Revista de Imprensa

Golfe - Um Valioso Segmento da Oferta Turística do Algarve

 

1. RETROSPECTIVA

Perspectivar a evolução do golfe, no âmbito da oferta turística do Algarve, constitui um trabalho aliciante dada a posição de relevo que aquela modalidade vem conquistando na actividade turístico-desportiva.

Antes de prospectarmos, o futuro detenhamo-nos um pouco sobre o passado e o presente do golfe turístico nesta Região.

Estando criada uma consciência colectiva para se desenvolver e consolidar o "turismo de qualidade", não existem dúvidas de que o segmento da oferta algarvia, constituído pelos campos de golfe, tem ocupado posição de vanguarda no turismo de qualidade que se pretende.

Podemos afirmar, sem risco de contestação, que os campos de golfe do Algarve primaram sempre pela boa qualidade, que tem sido garantia ao longo de mais de 25 anos da sua existência.

Tendo sido inicialmente considerados meros factores de valorização dos terrenos adjacentes, os campos de golfe tiveram, a breve prazo, evolução conceptual passando a constituir polos de captação de turistas e, nos últimos anos, a revelarem-se actividade económica rentável.

Rentabilidade que lhes advém do facto de constituírem, como já foi dito, uma oferta de qualidade, resultante da localização dos terrenos onde se encontram construídos, dos seus projectos (todos executados por conceituados técnicos internacionais), do elevado nível da sua manutenção, de gestão criteriosa e de uma acertada política de comercialização.

Tem constituído, por outro lado, um contributo importante para reduzir a ainda forte sazonalidade global, que caracteriza o turismo no Algarve. Com efeito o maior volume de turistas utilizadores dos campos de golfe nesta Região verifica-se na habitual "época baixa" do turismo, ou seja, nos meses de Outubro a Abril.

Os campos de golfe são ainda veiculadores de elevados recursos financeiros, quer para o País (em divisas), quer para o Algarve (em afluxos monetários), não só resultantes da sua actividade especifica bem como, e principalmente, pelo dispêndio dos golfistas em alojamento, alimentação, transporte e aquisições diversas.

 

2. CARACTERIZAÇÃO DA OFERTA

Caracterizemos este segmento da oferta turística do Algarve, salientando as suas dificuldades e os seus aspectos positivos.

Comecemos pelos aspectos positivos mais salientes:

As maiores dificuldades resultam de:

Não correspondendo, por enquanto à quantidade necessária para que o Algarve seja considerado, em plenitude, "um destino de golfe", a sua boa qualidade é inegável, reconhecida pelos operadores turísticos especializados em golfe e pelos milhões de turistas que ao longo dos últimos 30 anos neles jogaram.

Com a abertura ao jogo do primeiro campo, em 1966, iniciou-se o processo de captação de turístas-golfistas para o Algarve.

A evolução da oferta de campos de golfe tem sido bastante lenta, como se demonstra no gráfico e mapa juntos, devido não só aos elevados montantes necessários para a construção de um campo de golfe, como às crises que ciclicamente têm afectado a actividade turística do Algarve.

Apesar desta evolução não ter sido harmónica e continuada (entre 1977 e 1986 apenas se construiu um campo de golfe de 9 buracos), o balanço da captação de golfistas e das receitas geradas é bastante positivo.

A política adoptada pelos gestores dos campos de golfe algarvios de efectuarem as necessárias benfeitorias e as adequadas manutenções das áreas de jogo e das zonas envolventes, assegurando um alto padrão de qualidade, tem contribuído para atenuar a já tradicional sazonalidade turística.

Com dezassete unidades em exploração (considerando conjuntos de 18 buracos) e com cerca de uma dúzia de novos projectos ou intenção de construir pode estimar-se que o Algarve disporá, dentro de cerca de 5 anos, de mais do dobro dos campos de golfe actualmente existentes. É grande a possibilidade de ultrapassar estes números, pois tem-se conhecimento da intenção de novos investimentos e do interesse crescente, por parte de grupos empresariais, em adquirirem propriedades que lhes permitam a construção de complexos turísticos, com campos de golfe incluídos.

Face a estas perspectives é lógico levantar algumas questões:

Está o previsto aumento de oferta de campos de golfe em consonância com a evolução da procura? Será insuficiente? Ou terá o mesmo comportamento do alojamento turístico, com crescimento a ritmo baste superior ao da procura?

Quais os reflexos deste aumento na actividade turística do Algarve?

