A manter esse resultado, teria ficado em 12º, mas uma segunda
pancada (approach) que foi parar à água levou-o a um bogey no 18: dropou
no green, o primeiro putt foi demasiado comprido e concluiu (aliviado)
ao segundo sob estrondosa ovação.
Bem a mereceu, pois começou no 55º posto, aproveitou o fraco vento
no front-nine e os greens pouco pisados, e soube usar em seu favor o
vento que apareceu no back-nine, num dia em que o jogo no green apareceu
finalmente.
As 65 pancadas, 6 abaixo, foram o melhor resultado de um português
este ano, superando as 66 de Tiago Cruz na segunda volta e deram ao mais
novo dos irmãos Santos um agregado de 278 (-6).
«Já tinha feito um 65 na terceira volta de 2010 mas esta foi
superior por ser uma última volta e o campo estar mais difícil», disse
(ver entrevista na íntegra em anexo). Agora vai para o torneio da PGA de
Portugal nos Açores, seguindo-se os Opens de Singapura e Hong Kong, do
European Tour, ainda na esperança de se qualificar para o DP World Tour
Championship no Dubai, na última semana de Novembro.
Para isso precisa de chegar a 18 de Novembro no top-60 da Corrida
para o Dubai . Já lá esteve após a vitória no Santo da Serra em Maio,
mas cinco cuts falhados consecutivamente antes de vir ao Algarve
atiraram-no para fora do top-90. O prémio de 26.591 euros elevou-o à 89ª
posição, mas para aceder ao top-60 necessitaria de «uma vitória ou dois
top-5» em Singapura e Hong Kong.
Para além deste recorde nacional, o sexto Portugal Masters fica
marcado por ser a primeira vez que três portugueses passaram o cut e que
dois amadores o lusos fizeram num mesmo evento do European Tour.
Esses dois amadores tiveram ontem voltas bem distintas, com Pedro
Figueiredo a alcançar o seu melhor resultado da semana e Ricardo Melo
Gouveia o pior.
“Figgy” vinha de três 70 seguidos e arrancou um 69 (-2),
totalizando 279 (-5). Cumpriu a promessa feita aos companheiros da UCLA
(Universidade Los Angeles Califórnia) de melhorar aqueles persistentes
70 e ficou em 27º (no ano passado fora 23º), empatado com estrelas como
Miguel Angel Jiménez, Padraig Harrington e Francesco Molinari.
Se fosse profissional, teria embolsado mais de 19 mil euros, mas
não se mostra preocupado com isso (ver
entrevista) e julga que poderá passar a profissional a meio ou no
final do próximo ano, quando concluir a licenciatura nos Estados Unidos.
Quanto a Melo Gouveia, regressou de imediato aos Estados Unidos
para representar de novo a Universidade Central da Florida (UCF), feliz
por ter passado pela primeira vez um cut num torneio do European Tour,
mas algo triste por uma derradeira volta em 75 (+4), um dia depois de
ter feito -4, que o deixou no 60º lugar (empatado), com um total de 284
(Par). “Melinho” jogou pela primeira vez o Portugal Masters, foi apenas
o seu terceiro torneio do European Tour e nunca tinha passado um cut.
O título foi para Shane Lowry, com 270 pancadas, 14 abaixo do Par,
menos uma do que o ex-campeão da Ryder Cup, o inglês Ross Fisher, num
torneio em que também brilhou o antigo vencedor do US Open, o
neo-zelandês Michael Campbell, 3º, a 2 pancadas do vencedor.
Lowry, de barriga proeminente e sorriso fácil, conquistou o seu
primeiro torneio do European Tour enquanto profissional, depois de ter
ganho o Open da Irlanda em 2009, então como amador.
É apenas o segundo jogador a vencer torneios da primeira divisão do
circuito europeu com ambos estatutos. O outro foi Pablo Martin, também
com forte ligação com o nosso país, pois triunfou no Open de Portugal em
2007 como amador e depois no Alfred Dunhill Championship em 2009 já como
profissional.
