8º Portugal Masters

RICARDO MELO GOUVEIA FAZ ESTÁGIO MEDIÁTICO NO EUROPEAN TOUR

 

Ricardo Melo Gouveia está a tentar canalizar as energias positivas da sua surpreendente vitória de Domingo passado num torneio italiano do Challenge Tour, para fazer um grande resultado no Portugal Masters, que arrancou esta manhá e o European Tour organiza até dia 12 no Oceânico Victoria Golf Course, em Vilamoura, com dois milhões em prémios.

«Um top-20 seria um ótimo resultado, penso que é um objetivo alcançável, mas tenho de pôr-me na melhor situação possível para o fim de semana», disse o português de 23 anos, apenas o terceiro em Portugal a triunfar no Challenge Tour, a segunda divisão europeia.

 

Seguir as pisadas – ou, melhor dizendo, as tacadas – de Filipe Lima e Ricardo Santos não estava nos seus planos mais imediatos: «Foi inesperado. Este ano o meu objetivo era aprender o máximo possível, ver o que teria de trabalhar nos próximos anos para conseguir ter sucesso no Challenge Tour ou no European Tour. Esta última semana não estava à espera de uma vitória».

De repente, com o Portugal Masters às portas, o jovem que durante dois anos pouco veio ao país natal por estudar e competir nos Estados Unidos, jogando pelos Knights da Universidade Central da Florida, viu-se forçado a tirar um curso intensivo de súbita notoriedade pública: «É algo a que não estou habituado e que no futuro terei de trabalhar. Na segunda-feira foi de facto difícil, conciliar as entrevistas com o treino. Na terça-feira já foi melhor e hoje consegui fazer o meu trabalho melhor.  

«Muita gente queria entrevistas individuais e nos dois primeiros dias fiz a vontade às pessoas, porque é uma vitória importante, não só para mim como para o país, mas hoje tentei ao máximo concentrar-me para este torneio, para obter o melhor resultado possível.  

«Também tentei ao máximo responder a toda a gente no Facebook. Não foi possível apanhar todas as mensagens. O apoio foi incondicional». 

A necessidade de dar atenção aos outros não veio só de Portugal. Afinal, “Melinho” foi até o verão uma das estrelas da equipa dos “Knights”, onde ainda milita como “sénior” o seu amigo José Maria Joia. 

«O meu treinador (da UCF) mandou-me logo um e-mail quando acabei, a dizer que estava muito contente, e todos os meus companheiros de equipa mandaram-me mensagens, o que foi muito comovente. Gostei muito de ter tido esse apoio», sublinhou. 

Talvez esta tenha sido a altura mais delicada para um sucesso como o que conheceu no EMC Golf Challenge Open, na medida em que teria sido melhor dispor de uma semana de paragem, para digerir melhor um triunfo que lhe mudou a vida e que irá possivelmente levá-lo ao 3º posto do ranking da PGA de Portugal.  

Sendo o Portugal Masters o mais importante torneio de golfe português, as atenções são agora a dobrar. Até o próprio Ricardo Santos, o nº1 português, mais habituado a estas situações, admite que «ele talvez sinta mais a pressão… ou talvez até se sinta mais motivado». 

Mas não é essa a opinião do próprio jogador que, mesmo antes de tornar-se profissional conheceu outro momento alto, ao empurrar a seleção da Europa para a vitória sobre os Estados Unidos na Palmer Cup: «É bom ter já o Portugal Masters, porque o meu jogo está ótimo. Se calhar, com uma semana de intervalo já não iria estar no meu melhor. Já que estou a jogar bem, é aproveitar. Estou confiante». 

Uma das razões para a melhoria, para além do seu habitual bom jogo comprido, é a capacidade de fazer birdies com bons putts. A mudança deveu-se, em parte à ajuda do amigo de longa data, Pedro Figueiredo, que, tal como ele, também foi uma estrela do circuito universitário americano (mas nos Bruins da Universidade da California Los Angeles), e que, tal como ele, também treina com o conceituado profissional galês David Llewellyn. 

«Depois da primeira volta na Escola de Qualificação, antes do torneio em Roma, eu pedi ao Pedro para ele ver como é que estava a minha pancada de putting, e ele reparou que eu estava muito apontado à esquerda e a fazer um bocadinho de push, a “patar” para a direita, para compensar. Eliminei essa compensação e comecei a jogar bem porque eu estava a jogar bem. Foi só a diferença no putting, que representa menos 4 ou 5 pancadas no resultado». 

