Na entrevista ao programa “Golf & Golfistas” da SportTV, Morrison
disse que «este foi de longe, mas mesmo muito de longe, o melhor
momento da minha carreira». À rádio oficial do European Tour disse
que a sensação foi «massiva, esmagadora». Na conferência de Imprensa
declarou: «Tudo vai mudar na minha vida. Fico com cartão para jogar
no European Tour até ao final da época de 2011, vou entrar nos
grandes torneios como em Wentworth e Loch Lomond e sabe-se lá o que
poderá acontecer a partir daqui».
Para se compreender melhor a felicidade suprema do jovem britânico é
preciso dizer que as vitórias não faziam parte da sua carreira. Como
amador ganhou apenas dois títulos, na Escócia e na Austrália, e como
profissional ficara em jejum nos anos em que penou no EuroPro Tour (III
Divisão do golfe europeu) e no Challenge Tour (II Divisão).
Em 2010 conseguiu finalmente entrar no European Tour (I Divisão) e
tem-se mostrado simplesmente inspirado, com um 4º lugar no Open de
África e um 6º no Open de Andaluzia, este última há duas semanas.
«Sabia que estava a jogar bem e vim com confiança para o torneio»,
comentou, depois de frisar que agora que já ganhou «um primeiro
título como profissional, o próximo objectivo é terminar a época
dentro dos 60 primeiros da Corrida para o Dubai», para se qualificar
para o Campeonato do Mundo do Dubai, em Novembro.
James Morrison era um dos dez jogadores do Madeira Islands Open BPI
Portugal que vieram ao Porto Santo Golfe classificados nos 100
primeiros da Corrida para o Dubai. A vitória de hoje catapultou-o do
79º ao 31º lugar, ou seja, bem dentro do tal ‘top-60’ de acesso ao
mega evento de 7,5 milhões de euros dos Emirados Árabes Unidos.
Do total de 700 mil euros em prémios monetários, Morrison ficou com
a maior fatia, um cheque de 116.660 euros, ele que até ao momento só
tinha somado 105 mil euros como profissional. Razão tinha a noiva,
Jessica em correr para o ‘green’ e beijá-lo num longo abraço. É uma
nova vida que se abre diante de ambos e James disse logo que tudo
poderá começar por «comprar um carro novo» e livrar-se «do velhinho
Peugeot 206».
O inglês só não vai comemorar violentamente como gostaria porque
decidiu «regressar ao Funchal de barco ainda esta noite» e teme que
«com o balanço das ondas a coisa possa ficar feia», mas ofereceu
logo «uma cerveja a todos no bar do clube». Um clube, o Porto Santo
Golfe, que não esquecerá: «O campo é fantástico, o trabalho da
equipa de manutenção foi excelente, as pessoas são tão simpáticas, o
vinho e a comida óptimos. Prometo voltar noutra altura».
A tradicional taça do Madeira Islands Open BPI Portugal foi-lhe
entregue pelo vice-presidente do Governo Regional da Madeira, João
Cunha e Silva, que presidiu à cerimónia de entrega de prémios, tendo
estado ainda presentes a secretária Regional de Turismo e
Transportes, Conceição Estudante; o secretário Regional do
Equipamento Socia, Luís Santos Costa; o presidente da Câmara
Municipal do Porto Santo, Roberto Silva; o presidente da Sociedade
de Desenvolvimento do Porto Santo, Francisco Taboada; o
representante do BPI, José Carlos Agrellos; e o director de torneios
do European Tour, David Williams.
Filipe Lima (ler entrevista em baixo), o único português a passar o
‘cut’, viveu o seu pior dia da semana, completando a última volta em
77 pancadas, 5 acima do Par, depois de um ‘triplo-bogey’ (no buraco
12, um Par-5), dois ‘duplos-bogey’ (nos buracos 4, um Par-4, e 5, um
Par-3), dois ‘bogeys’ (1 e 7), de forma alguma compensados pelos
quatro ‘birdies’ (10, 14, 15 e 16). Como de costume, jogou muito
melhor nos últimos 9 buracos do campo desenhado por Severiano
Ballesteros.
Filipe Lima terminou no 55º lugar, com 288 pancadas, igualando o Par
do campo, após voltas de 66, 75, 70 e 77, num torneio que liderava
após os primeiros 18 buracos. O prémio de 2310 euros é, por isso,
escasso para quem tinha naturais aspirações à vitória, mas o nº1
português admitiu que o trabalho intenso de preparação física que
vem efectuando para os grandes desafios da época no Verão roubou-lhe
a energia que teria necessitado para jogar com maior frescura.
Na Corrida para o Dubai, Filipe Lima perdeu dois lugares, sendo
agora o 178º, ainda muito longe do ‘top-115’ que necessita para
manter o cartão do European Tour para 2011.
O Madeira Islands Open BPI Portugal foi alvo de uma cobertura
televisiva considerável, com resumos diários distribuídos pelo
European Tour que atingem os 220 milhões de lares em todo o Mundo,
num total de 460 horas de televisão. Esta cobertura televisiva
transformou o Madeira Islands Open BPI Portugal no evento desportivo
que mais promove a Região Autónoma da Madeira no exterior.
