Poderá parecer prematuro e descabido, mas
quem imaginaria há um ano que o melhor português no ranking mundial
(123º) estaria hoje bem plantado no top-60 do ranking olímpico que dá
acesso aos Jogos do Rio em 2016?
Como lhe recordou hoje na conferência de
Imprensa o jornalista português do “Público”, Rodrigo Cordoeiro, Ricardo
Melo Gouveia jogou a última volta do Portugal Masters do ano passado no
mesmo grupo do irlandês Paul McGinley, que tinha terminado semanas antes
o seu mandato de capitão da Europa na Ryder Cup.
Volvidos 12 meses, de novo no principal
torneio português, de 2 milhões de euros em prémios monetários, o
profissional algarvio do Guardian Bom Sucesso Resort vai atuar ao lado
do atual capitão europeu da Ryder Cup, outro irlandês, Darren Clarke,
senhor de um fabuloso palmarés, que inclui um título do Grand Slam e
quatro vitórias na Ryder Cup.
Clarke é, aliás, um dos quatro vencedores
de Majors presentes de hoje a domingo no Oceânico Victoria Golf Course,
em Vilamoura, a par do seu compatriota Padraig Harrington, do escocês
Paul Lawrie e do alemão Martin Kaymer, que foi n.º1 mundial em 2011.
«É sempre bom jogar com jogadores de alto
gabarito, é sempre bom para ganhar experiência, mas, sabendo que vai
estar ali o capitão na próxima Ryder Cup, que naturalmente presta grande
atenção a todos os jogadores, não me posso deixar levar por esse facto,
não posso deixar que afete o meu jogo», declarou Melo Gouveia que, em
entrevista exclusiva à agência Lusa acrescentou: «Vou tentar não pôr as
expectativas muito altas, vou concentrar-me nos meus objetivos, mas o
meu objetivo é sair daqui com a vitória no final da semana».
Se Ricardo Melo Gouveia é o atual 2º
classificado no ranking do Challenge Tour, a segunda divisão europeia, e
já tem assegurado a subida à primeira divisão (European Tour), Ricardo
Santos encontra-se em situação inversa.
Enquanto o seu irmão mais velho, Hugo
Santos, viajou à Bulgária para tentar revalidar o título de campeão
europeu de profissionais de clube, Ricardo está a lutar pela manutenção
no European Tour, onde é o 180º da Corrida para o Dubai.
Só o top-110 garante todos os direitos
para a próxima época, embora do 111º ao 120º ainda se consiga jogar em
muitos torneios do European Tour.
De acordo com o press officer do European
Tour, Paul Symes, Ricardo «precisa de terminar o Portugal Masters mesmo
no topo» para atingir esse objetivo, sendo o topo um dos dois primeiros
lugares. Claro que a vitória dar-lhe-ia logo uma isenção de dois anos no
European Tour.
Numa conferência de Imprensa em que
manifestou todo o seu bom humor, o melhor golfista português de sempre,
que sabe o que é vencer um torneio do European Tour “em casa” desde o
Madeira Islands Open de 2012, admitiu que fazê-lo no campo que ele
próprio representa seria «um sonho».
«Seria um sonho ganhar este torneio. Se me
perguntarem qual é o sonho de torneio para vencer, tirando um dos
grandes, seria este sem dúvida alguma. É o maior torneio nacional, um
dos maiores europeus, tem vindo a crescer ao longo dos tempos, com o
povo português, amigos e familiares a apoiar, é uma semana bastante
especial. Nasci aqui, cresci aqui, Sou daqui», disse o único português a
ter figurado no top-10 da Corrida para o Dubai.
À agência Lusa, Ricardo Santos considerou
que «para qualquer português é possível fazer melhor do que o 16º lugar»
que alcançou há três anos, o recorde nacional no Portugal Masters e
acrescentou: «Espero que aconteça esta semana. Se for eu ótimo, se for
outro português também ótimo. Os recordes existem para se bater»,
afirmou.
Se as coisas não lhe correrem de feição, o
algarvio de 32 anos tem um plano B, «jogar a Final da Escola de
Qualificação», onde o top-25 se apura para o circuito principal.
