Este campo, o de Mayakoba, que acolhe um
dos torneios do PGA Tour (o mais importante circuito profissional do
Mundo), foi claramente o preferido da equipa portuguesa, constituída por
Tomás Silva, de 23 anos, Pedro Lencart, de 16, e Vítor Lopes, de 19,
capitaneados por José Pedro Almeida e acompanhados pelo selecionador
nacional, Nuno Campino, bem como pelo presidente da Federação Portuguesa
de Golfe, Manuel Agrellos.
A classificação final portuguesa neste
torneio organizado da Federação Mexicana de Golfe (FMG), sob a égide da
Federação Internacional de Golf (IGF), oferece sentimentos ambivalentes.
Por um lado, tendo em conta que foi
apresentada uma seleção muito jovem, com dois “rookies” (Lopes e Lencart),
foi positivo ter-se melhorado a classificação de há dois anos.
Por outro lado, tendo em conta que
Portugal estava no 16º lugar aos 18 buracos e no 23º aos 36, o 39º tem
um sabor amargo, pois a equipa tinha valor para cometer um feito, embora
o recorde nacional de um 13º lugar em 2010, no Mundial da Argentina,
nunca tenha estado realmente na mente destes jovens jogadores. De
qualquer forma, ser 39º entre 71 nações não pode ser considerado
negativo.
«(O terceiro dia) foi o pior resultado que
já tive na seleção», admitiu, sem falsos pudores, o selecionador
nacional, Nuno Campino.
«As condições estavam perfeitas para se
fazer bom resultado e não produzimos. Foi tudo muito mau para ser
verdade. Estragámos o Campeonato que até ao (final) do segundo dia
estava a ser brilhante», lamentou-se o treinador nacional das seleções.
«Coletivamente fomos das piores equipas em
campo», reconheceu também, com sinceridade, Tomás Silva, o melhor
jogador português no Mundial.
A partir daí, o importante era recuperar o
ânimo e a equipa técnica disse aos jogadores que, no último dia, era
necessário «jogarem bem e estarem ao nível do primeiro e do segundo dia,
para limparmos esta má imagem que deixámos no terceiro dia».
Esse objetivo foi cumprido, uma vez que
Tomás Silva, o único que já tinha estado no Mundial de há dois anos,
igualou o Par-71 de Mayakoba, Pedro Lencart fez apenas +1 e só Vítor
Lopes que, é preciso reconhecer, esteve abaixo do que sabe fazer, teve
de contentar-se com uma volta de +4.
«Estamos orgulhosos pela seriedade e
dedicação com que trabalhámos, demos sempre tudo para representarmos o
nosso país da melhor maneira possível», consolou-se, em jeito de balanço
final, Nuno Campino.
Os dois percursos situam-se na famosa
Riviera Maya mexicana, onde as condições de jogo foram de sol, calor,
muita humidade e, ocasionalmente, sobretudo no segundo dia, alguma chuva
tropical. Mas, em geral, proporcionando bons resultados, como se viu
pelas prestações das grandes potências da modalidade.
A Austrália sagrou-se campeã mundial pela
quarta vez em 30 edições, bem longe do país recordista, os Estados
Unidos, com 15 títulos, incluindo os de 2012 e 2014.
Capitaneada por Matt Cuttler – que este
ano esteve em Portugal, em Vidago, a comandar a seleção da Ásia-Pacífico
no Michael Bonallack Trophy –, a Austrália somou 534 pancadas (135 no
Iberostar,+132 no Mayakoba+131 no Iberostar+136 no Mayakoba), 38 abaixo
do Par.
Este resultado igualou o recorde em
Mundiais para 72 buracos que pertencia aos Estados Unidos desde 2014. Os
títulos anteriores australianos tinham sido averbados em 1958, 1966 e
1996.
Matt Cuttler considera que o mais
importante é integrar este resultado numa perspetiva global, de um
desenvolvimento da modalidade nos últimos anos, que inclui o golfe
feminino, o que faz sentido, dado que foi ele o capitão vitorioso no
Mundial feminino de há dois anos no Japão: «Isto vai ser ótimo para o
golfe quando regressarmos a casa. E tudo começou há dois anos, quando as
senhoras ganharam o Espírito Santo Trophy. Foi aí que recuperámos aquele
gostinho de competir para ganhar a nível internacional. Os rapazes
executaram na perfeição plano que tínhamos para esta semana e
mostraram-se determinados em fazê-lo».
Já se sabe que o Eisenhower Trophy conta
sobretudo pela classificação coletiva, mas, a nível individual, o melhor
português foi todos os dias Tomás Silva. Foi ele o esteio da seleção. O
ex-triplo campeão nacional só teve uma volta acima do Par, o tal cartão
de 77 (+5) no Iberostar, na terceira jornada.
«Foi dos dias mais confusos que já tive
num campo de golfe», desabafou. Em contrapartida, reagiu positivamente
no último dia e só não melhorou o 69 (-2) com que iniciara a prova no
Mayakoba porque houve um incidente mesmo a meio da volta que o levou a
perder 4 pancadas em dois buracos: «Fiz 3 birdies nos primeiros cinco
buracos, mas uma confusão com um parceiro de jogo no buraco 17 deixou-me
um pouco desconcentrado e fiz 1 triplo-bogey no 18 e 1 bogey no 1,
perdendo o momento do jogo». Depois disso, só houve mais 1 birdie no 5.
Tomás Silva, que tinha sido 123º (+8) no
Mundial do Japão há dois anos, concluiu o Mundial do México num bom 48º
lugar (empatado), entre 212 jogadores, com 288 pancadas, 2 acima do Par,
depois de voltas de 69 (M)+71 (I)+77 (I)+71 (M).
O melhor português no Mundial do Japão há
dois anos tinha sido João Carlota em 46º (empatado), com 7 pancadas
abaixo do Par, entre 200 participantes.
Portanto, com uma concorrência mais
numerosa, Tomás Silva conseguiu uma classificação superior e ficou entre
os primeiros 25% da prova, mostrando que tem já um apreciável nível no
circuito internacional amador. Não é por acaso que já foi 9º num Europeu
de há dois anos e que em 2016 foi 5º no Campeonato Internacional Amador
de França.
O segundo melhor português foi Pedro
Lencart, no grupo dos 100º classificados, com 297 pancadas (71 M+73 I+81
I+72 M), 11 acima do Par. Para um jogador de 16 anos, o campeão nacional
amador portou-se bem, conseguindo um lugar na primeira metade dos
inscritos.
Vítor Lopes foi 131º (empatado), com 304
(71 M+76 I+82 I+75 M), 18 acima do Par. Os seus resultados acabaram por
não contarem para a equipa nos três últimos dias.
O melhor jogador do Mundial do México foi
o australiano Cameron Davis, com 269 (67 I+66 M+68 I+68 M), 17 abaixo do
Par. Foi o único dos 212 jogadores a ficar na casa das 60 pancadas todos
os dias.
«Isto é, de longe, o melhor que joguei em
torneios desta importância», regozijou-se Cameron Davis, que no ano
passado foi vice-campeão em duas provas relevantes, o Asia-Pacific
Amateur e o Australian Amateur.
Gab. Imprensa F.P.G.
25 de Setembro 2016