Lowry, de 25 anos, partiu de trás, com 4 pancadas de atraso em
relação ao líder da terceira volta, o austríaco Bernd Wiesberger.
Começa a ser uma tradição do torneio. Em cinco das seis edições, o
campeão veio de trás na derradeira volta.
Mas um eagle no buraco 11, ao “enfiar no caneco” uma bola de
ferro-7, lançou-o para uma volta de sonho, em 66 pancadas (-5), sempre
empurrado por largas centenas de irlandeses, alguns com residências no
Algarve e outros turistas que vieram propositadamente para o torneio.
«É um sonho. Desde que venci na Irlanda que sonhava impor-me como
profissional. O apoio foi tanto que senti-me a jogar em casa», disse na
entrevista à Sky Sports.
«Vocês que me acompanharam todos estes dias foram o meu 15º taco no
saco», acrescentou no discurso de campeão, referindo-se ao público.
«Sempre gostei de Portugal. Só hoje soube que havia tantos
irlandeses a morar aqui, mas já cá tinha vindo em férias e ganhei em
2008 um torneio em Vale do Lobo (a Taça das Nações para amadores)»,
concluiu na conferência de Imprensa (ver
transcrição).
O prémio de 375 mil euros elevou-o do 65º ao 29º lugar da Corrida
para o Dubai, praticamente assegurando a sua presença no milionário
torneio de encerramento do European Tour.
Na cerimónia de entrega de prémios, Shane Lowry recebeu o troféu
das mãos de Cecília Meireles, secretária de Estado do Turismo, bem como
um relógio Omega de Manuel Agrellos, presidente da Federação Portuguesa
de Golfe.
Entre muitas figuras presentes na cerimónia, estiveram ainda Luís
Romão, director regional do Algarve do IDJP; António Pina, presidente do
Turismo Algarve; George O’Grady, presidente-executivo do European Tour;
Gerry Fagan, presidente do Grupo Oceânico; José Correia, presidente da
PGA de Portugal; Christopher Stilwell, presidente da AlgarveGolf; Peter
Adams, director de campeonatos do European Tour e David Williams,
director do torneio.
Em declarações aos jornalistas portugueses, Cecília Meireles
sublinhou «o excelente recorde de espectadores no local» e mostrou-se
agradada com o que viu, provando «o valor estratégico do golfe enquanto
produto de exportação, sendo Portugal um destino privilegiado». A
representante do Governo referia-se às 40.177 entradas registadas em
cinco dias, batendo o recorde de 37.479 de 2009. Os 11.987 bilhetes de
hoje foram a melhor receita de 2010, mas ainda não superaram os 12.115
da última jornada de 2010.
George O’Grady referiu que «o Portugal Masters é muito importante e
especial para o European Tour, tem este clima maravilhoso e sobretudo
este chef (apontando para Bernardo Sousa Coutinho, que a maioria dos
jogadores considerou o melhor cozinheiro do circuito europeu). Nesta
altura, no norte da Europa, as condições são rigorosas e aqui, como
testemunhou este numeroso público, estivemos com este sol». Já depois,
O’Grady lamentou ter esquecido «de mencionar que o Ricardo Santos teve
uma excelente prestação, no ano em que triunfou na Madeira».
Gerry Fagan salientou o regresso aos bons resultados de Michael
Campbell e enfatizou que «o Algarve e Vilamoura são o centro do golfe na
Europa».
«Só nos sete campos da Oceânico no Algarve recebemos por ano 250
mil jogadores. Contratamos 400 pessoas e o golfe é vital para a economia
local e nacional. Queremos continuar assim por muitos anos», frisou,
aludindo ao estudo que dá como impacto económico do Portugal Masters de
6,7 milhões de euros e o seu impacto mediático internacional de 80
milhões de euros.
Para Shane Lowry as preocupações são agora outras. Gerry Fagan, que
também é irlandês, desafiou-o a comemorar «com o excelente vinho
português», mas o sexto campeão diferente do Portugal Masters disse que
«é tempo de festa», mas respondeu que prefere celebrar «com um boa
Guinness».
Press-release
14 de Outubro 2012 |