James
Morrison, que defende o título, e outros quatro antigos
campeões da prova arrancam amanhã (quinta-feira) para o 19º
Madeira Islands Open Portugal com o firme propósito de
igualarem o sueco Mats Lanner, o único a vencer por duas
vezes este torneio do European Tour, de 700 mil euros em
prémios monetários, que a Sociedade de Desenvolvimento do
Porto Santo organiza no Porto Santo Golfe pelo terceiro ano
consecutivo.
«É óptimo regressar. Tenho excelentes memórias da minha
vitória do ano passado e quando entrei nos portões do clube
tudo isso me veio à cabeça. Só desejo que o resultado seja o
mesmo no próximo domingo à noite», disse o inglês de 26
anos, que terminou a época de 2010 no 61º lugar da Corrida
para o Dubai (a antiga ordem de mérito europeia), ou seja,
apenas a um lugar fora da qualificação para o Campeonato do
Mundo do Dubai.
James Morrison concluiu a 18ª edição com um fantástico
resultado de 20 abaixo do Par e pode tornar-se no primeiro
jogador a vencer em dois anos seguidos o torneio patrocinado
pelo Turismo Madeira e pelo Turismo Portugal, dado que Mats
Lanner venceu no Clube de Golfe do Santo da Serra em 1994 e
1998.
Morrison é o grande favorito deste ano, mas como ele próprio
explicou, no ano passado estava longe de fazer parte dos
candidatos e liderou a prova de sexta-feira a domingo: «Os
favoritos significam muito pouco no golfe. Qualquer um pode
ganhar em qualquer semana».
E porque não algum dos outros quatro ex-campeões da prova, o
escocês Alastair Forsyth (2008), o argentino Daniel Vancsik
(2007), o sueco Jarmo Sandelin (1996) e o espanhol Santiago
Luna (1995)?
Forsyth não mais regressou ao Madeira Islands Open Portugal
desde a sua vitória no Santo da Serra em 2008, quando bateu
o sul-africano Hennie Otto num ‘play-off’.
«É a primeira vez que venho ao Porto Santo Golfe, mas estou
na expectativa de ver como jogarei aqui, até porque é um
campo lindo. É sempre simpático regressar como alguém que já
venceu o torneio, embora a sensação seja diferente num
torneio que se jogue sempre no mesmo campo», comentou
Forsyth, de 35 anos, que vem de um excelente 4º lugar no
Iberdrola Open, em Maiorca, na semana passada.
Daniel Vancsic concorda que «é óbvio que o campo não é o
mesmo», mas acrescentou logo que «é o mesmo país». «Tenho
boas memórias da vitória no Santo da Serra em 2007 e seria
fantástico ganhar de novo o torneio neste campo. Vou fazer
tudo o que estiver ao meu alcance», prometeu o argentino de
34 anos, que regressou recentemente ao treinador do tempo em
que venceu na Madeira, sentindo-se, por isso, «com mais
confiança no swing».
Em memória de Seve Ballesteros
Quando o Madeira Islands Open Portugal se transferiu do
Santo da Serra para o Porto Santo, em 2009, Severiano
Ballesteros enviou uma mensagem para ser lida na conferência
de imprensa de apresentação do torneio e na cerimónia de
entrega de prémios do ‘Pro-Am’.
Nessa altura Seve estava em pleno combate do cancro no
cérebro que acabaria por vitimá-lo este ano e não se pode
deslocar ao Porto Santo, uma ilha que ele designou como «um
pedaço de terra que é um autêntico paraíso para desenhar um
campo de golfe».
A sua mensagem comoveu todos os presentes e mereceu um
enorme aplauso, mas as emoções estarão ainda mais ao rubro
quando esta tarde se realizar uma cerimónia de eternizar o
nome do campeoníssimo espanhol numa rocha situada no ‘tee’
do buraco 14, com uma arrebatadora vista para o Oceano
Atlântico.
Já agora, acrescente-se que o European Tour está a pensar
alterar o seu logo, que recorda Harry Vardon (1870-1937), o
recordista de 6 títulos do British Open, adoptando a imagem
icónica de Seve Ballesteros quando ganhou o British Open em
St. Andrews em 1984.
