Revista de Imprensa
O Golfe nas Escolas |
Por, Fernando Fragoso |
É frequente ouvir dizer que o golfe é uma modalidade desportiva para ‘velhos’. Tal porém, não corresponde à verdade. Isto, porque qualquer jovem se pode iniciar no golfe, com alguma consistência, a partir dos seis anos, podendo depois vir a pratica-lo ao longo de toda a vida. No caso português, a maioria dos jogadores ‘chegam’ ao golfe muito tarde, com idades que rondam os trinta anos, após terem consolidado as suas vidas profissional e familiar. Esta realidade, não se verifica apenas em Portugal, uma vez que, num recente inquérito efectuado nas Ilhas Britânicas se concluiu que, apenas 8% dos praticantes de golfe tem idades inferiores a 18 anos. Não sabemos se esta percentagem será a mesma entre nós, o que, se tal acontecer nos levará a contabilizar um número ao redor dos mil jogadores. Em Portugal, faltam campos de golfe onde se possa jogar a preços módicos e que ofereçam lições a preços acessíveis, factos que afastam muitos jovens, por razões económicas, desta modalidade desportiva, o que determina, que o golfe tenha um crescimento inferior ao desejável. A estas razões junta-se a dificuldade de acesso dos jovens aos campos de golfe – que, geralmente, se situam longe das suas residências e escolas – tornando-os integralmente dependentes do transporte dos pais, que se limitam a leva-los, aos fins-de-semana, às lições de golfe dos Clubes. Esta situação, porém, diz respeito apenas a alguns jovens, àqueles cujos pais têm condições económicas e disponibilidade de tempo para assegurarem aquele serviço aos filhos. Este quadro de acesso dos jovens aos campos de golfe nega, a todos aqueles que não se integram no mesmo, a oportunidade que o golfe lhes pode oferecer, de se desenvolverem física e intelectualmente. O golfe é uma modalidade desportiva, que, como algumas outras, incute nos jovens valores humanos fundamentais, como os enunciados pelo “The First Tee”, organização criada por iniciativa da “World Golf Foundation”, nos EUA, que tem como missão ‘influenciar a vida dos jovens, oferecendo-lhes instalações e programas educativos que favorecem o desenvolvimento da personalidade e a apreensão dos valores da vida, através da prática do golfe’. Em anexo apresentamos os ‘Nove valores humanos fundamentais’ que segundo o “The First Tee", o golfe pode transmitir aos jovens. Para inverter actual estado de coisas e fazer com que os jovens, na idade escolar, se iniciem no golfe e apreendam os valores humanos que atrás referimos, certos países, como os EUA; o Canadá; a Austrália; o Reino Unido; e, a Bélgica, entre outros, têm procurado estabelecer programas escolares de ensino do golfe. Para tanto, contam com o interesse e a colaboração dos Professores de Educação Física (PEF), considerando-os agentes privilegiados do ensino desta modalidade nas suas aulas, após terem recebido, eles próprios, a formação exigida para o efeito. Com tal objectivo surgiram: nos EUA, em 2003, o “The First Tee National School Program”; no Canadá, em 1996, o programa “CN Future Links; na Austrália, em 2000, o “The Golf for Schools”, instituído pelo Golf Australia; também, em 2000, os programas Tri-Golf e Golf Xtreme, da Golf Foundation do Reino Unido; e, o Kid’s Tour, suportado, desde 2005, pela Júnior Golf Foundation Belgium. Em Portugal, o programa Drive, da Federação Portuguesa de Golfe, organiza torneios para jovens de diversos escalões etários, ficando o ensino resumido às escolas dos Clubes que, para o efeito, fornecem as suas infra-estruturas, deixando o ensino a cargo de profissionais de golfe, com especiais aptidões para lidarem com jovens e, aos quais, facturam os seus serviços. A aprendizagem do golfe nas Escolas, seria quanto a nós, uma boa solução para preencher o quase vazio, que hoje existe neste dominio, o qual poderia ser colmatado pelas Autarquias que dispõe já de várias instalações desportivas: pavilhões desportivos, piscinas, campos de futebol, de ténis, etc, encontrando-se, muitas delas, em condições de abarcarem mais esta modalidade. O golfe que aqui falamos é aquele que, primordialmente, se destina à população jovem das Autarquias e que, não carece de grandes investimentos em infra-estruturas, sendo suficiente, para tanto, dispor-se de um campo com uma área de ensino, por exemplo, um ‘Pitch & Putt’ (ver aqui). Com estes meios humanos e materiais