A qualidade até agora existente não correrá riscos?

Que perspectivas para a1ém do ano 2000?

 

3. COMPORTAMENTO DA PROCURA

A taxa de aumento de praticantes de golfe, à escala mundial, situa-se próximo dos 10%/ano, que pode conduzir a uma evolução impressionante da procura se atendermos a que, neste momento, o número de praticantes é de cerca de 25 milhões nos E.U.A., de 15 milhões no Japão e de 2,5 milhões na Europa. A manter-se este ritmo, o número de praticantes duplicará, no curto prazo de aproximadamente 8 anos.

Atentas a este fenómeno diversas entidades, públicas e privadas, procuram corresponder-lhe promovendo a construção acelerada de mais campos de golfe. Na Europa o ritmo é, em diversos países, de largas dezenas por ano. Nos E.U.A. o quantitativo actual de construção de novos campos é de 200/ano e prevê-se, a partir do próximo ano, e até ao final da década, que se passe para a construção de um campo de golfe/dia.

Estes números são, por si só, impressionantes e produzem maior impacto se pensarmos também no processo multiplicador interno desta actividade desportiva.

É a grande produção de máquinas e equipamentos para a manutenção e exploração dos campos e também dos mais diversificados e sofisticados equipamentos e artigos, utilizados pelos milhões de praticantes.

Por outro lado, nalguns países, este fenómeno expansionista começou a encontrar forte oposição por parte de ecologistas que consideram os campos de golfe um atentado ao meio ambiente.

Da incidência do homem sobre a natureza há sempre aspectos positivos e factores negativos a considerar. Os ecologistas desses países têm dado grande realce aos aspectos negativos tentando impedir a construção generalizada de novos campos de golfe.

A inviabilização de alguns projectos de construção ou o retardamento de outros não tem impedido, no entanto, o aumento do número de praticantes. Nos campos já existentes face afluência de novos entusiastas pelo golfe, começaram a verificar-se longas listas de espera, de praticantes, aguardando a sua vez para utilizarem os recintos de jogo.

Esta situação tem contribuído para o crescimento do golfe turístico que Já vinha sendo adoptado, sobretudo por razões de ordem climática, ou pelo simples aproveitamento dos períodos de férias anuais na prática deste desporto, em países e campo diferentes.

Grande parte dos golfistas são obcecados pela prática deste seu desporto favorito, que procuram desfrutar ao longo de todo o ano. Nalguns países, em determinadas épocas do ano - invernos rigorosos - não o podem praticar, demandando outros locais, de clima mais ameno, onde haja campos de golfe disponíveis.

Por outro lado, independentemente dos condicionantes climáticos, elevado número de golfistas gozam as férias no estrangeiro e, durante esse período, mantém o interesse pela prática do golfe.

Podemos considerar que perante o constante aumento de golfistas, e o seu comportamento, estão asseguradas as condições para uma procura crescente de turistas/golfistas. Os campos de golfe onde haja tempos disponíveis serão o seu destino preferido.

 

4. AJUSTAMENTO OFERTA / PROCURA

Pensamos que o Algarve poderá desempenhar um papel importante na resposta a este crescimento da procura dos turistas / golfistas, recolhendo dai consideráveis benefícios económicos.

O produto turístico Algarve deverá ser promocionado dando realce a este segmento da oferta, com a vantagem de ser utilizável ao longo de todo o ano, projectando a Região junto dos mercados emissores como destino privilegiado para os praticantes de Golfe.

Para atingir este desiderato criem-se as condições para que novos campos de golfe sejam uma realidade, englobados, ou não, em empreendimentos turísticos, mas obedecendo a importantes regras básicas que a todo o transe devem ser mantidas:

Conserve-se e amplie-se, se possível, a imagem positiva já criada de que são exemplos os artigos publicados em revistas da especialidade, como a Golf World, que em determinada análise sobre importante zona de golfe dos E.U.A., começava com a seguinte frase:

"Mention The Portuguese Algarve or the Spanish Costa Del Sol and invariably a golf bag appears amoung the luggage".

A este reconhecimento público torna-se desnecessário acrescentar alguns comentários,

Construindo mais campos de golfe estão a criar-se condições para uma maior valorização da oferta turística do Algarve, com forte incidência nesta componente desportiva, fortalecendo o tão apregoado binómio turismo - desporto. Impõe-se, no entanto, balancear os seus aspectos positivos e negativos para se evitar que surjam novas distorções como a do alojamento, já mencionada.

