Revista de Imprensa
Como criar um maior número de jogadores de golfe em Portugal |
Por, Fernando Fragoso |
Naturalmente fazendo o mesmo que fizeram outros países nossos vizinhos. Como a Espanha, que registava em fins de 2005, cerca de 278 mil jogadores amadores federados e a França que atingia, no mesmo ano, os 369 mil jogadores. O golfe, em Espanha, com aquele numero de praticantes federados, é apenas ultrapassado pelo futebol, caça e equitação, enquanto, em França, ocupa o 5º lugar no palmarés dos desportos individuais e o 7º no conjunto de todas as actividades desportivas. Em termos demográficos, a Espanha tem 6,5 jogadores por mil habitantes e a França coloca-se neste ranking com 6 jogadores. Portugal, com cerca de 15 mil praticantes federados, apresenta 1,4 jogadores por mil habitantes. Face a este quadro comparativo poder-se-á perguntar como se poderá dar o tão desejado ‘salto’ para nos aproximarmos, em termos proporcionais, dos índices apresentados por aqueles países. A resposta parece ser obvia. Há que seguir os caminhos que eles vêm trilhando, isto é, levando o golfe às populações urbanas, através de equipamentos desportivos de tipo diferente dos tradicionais que na sua grande maioria, se encontram acima das posses das populações e, em muitos casos, longe dos seus locais de residência e de trabalho. Em Portugal existem mais de sete dezenas de campos de golfe podendo, a grande maioria deles, serem classificados como campos tradicionais por terem sido criados para promover o imobiliário, a hotelaria e/ou para receber turistas. A boa acessibilidade aos campos de golfe - a pé, de bicicleta, através de transportes públicos - com preços de utilização módicos, são condições básicas para incentivar as populações urbanas a frequentarem estes equipamentos desportivos, como, actualmente, utilizam as piscinas ou os pavilhões gimnodesportivos camarários. O preço duma volta num campo de golfe não deverá ter um valor superior ao de um bilhete de cinema ou de um ingresso num campo de futebol. Não devemos esquecer também, que a remuneração média anual em Portugal se cifra nos 14,1 milhares de euros, montante muito inferior aos 24,5 e 39,6 milhares de euros auferidos, respectivamente, em Espanha e França. O campo de golfe autárquico rústico e urbano (C.A.R.U.) onde, os membros duma comunidade, de todas as idades, poderão desfrutar um jogo convivial, com a família e/ou com os amigos, num ambiente ao ar livre é, necessariamente, uma boa resposta para ultrapassar a actual situação de fraco crescimento do golfe nacional, constituindo-se tais tipos de campos como locais únicos, de entretenimento e exercício físico, que não deixarão ninguém indiferente. Os C.A.R.U. são de formato reduzido, 9 buracos, p.e., com uma zona de jogo de 8 a 10 hectares - variando as áreas com o comprimento dos buracos - implantáveis em terrenos que poderão ocupar entre 15 e 20 hectares. Neste espaço deverá também instalar-se: o Clubhouse; o circuito de putting green; um bate bolas com rede; e, um buraco de treino com bunkers. Esta infra-estrutura deverá ser construída com um mínimo de movimentação de terras a fim de minimizar o investimento, admitindo-se mesmo que apenas os greens e certas zonas dos tees possuam um sistema de rega simples - tipo rega de jardins. Os tees poderão ser revestidos com relva artificial para reduzir o custo da manutenção. As condutas de água poderão ser instaladas a céu aberto dispensando-se, assim, o seu afundamento no solo. As drenagens deverão ser cuidadosamente efectuadas nos greens, deixando as dos fairways, numa primeira fase, circunscritas, apenas às que forem claramente obrigatórias. O investimento inicial será tanto mais baixo quanto o local for, à partida, menos exigente na segurança da zona de jogo e das suas áreas circundantes. Os meios humanos e de equipamentos – que as autarquias já possuem – são componentes importantes dos custos de investimento que, ao serem disponibilizadas, poderão ser factores redutores do respectivo montante. Um C.A.R.U., exige um investimento que deverá rondar os 250 mil euros, admitindo-se os pressupostos anteriores, devendo apresentar custos de manutenção reduzidos, porque esta exigirá apenas, p.e., dois jardineiros - para o corte de relvas; pouco consumo de água; e fertilizantes, somente, nas áreas dos greens, tees e no circuito de putting. Estes campos de golfe poderão não possuir fairways com relva, mas sim apenas com as ervas que, naturalmente, germinam no local, situação que poderá exigir, em algumas épocas do ano, que as bolas sejam batidas sobre pequenos tapetes de relva artificial que o jogador transportará consigo. Esta é uma realidade que, pessoalmente, tivemos a oportunidade de observar em Rio Tinto, em Espanha, numa área duma antiga mina de cobre e ouro, onde a população da cidade local pratica o golfe com prazer, jogando a bola nos fairways – onde não brota qualquer erva por a terra ser estéril - sobre um tapete de relva. Este campo de golfe, o Corta Atalaya, foi construído pelos ingleses que exploraram a mina, a partir dos finais do sec. XIX e construíram então o campo que é hoje considerado o mais antigo de Espanha, embora, o que visitámos, tenha sido construído, em 1992, numa noutra área da mina. Neste campo paga-se apenas um green-fee de 6 euros. A Catalunha, em Espanha, onde o número de golfistas cresceu cerca de 30% nos últimos anos, possui 27 campos urbanos, que possibilitaram este aumento significativo do número de praticantes. Madrid dispõe também dum percurso ‘pelado’, na Casa de Campo, onde a população joga golfe de manhã à noite com grande entusiasmo. Em França o cenário é semelhante e o crescimento da modalidade muito deve aos campos urbanos existentes, estando previsto construírem-se, nos próximos anos, mais 59 infra-estruturas deste tipo. Para se ter mais jogadores no nosso país é preciso pois democratizar o jogo. Mas tal só será possível se as autarquias considerarem estas infra-estruturas como bens lúdicos e desportivos de real valia para as comunidades e as colocarem à disposição das populações, em locais de fácil acesso e a preços módicos, o que só será conseguido através duma solução económica como a que atrás apresentamos. 20 Março 2006
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