O 18º Madeira Islands Open BPI Portugal contou para o Ranking
Mundial de Golfe, para a Corrida para o Dubai (Ordem de Mérito do
European Tour) e para a tabela europeia da Ryder Cup que este ano,
no País de Gales, coloca uma vez mais em confronto as selecções da
Europa e dos Estados Unidos.
Classificação
O ‘top-five’ da classificação geral do Madeira Islands Open BPI
Portugal, após 72 buracos ao Porto Santo Golfe, está ordenado do
seguinte modo:
1º James Morrison (Inglaterra), 268 (67+65+66+70), -20, €116.660,00
2º Oliver Fisher (Inglaterra), 269 (67+72+65+65), -19, €77.770,00
3º George Murray (Escócia), 274 (66+67+68+73), -14, €43.820,0
4º Charles Russo (França), 275 (74+66+68+67), -13, €35.000,00
5º Alessandro Tadini (Itália), 276 (68+71+71+66), -12, €29.680,00
Português que passou o ‘cut’
5º Filipe Lima, 288 (66+75+70+77), Par, €2.310,00
Portugueses que não passaram o ‘cut’
84º Tiago Cruz, 146 (75+71), +2
91º António Rosado, 147 (75+72), +3
91º Hugo Santos, 147 (73+74), +3
91º Ricardo Santos, 147 (73+74), +3
91º Manuel Violas, 147 (76+71), +3*
126º Ricardo Melo Gouveia, 151 (73+78), +7*
135º António Sobrinho, 153 (78+75), +9
143º Nuno Campino, 155 (74+81), +11
146º António Dantas, 156 (77+79), +12
151º João Pedro Sousa, 159 (78+81), +15
152º Duarte Freitas, 161 (81+80), +17
153º Henrique Paulino, 163 (78+85), +19
154º Edgar Rodrigues, 183 (92+91), +39
* Amador
FILIPE LIMA
PAR (66+75+70+77 PANCADAS = 288)
«Comecei mal, “patei” muito mal no princípio, ralhei um bocadinho comigo
e depois não tinha vontade de jogar, mas no final vieram os birdies para
dar um sorriso.
«Com os erros aprende-se sempre. Não foi um dia para esquecer. Mas o
golfe é difícil, de vez em quando não dá. Comecei mal, zanguei-me, mas
não se pode zangar neste campo. O resultado está mal.
«Gosto do campo, é um bom campo, o torneio é bom e espero voltar cá de
novo para fazer um bom resultado.
«Claro que estou triste. Fazer cinco acima na última volta é sempre
chato. Sucedeu-me o mesmo há duas semanas em Espanha. Estava no top 10 e
acabei mal, por isso é aborrecido, mas sei que estou a fazer muitos
birdies, que é uma coisa que faltou nos outros anos, mas fazer bogeys é
outra coisa em que vou tentar cortar. Aconteceu, aconteceu. Tenho ainda
muito trabalho para fazer.
«Para a semana descanso um bocadinho. A seguir vou para a Coreia, depois
Sevilha e Itália. Os torneios grandes começam a chegar e eu, com o meu
preparador físico, estou a preparar mais para a época dos meses de Junho
e Julho.
«Hoje e sexta-feira custou-me um pouco jogar, porque me doíam as pernas.
Estamos a fazer um trabalho duro, sabia que iriam doer-me as pernas, mas
não pensava que estragasse tanto o meu jogo. Mas aceito. Isto faz parte
do trabalho para terminar forte a época.
«Os buracos dos primeiros nove buracos são complicados. Os bidies são
mais difíceis de fazer, por isso foi muito mau. Joguei muito mal esses
buracos. Não joguei mal por serem os primeiros, são difíceis, nada mais.
A culpa é minha, claro, mas não fazer quatro ou cinco abaixo na primeira
volta (primeiros nove buracos), como consigo fazer na segunda volta
(segundos).
«Estou a fazer uma preparação física muito forte, porque este ano vou
ter duas fases de quatro semanas seguidas de competição com torneios de
dois ou três milhões de euros, em Junho e Julho, e depois em Setembro e
Outubro. Estou a trabalhar para estar preparado. Não sei se a culpa por
ter jogador mal se fica a dever a esse facto, mas só espero é que no
final vá resultar.
«O melhor momento do torneio? Gostei muito do shot que fiz no 18, com a
madeira-3. Deu-me muito prazer ter feito aquele shot, que era muito
especial. Parecia o antigo Filipe Lima a atacar, a perder a cabeça nos
shots. Gostei daquele, mas também gostei de muitos outros shots que fiz.
O balanço é que adorei o campo, o tempo, o trabalho que a organização
teve para apresentar o campo nestas condições. Isto é o que destaco de
mais positivo desta semana. O pior momento do torneio? Os dois drives
fora do limite no buraco nº3. Não quero aquele buraco. Hoje não, mas nos
outros dias… Foi aí que fiquei de cabeça virada.
«Estou triste pelo país, por não ter feito um bom resultado, mas
sinto-me bem, sei que tenho de trabalhar ainda muito o meu swing para
não acontecer o que aconteceu. Sei que posso fazer muitos birdies agora;
o meu chip e o meu put estão muito bons, cada vez melhor, era isso que
faltava nos outros anos, agora é só estar no momento que quero».