Revista de Imprensa

 

Então Boas Tacadas IX - O futebol, o Golfe e o Turismo ... e o Vinho do Porto

Por, Fernando Nunes Pedro

 

Fernando Nunes PedroHá alguns meses atrás, pouco antes do Europeu de futebol, o Ministro da tutela do desporto, José Luis Arnault, dizia na TV: 

“ Já estão vendidos 1,1 milhões de bilhetes, dos quais 600 mil foram vendidos a estrangeiros. Como sabemos que cada estrangeiro assiste a uma média de 4 jogos durante a sua estada no nosso país, podemos concluir que cerca de 150 mil pessoas se deslocam a Portugal para aqui passar alguns dias e que virão apreciar o nosso país, a sua história, a sua gastronomia e porventura, voltar de novo. Aliás, é nos anos subsequentes a estes eventos que os seus efeitos se repercutem no turismo com fortes incrementos de entradas de turistas  “  

Isto que o ministro disse é absolutamente correcto. O Europeu foi um sucesso desportivo. Tudo ocorreu na maior segurança. Até os “hooligans” se transformaram em pessoas ordeiras. Ficámos em segundo lugar com muito azar. Mas correu tudo muito bem. E os turistas vão aparecer. 

Ora bem, aqui é que surge o golfe. 

Para quem não sabe, eventualmente para as pessoas do Estado a quem estas coisas deviam dizer respeito, são jogados em todo o Portugal, por ano, cerca de 1 milhão e 300 mil voltas de golfe. Só o Algarve conta com mais de 900 mil voltas jogadas exclusivamente por jogadores estrangeiros de mais de 40  nacionalidades. O Algarve é, e não é provavelmente (como a cerveja), isto é, é de certeza, o melhor destino de golfe do mundo: “ nunca está demasiado calor ou demasiado frio para se jogar golfe no Algarve.” 

As extrapolações que o Sr. Ministro fez em relação ao futebol também se aplicam ao golfe: o total de 1,1 milhões green-fees que são vendidos em Portugal todos os anos aos fluxos turísticos,  são utilizados por cerca de 240 mil estrangeiros visto que, cada um joga sensivelmente uma média de 4 a 5 vezes no período em que nos visita.  

Acresce o facto de que, de cada grupo de jogadores que se encontra cada semana entre nós, apenas uma percentagem muito pequena repete a visita no mesmo ano- cerca de 1% , assim como também é diminuta a percentagem dos que voltam no ano seguinte. De resto é preciso conhecer outros lugares para se descobrir que Portugal é melhor que as Carolinas, a Florida, a Andaluzia, ou os países das Caraíbas. O que é certo é que eles voltam apesar das recessões. E voltam porque foram entretanto descobrindo que os nossos campos de golfe são muito bons- e não custaram nada ao Estado. Que temos um país seguro, com gente tranquila e acolhedora,  com história, com cultura e gastronomia.  

São todos os anos, sempre, pelos menos 240 mil pessoas que se deslocam a Portugal só para jogar golfe. E deixam cá o seu dinheiro. Voltam ao fim de duas ou três visitas para comprar um terreno. Para comprar uma casa. E depois trazem os filhos. Que crescem e acabam por trazer os seus amigos. Depois vêm também os pais dos seus amigos e assim por diante.  

Mas isto está a acontecer todos os anos em Portugal. Não é de século a século como creio que será o Europeu de futebol. Nem custou ao Estado centenas de milhões de Euros. Pelo contrário. O Estado arrecada muito com este tipo de turistas. Os golfistas gastam entre 3 a 5 vezes mais que qualquer outro turista. Ao contrário do que se diz, a grande parte dos turistas de golfe que nos visitam não são taxistas de tatuagens nos braços. Só viaja para fazer turismo de golfe os 25% que têm capacidade financeira para o fazer.  

O golfe é o mais espectacular sucesso económico das últimas décadas. É um autêntico “cluster porteriano”. Seja para o turismo. Seja para o turismo interno. Seja para o turismo imobiliário, que, este sim, será uma das alavancas de recuperação do país e criador de dezenas de milhares de postos de trabalho, substituindo tranquilamente as perdas que se verificarão nos têxteis e no calçado. 

Do ponto de vista do turismo, o golfe contribui para as exportações do país com um número que ronda os € 300 milhões de Euros por ano  

E, do ponto de vista desportivo, o golfe é também um sucesso.  Afinal qual é o desporto que tem  mais de 250 mil praticantes em Portugal? O futebol? Há mais de 250 mil pessoas que joguem futebol em Portugal? Quantas pessoas jogam futebol das que se sentam num estádio para ver um Benfica-Porto? Talvez 5%? Ou menos ainda?  E quantas pessoas jogam golfe de entre as dezenas de milhar que assistem por exemplo a um British Open? Quase 100 % é a resposta correcta. 

O golfe na economia portuguesa representa o mesmo sucesso que o Vinho do Porto significou internacionalmente. De todos os pontos de vista. Dentro de alguns anos serão muitos os estrangeiros que viverão entre nós atraídos pela magia e a fascinação que o golfe exerce sobre mais de 55 milhões de jogadores em todo o mundo. Com uma vantagem acrescida. O golfe é, indubitavelmente, muito mais ambientalmente correcto que as vinhas do Douro. E isso pode ser examinado, contabilistica e estatisticamente, através de alguns Sistemas de Gestão Ambiental que alguns campos de golfe têm implantados, certificados por entidades credenciadas pelo Estado para esse efeito. 

Deixem-se levar pela magia e pela fascinação. Sejam activos. Passem palavra. E metam-se na melhor onda que existe neste maravilhoso país. 

E então, boas tacadas. 

Fernando Nunes Pedro
fnp-golfe@netcabo.pt

25 Outubro 2004

 


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