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Então Boas Tacadas XLVII

TRÊS NOTAS SOBRE GOLFE

 

From the middle of knowhere

Tem 27 anos. Nasceu em Mossel Bay no sul da África do Sul. Tem um nome esquisito: Lodewicus Theodorus “Louis” Oosthuizen. Os pais são criadores de carneiros. Os sul africanos são todos grandes desportistas. Em África de uma forma geral dedica-se muito tempo ao desporto. Compreensível. O clima é propício. As origens do país deixaram marca nas modalidades desportivas que aí se praticam: rugby, cricket, futebol, ténis, golfe, atletismo, natação, etc.  E com um móbil muito interessante: os “springboks” (antílope) – como os “palancas” de Angola – uma representação nacional ao nível desportivo. Ser um “springbok” é uma honra. Depois, Mandela fez o resto, ajudando a vencer o apartheid com o seu apoio aos rugbistas.

Pois bem, do meio do nada, veio um jovem chamado “Louis”com um sorriso especial, humilde, com ar de quem, se apanhado na primeira esquina, iria tremer de medo, ou, sob pressão, num “major” de golfe, na volta final que eventualmente viesse a liderar, iria cair aos trambolhões e desfazer-se-ia em cacos pela tabela de classificação abaixo.

 

Mas não. O “Louis” é um “springbok” e é um africano. Muito duro de roer. E simplesmente derrotou toda a concorrência no 150º British Open (The Open Championship), jogado na mítica cidade de St. Andrews. Deu uma “abada” como se diz na nossa gíria. E estavam lá todos. Woods, Mickelson, todos os jogadores dos teams da Ryder Cup dos EUA e da Europa. Foi uma grande vitória como as do Player, Els, Goosen, Immelman, Frost, etc. em anos passados.  

E o seu primeiro agradecimento foi para o “Madiba” Nelson Mandela que nesse dia fazia 92 anos, o que ele achou curioso quando o soube ao ouvir as notícias pela rádio e internet nessa manhã.  

Ele levava o seu “madiba” com ele o caddy Zacka Kasebo. E orgulhosos, com sete pancadas de avanço, passaram na Swilcan Bridge em direcção ao último buraco do campeonato. Para não esquecer. O abraço daqueles dois amigos foi excepcional. Como é que o “Louis” se ia esquecer do aniversário de Mandela? Impossível. 

 

Os cuts da Federação 

Eram 140 jovens na Aroeira a disputar o nacional de várias categorias. Sub 12, sub 14, sub 16 e sub 18 anos. Rapazes e raparigas (17 apenas).  

São muitos 140? Humm! São poucos. Num campo de golfe comercial, por exemplo em Vilamoura, na estação alta do golfe, há campos que têm mais de 200 jogadores por dia. Por vezes até mais de 300. É verdade confirmável. E tudo corre bem, sem atropelos. 

Por isso, 140 a disputar um nacional, pressente-se que são poucos. Deviam ser pelo menos 1400. A jogar-se em vários campos em provas classificativas, para uma final para a qual  só iriam os melhores...200. 

Pois bem, num torneio para jovens, entre os 10 e os 18 anos de idade, aconteceram duas coisas de pasmar. 

Primeiro, que no dia de volta de treino o campo cobrava €20 por criança, €5,50 por um trolley manual e mais €5,00 por um balde de bolas de treino. O mais grave é que acontece em todos os campos. Ninguém compreende para que servem estes torneios - acontece em todos - e aqueles cinco euros para bater bolas são fatídicos. É menos uma sanduíche, menos uma cola. Se isto é fomentar o golfe entre a juventude! Não se percebe como os campos e a Federação não arranjam um acordo. É tão fácil.  

Em segundo lugar, não se percebe como é que pode haver “cuts” num torneio que só tem 140 jogadores, como pode haver “cuts” em categorias em que por vezes só havia 4 ou 5 jogadores e se decidia que o último dos 4 ou cinco “amanhã não joga” a título de “critérios” e de um factor competitivo. Não. Não é competição. É dizer a um miúdo ou miúda, que acabou as aulas na semana anterior, que se esfalfou a estudar para os exames e que depois não pode jogar os dias todos por um factor de critério e outro de competitividade, é o mesmo que dizer : “ Não tens jeito nenhum para isto, volta para a tua play station”.  

E eles voltam.

 

O Eixo do Mal 

O Eixo do Mal é um programa de televisão interessante, feito por pessoas inteligentes, que passa todos os sábados depois da meia-noite na SIC Notícias. Falam sobre política e sobre o mundo. Sobre os podres e coisas boas. Menos destas do que daqueles. 

No último programa voltaram a falar de golfe. Como até aqui sempre se aproveitaram do golfe para denegrir alguém, ou para empobrecer algo bem feito na presunção de que os jogadores de golfe são o paradigma de todas as forças que pertencem aos “eixos dos males” deste mundo, fiquei atónito com o que ouvi. 

O New York Times dizia nesta semana que em Portugal só havia duas coisas com sucesso: o golfe e o clima. E por que será?

Alguém é capaz de adivinhar? Os do “Eixo do Mal” não desenvolveram. Não sabem. 

Só depois de muitas e boas tacadas.

Boas férias

Fernando Nunes Pedro
fernandonp@npgolf.pt
28 Julho 2010

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Revised: 28-07-2010 .