«Não sei exatamente que importância este título poderá vir a ter na
minha carreira, mas acho que é muito importante, por ser a primeira
grande vitória que tenho», disse ao programa Golf Report da SIC
Notícias, depois de somar 205 pancadas, 11 abaixo do Par, batendo por 2
o dinamarquês de apenas 16 anos, Christoffer Bring, que saiu de Palmela
com o recorde do campo do Montado, as 65 pancadas (-7) da primeira
volta.
O extrovertido transalpino de barba rala, é mais eloquente com os tacos
na mão do que quando vê uma câmara de televisão à frente. Aí torna-se
mais lacónico, mas no campo efetuou hoje «a melhor volta do torneio,
afinal, sempre foram 8 birdies», em 68 pancadas, 4 abaixo do Par, apesar
de ter sido «o dia mais difícil», devido ao vento que se fez,
finalmente, sentir e ao posicionamento mais desafiador das bandeiras.
«Joguei os primeiros nove buracos em 4 abaixo do Par e nos segundos nove
buracos andei a variar entre birdies e bogeys», relatou. Quando dobrou o
front nine, já liderava por 2 pancadas face ao líder dos dois últimos
dias, o bicampeão europeu Ashley Chesters.
Segurar esse comando foi mais difícil, pois andou mesmo em constantes
oscilações com birdies nos buracos 10, 12, 14 e 17, e bogeys nos 11, 13,
15 e 16. O título ficou praticamente decidido quando o inglês Chesters
sofreu bogey e duplo-bogey no 14 e no 15. «Houve uma muito boa lista de
inscritos (no torneio) e sim, por isso, a satisfação (da vitória) é
maior».
Um dos segredos bem guardados da vitória de Paolo Ferraris foi ter
levado como caddie um dos dois treinadores da seleção nacional italiana,
Federico Bisazza (o outro é Alberto Binaghi). «O meu treinador foi um
caddie muito importante», disse no seu estilo de frases curtas.
Federico Bisazza foi mais expressivo: «No ano passado eu fiz de caddie
do Renato Paratore, portanto, são vitórias back-to-back (consecutivas) e
já posso dizer que conheço bem o campo. Este campo deve ser jogado do
fairway e assim deixa de ser um campo difícil. Agora, se começamos a
jogar à direita e à esquerda aí torna-se realmente complicado. Ora o
Paolo é um jogador muito regular, não é longo, faz muitos fairways,
muitos greens e pata bem».
Características que lhe valeram, para além dos Internacionais de
Portugal (2015) e da Turquia (2014), as vitórias no Campeonato de Itália
de Match Play (2012) e da Coppa d’Oro Città di Roma (2014), bem como
resultados importantes na época transata nos Campeonatos Internacionais
Amadores de Itália (3º lugar) e Áustria (7º).
Renato Paratore passou a profissional no ano em que venceu o Portuguese
Amateur, mas este Paolo Ferraris é mais imprevisível, como reconhece
Federico Bisazza: «Honestamente, não sei que futuro terá este jogador,
porque o Paolo já trabalha em Itália, com o seu pai, numa empresa, pelo
que não sei se continuará como amador ou se passará a profissional».
Quem não tem para já planos desses é Pedro Lencart, de apenas 14 anos,
mas há já lampejos no jogo do português que deixam adivinhar um futuro
promissor na modalidade. Hoje igualou o Par-72 do traçado redesenhado
por Santana da Silva e o resultado não mostra exatamente a qualidade
revelada no campo.
«Em termos técnicos ele foi absolutamente perfeito. Poderia ter acabado
hoje, facilmente, com 3, 4 ou 5 abaixo do Par, pois criou muitas
oportunidades e criou-as nos sítios certos, nos buracos certos e isso
deve ser realçado. O resultado não mostra o que ele fez em campo»,
comentou o selecionador nacional Nuno Campino.
«Hoje senti que joguei muito bom golfe, mas dei alguns maus shots e os
últimos buracos não me correram muito bem, não me deixando fazer um
melhor resultado», corroborou o próprio bicampeão nacional de sub-14 que
estava, naturalmente, satisfeito com o 29º posto, a Par do campo (voltas
de 74, 70 e 72), empatado com o francês Pierre Mazier: «Acho que foi uma
boa prestação. Poderia ter sido melhor mas o Par do campo não é mau.
Estou contente, como é óbvio, mas não estou espantado, porque tenho
trabalhado bem e não me surpreende conseguir fazer este resultado.