Essa imagem, de punho cerrado, tornou-se no logo da empresa
Amen Corner de Ballesteros, que organizou três edições deste
mesmo Madeira Islands Open Portugal, tatuou-a no seu braço e
o Porto Santo Golfe apresenta-a mesmo à entrada da Clubhouse
num baixo-relevo metálico descerrado em 2009 pelo
vice-presidente da Região Autónoma da Madeira, João Cunha e
Silva.
O facto de se jogar o 19º Madeira Islands Open Portugal num
percurso de 18 buracos desenhado pelo melhor golfista
europeu de sempre, exactamente uma semana depois do seu
funeral, não poderia deixar indiferentes as principais
figuras presentes.
«O campo que ele desenhou aqui é fantástico e estou ansioso
por voltar a competir nele. O Seve foi um grande embaixador
do golfe europeu e digo isto mesmo sem tê-lo visto no seu
melhor, pois era muito jovem. Todos nutrem um enorme
respeito por ele», afirmou James Morrison, campeão de 2010.
«O Seve está, naturalmente, na mente de muitas pessoas esta
semana, aqui, em Porto Santo e é assim que deve ser. Foi um
toque comovente terem colocado um canteiro de flores cujo
conjunto forma o nome “Seve” nas costas do ‘tee’ do buraco
12 (com vista para a esplanada da Clubhouse). Ainda não
joguei no campo, mas parece espectacular e só tenho ouvido
coisas boas dele», acrescentou Alastair Forsyth, o campeão
de 2008.
«É uma semana muito especial porque foi o Seve quem desenhou
o campo e todos os 156 jogadores querem ganhar por ele»,
sublinhou Daniel Vancsik, o campeão de 2007.
Nem os portugueses estão imunes às emoções e Filipe Lima
considera o campo «um desafio, um percurso muito bonito, com
alguns grandes buracos que são mesmo típicos do Seve,
sobretudo o 13 (Par-3 de 183 metros, sobre a falésia). Nunca
joguei com o Seve, mas falei com ele muitas vezes durante o
Trophée Lancôme em St.-Nom-la-Bretèche (o campo de Lima em
Paris). Nunca me esqueço como sempre me impressionou ele
enfatizar que quando mais se trabalhar, maiores serão as
recompensas».
Boa lista de inscritos
O primeiro torneio português de 2011 no European Tour, a I
Divisão do golfe profissional europeu, e o mais importante
do ano no Challenge Tour (II Divisão), iniciou-se hoje
(quarta-feira) com o ‘Pro-Am’ que só irá terminar esta
noite.
A competição para profissionais disputa-se até domingo, com
as saídas dos buracos 1 e 10, às 08:00 horas.
Na opinião do director do Porto Santo Golfe, Mário Silva,
estamos perante uma boa lista de inscritos, «com 34
jogadores que venceram torneios do European Tour num total
de 65 títulos, 44 campeões de torneios do Challenge Tour num
total de 79 títulos, 13 jogadores do ‘top-100’ da Corrida
para o Dubai, 9 dos 10 primeiros do ‘ranking’ do Challenge
Tour e 25 países representados».
Mário Silva chama a atenção para a representação de países
emissores de turistas para a Madeira em geral e para o Porto
Santo em particular, com destaque para Itália que tem
ligação aérea directa à Ilha Dourada.
«Este ano estamos a calcular superar as duas mil voltas de
golfe vendidas só a jogadores italianos. É por isso que
também privilegiámos a atribuição de alguns ‘wild cards’ a
jogadores transalpinos, casos de Federico Eli, Matteo
Delpoddio e Alessio Bruschi», informou o director do campo.
Lorenzo Gagli, Alessandro Tadini, Federico Colombo, Emanuele
Canonica e Andrea Perrino entraram directamente no torneio e
a presença de tantos italianos já fez com que mais um
‘charter’ viesse daquele país com turistas que desejam ver
os seus compatriotas em acção.
Os portugueses presentes são os profissionais Filipe Lima,
Ricardo Santos, Hugo Santos, Nuno Campino, Sean Hawker e
Duarte Freitas (este último madeirense) e o campeão nacional
amador, Gonçalo Pinto.
O 19º Madeira Islands Open Portugal conta para a Corrida
para o Dubai do European Tour, para o ‘Ranking’ do Challenge
Tour e para o mundial.