O
torneio de 30 mil euros em prémios monetários, integrado no Ladies
European Tour Access Series (a segunda divisão feminina europeia), tem
uma nova líder, a norueguesa Tonje Daffinrud, totalmente desconhecida em
Portugal, mas que tem tudo para vir a ser uma grande jogadora, depois
de, nos últimos três anos, ter sido uma estrela do circuito
universitário norte-americano.
As 68 pancadas de Tonje Daffinrud, 4 abaixo do Par, são já o melhor
resultado de sempre nas três edições em que o Açores Ladies Open passou
pelo Batalha Golf Course. A norueguesa de 23 anos não fica, porém, com o
recorde do torneio porque, no ano passado, no campo do Clube de Golfe da
Ilha Terceira, a espanhola Mireia Prat entregou um espetacular cartão de
64 (-8).
As 74 pancadas de Leonor Bessa ontem (sexta-feira) igualaram a melhor
volta de uma portuguesa neste torneio, marca estabelecida por Susana
Ribeiro no ano passado, na Terceira.
Os principais resultados do 4º Açores Ladies Open, com apenas três
jogadoras a baterem o Par do Batalha Golf Course aos 36 buracos, são os
seguintes:
1ª Tonje Daffinrud (Noruega), 139 (71+68), -5
2ª Daniela Prorokova (República Checa), 140 (70+70), -4
3ª Caroline Rominger (Suíça), 141 (70+71), -3
21ª (empatada) Leonor Bessa (Portugal), 154 (74+80), +10
32ª (empatada) Mónia Bernardo (Portugal), 157 (80+77), +13 (falhou o cut
por 3)
A terceira e última volta inicia-se amanhã, às 9h00,
todas as jogadoras saem do buraco 1, Leonor Bessa sai logo no segundo
grupo, às 9h10, ao lado da italiana Vittoria Valvassori, enquanto o
último grupo, o das três primeiras classificadas, arranca às 10h30.
Leonor Bessa, estando no 21º lugar, visa agora o 19º posto de Sofia
Câmara em 2012, a melhor classificação de sempre de uma portuguesa neste
torneio.
Leonor Bessa sofreu
Um dia depois de ter sido a primeira portuguesa a entrar no top-ten de
uma volta de um torneio a contar para circuitos profissionais europeus,
Leonor Bessa apanhou um valente balde de água fria. E não estamos a
falar do literal “icce bucket challenge” que andou na moda neste verão,
mas do resultado de 80 pancadas, 8 acima do Par, com que fechou a
segunda volta, passando o cut mesmo à queima.
Desde que entregou o cartão, até surgirem os resultados finais, a
bicampeã nacional de sub-16 viveu uma boa hora e meia de espera e passou
momentos de natural ansiedade, sem saber se iria ou não continuar em
prova. Foi, então, ajudada a passar o tempo com Susana Ribeiro e Mónia
Bernardo.
Na partida para a segunda volta, Leonor Bessa era 9ª classificada, com 2
acima do Par mas o primeiro buraco (saiu do 10) foi logo um pesadelo. O
facto de no dia anterior ter feito ali 1 bogey, devido a dificuldades no
segundo “shot”, associado à excitação e ansiedade de estar no top-ten,
levou-a a 1 triplo-bogey.
«Qualquer pessoa ficaria afetada com esse início e a partir daquele
momento foi sempre a correr atrás do prejuízo, o que nunca é bom. É
claro que ela precisou de algum tempo para assentar mas depois reagiu
bem», disse o seu caddie, José Nicolau de Melo, um dos melhores
jogadores do VerdeGolf Country Club, que conhece o campo como poucos e
que, no ano passado, fez parte da seleção amadora da Federação
Portuguesa de Golfe que venceu a Taça Manuel Agrellos.
Foi um dia de sofrimento para a jogadora do Club de Golf de Miramar. Ao
triplo, somou logo outro bogey no buraco 11 e mais vieram no 14 e no 15,
para enfrentar novo pesadelo no 18, donde só saiu com outro triplo-bogey.
Foi um front nine (o percurso A do Batalha) terrível, cumprido em 45
pancadas, 9 acima do Par.
Nessa altura, muitas jogadoras teriam entrado em pânico. Não só estava
bem fora do cut provisório, como começava a tombar para o fundo da
tabela. Veio então um birdie providencial no buraco 1. Era o seu 1º do
dia e o 3º torneio. Na altura, Leonor não sabia, mas foi o que lhe deu o
apuramento para os 18 buracos de amanhã. A partir daí assentou, não
perdeu mais nenhuma pancada e cumpriu o back nine (percurso C) em 35
(-1).
Mónia Bernardo, apesar de continuar a competir, é sobretudo uma
treinadora, no Sheraton Pine Cliffs, e foi com esses olhos de técnica
que analisou a prestação da sua jovem compatriota: «O que houve hoje foi
ansiedade. Só isso não a deixou fazer um bom resultado e também um pouco
a sua falta de experiência. A Leonor vai ser uma grande jogadora. Não há
nenhuma miúda portuguesa que consiga bater na bola tão bem como ela.
Posso dizer que é a melhor batedora de bola de Portugal. Agora, só tem
de ganhar estratégia, melhorar o jogo dos 50 metros para dentro. Ela é
já uma boa jogadora, mas vai ser muito melhor».
Quando Leonor Bessa deu a entrevista à SportTV já estava claramente
aliviada, orgulhosa do feito, mas, ainda assim, consciente de que não
tinha sido um bom dia: «Fiquei feliz (passar o cut), porque era um dos
meus objetivos, mas hoje não fiquei satisfeita com o meu jogo. Joguei
bastante mal nos primeiros nove buracos, mas nos segundos nove joguei
com 1 abaixo do Par».
