Muito mudou no golfe português em onze meses. Há um ano, Filipe Lima era
o indiscutível nº1 português, estatuto que detinha desde passou a
representar a Federação Portuguesa de Golfe em finais de 2004. Era ainda
membro do European Tour e chegou a andar pela 3ª posição do leaderboard
do Portugal Masters.
Ricardo Santos era apenas o nº3 do Ranking da PGA de Portugal, jogava no
Challenge Tour com uma categoria que nem lhe permitia entrar em todos os
torneios e partiu para a última volta do Portugal Masters no grupo dos
6º classificados.
Lima e Santos, com apenas um ano a separá-los, partilhavam o mesmo
empresário (Pedro Ribeiro) e a mesma psicóloga (Zoe Chamberlain), mas
admitiam uma rivalidade saudável.
«Estou muito contente por Ricardo estar a jogar bem, fez um bom trabalho
hoje. É bom até para o público, que desta forma tem duas pessoas para ir
atrás. Acho muito bem, mas amanhã não vou deixá-lo passar à frente. O
número um é só um», dizia Lima no final da terceira volta de 2010,
quando ocupava o 24º posto.
Um dos aliciantes do último dia do Portugal Masters de 2010 foi esse
duelo luso e Lima lá cumpriu a palavra, terminando em 36º (-10), à
frente do mais novo dos irmãos Santos, em 48º (-8), depois de uma última
volta em 77 pancadas.
«Tenho a certeza absoluta de nunca ter feito 5 acima aqui no Victoria.
Quem está habituado a jogar comigo sabe que mesmo jogando mal não me
recordo de fazer +5. Mas são emoções diferentes, é tudo diferente. São
emoções acrescidas. Temos de saber tirar lições destes dias e aproveitar
para os próximos torneios», disse há um ano Ricardo, admitindo ter
sucumbido ao nervosismo de lutar por um título com a importância do
Portugal Masters.
A lição foi, sem dúvida, aprendida e várias vezes Ricardo Santos tem
declarado que o Portugal Masters foi um ponto de viragem na sua
maturidade competitiva.
Este ano, voltará a sentir a pressão de jogar em casa, no campo onde
treina e que representa, perante a família, amigos e todos os
portugueses que querem vê-lo de novo no top-10 na entrada para os
últimos 18 buracos.
«O Portugal Masters é muito especial para mim. No ano passado senti à
minha volta um ambiente de quase Ryder Cup. Estou a jogar na minha casa
e há um elevadíssimo prize-money em jogo», diz Ricardo Santos, que, ao
lado do seu irmão Hugo, qualificou Portugal para a Omega Mission Hills
World Cup, em Novembro, na China.
A diferença é que em 2011 é ele o nº1 do Ranking da PGA de Portugal e o
nº2 do Challenge Tour, depois de ter sido o nº1 durante quase dois
meses, no seguimento do triunfo no The Princess by Schucco, na Suécia.
A aliciante rivalidade Santos-Lima está agora invertida. O algarvio está
na frente do português residente em França nos rankings da PGA de
Portugal e do Challenge Tour.
Mas Lima andou no top-10 do leaderboard do Portugal Masters nos dois
últimos anos e poderá mostrar de novo que é no Oceânico Victoria que
joga algum do seu melhor golfe. Um grande resultado em Vilamoura
fá-lo-ia esquecer a grave lesão nas costas que o afastou da competição
em Julho e Agosto.
E se Ricardo Santos já tem garantido o acesso ao European Tour de 2012
via Challenge Tour, Filipe Lima sabe que ainda não tem o cartão
garantido e um top-3 no Portugal Masters poderia dar-lhe essa
tranquilidade.