HANDICAPS - UM SISTEMA JUSTO ?
Por: Erik Grayson
Vice-presidente do Comité de Handicaps da Federação
Portuguesa de Golfe
(Publicado no Jornal do Golfe Agosto/Setembro 2000)
O golfe amador é provavelmente o único desporto que possibilita aos jogadores de capacidades mais modestas competir contra os melhores. Isto consegue-se pelo facto de existirem handicaps. Como bem sabem os golfistas, a teoria é que um jogador de handicap 0 (zero, «scratch») supostamente faz uma volta em Par do campo, enquanto o jogador mais modesto precisa de uma compensação, um handicap. Em Portugal, os handicaps vão até 36 para as senhoras e 28 para os homens. O sistema é feito para acompanhar a evolução do jogador e deve reflectir a verdadeira capacidade deste.
Os golfistas jogam a maior parte das suas voltas no seu «home club», ou seja, no clube onde estão filiados. A maior parte dos jogadores desenvolve o seu handicap em apenas um ou dois campos. Porém, o sistema de handicaps utilizado na Europa ao longo dos últimos 17 anos não considera a dificuldade dos vários campos para o jogador normal, considerando unicamente o ponto de vista do jogador «sctratch», através do SSS, o «Standard Scratch Score». Isto leva a que um jogador de handicap 12 obtido num campo fácil terá dificuldades em ganhar a um handicap 12 obtido num campo difícil.
Como corrigir esta falha do sistema?
Em 1987, após anos de estudo e avaliação da dificuldade relativa de centenas de campos de golfe nos EUA, a Associação de Golfe dos Estados Unidos (USGA) implementou um novo sistema com duas componentes principais:
1 -
Course Rating (CR) - número de pancadas que, em média e em condições normais, um jogador «scratch» necessita para jogar o campo.2 -
Slope Rating (SR) - factor baseado na diferença de jogo entre o jogador «scratch» e o jogador de handicap 20. Este varia entre 55 para o campo mais fácil e 155 para o mais difícil.
O cálculo de Course Rating é baseado numa fórmula complexa mas objectiva, tendo em conta os seguintes factores:
A classificação tem de ser executada por uma equipa experiente de classificadores de campos.
O Sistema de Handicaps EGA
A EGA, Associação Europeia de Golfe, tem, ao longo de vários anos, estudado a melhor forma de uniformizar os handicaps na Europa.
Como os golfistas viajam cada vez mais, realizam-se mais do que nunca jogos entre jogadores de diferentes federações, tendo estas sistemas de handicaps diferentes. Mesmo dentro da própria federação nacional, nem sempre os handicaps são calculados da mesma forma, impossibilitando assim a competição equitativa. Consequentemente, a EGA desenvolveu o novo «Sistema de handicaps EGA 2000» com base nos seguintes elementos:
O objectivo do sistema é produzir handicaps justos, ajustados à dificuldade do campo onde se joga, para além de uniformizar os handicaps na Europa.
Os handicaps em Portugal
Em 1999, a Federação Portuguesa de Golfe decidiu que os interesses da modalidade no nosso país seriam melhor salvaguardados através da adopção do Sistema de Handicaps EGA 2000.
O novo sistema deverá ser implementado integralmente até ao fim do ano 2000.
A FPG terá primeiro de tomar as seguintes medidas:
Modo como funciona
É importante que todos os jogadores filiados apreendam as bases do sistema.
O primeiro passo é a obtenção de um Handicap Exacto EGA. Provavelmente, este será diferente do seu handicap actual mas ao converte-lo nas referidas Tabelas de Handicap no seu «home club», o resultado deve ser igual ao seu handicap de jogo actual. A maior diferença será encontrada no seu Handicap de Jogo fora do «home club», que irá variar conforme os valores do «slope rating» do campo. O novo certificado de handicap mostrará o seu Handicap Exacto EGA. A comissão de handicaps do seu clube fornecer-lhe-á este certificado logo após a data de implementação.
É importante saber e lembrar-se do seu Handicap EGA, pois este deve ser registado no seu cartão de resultados antes de entregar um «resultado válido».