Apesar de novo, treino muito desde os 7 ou 8 anos, sempre tive uma
grande paixão pelo desporto e tenho um grande treinador, o Nelson
Ribeiro, que muito me tem ajudado e que hoje foi o meu caddie».
Se todos concordam que Pedro Lencart foi brilhante, não será o 29º lugar
(entre 120 participantes) escasso para tão bom jogo? A resposta, de
certo modo evidente, é dada pelo seu treinador no Club de Golf de
Miramar, Nelson Ribeiro: «Quando vemos o Pedro acabar a Par do campo no
agregado de 3 dias temos sempre de lembrar-nos que o Pedro só tem 14
anos e não podemos pedir a um jovem desta idade que tenha o rendimento
de um jogador de 20 ou de 25 anos. O Pedro falhou hoje três shots em 18
buracos, o que mostra bem da consistência que já tem com esta idade.
Três shots em que tem de fazer a bola voar 50% e fazer rolar 50%. Esteve
sempre a 18 metros da bandeira e nesses três buracos fez bogey, bogey e
duplo».
Nuno Campino acrescenta: «Ele jogou hoje 14 ou 15 buracos a um nível
elevadíssimo. Chegou a andar a 3 abaixo do Par. O importante de realçar
é que, neste torneio, em 52 buracos, ele conseguiu jogar abaixo do Par
(-2). Depois nos dois últimos buracos do torneio fez 3 putts no 17 e no
18 falhou no sítio errado onde não podia falhar (o approach deixou a
bola no rough à esquerda do green), porque dali é difícil fazer shot e
putt para salvar o Par e acabar abaixo do Par. Mas não deixa de ser uma
prestação notável para o Pedro. Ele é só um miúdo».
«Eu vinha a jogar muito bem, mas tive umas distrações no meio e depois
quis acabar bem no último buraco, para ficar abaixo do Par no torneio.
Infelizmente não consegui e só tenho de trabalhar mais para da próxima
vez correr melhor», disse o próprio.
O 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino teve também
uma Taça das Nações, ganha pela Inglaterra de Ashley Chesters, Adam
Chapman e Daniel Brown, com 274 pancadas, 14 abaixo do Par. Portugal
jogou com três formações e a melhor foi a de Pedro Lencart, João Girão e
Afonso Girão, no 11º posto (entre 18 formações), com 290 (+2).
Na cerimónia de entrega de prémios estiveram presentes o presidente da
FPG, Manuel Agrellos, o diretor do Montado Hotel & Golf Resort, Marco
Andrade, e o diretor-técnico nacional, João Coutinho.
Manuel Agrellos considerou importante sublinhar que «Portugal tem tido
em anos anteriores melhores resultados neste torneio, mas os nossos
melhores jogadores passaram a profissionais no ano passado e esta
seleção nacional é agora formada por jogadores muito jovens, pelo que
estamos numa fase de renovação de valores e estes já mostraram
qualidade. Vão dar-nos muitas alegrias».
Recorde-se que foi a terceira vez que o Campeonato Internacional Amador
de Portugal foi reduzido a três voltas, depois de 2009 (em Troia, no
torneio masculino) e 2013 (no Montado, no evento feminino).
Resultados e classificações
Os principais finais, de um torneio reduzido a 54 buracos, foram os
seguintes:
Campeão1º Palo Ferraris (Itália), 205 (70+67+68), -11.
Vice-campeão
Cristoffer Bring (Dinamarca), 207 (65+72+70), -9.
Português a passar o cut
29º (empatado) Pedro Lencart, 216 (74+70+72), Par.
Portugueses fora do cut
53º (empatado) João Ramos, 146 (75+71), +2.
53º (empatado) João Girão, 146 (73+73), +2.
58º (empatado) Gonçalo Costa, 147 (73+74), +3.
77º (empatado) Afonso Girão, 149 (76+73), +5.
91º (empatado) Tomás Bessa, 151 (77+74), +7.
91º (empatado) Vítor Lopes, 151 (74+77), +7.
97º (empatado) João Magalhães, 152 (75+77), +8.
101º (empatado) Renato Ferreira, 153 (75+78), +9.
112º José Maria Cunha, 156 (78+78), +12.
113º Tomás Silva, 159 (77+82), +15.
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Press-Release
Gab. Imprensa F.P.G..
13 de fevereiro 2015
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