Revista de Imprensa

 

Então Boas Tacadas XXIII - Um Tiger Ameaçador

Por, Fernando Nunes Pedro

 

Fernando Nunes PedroCena 1: A cena é conhecida. Joga-se o último buraco do Open de St. Andrews em 2005. No tee do buraco #18, Tiger tem cinco pancadas de vantagem sobre o seu mais directo adversário, o escocês Colin Montgmerie. Tiger saca do seu ferro 5, faz um swing de ensaio – entretanto ouve-se um bruááá – e joga tranquilo para o meio do fairway. Depois falha o green com um sand-wedge, faz bogey e ganha o seu terceiro Open Championship com quatro pancadas de avanço. 

Cena 2: Open Championship no Royal Liverpool em 2006. Tiger tem três pancadas de avanço no tee do buraco #18. Faz a saída com ferro dois, joga para depois do green e, do lip da parte de trás do green, joga o putter – o famoso putter wedge – fica curto, faz bogey e ganha o Open com duas de avanço sobre o Chris DiMarco. O choro com o Steve Williams e com a mulher foi muito humano. 

Cena 3: PGA Championship de 2006 jogado no Medinah Counntry Club. Tiger está na saída do par três  #17 com cinco pancadas de avanço sobre Shaun Micheel que já jogava o buraco 18 nessa altura e que era o seu mais directo adversário. Tiger tira tranquilamente o ferro 6 e joga deliberadamente para o bunker depois do green. A bola tocou na areia a cerca de 22 metros da bandeira. Foi o que se chama um ferro a segurar. Sandwedge curto e putt falhado. Bogey. Joga depois o 18 para a apoteose com cinco pancadas de avanço já que Micheel se encarregava de fazer bogey no último. 

Estas três cenas devem sido vistas na TV por mais de 1 bilião de pessoas, das quais e na melhor das hipóteses haveria 20 milhões de golfistas a verem os eventos. 

Foi uma pena que o Tiger se não tenha lembrado do frisson que seria se ele tivesse jogado a madeira cinco para o green do #18 em St. Andrews, jogado um pitch and run no #18 de Liverpool e um ferro à bandeira no #17 do Medinah. Ao ataque como um verdadeiro  tigre ( ia a escrever leão ). E ganhar mais uns adeptos pela magia do jogo, pela destreza do jogador, pela estética do movimento, pelo drama se houvesse alguma emoção a acrescentar às pancadas. Ainda tinha tempo de recuperar e jogar pelo seguro se as coisas tivessem corrido menos bem. E de certeza teria tido mais uns milhões de garotos espalhados pelo mundo que se reveriam no seu herói e ficariam mais apegados ao golfe.

Assim foi um bocado “boring”. 

Bem, talvez esta seja uma das razões por que eu não sou o Tiger. É que eu jogo sempre ao ataque... 

( Ah! Entretanto o Tiger lá vai ganhando campeonatos e o resto...).

Então, boas tacadas
Fernando Nunes Pedro
fnp-golfe@netcabo.pt

4 Setembro 2006

 


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