Revista de Imprensa
Então Boas Tacadas XV - Estórias curtas da World Cup - NEC Invitational |
Por, Fernando Nunes Pedro |
Para preparar a Algarve World Cup que se realiza de 17 a 20 de Novembro deste ano no Victoria Clube de Golfe em Vilamoura, Portugal esteve representado no NEC Invitational uma das quatro provas que integram os “World Golf Championships”, numa acção de relações públicas e de promoção. O NEC Invitational realizou-se uma vez mais no Firestone Golf & Country Club em Akron, Ohio. O vencedor foi uma, vez mais, Tiger Woods com -6, seguido de Chris DiMarco com -5. Tiger Woods reforçou a sua posição de líder da Ordem de Mérito americana e do Ranking Mundial, ganhando US$ 1,3 milhões de dólares. Entre os primeiros classificaram-se ainda Vijay Singh, Luke Donald, José Maria Olazabal, Sérgio Garcia, Colin Montgomerie, Paul McGinley para citar apenas os que poderão estar no Algarve a disputar a World Cup. No Firestone estiveram presentes todos os melhores classificados no Ranking Mundial, que poderão vir a capitanear as equipas dos respectivos países na World Cup. Aos 18 melhores classificados de cada país naquele ranking, foram entregues cartas-convite de André Jordan primeiro responsável pela realização do mais importante campeonato de golfe realizado até hoje em Portugal, que cedeu o campo e garantiu uma fatia substancial do prize-money que totaliza US$ 4,0 milhões de dólares. Uma outra carta-convite foi assinada por Arnold Palmer, o legendário jogador e arquitecto do Victoria, que se associa assim à World Cup e a Portugal com o objectivo comum de trazer ao Algarve os melhores jogadores do mundo. Foi isso que foi prometido por Jack Warfield máximo responsável da PGA americana e dos Campeonatos do Mundo de golfe. De Akron a Latrobe são cerca de 250 quilómetros que se fazem em 3 horas de automóvel. Latrobe é a pequena cidade da Pennsilvânia, perto de Pittsburg, onde nasceu e vive, seis meses por ano, o grande Arnold Palmer. “Quando se chega à N791 vira-se à direita”, como me dizia o Cori Bertii- secretário e curador do “museu” de Arnold Palmer- “e encontra logo o Aeroporto Arnold Palmer. Depois vira à esquerda, pela Arnold Palmer Drive, e encontra à sua direita a Latrobe Golf and Country Club, de que é proprietário, depois de passar pelo Arnold Palmer High School. Em frente da estrada para a entrada no clube, há uma outra estrada, estreita, que vai dar a uma casa que tem o emblema – chapéu de chuva de gomos multicolores- da Arnold Palmer Enterprises, junto à porta.” Pois é. Parece que estou a exagerar. Mas não. Imaginem o que é ser um herói – vivo e bem vivo- num país como a América. Todos se lembram do Buffalo Bill, dos nossos tempos de juventude e dos livros de cow-boys. Pois o Mr. Palmer é isso mesmo em termos de fama e obviamente em proveito. No seu escritório tem fotos com todos os presidentes dos Estados Unidos, e foi por todos condecorado. É “doutor honoris causa” por diversas universidades americanas e tem mais de 50 “Awards” concedidos por instituições que reconheceram a sua importância no desenvolvimento e consolidação do verdadeiro espírito americano. O meu amigo Arnie teve a gentileza de me convidar a passar um dia com ele em Latrobe. Antes no seu escritório fizeram de cicerones o Doc, seu velho amigo de mais de 50 anos e o Cori. Mostraram-me e identificaram todas as fotos, taças, placas, cartões e todos os prémios da longa vida desportiva e social de Arnold Palmer. Na sua oficina privada, na sala ao lado, tem mais de 2 mil putters.” Foram-lhe oferecidos por construtores que queriam saber a sua opinião”, frisava Doc. Entretanto aparece o Arnold que estava a acabar uma chamada. “ Hello, Fernando, “ did you meet Mulligan, already?, e apontava para o cão que não tirava os olhes dele. Entrámos numa outra sala , - a sala da aviação- Arnold Palmer é um dos pais da aviação da América, e mostrava-me, francamente deliciado as maquetas de mais de 100 aviões: “ Estes foram todos os que eu pilotei!”