A construção de um campo de golfe mobiliza avultados meios financeiros que não podem ser desperdiçados, por falta de contrapartidas ou inviabilidade de recuperação. Por outro lado deve evitar-se que a quantidade se sobreponha à qualidade. Mais campos de Golfe? Sim, mas ajustados à procura e dentro dos padrões de qualidade dos existentes, ou ainda melhor, e sem degenerar em excessos de quantidade que podem revelar-se contraprocedentes.

Ao efectuarmos um balanço, ainda que sintético, entre os aspectos favoráveis e os contrários à construção de campos de golfe constatamos que os primeiros sobrelevam largamente os segundos.

Com efeito, de um lado temos que:

do outro:

Estes considerandos desfavoráveis são todos de natureza ecológica, de que não podemos alhear-nos, dado o seu crescente impacto e a preponderância que assumem nas sociedades evoluídas.

Igual posição, a ser seguida pelos ecologistas portugueses, deve ser considerada nas devidas proporções, mas não pode ser impeditiva de que no Algarve se perspectivem mais campos de golfe, nem tão pouco justifica obstáculos que eventualmente surjam para os que já estão projectados ou em execução.

Estamos crentes que, no caso de conflito de pontos de vista ou de interesses, haverá sempre possibilidade de encontrar as soluções mais adequadas, no âmbito do equilíbrio que se pretende, preconizado pelo PROT - Algarve:

A implantação de novos campos de golfe, desde que enquadrados numa estratégia global de desenvolvimento turístico da Região contribuirá para atenuar alguns dos grandes problemas com que o Algarve se defronta:

Se lhe acrescentarmos a necessidade de uma distribuição geográfica mais equilibrada criando outros polos para além dos existentes (apenas nos Concelhos de Loulé, Portimão e Lagos), designadamente no sotavento, estamos a estabelecer as condições para uma oferta mais correcta, onde à diversificação natural dos campos de golfe (todos são diferentes) juntaremos a dispersão geográfica (complementando mais unidade de alojamento), sempre numa óptica de grande qualidade do serviço.

Desde que ponderemos os principais aspectos aqui referidos o golfe poderá contribuir para uma significativa melhoria da oferta turística do Algarve no contexto da pretendida planificação onde sejam preservados, para além do equilíbrio desejável, recursos ambientais que urge valorizar e consolidar.

 

5. CONCLUSÃO

Em jeito de conclusão duas questões básicas, de cujo equacionamento e resolução muito dependerá o futuro do golfe turístico no Algarve.

Primeiro: Mais campos de golfe destinados aos turistas? Certamente que sim, desde que este aumento seja conjugado com uma adequada promoção, e comercialização regular ao longo do ano, sem aviltamento de preços, de molde a garantir a qualidade da oferta.

(Note-se que um campo de golfe não pode encerrar-se à exploração sem avultados prejuízos: ou continua a efectuar-se a sua manutenção, sem receitas para cobertura dos respectivos encargos, ou cessam-se os trabalhos de manutenção. Neste caso será mais onerosa a recuperação dos campos, após longo período sem tratamento da relva e manutenção das instalações de rega e outras).

Certamente que sim, desde que integrados no Plano Director Regional de Turismo agora que está em vias de ser concretizado!... - coordenando harmonicamente estes imensos espaços verdes com a construção de edifícios turísticos. A sua localização deve situar-se em áreas onde se preserve a mancha florestal e onde se garanta o abastecimento de água, por captações próprias ou utilização das águas provenientes de estações de tratamento de esgotos. Um campo de golfe não exige aptidão específica de solo pelo que a sua implantação pode atender, além dos interesses económicos, a aspectos sociais e ecológicos.

Segundo: Assegurar o nível de qualidade atingido e, se possível melhorá-lo? A resposta é afirmativa para o que se toma necessário prosseguir na política de lhe garantir rentabilidade de exploração, manter-se e, se possível, ampliar-se o sistema de crédito bonificado, por parte do Fundo de Turismo, além de se criarem condições para a formação profissional adequada.

Impõem-se a profissionalização do golfe, a todos os níveis, desde o operador de máquinas ao Director de campo, para o que se torna indispensável instituir os respectivos cursos de formação, ainda inexistentes.

Podemos concluir pela necessidade dos departamentos governamentais responsáveis pela área do Turismo, do Planeamento e do Ambiente abordarem de uma forma realista a importância do golfe no contexto da oferta turística do Algarve:

 


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Revised: 09-11-2000.