85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino

PAOLO FERRARIS CAMPEÃO, PEDRO LENCART 29º

O italiano Paolo Ferraris, de 21 anos, sagrou-se hoje (Sábado) vencedor do 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino, sucedendo no palmarés de campeões ao seu compatriota Renato Paratore. Pedro Lencart, de apenas 14 anos, subiu do 32º ao 29º lugar, depois de, na véspera, ter sido o único português a passar o cut, dos 12 que iniciaram a prova no Hotel & Golf Resort, em Palmela.

Paolo Ferraris conquistou o seu segundo título em eventos da Associação Europeia de Golfe, a contarem para o ranking mundial amador, depois de, no ano passado, ter sido 1º na 13ª edição do Campeonato Internacional da Turquia. Mas o peso da história do torneio português e o facto de no ano passado ter sido um compatriota a ganhar – e logo Paratore, que, entretanto, já compete no European Tour – faz com que valorize um pouco mais o triunfo de hoje. 

 

«Não sei exatamente que importância este título poderá vir a ter na minha carreira, mas acho que é muito importante, por ser a primeira grande vitória que tenho», disse ao programa Golf Report da SIC Notícias, depois de somar 205 pancadas, 11 abaixo do Par, batendo por 2 o dinamarquês de apenas 16 anos, Christoffer Bring, que saiu de Palmela com o recorde do campo do Montado, as 65 pancadas (-7) da primeira volta. 

O extrovertido transalpino de barba rala, é mais eloquente com os tacos na mão do que quando vê uma câmara de televisão à frente. Aí torna-se mais lacónico, mas no campo efetuou hoje «a melhor volta do torneio, afinal, sempre foram 8 birdies», em 68 pancadas, 4 abaixo do Par, apesar de ter sido «o dia mais difícil», devido ao vento que se fez, finalmente, sentir e ao posicionamento mais desafiador das bandeiras. 

«Joguei os primeiros nove buracos em 4 abaixo do Par e nos segundos nove buracos andei a variar entre birdies e bogeys», relatou. Quando dobrou o front nine, já liderava por 2 pancadas face ao líder dos dois últimos dias, o bicampeão europeu Ashley Chesters. 

Segurar esse comando foi mais difícil, pois andou mesmo em constantes oscilações com birdies nos buracos 10, 12, 14 e 17, e bogeys nos 11, 13, 15 e 16. O título ficou praticamente decidido quando o inglês Chesters sofreu bogey e duplo-bogey no 14 e no 15. «Houve uma muito boa lista de inscritos (no torneio) e sim, por isso, a satisfação (da vitória) é maior». 

Um dos segredos bem guardados da vitória de Paolo Ferraris foi ter levado como caddie um dos dois treinadores da seleção nacional italiana, Federico Bisazza (o outro é Alberto Binaghi). «O meu treinador foi um caddie muito importante», disse no seu estilo de frases curtas. 

Federico Bisazza foi mais expressivo: «No ano passado eu fiz de caddie do Renato Paratore, portanto, são vitórias back-to-back (consecutivas) e já posso dizer que conheço bem o campo. Este campo deve ser jogado do fairway e assim deixa de ser um campo difícil. Agora, se começamos a jogar à direita e à esquerda aí torna-se realmente complicado. Ora o Paolo é um jogador muito regular, não é longo, faz muitos fairways, muitos greens e pata bem». 

Características que lhe valeram, para além dos Internacionais de Portugal (2015) e da Turquia (2014), as vitórias no Campeonato de Itália de Match Play (2012) e da Coppa d’Oro Città di Roma (2014), bem como resultados importantes na época transata nos Campeonatos Internacionais Amadores de Itália (3º lugar) e Áustria (7º). 

Renato Paratore passou a profissional no ano em que venceu o Portuguese Amateur, mas este Paolo Ferraris é mais imprevisível, como reconhece Federico Bisazza: «Honestamente, não sei que futuro terá este jogador, porque o Paolo já trabalha em Itália, com o seu pai, numa empresa, pelo que não sei se continuará como amador ou se passará a profissional». 

Quem não tem para já planos desses é Pedro Lencart, de apenas 14 anos, mas há já lampejos no jogo do português que deixam adivinhar um futuro promissor na modalidade. Hoje igualou o Par-72 do traçado redesenhado por Santana da Silva e o resultado não mostra exatamente a qualidade revelada no campo. 

«Em termos técnicos ele foi absolutamente perfeito. Poderia ter acabado hoje, facilmente, com 3, 4 ou 5 abaixo do Par, pois criou muitas oportunidades e criou-as nos sítios certos, nos buracos certos e isso deve ser realçado. O resultado não mostra o que ele fez em campo», comentou o selecionador nacional Nuno Campino. 