.” Incluindo os F16 e F22”. Do outro lado da mesa, havia mais 24 modelos de avião. “ E estes?- perguntei. “ Well, Fernando, esses foram todos aqueles de que fui proprietário”. O Cori levou-me ainda ao “museu” privado onde Arnold Palmer guarda toda a memorabilia da sua vida. Não dá para entender! Como é que é possível conservar tanta coisa? “ Porque não fazem um museu?. O que eu estou a ver deve ser o melhor museu de golfe do mundo!”. “ Deve ser”- respondia-me o Cori, com ar de quem já ouviu a mesma expressão muitas vezes. À tarde fui convidado para jogar com o Arnold e dois dos seus melhores amigos: o David, industrial de aço em Akron da mesma idade de Arnold e James seu dentista, um jovem de 45 anos, nascido e criado em Latrobe. Imaginem a honra. “ Qual é o handicap deles?” perguntei depois de saber que jogaríamos 50, 50, 100 dólares, mais as unidades, chip-ins, bunker-ins, drives mais compridos nos fairways e outras modalidades que não percebi muito bem. “ Well, - respondia o Arnie- “ I believe they are scratch”. Não acreditei até ao momento em que os vi “draivar” no meio do fairway e muito compridos. Claro que este jogo foi mais um dos que o grande Arnold Palmer perdeu. Nem com a ajuda do nosso caddie, o Nick, um jovem universitário de 17 anos, que estava maravilhado por fazer de caddie de Arnold Palmer. Afinal foi ele que financiou a high school onde estudava. O campo era lindo; “ did you see those blue marks ?” “ foi ali que eu nasci”. “did you see that mountain” , “ prometi à Winnie”, - sua primeira mulher, entretanto falecida, “ que jamais construiria ou deixaria construir aí uma casa” , e olhava para mim com ar de promessa profunda. O Frank e o Bob, nos vestiários, deixaram os meus sapatos tão bem engraxados que quando cheguei ao clubhouse nem os reconheci. Entretanto, o Arnie ficara para trás a assinar autógrafos a seus admiradores. Fomos para casa a que se seguiu o jantar. O vinho era de uma colheita especial “ Arnold Palmer” um “cabernet sauvignon” de Napa, Califórnia. ( à noite antes de me deitar fui procurar água ao frigorífico e lá encontrei a lata de cerveja Arnold Palmer light...como não podia deixar de ser). Pela noite fora falámos de tudo um pouco. Sobretudo dos Açores. A Kit, sua mulher quer ir aos Açores. Teve referências do arquipélago através de uns amigos. O marido, o nosso Arnie, claro que conhece a rota do Atlântico, as Lages e o apoio que os americanos têm tido ao longo de décadas, por parte de Portugal e em todos os regimes. O meu telefone toca, peço imensa desculpa, mas tinha que atender. Seria concerteza uma gaffe. “ Não imaginam quem está a telefonar!! Nem mais que um amigo que foi Ministro da República portuguesa para os Açores, o General Rocha Vieira”. “ Fernando, diga-lhes para vir que eles serão muito bem recebidos”. Como o mundo é pequeno. No dia seguinte pelas 5 da manhã lá voltei para Akron e para o NEC Invitational no Firestone, a tempo de entregar as cartas aos melhores jogadores de golfe do mundo. Pequenas coisas que podem fazer toda a diferença. Sempre com boas tacadas!
Fernando Nunes Pedro 5 Setembro 2005 |
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