópia de segurança dos computadores dos Clubes.

  • Flexibilidade de poder dar acessos diferentes a diferentes níveis de informação.

E é esta flexibilidade, a ser usada discricionariamente pela FPG, que está na origem das maiores 

Potencialidades 

  • Possibilidade de o próprio jogador ter acesso ao seu histórico de handicap, em qualquer lugar, e assim cumprir com a responsabilidade que tem de indicar o seu handicap, independentemente de este ainda não ter sido publicitado pelo seu Clube Filiação.

  • Confirmação de handicaps internacionalmente.

  • Acesso de Clubes ao histórico de jogadores com outro Clube de Filiação.

Claro que na prática, estamos conscientes, alguns erros e comportamentos irão afectar o bom funcionamento da RNIH, mesmo admitindo que todo o sistema informático, da responsabilidade da FPG, se manterá impecável, apenas com falhas episódicas sempre existentes por pequenos períodos do tempo. 

Vejamos um exemplo que, apenas de inicio esperamos, sucederá imensas vezes. 

Quantos handicaps temos? 

  1. O jogador A, de hcp 10,1, joga, num sábado, um torneio como convidado duma empresa e faz 25 pontos stableford, sem ter qualquer aviso de que a mesma era uma competição válida.
  2. No dia seguinte joga nova competição no seu clube com os 10,1 que estavam no cartão e faz de novo 25 pontos.
  3. Na terça-feira A joga novo torneio informando que achava que tinha 10,3 de hcp.
  4. Só passados alguns dias os resultados de sábado e domingo são passados à RNIH.

Ou seja, na terça-feira A achava que deveria ser 10,3, a RNIH diria que era 10,1 e o clube de filiação 10,2. Concluindo, ainda poderemos vir a “ter mais um handicap” do que actualmente.

O “Sistema de Handicap EGA” responde a esta questão com clareza no seu art. 16 obrigando o jogador, que é responsável pelo seu handicap, a participar todos os seus resultados válidos ao clube de filiação. Mas este exemplo, e outros similares, representa situações já registadas inúmeras vezes pelo que deverá ser atentamente considerado. 

Um primeiro importante aspecto a atender é o de muitas vezes se desconhecer se a competição é válida. O jogador tem um convite, que aceita, para jogar num determinado campo. No final almoça, recebe um prémio e regressa a casa. Quem geriu a competição? O dono do campo? Uma Autoridade de handicap? Um curioso? 

É nossa opinião de que a FPG deveria considerar a obrigatoriedade do cartão de resultado conter a indicação sobre a validade da competição e da autoridade que a geriu. 

Por exemplo as iniciais CV seguidas do número da entidade que geriu a prova. CV – 004 significaria que a competição tinha sido válida e gerida pelo Clube de Golfe do Estoril. O programa informático Datagolf, que todas as Autoridades de Handicap possuem, tornaria esta execução simples.  

Assim, deixaria de haver qualquer razão (desculpa) para o jogador invocar o desconhecimento do seu handicap. 

Mas o aspecto mais importante para o funcionamento da RNIH é o cumprimento, em tempo útil, por parte dos Clubes das suas obrigações de envio/recepção da informação. Sem isso, já vimos, nada funcionará correctamente. 

A FPG tem de estabelecer prazos a cumprir pelos Clubes para envio/recepção de informações e estes terão de entender que os atrasos só podem prejudicar os seus jogadores. Analogamente os jogadores têm de pressionar os seus Clubes a cumprir com as suas obrigações. 

Sabemos que a explosão do número de Clubes enfraquece bastante o tecido organizativo do Golfe, nomeadamente nos seus aspectos disciplinares, obediência a princípios e regras e gestão em geral. Os Clubes têm estruturas e meios diferentes donde resultam, naturalmente, actuações e níveis de cumprimento de procedimentos diferentes.  

Mas este é um aspecto a tratar no futuro, quiçá em artigo a publicar no www.portugalgolf.pt , por agora fiquemos apenas no desejo de que todos possamos colaborar com mais este melhoramento ao nosso sistema de handicaps. 

Mesmo EGA, melhor EGA. 

Maio de 2005
J. Dias Pereira
zdp@sapo.pt
Membro da Comissão Técnica e de handicaps do Clube de Golfe do Estoril

 


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Revised: 24-10-2005 .