O campeão foi o
francês Aléxander Lévy, de 24 anos, que somou o seu segundo título do
European Tour, o segundo deste ano, depois do Open da China, em abril.
Aléxander Lévy tem
grande passado
Lévy subiu do 28º ao
19º lugar da Corrida para o Dubai, o ranking oficial da primeira divisão
europeia, depois de receber a taça das mãos de João Cotrim Figueiredo, o
presidente do Turismo de Portugal, e de embolsar 250 mil euros, em vez
dos 333.330 inicialmente previstos.
Foi uma estreia
auspiciosa de Lévy, que nunca tinha jogado o Portugal Masters mas que
mais parecia conhecer o campo desenhado pelo mítico Arnold Palmer como a
palma da sua mão.
Afinal, em duas
voltas, não sofreu qualquer bogey (apenas o terceiro jogador a conseguir
esse feito na história do European Tour).
Em contrapartida,
carimbou 18 birdies, para um total de 124 pancadas (63+61), o melhor
resultado de sempre do torneio aos 36 buracos. Não é, contudo, recorde,
por se ter jogado com “prefered lies”, mas é um feito.
Foi só no discurso de
campeão que o jogador que deverá entrar no top-75 do ranking mundial
desvendou o segredo: «Adoro este local, o Oceânico Victoria, porque
ganhei aqui há uns anos o Campeonato da Europa Amador por Equipas».
Lévy fez parte de uma
famosa seleção francesa que venceu não só o tal Europeu disputado no
Algarve em 2011, mas também o Campeonato do Mundo Amador por equipas.
Agora, como
profissional, também já está a fazer história para o golfe francês. É o
primeiro do seu país a triunfar no Portugal Masters; é o primeiro
francês a vencer dois torneios do European Tour numa mesma época; e é o
mais jovem francês a vencer dois torneios do European Tour na sua
carreira.
Neste último recorde,
o de precocidade, Lévy fixa-o com vitórias em 2014 no Open da China e no
Portugal Masters com 24 anos, superando os 25 anos que Grégory Bourdy
tinha quando foi bem sucedido no Estoril Open de Portugal de 2008, no
Oitavos Dunes, então, o seu segundo troféu do European Tour.
Há quem não se
lembre, mas jogadores como o irlandês Rory McIlroy e Martin Kaymer
brilharam no Portugal Masters antes de serem n.º1 mundiais. Será este
Aléxander Lévy outro exemplo?
O certo é que, com
estes dois títulos em 2014 irá fazer com que os media franceses não se
concentrem unicamente no seu nº1, Victor Dubuisson, que também estava
previsto para este Portugal Masters mas desistiu antes do início da
prova, por extremo cansaço depois da Ryder Cup e do Alfred Dunhill Links
Championship.
Para Aléxander Lévy,
um antigo jogador do Challenge Tour, como o são agora os portugueses
Pedro Figueiredo e Ricardo Melo Gouveia, a época está a ser um sonho:
«Se no início do ano me tivessem dito que iria ganhar dois torneios
teria respondido que nunca!».
O francês que em
tempos residiu nos Estados Unidos admite que «não é a mesma coisa»
ganhar um torneio que só tenha duas voltas, mas acrescenta logo: «aceito
o título de bom grado.
«É uma vitória e
joguei realmente bem durante 36 buracos. A questão é que só joguei 4
pancadas em todo o fim de semana!».
Melo Gouveia com
Ryder Cupper
O campeão, Lévy
(-18), o vice-campeão, o belga Nicolas Colsaerts (-15), e o 3º
classificado, o chileno Felipe Aguilar (-13) só jogaram, na realidade,
um buraco, pois saíram às 13h00 e iam jogar o buraco 2 quando tudo foi
interrompido.
Para eles, a anulação
da terceira e última volta não implicou um grande esforço, mas, por
exemplo, Pedro Figueiredo já ia no buraco 9 e Ricardo Melo Gouveia até
já tinha conseguido completar os 18 buracos, cumpridos em 71 pancadas, a
Par do campo.
«Pessoalmente, esta
decisão beneficiou-me, porque hoje ia 3 pancadas acima do Par. Teria de
jogar excecionalmente bem no back nine para voltar onde estava (-6 no
início da volta), mas, como tinha dito antes, o duplo-bogey de no último
buraco (da segunda volta) acabou por custar-me caro», disse “Figgy”,
que, oficialmente, somou 136 pancadas (67+69), 6 abaixo do Par.
Foram-lhe anuladas as
3 pancadas perdidas de rajada nos buracos 6 (bogey) e 7 (duplo-bogey).
Com efeito, não fosse
esse duplo-bogey e o campeão nacional de 2013 teria terminado no grupo
dos 17º classificados com um prémio de 19 mil euros em vez do 30º posto
empatado com um cheque de 12.900 euros.
Pedro Figueiredo tem
estado alojado na casa do seu amigo Ricardo Melo Gouveia, os dois têm
muitas semelhanças nas suas carreiras e hoje “Melinho” também teve um
mau front nine. No seu caso, foi 1 duplo no buraco 3 e 1 bogey no 7. Mas
o algarvio ainda teve tempo de se redimir com um bom back nine, com 3
birdies nos últimos 6 buracos.