A
jogadora de Miramar é, aos 16 anos, a mais jovem portuguesa de sempre a
passar um cut em torneios do LET (1ª divisão europeia) ou do LETAS (2ª
divisão) mas recusou qualquer protagonismo na comparação com as suas
compatriotas: «Se todas tivéssemos passado o cut é que teria sido
brilhante. Não fico nada contente por a Mónia não ter passado. Ela
merece, é muito boa jogadora, é uma referência para mim, mas é claro que
me sinto contente por eu ter cumprido este objetivo».
Em relação ao seu jogo, a bicampeã nacional de sub-16 queixa-se de ainda
não ter sido capaz de uma volta em que todos os compartimentos de golfe
estejam afinados. Ontem tinha-se queixado do jogo de ferros, mas ficara
satisfeita com o putt. E hoje?
«Hoje foi totalmente ao contrário. Hoje “patei” bastante pior,
principalmente os putts curtos. O jogo de ferros esteve muito mais
consistente, principalmente o voo de bola, o que me dá uma certa
confiança para amanhã», explicou.
E
a irmã de Tomás Bessa sabe bem o que gostaria de fazer amanhã: «O
objetivo será jogar abaixo do Par. Estou confiante de que vai ser um
grande dia».
Mónia Bernardo celebra 38º aniversário
Mónia Bernardo não celebrou o seu 38º aniversário como desejaria, com a
passagem do cut, ela que até já conseguiu esse feito num Portugal Ladies
Open do LET (a primeira divisão). Pelo menos, não ficou totalmente
desagradada com a sua volta de 77 (+5). Foram 3 bogeys no front nine,
outros 3 no back nine e 1 birdie.
«Hoje dei uma ideia mais correta do meu jogo. Ontem não tinha estado
nada bem nos putts. Agora, analisando com calma, recordando os shots
perdidos ontem e observando o meu nível de hoje, julgo que teria podido
passar o cut sem problema.
«Estou a bater bem na bola, em termos de distância, não vejo grande
diferença para as outras, pelo que foi só mesmo os putts não terem
entrado e isso faz uma grande diferença», disse.
Tal como há dois anos, não irá jogar no terceiro dia mas apreciou este
regresso a São Miguel: «Tivemos um tempo maravilhoso, o campo é lindo e
da outra vez em que estivemos cá não tínhamos tido oportunidade de ver
isso (pelos dois furacões que fustigaram o torneio), o campo é magnífico
e está em excelentes condições e, é claro, celebrar o aniversário aqui é
sempre bom. Só o resultado poderia ter sido melhor».
Tonje Daffinrud sabe o que é ganhar
Tonje Daffinrud, a líder do 4º Açores Ladies Open, só se tornou
profissional há um mês e marcou de tal forma a sua presença – com três
top-ten nos últimos três torneios que jogou no LETAS – que já foi
convidada para jogar o Open da África do Sul dentro de duas semanas, um
prestigiado torneio a contar para o LET, onde ela quer estar a jogar em
muito pouco tempo.
«Hoje tive um grande dia de golfe. Fui muito estável, não cometi muitos
erros e fui capaz de concentrar-me em cada pancada», disse a antiga
campeã nacional amadora da Noruega.
«É claro que estou contente por liderar o torneio. É por isso que estou
aqui. Em todos os torneios em que participo tento estabelecer como
objetivo ganhar. Tento não pensar demasiado nos resultados, porque sei
que se me tiver preparado bem, poderei jogar agressiva e fazer birdies.
Vim mesmo cá para ganhar», acrescentou a vencedora de dois torneios do
circuito universitário americano, um dos quais o prestigiado Campeonato
da Conferência Oeste.
«Hoje só dei um mau shot e até nesse consegui recuperar para não perder
muitas pancadas (o bogey no buraco 4). Estava a “patar” realmente bem,
consegui ter oportunidades e aproveitei-as», referindo-se aos 5 birdies
carimbados.
Tonje Daffinrud está a jogar pela primeira vez no Batalha Golf Course e
gosta do que viu: «É um campo manhoso, traiçoeiro. Não é muito longo,
tem de ser-se muito regular do tee e é preciso saber ficar em posição de
poder atacar as bandeiras. Nos greens há que conhecer bem o relevo
porque se ficamos do lado errado do green enfrentamos problemas».
A
jogadora dos Pioneers da Universidade de Denver licenciou-se este ano e
regressou à Europa para tornar-se profissional. Na sua carreira amadora,
foi vice-campeã europeia, jogou o Campeonato do Mundo pela Noruega, foi
convocada para a Junior Solheim Cup pela seleção da Europa, e no
circuito universitário americano teve 8 top-ten, incluindo 2 títulos
individuais, merecendo variadas distinções na Conferência Oeste.
«Tive uma boa carreira amadora, terminei no 9º lugar no ranking
universitário nos Estados Unidos, mas agora estou é mesmo super motivada
e muito entusiasmada por iniciar uma carreira profissional e por fazer
disto a minha vida», assegurou. Amanhã, poderá conquistar o seu primeiro
título desde que assumiu este novo estatuto.
Noticias Anteriores:
Leonor Bessa primeira
portuguesa no Top-10
9 das Top-10 em São Miguel
4 campeãs suecas em São Miguel
Equipa de
arbitragem de luxo em São Miguel
Três campeãs
nacionais competem no Batalha
Press-release
Golfstream
4 de Outubro 2014
Voltar