Entretanto, com novos resultados há novas exigências, até porque Ricardo Melo Gouveia está integrado numa jovem equipa da Hambric Sports, que gere carreiras desportivas de golfistas famosos como o italiano Francesco Molinari ou o norte-americano Dustin Johnson, ainda há bem pouco tempo jogadores de Ryder Cup. 

Rory Flannagan, o empresário do campeão nacional amador de 2009, atento a isso, aconselhou-lhe um novo treinador para um aspeto específico, o do jogo curto: «Tive só uma aula de jogo curto com outro treinador inglês, para ouvir uma segunda opinião. Chama-se Hugh Marr. Foi-me aconselhado pelo meu empresário. Era para ter trabalhado com ele antes da Escola de Qualificação, mas não houve essa oportunidade. Agora, uma vez que ele está cá, em Vilamoura, aproveitámos.  Deu-me imenso jeito para as próximas semanas e quero continuar a trabalhar com ele, não tão a fundo como trabalho com David Llewellyn, que já trabalha comigo há muito tempo, mas sempre que precisar irei ter com ele». 

Outro aspeto em que é preciso pensar é no financiamento da carreira. Uma época no Challenge ou no European Tour são largas dezenas de milhares de euros: «Para já, só tive contacto de uma marca de roupa, que mostrou interesse. De resto, estou com a Srixon há dois meses, mas só agora assinei o contrato oficialmente. Eu jogava com Ping há 6 ou 7 anos, mas depois de ter acabado a universidade eles apoiaram três jogadores e deixaram-me de fora.  

«Da parte da marca de roupa, a Simone Moss, que é a representante em Portugal, ajudou-me esta semana com alguns produtos, e para já não há mais nada. A Srixon apoia-me em material mas também engloba apoio financeiro e fiquei impressionado com os seus produtos, porque são mesmo bons». 

Regressar a Vilamoura, ao clube que o catapultou para a ribalta – sendo ele mais um produto do famoso treinador Joaquim Sequeira –, tendo depois beneficiado também das equipas técnicas da Federação Portuguesa de Golfe, é sempre um prazer: «Sempre foi a minha segunda casa. Mesmo que agora treine mais na Quinta do Lago por ser mais perto, a verdade é que eu cresci aqui, comecei a jogar aqui, vim aqui para as escolas de jovens do Clube de Golfe de Vilamoura, que me apoiou, como mais tarde me apoiou a FPG. Sem eles não estaria aqui». 

Há dois anos, passou o cut como amador e depois sentiu na pressão de jogar em casa nos dois últimos dias de prova. Julga que se voltar a ser bem sucedido no Oceânico Victoria, irá saber gerir melhor a situação: «Não só essa experiência (de há dois anos), mas também as que tive nestas duas últimas semanas. Quanto mais cedo eu tiver essa experiência melhor, e mais cedo estarei preparado para conseguir os meus objetivos a longo prazo». 

Objetivos agora facilitados. A vitória em Roma e a subida ao 49º posto do ranking do Challenge Tour garantiram-lhe o acesso à segunda divisão europeia a tempo inteiro em 2015 e, quem sabe, até mesmo o European Tour: «Saber que já estou no Challenge tirou-me muita pressão. Aliás, não vou jogar o primeiro torneio do Challenge Tour Final Swing na China, para parar uma semana e descansar. Já estou a tratar do visto para jogar o segundo torneio na China e no Omã. Se entrar nos 45 primeiros vou à Grande Final do Challenge Tour no Dubai e entro diretamente na Final da Escola de Qualificação».

Portanto, se tudo correr bem, Ricardo Melo Gouveia terminará a época no top-15 do ranking do Challenge Tour e subir logo ao European Tour (primeira divisão); se correrem mais ou menos poderá ainda tentar a sua sorte na Final da Escola; se correrem mal ainda irá jogar a Segunda Fase da Escola; e o pior cenário é jogar o Challenge Tour por inteiro em 2015. Nada mau, para quem tem apenas 23 anos e só em julho se tornou profissional!

Press-release
9 de Outubro 2014

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Fonte: Gabinete Imprensa PGA European Tour
 

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Revised: 09-10-2014 .