é possível instituir o programa que podemos designar por ‘1ª Tacada’ o qual permitiria aos jovens, a ‘brincar’, conhecerem o golfe e ‘tirarem’ deste jogo tudo o que ele tem de lúdico e formativo. Mas como se conseguiria tal desiderato? As Escolas a considerar no âmbito do programa ‘1ª Tacada, seriam as do 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), as quais se encontram distribuídas pelas diversas freguesias de cada Autarquia. Dependendo do número de jovens que frequentam as Escolas do 1ºCEB da Autarquia, poderia admitir-se, que os alunos que frequentam as Escolas do 2ºCEB - cujas idades vão dos 11 aos 12 anos – fossem incluídos no programa, ainda que, estas Escolas não se encontrem, actualmente, na esfera das responsabilidades educativas das Autarquias. Tomando como base de trabalho, os alunos com idades entre os 6/7 e os 9/10 anos, que frequentam o 1ºCEB, haveria que determinar, num primeiro tempo, quais as Escolas em que os PEF, pais e alunos se mostrem interessados no programa ‘1º Tacada’, após este lhes ter sido, previamente apresentado e explicado. Uma vez conhecidas as Escolas do 1ºCEB da Autarquia que desejariam seguir o programa ‘1º Tacada’, haveria que proceder-se a um inventário do número de PEF e alunos que, em cada Escola, seriam abrangidos pelo programa, efectuando-se depois, num primeiro passo, a formação dos PEF desses estabelecimentos de ensino. Nas Escolas interessadas no programa ‘1ª Tacada’, dever-se-ia também inventariar as condições que possuem, para a prática dos jogos do programa, quer nos seus espaços cobertos, quer ao ar livre. Dispondo do número de alunos que frequentariam a ‘1ª Tacada’, seria possível planear as actividades a desenvolver nas Escolas e as que seriam efectuadas no campo de golfe ou num pavilhão desportivo quando as condições climatéricas a tal obrigarem. Sabendo o número de alunos de cada Escola, e as localizações das infra-estruturas onde se poderiam desenvolver as actividades formativas, seria então possível definirem-se os calendários e os horários das mesmas. Para que o programa ‘1ª Tacada’ seja exequível, torna-se fundamental que as Autarquias garantam aos PEF e alunos, o transporte para os locais de ensino do golfe exteriores às Escolas e o respectivo regresso às mesmas. É evidente que todo este esquema de ensino do golfe nas Escolas pressupõe a criação, em cada Autarquia, duma entidade que promova e desenvolva os programas, um Grupo de Trabalho, que deveria ser constituído, pelo menos, por: responsáveis das Divisões de Educação e do Desporto da Autarquia; um treinador profissional de golfe; dois a três PEF com conhecimento aprofundado do programa ‘1ª Tacada’; e, um elemento para assegurar os trabalhos de gestão e de logística que o programa implica. O programa ‘1ª Tacada’, deverá ser suportado por manuais de ensino que se destinam em especial aos PEF de cada Escola. O programa ‘1ª Tacada’ além destes manuais de ensino, deverá dispor de equipamento, adaptado aos recintos de ensino e às idades dos alunos, material que garanta boas condições de segurança como, por exemplo, o conhecido pela sigla, SNAG – Starting New At Golf (ver anexo). Este equipamento destina-se, especialmente, aos alunos do 1º e 2º CEB. Os alunos destes Ciclos que tiverem concluído o programa ‘1ª Tacada’, bem como, os dos Ciclos seguintes e até à idade de 16 anos, deverão, os primeiros, prosseguir a sua formação , os restantes inicia-la, inseridos no programa ‘Outras Tacadas’, o qual lhes será ministrado no campo de golfe com equipamento tradicional, ajustado às suas idades. Qualquer aluno dos dois primeiros Ciclos poderá frequentar o programa ‘Outras Tacadas’, independentemente da idade, desde que reúna as necessárias aptidões para acesso ao mesmo. Dado que a montagem e execução dos programas ‘1ª Tacada’ e ‘Outras Tacadas’ exige recursos financeiros, que variam de acordo com o número de Escolas de cada Autarquia, torna-se importante que estas avaliem o custo da implantação dos Programas, e procurem patrocinadores para os mesmos, isto para poderem oferecer, gratuitamente, este serviço à juventude da sua comunidade. Esperamos que as ideias expressas neste artigo possam vir a ser, em breve, implantadas em algumas Autarquias do país, para bem da nossa juventude e do crescimento do golfe nacional. 4 Fevereiro 2008 |
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