«É a primeira vez que me vejo na situação de salvar o cartão do European
Tour nesta altura do ano, mas a pressão poderá ser positiva, levando-me
a concentrar-me ao máximo e a não pensar noutras coisas», disse o nº1 do
ranking da PGA de Portugal, que esta semana caiu de 106º para 111º na
Corrida para o Dubai do European Tour.
No final da época, os 110 primeiros mantêm-se no European Tour com
direito a participar praticamente em todos os torneios e o algarvio de
32 anos sente, naturalmente, que jogar em casa, no Oceânico Victoria
Golf Course que ele representa, com o público local, amigos e familiares
a apoiarem-no, é uma oportunidade soberana a não ser desperdiçada.
No ano passado, Ricardo Santos não passou o cut, numa edição igualmente
importante para ele, pois um bom resultado tê-lo-ia levado diretamente
ao DP World Tour Championship no Dubai.
Mas há dois anos obteve aqui a melhor classificação de sempre de um
português no Portugal Masters, o 16º lugar, com 6 abaixo do Par.
Portanto, sabe que pode jogar bem nos próximos quatro dias, sobretudo
depois de três bons dias de treino.
Ora um top-20 no próximo Domingo seria praticamente a certeza de
continuar a jogar entre os melhores em 2015.
«Hoje foi um dia bastante positivo no Pro-Am. Não fiz as contas mas
terei feito uns 6 ou 7 birdies», Disse Ricardo Santos, depois de ter
obtido um bom 7º lugar no Pro-Am, entre 40 equipas.
«Na segunda-feira fiz uma volta de treino aos segundos nove buracos do
campo e na terça-feira aos primeiros nove. Foram treinos sólidos,
bastante consistentes do tee ao green e hoje fiz bons putts, que tinha
sido o aspeto mais negativo na semana passada», acrescentou, depois de
fazer 57 pancadas, ao lado dos amadores Olivier Costa, António Varela e
Ricardo Moelas, da equipa da Oceânico Golf.
«Foi importante jogar estes dias para me adaptar ao campo, ao ambiente
do torneio e agora é dar o melhor de mim e desfrutar o momento. Em
termos de pressão, são situações algo idênticas, a de vir no ano passado
para tentar apurar-me para o Dubai e este ano tentar qualificar-me para
a próxima época», confessou.
O
melhor golfista português de sempre admite sentir a pressão, tenta lidar
com ela de uma forma positiva neste momento inédito da carreira, e
recebeu um conselho fundamental do treinador de Pedro Figueiredo e de
Ricardo Melo Gouveia, o galês David Llewellyn, que, tal como Santos, foi
Sir Henry Cotton Rookie of the Year e ganhou um torneio do European Tour.
«Foi
no Open do País de Gales, ele perguntou-me como estava a jogar, eu
disse-lhe que estava a passar muitos cuts mas que precisava de uma
semana boa para manter o cartão. Ele respondeu-me que sabia o que isso
era e que entendia a situação. Mas depois disse-me que os jogadores
colocam demasiada pressão em cima de si, porque se não ficarem nos 110
primeiros, mas terminarem o ano nos 120 primeiros, não têm uma categoria
‘full’ (integral) mas ainda conseguem entrar em mais de metade dos
torneios de uma época. Tenho, portanto, de abstrair-me disso e focar-me
na minha rotina», explicou.
Nesse sentido, a semana passada foi fundamental para o vice-campeão
nacional descontrair. Um inesquecível Alfred Dunhill Links Championship,
na Escócia, jogado ao lado de Luís Figo.
«Aquele torneio foi o momento mais divertido do ano. Não tem nada a ver
com um torneio normal. Claro que o resultado não foi nada divertido (não
passou o cut), mas gostei de ver como o Luís Figo é bastante
competitivo.
«Uma pessoa, na posição dele, poderia perfeitamente desmotivar-se, por o
jogo não estar a correr-nos bem, pelo tempo complicadíssimo. Tivemos de
jogar com fatos de chuva, com gorros e luvas e mesmo assim sentíamos
frio. Mas ele não mostrava desânimo e foi agradável jogar com ele.
Espero poder fazê-lo de novo para o ano.
«Apesar de todas aquelas estrelas de cinema e desportistas famosos,
senti que ele foi a figura mais mediática do torneio. Não havia ninguém
ali que se comparasse a um Bola de Ouro! Fez fotografias e selfies com
toda a gente, foi uma loucura e deu entrevistas a todos os canais de
televisão que estavam lá.
«Nunca tinha convivido tanto tempo, tantos dias seguidos com ele e não
tinha ideia de como é uma pessoa bastante humilde. Tive várias provas
disso. Como me disse o Rui Coelho (da Nike Golf, também na Escócia, tal
como o treinador de Ricardo, Almerindo Sequeira), o Luís é demasiado boa
pessoa e os outros abusam».
Ricardo Santos é um dos oito portugueses que amanhã começam o Portugal
Masters, torneio organizado pelo European Tour e apoiado pelo Turismo de
Portugal.
O campeão nacional de 2011 sai às 8h10 do buraco 10
e joga os dois primeiros dias ao lado do inglês Chris Wood e do espanhol
José Maria Olázabal, vencedor de dois torneios do Grand Slam e
ex-selecionador da Europa da Ryder Cup.
Press-release
8 de Outubro 2014 |