Claro que todo esse
esforço de mais de quatro horas foi inglório. Melo Gouveia tinha subido
4 lugares na classificação geral – Figueiredo tinha descido 39 – mas
nada disso contou, dada a anulação dos resultados de hoje. Foi
compensado com 3.825 euros.
Apesar de tudo, o
recente campeão de um torneio do Challenge Tour em Roma não deu o seu
tempo por mal empregado. Afinal, teve a oportunidade de jogar ao lado do
capitão da seleção europeia que venceu a Ryder Cup há três semanas e que
tem uma academia mesmo ao pé da casa do português, na Quinta do Lago.
«Foi muito bom jogar
com o Paul McGinley. É uma pessoa espetacular, muito simpático, muito
humilde e deu-me muitos conselhos para o futuro. Espero jogar mais vezes
com ele. No final desejou-me sorte para o futuro. Disse-me que devo
manter as coisas simples e continuar a trabalhar nas coisas em que estou
a trabalhar e ser eu próprio. Foi o conselho principal: ser eu
próprio».
Resultados principais
Os resultados
principais da classificação final, após 36 buracos oficiais, foram os
seguintes:
1º Aléxander Lévy
(França), 124 (63+61), -18, €250.000.
2º Nicolas Colsaerts
(Bélgica), 127 (60+67), -15, €166.660.
3º Felipe Aguilar
(Chile), 129 (65+64), -13, €93.900.
30º (empatado) Pedro
Figueiredo (Portugal / Meo Team), 136 (67+69), -6, €12.900.
58º (empatado)
Ricardo Melo Gouveia (Portugal / Srixon), 139 (70+69), -3, €3.825.
Portugueses que
falharam o cut
68º (empatado)
Ricardo Santos (Portugal / Oceânico Golf), 140 (71+69), -2.
97º (empatado) Tiago
Cruz (Portugal / Banco BIG), 143 (73+70), +1.
101º (empatado) Hugo
Santos (Portugal / Ping), 144 (70+74), +2.
101º (empatado) João
Carlota (Portugal / FPG), 144 (73+71), +2 (amador).
101º (empatado) Tomás
Silva (Portugal / FPG), 144 (72+72), +2 (amador).
118º Gonçalo Pinto
(Portugal / Hilti), 151 (79+72), +9.
Note-se que, por ter
falhado o cut, Ricardo Santos não foi muito penalizado na Corrida para o
Dubai, perdendo apenas 1 lugar para a 112ª posição.
O nº1 português
necessita de encerrar a época no top-110 desta classificação oficial do
European Tour e tem ainda dois torneios pela frente para consegui-lo, em
Hong Kong (China) para a semana e depois em Perth (Austrália).
Histórico de torneios
a 36 buracos
O número 18 marcou
este chuvoso 8º Portugal Masters. Foram 18 pancadas abaixo do Par que
deram a vitória a Lévy; No ano passado tinha sido com -18 que David Lynn
vencera a prova em 72 buracos; 18 foi o total de birdies do campeão; e o
18 foi o buraco mais difícil do torneio, com 4,3 pancadas de média! Foi
esse buraco 18 que levou Ricardo Santos a falhar o cut e impediu Pedro
Figueiredo de terminar no top-20.
Em Portugal, desde o
novo milénio, já houve três torneios do European Tour reduzidos para
apenas 36 buracos (duas voltas): o Algarve Open de Portugal de 2002 em
Vale do Lobo, a Algarve World Cup in Portugal/World Golf Championships
em 2005, neste mesmo Oceânico Victoria Golf Course e o Madeira Islands
Open BPI deste ano.
No European Tour,
fundado em 2012, houve um total de 16 torneios reduzidos de 72 para 36
buracos: Double Diamond 1974, 1975 e 1976, Madrid Open 1975, Skol Lager
1977, Monte Carlo Open 1984, Air France Cannes Open 1995, Open da
Catalonia 1996, BMW International 1996, Celtic Manor Resort Wales Open
2001, Algarve Open de Portugal 2002, Algarve World Cup in Portugal 2005,
Nelson Mandela Championship 2013, Madeira Islands Open BPI 2014 e
Portugal Masters 2014.
Público e
solidariedade social
Peter Adams, o
diretor de torneios internacionais do European Tour, no seu discurso de
encerramento, disse: «Tivemos sete anos maravilhosos de Portugal Masters
e acho que num ano teríamos de ter chuva, foi este, mas para o ano
voltaremos com o nosso serviço normal». Por serviço, entenda-se o
antecipado verão de São Martinho.
Mesmo com os dilúvios
que se abateram sobre Vilamoura, o Portugal Masters conseguiu apresentar
uma afluência razoável. Os números de entradas (bilhetes e convites)
ascenderam a 25.943. Sem contar com centenas de credenciais de media,
funcionários, voluntários, jogadores e familiares.
Seria de esperar que
estes quase 26 mil espectadores fossem a afluência mais baixa de sempre,
mas, na realidade, houve menos no primeiro ano (2007), então com 24.188.
É a prova de que este tipo de investimento do Turismo de Portugal faz
mais sentido em longo prazo. Afinal, em 2012 chegámos a ultrapassar os
40 mil espectadores.