Revista de Imprensa

O Bom e o Mau de 1997

Por, António Carmona Santos

 

Pensei fazer uma retrospectiva do ano de golfe em 1997. Em vez disso, optei por recordar os factos relacionados com o golfe que mais me impressionaram; pareceu-me ser mais útil recordar o que de bom e de mau se passou no nosso golfe.

Infelizmente, no que respeita ao desenvolvimento do golfe e independentemente do crescimento natural e quase espontâneo, 1997 não foi um ano muito diferente dos anteriores. O golfe desenvolve-se porque as condições naturais são tão favoráveis que é quase inevitável, mas não devido à existência de um plano e esforço concertado.

Comecei o ano por me surpreender desfavoravelmente quando tomei conhecimento que a Federação Portuguesa de Golfe possuía uma conta a prazo de mais de 100 mil contos. Custa-me compreender como é que um organismo sem fins lucrativos, a operar num pais que tem tudo para fazer em golfe, não encontrou melhor aplicação para aplicar as suas economias do que fazer o mesmo que faria qualquer viúva octogenária mal informada e com pouca imaginação...

Em contrapartida, tive uma grande satisfação ao tomar conhecimento da iniciativa de um cidadão finlandês a trabalhar e residir em Portugal que usou a imaginação e poder de decisão numa empresa industrial para propor e apoiar financeiramente, em conjunto com a Federação, um programa de ensino de golfe para jovens.

Trata-se do programa INAPA, o primeiro coerente e útil que se realiza em Portugal, destinado a desenvolver a prática do golfe junto de gente nova. Só faltou, talvez, pensar onde irão esses jovens jogar regularmente quando tiverem sido agarrados pelo bichinho do golfe. Talvez seja no anunciado Campo Municipal de Oeiras. Mas para isso acontecer é essencial que o assunto seja melhor gerido do que o campo de prática e o projecto do Jamor. Não há nada que explique tanta negligência e incapacidade;. não há o direito de se manter aquele local nas condições lamentáveis em que se encontra...

Em 1997 surgiram mais alguns campos novos. É de salientar o facto de estarem localizados na província: Viseu, Castelo de Vide e Amarante. Agora, vai ser necessário dar-lhes os apoios indispensáveis para que surjam nessas terras os praticantes que utilizem e rentabilizem os investimentos feitos. No Algarve assistiu-se ao reaparecimento do velho e famoso campo de Vilamoura 1, totalmente remodelado: felizmente, houve o bom senso de não mudar o estilo, mantendo a mesma traça original. Só é pena que lhe tenham mudado o nome. O golfe vive das suas tradições e cada campo tem a sua própria identidade que leva alguns anos a construir; Vilamoura tinha-a e nada ganhou em ir pescar noutras águas. Para os praticantes nacionais, "Old Course" nada significa. Não parece muito boa ideia chamar aos nossos campos nomes em língua estrangeira e isso aplica-se também a outros percursos como o famoso "San Lorenzo" (que até foi baptizado e crismado com o nome de São Lourenço) ou "Pine Cliffs", "Golden Eagle" ou outras coisas parecidas.

Durante o ano, realizaram-se em Portugal alguns eventos oficiais de grande importância. Tanto o Open da Madeira no Santo da Serra como o Open de Portugal na Aroeira foram vistos por muitos milhões de telespectadores por esse mundo fora. Mas houve mais: o Estoril Ladies Open, jogado no Golfe do Estoril; o Open UAP do Challenge Tour, jogado no Montado; o Estoril Challenge, jogado na Penha Longa e a finalissima desse mesmo Tour, o Estoril Grand Final, jogado novamente no Montado, Todos eles retransmitidos pela televisão. Mas como somos sempre muito originais, tivemos de jogar a finalissima de um torneio chamado Estoril Grand Final no Montado (em Palmela) por não haver nenhum campo no Estoril que quisesse, naquela data, acolher o torneio e assim passar durante algumas horas nas televisões de todo o mundo. Isso só pode acontecer porque a modalidade, embora por muitos reconhecida como sendo um bom negócio turístico, ainda continua a ser entre nós uma actividade subdesenvolvida

Quanto às prestações dos nossos profissionais, também houve originalidades. Quando em Abril se disputou o Open UAP, poucos se inscreveram... tendo preferido disputar um torneio não oficial no Algarve. O mesmo não aconteceu, felizmente, no Estoril Challenge na Penha Longa - e o Daniel Silva classificou-se em sétimo lugar (que bom seria ele regressar à alta roda do golfe mundial onde já esteve por mérito próprio), enquanto o António Sobrinho ficou em 25º (chegou a estar em segundo). Com mais rigor, alguns sacrifícios e menos originalidade... talvez se pudesse ir fazendo alguma coisa!

 

Golfe Europeu nº 41 Dez/Jan 1998


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Revised: 09-11-2000.