Mas Paul Symes alerta ainda para uma
terceira hipótese, da qual não se tem falado: «Este torneio dá 6 vagas
para o Open de Hong Kong da próxima semana a jogadores que ainda não
tenham conseguido a entrada direta, mas para isso é preciso terminar no
top-10 do Portugal Masters».
Por outras palavras, se o nº2 português
quebrar o seu próprio recorde no torneio e terminar o torneio do Turismo
de Portugal no top-10, irá ainda jogar em Hong Kong na próxima semana,
onde terá nova oportunidade de renovar o cartão para o European Tour de
2016.
Os outros portugueses a disputar o 9º
Portugal Masters, que amanhã começa às 8 horas são os profissionais
Filipe Lima, Tiago Cruz, Pedro Figueiredo, João Carlota, e os amadores
Tomás Silva e Vítor Lopes.
Filipe Lima, o nº3 português, garantiu
hoje que a lesão que o travou há umas semanas, impedindo-o de participar
no Campeonato Nacional Solverde, está debelada: «As costas estão ótimas».
Tiago Cruz, o 4º português no ranking
mundial e atual bicampeão nacional, sente-se em forma: «Nos últimos
meses tenho jogado bem, não só pelo resultado que fiz na Madeira
(primeiro top-10 no European Tour), mas por ter sido campeão nacional,
por ter passado a Primeira Fase da Escola de Qualificação do European
Tour (no Ribagolfe-1), e espero que isso continue esta semana. Quero
jogar com calma, para mostrar o que sei, sem sentir pressões extras».
Tiago Cruz não foi convidado a jogar o
Pro-Am de hoje (quarta-feira). Só três portugueses tiveram esse
privilégio e Filipe Lima foi o melhor. Liderou uma das equipas do
Turismo de Portugal, com os amadores James Wilde, Arto Saari e Mark
Vandenberghe, somando 58 pancadas, que lhe deu o 8º lugar.
Foram apenas 2 pancadas a menos do que a
equipa vencedora, encabeçada pelo dinamarquês Thorbjorn Olesen, que
totalizou 56, 15 abaixo do Par.
O recente campeão do prestigiado Alfred
Dunhill Links Championship, na Escócia (onde jogou com o surfista Kelly
Slater) emparceirou em Vilamoura com os amadores Brian Smith, Andrew
Stanley e Keith Mitchell, em representação do Golf Channel, o canal de
transmite o Portugal Masters nos Estados Unidos.
Houve um total de 42 equipas em campo, num
glorioso dia de sol e calor e o prémio de todos os jogadores foi doado à
SIC Esperança, a IPSS oficial do Portugal Masters de 2015.
Ricardo Melo Gouveia foi 26º (61
pancadas), representando o Turismo de Portugal com Maria Barreto, José
Carlos Agrellos e Eduardo Romano.
Ricardo Santos foi 32º (63) na equipa da
Oceânico Golf que incluiu Joel Pais, João Silva e Declan Guilligan.
Entre os muitos amadores presentes,
destacaram-se António Pires de Lima (ministro da Economia), Manuel
Violas (Solverde e UNICER), João Pedro Oliveira e Costa (BPI), Ricardo
Pereira (antigo guarda-redes da seleção nacional), Humberto Coelho (ex-selecionador
nacional de futebol), Joaquim Oliveira (Olivedesportos), Nuno Ferreira (SportTV),
Chris Howell (Oceânico Golfe) e Olivier Costa (cozinheiro).
O ministro da Economia, António Pires de
Lima, teve o privilégio de jogar com o profissional que ostenta o melhor
palmarés do Portugal Masters, o irlandês Padraig Harrington, o único a
ter ganho três Majors, para além de ter sido top-10 mundial e de
triunfar em quatro edições da Ryder Cup.
Para além dos já mencionados quatro
jogadores que já ganharam torneios do Grand Slam, são ainda de salientar
as presenças em Vilamoura de três jogadores que integram o top-60 do
ranking mundial (Kaymer, Marc Warren e Bernd Wiesberger) e quatro
antigos campeões do Portugal Masters (Alvaro Quiros, Richard Green, Tom
Lewis e Alexander Levy que defende o título).
Press-release
14 de Outubro 2015