Nos casos em que o sistema CONGU tenha sido correctamente aplicado e o SSS do campos correctamente atribuído, a fórmula de conversão será a seguinte:
Hcp Exacto EGA = (Handicap Exacto CONGU + SSS - CR) x 133/SR.
O SSS (Standard Scratch Score) a utilizar será o SSS dos tees de onde se jogam as voltas de qualificação para handicaps.
As categorias principais do Sistema de Handicaps EGA 2000 são as seguintes:
Os Handicaps Exactos EGA estão divididos em cinco categorias como se segue:
AS CATEGORIAS DE HANDICAP |
||
Categoria |
Handicap |
Zona Neutra |
1 |
até 4.4 |
35 36 |
2 |
4.5 a 11.4 |
34 36 |
3 |
11.5 a 18.4 |
33 36 |
4 |
18.5 a 26.4 |
32 36 |
5 |
26.5 a 28.0 (36.0) |
31 - 36 |
Nota:
O Handicap Exacto EGA máximo permitido em Portugal é de 28.0 para homens e 36.0 para senhoras. A categoria 5 para senhoras contém handicaps entre 26.5 e 36.0.a)
Competições homologadas
Os resultados entregues nas seguintes competições homologadas afectarão o Handicap Exacto EGA do jogador:
b) Resultados validáveisImportante:
Todos os clubes filiados devem organizar pelo menos seis voltas de qualificação em cada ano civil. Cada jogador filiado tem de entregar pelo menos quatro resultados válidos por ano. A não entrega de quatro resultados resultará na caducidade do handicap.(EDS Extra Day Score)
Os jogadores que dificilmente jogam em provas de qualificação ou aqueles que querem entregar mais resultados, poderão entregar resultados validáveis, mas só jogados no seu "home club".
Nota :
Resultados validáveis (EDS) não serão considerados na Categoria 1.
As regras são simples:
Antes de
jogar uma volta validável, o jogador tem de se inscrever no livro de
registo, mencionando:
A data; o nome; o nome do marcador (que tem de ter um handicap válido);
o Handicap Exacto EGA; o handicap de jogo dos tees que vai utilizar.
O jogador poderá então completar um resultado e entregar o cartão ao Comité.
Lembre-se que é obrigatório entregar quatro cartões por ano civil para manter o seu handicap
Todos os resultados de qualificação serão convertidos em pontos Stableford. O Handicap Exacto EGA será em seguida ajustado da seguinte forma:
Ajustes de handicaps |
||||
Categoria |
Handicap |
Zona Neutra |
Pts. Stableford |
Pts. Stableford |
1 |
- 4.4 |
35 36 |
0.1 |
0.1 |
2 |
4.5 11.4 |
34 36 |
0.1 |
0.2 |
3 |
11.5 18.4 |
33 36 |
0.1 |
0.3 |
4 |
18.5 26.4 |
32 36 |
0.1 |
0.4 |
5 |
26.5 28.0 (36.0) |
31 - 36 |
0.2 |
0.5 |
Após uma prova de qualificação (e não um EDS), o Comité da Handicaps é obrigado a aplicar uma formula a todos os resultados, considerando o número de competidores em cada categoria de handicap. Isto poderá resultar num ajuste pequeno dos resultados de cada jogador.
Este ajuste serve para reflectir as condições de jogo durante a prova.
A Regra 24 do Sistema de Handicaps EGA permite ao Comité de Handicaps do clube do jogador ajustar o Handicap Exacto EGA, caso considere que o mesmo não corresponde à verdadeira capacidade do jogador.
Pancadas atribuídas em várias formas de competição
O Sistema de Handicaps EGA prevê diferentes proporções de handicaps para diferentes tipos de provas. Depois de estabelecer os handicaps de jogo do campo em questão, serão aplicadas as seguintes proporções:
Stroke Play
Match Play
Este artigo pretende apenas informar sobre as bases principais do sistema. Para um estudo completo e uma total compreensão, os jogadores deverão obter uma cópia do livro Sistema de Handicaps Ega, versão Portuguesa, junto do seu clube.
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