«Hoje senti que joguei muito bom golfe, mas dei alguns maus shots e os últimos buracos não me correram muito bem, não me deixando fazer um melhor resultado», corroborou o próprio bicampeão nacional de sub-14 que estava, naturalmente, satisfeito com o 29º posto, a Par do campo (voltas de 74, 70 e 72), empatado com o francês Pierre Mazier: «Acho que foi uma boa prestação. Poderia ter sido melhor mas o Par do campo não é mau. Estou contente, como é óbvio, mas não estou espantado, porque tenho trabalhado bem e não me surpreende conseguir fazer este resultado. Apesar de novo, treino muito desde os 7 ou 8 anos, sempre tive uma grande paixão pelo desporto e tenho um grande treinador, o Nelson Ribeiro, que muito me tem ajudado e que hoje foi o meu caddie». 

Se todos concordam que Pedro Lencart foi brilhante, não será o 29º lugar (entre 120 participantes) escasso para tão bom jogo? A resposta, de certo modo evidente, é dada pelo seu treinador no Club de Golf de Miramar, Nelson Ribeiro: «Quando vemos o Pedro acabar a Par do campo no agregado de 3 dias temos sempre de lembrar-nos que o Pedro só tem 14 anos e não podemos pedir a um jovem desta idade que tenha o rendimento de um jogador de 20 ou de 25 anos. O Pedro falhou hoje três shots em 18 buracos, o que mostra bem da consistência que já tem com esta idade. Três shots em que tem de fazer a bola voar 50% e fazer rolar 50%. Esteve sempre a 18 metros da bandeira e nesses três buracos fez bogey, bogey e duplo». 

Nuno Campino acrescenta: «Ele jogou hoje 14 ou 15 buracos a um nível elevadíssimo. Chegou a andar a 3 abaixo do Par. O importante de realçar é que, neste torneio, em 52 buracos, ele conseguiu jogar abaixo do Par (-2). Depois nos dois últimos buracos do torneio fez 3 putts no 17 e no 18 falhou no sítio errado onde não podia falhar (o approach deixou a bola no rough à esquerda do green), porque dali é difícil fazer shot e putt para salvar o Par e acabar abaixo do Par. Mas não deixa de ser uma prestação notável para o Pedro. Ele é só um miúdo». 

«Eu vinha a jogar muito bem, mas tive umas distrações no meio e depois quis acabar bem no último buraco, para ficar abaixo do Par no torneio. Infelizmente não consegui e só tenho de trabalhar mais para da próxima vez correr melhor», disse o próprio. 

O 85º Campeonato Internacional Amador de Portugal Masculino teve também uma Taça das Nações, ganha pela Inglaterra de Ashley Chesters, Adam Chapman e Daniel Brown, com 274 pancadas, 14 abaixo do Par. Portugal jogou com três formações e a melhor foi a de Pedro Lencart, João Girão e Afonso Girão, no 11º posto (entre 18 formações), com 290 (+2). 

Na cerimónia de entrega de prémios estiveram presentes o presidente da FPG, Manuel Agrellos, o diretor do Montado Hotel & Golf Resort, Marco Andrade, e o diretor-técnico nacional, João Coutinho. 

Manuel Agrellos considerou importante sublinhar que «Portugal tem tido em anos anteriores melhores resultados neste torneio, mas os nossos melhores jogadores passaram a profissionais no ano passado e esta seleção nacional é agora formada por jogadores muito jovens, pelo que estamos numa fase de renovação de valores e estes já mostraram qualidade. Vão dar-nos muitas alegrias». 

Recorde-se que foi a terceira vez que o Campeonato Internacional Amador de Portugal foi reduzido a três voltas, depois de 2009 (em Troia, no torneio masculino) e 2013 (no Montado, no evento feminino). 

Resultados e classificações 

Os principais finais, de um torneio reduzido a 54 buracos, foram os seguintes:

Campeão1º Palo Ferraris (Itália), 205 (70+67+68), -11. 

Vice-campeão 

Cristoffer Bring (Dinamarca), 207 (65+72+70), -9. 

Português a passar o cut 

29º (empatado) Pedro Lencart, 216 (74+70+72), Par. 

Portugueses fora do cut 

53º (empatado) João Ramos, 146 (75+71), +2.

53º (empatado) João Girão, 146 (73+73), +2.

58º (empatado) Gonçalo Costa, 147 (73+74), +3.

77º (empatado) Afonso Girão, 149 (76+73), +5.

91º (empatado) Tomás Bessa, 151 (77+74), +7.

91º (empatado) Vítor Lopes, 151 (74+77), +7.

97º (empatado) João Magalhães, 152 (75+77), +8.

101º (empatado) Renato Ferreira, 153 (75+78), +9.

112º José Maria Cunha, 156 (78+78), +12.

113º Tomás Silva, 159 (77+82), +15.

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Press-Release
Gab. Imprensa F.P.G..
13 de fevereiro 2015

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Revised: 18-02-2015 .