«Preciso de uma boa volta para aproximar-me dos da frente. Sem vento,
mesmo que faça uma boa volta, poderá não ser suficiente. Há que ter
esperança de o vento impedir voltas com muitas pancadas abaixo do Par e
que eu seja capaz de jogar bem», acrescentou o algarvio de 29 anos, que
até começou da melhor maneira a segunda ronda.
Ricardo Santos partiu na co-liderança do torneio e arrancou logo birdies
nos buracos 2 e 3, tal como Fleetwood, mas enquanto o inglês terminou a
volta com 8 birdies, 1 eagle e isento de bogeys, o português perdeu 1
pancada no 12 e outra no 13: «No 12 fui ao bunker e o putt não era
fácil. No 13 falhei a saída de madeira-3 e o chip era complicado».
Novos birdies nos buracos 14 15 e 17 fizeram com que somasse tantos
quanto na véspera (5). A diferença foram os 3 bogeys, com o último a
surgir no 18. Embora tenha feito ‘green in regulation’, ficou com um
putt de 35 metros. «Ainda não tivera um putt tão grande neste campo e
não tinha as sensações certas», lamentou.
A luta pelo posto de nº1 do Challenge Tour pode ter ficado muito mais
complicada, porque Tommy Fleetwood é o actual nº2, está destacado na
liderança, a 3 pancadas do italiano Andrea Pavan, que conhece o campo
melhor do que ninguém porque representa do San Domenico Golf Club. Por
outro lado, Sam Little, o ainda nº1, está empatado com o mais novo dos
irmãos Santos, no 11º lugar.
Mas para Ricardo Santos, vencedor este ano no The Princess by Schucco,
na Suécia, o mais paradoxal é que até se sentiu a jogar melhor: «Gostei
mais do meu jogo de hoje, bati melhor na bola do que ontem, mas ontem
estive a 100% no jogo curto e hoje, se calhar, a apenas 90%. Em geral,
foi um dia positivo».
Situação algo semelhante viveu Filipe Lima, que teve um desabafo que
explica tudo: «É estranho, hoje joguei 3 abaixo do Par, melhor do que o
-2 de ontem, e perdi 5 lugares».
A ausência de vento nos dois primeiros dias funcionou como um
equalizador e Lima deseja que o vento sopre como quando jogou aqui há
dois anos: «Toda a gente gosta de me ver jogar com vento. Um dos motivos
porque treinei na Estela (e em Vidago) nos últimos tempos foi para me
preparar para o vento que previa. Parece que o vento vai soprar nos
últimos dias, sobretudo no último. Poderá ser horrível, porque é quando
há mais pressão».
O português residente em França também acredita que um vento mais forte
poderá separar as águas, trazer ao topo do leaderboard os melhores
jogadores, entre os quais se inclui. Ao contrário do 18º lugar de ontem,
Lima sabe que o 23º posto de hoje é preocupante para quem, como ele,
figura na 19ª posição do ranking do Challenge Tour e precisa de encerrar
a época no top-20 para juntar-se a Ricardo Santos no European Tour em
2012.
«Neste momento, queria estar ali pelos 7 abaixo do Par. O resultado de
-5 é justo, estou a esticar-me um bocadinho e não estou a gostar muito».
Tal como na primeira volta, Filipe Lima mostrou que sabe fazer birdies.
Hoje foram 4 (buracos 2, 4, 10 e 14) face aos 6 de ontem, mas ainda não
conseguiu uma volta isenta de bogeys. No primeiro dia foram 4 e hoje
apenas 1, no buraco 9, porque a segunda pancada foi parar a um rough à
direita do green e o pitch ficou curto, na gola do green.
O momento simultaneamente mais difícil e mais genial de Filipe Lima
aconteceu no 15 (Par-5). O segundo shot de madeira-3 fugiu à esquerda e
foi parar a um tufo de densa vegetação rasteira que rodeava um cacto.
Pensou várias vezes no que queria fazer e com receio de magoar o pulso
mas deu-lhe com tudo o que tinha e por pouco a bola não foi ao green,
caindo num bunker. O bunker-shot ficou a menos de um metro e o putt
salvou o Par.
No final do torneio saberemos se este Par salvo foi vital, mas o
português de 29 anos só pensava no eagle perdido: «Aquela madeira-3 era
perfeita à bandeira para eagle». Tem toda a razão porque, pensando que
tinha perdido a bola, deu uma provisória e a bola aterrou a uns 2 ou 3
metros da bandeira…
A volta de Filipe Lima acabou por ficar caracterizada pelo que poderia
ter sido. Fez birdies no 2 e no 4, mas como ele próprio salientou,
«houve putts para birdie no 1, 3, 5, 7, 11 (gravata), 12, 13 e 16. Tudo
putts de 3 e 4 metros. A esta distância só meti o birdie do 4. Tudo o
resto não entrou».
Amanhã, para a terceira volta, Filipe Lima parte às 09:26 horas com o
irlandês Simon Thorton e o italiano Federico Colombo, enquanto Ricardo
Santos integra o grupo das 09:59 horas, com o espanhol Jorge Campillo e
o escocês Chris Doak.
Hoje à noite, às 23 horas, a SportTV Golfe transmitirá um resumo do
segundo dia da Apulia San Domenico Grand Final do Challenge Tour.