Com idades
semelhantes – 24 anos para “Melinho” e 23 completados hoje (sexta-feira)
por Tomás – os dois portugueses atravessam fases completamente distintas
das suas carreiras.
Melo Gouveia é o
português melhor classificado no ranking mundial, no 123º posto, reside
no Algarve, representa o Guardian Bom Sucesso Golf e preparou-se bem
para um torneio que sonha ganhar, sabendo que um bom resultado poderá
reforçar a sua presença (para já provisória) nos Jogos Olímpicos do Rio
de Janeiro de 2016.
Tomás Silva é ainda
amador, sendo, aliás, o triplo campeão nacional amador. Estuda Gestão na
universidade e ainda pensa numa carreira profissional no golfe a médio
prazo. Para ele, passar pela primeira vez o cut num torneio do European
Tour (a primeira divisão europeia) já é um enorme feito e um perfeito
presente de aniversário, para mais, conseguido ao lado do pai (José), o
seu caddie.
Não obstante dois
estatutos tão distintos, estão ambos empatados no mais importante
torneio de golfe português, no grupo dos 42º classificados, naturalmente
com o mesmo agregado de 139 pancadas, 3 abaixo do Par, mas também com as
mesmas voltas de 71 (Par) no primeiro dia e 68 (-3) no segundo.
«Hoje entrei menos
nervoso, senti-me muito melhor. Bati bem na bola, estava confiante com
os ferros, meti muitas bolas perto do buraco, o que facilitou muito a
nível do putt», disse Melo Gouveia, que somou 6 birdies e 3 bogeys, no
dia em que se tornou no primeiro português a passar o cut no Portugal
Masters em três anos seguidos.
Filipe Lima (2007,
2009 e 2010) e Pedro Figueiredo (2011, 2012 e 2014) foram os outros
únicos golfistas nacionais que também passaram por três vezes a
fronteira dos 36 buracos.
«O meu objetivo
agora é subir na classificação, tentar fazer o melhor possível no fim de
semana. Se conseguir um top-10 será ótimo», acrescentou o nº2 do ranking
do Challenge Tour, que, a 11 pancadas do líder, o inglês Andy Sullivan,
já abandonou o sonho de elevar este ano o troféu.
«Passar o cut
representa muito para mim. Estar aqui no meio destes jogadores e
conseguir tirar o lugar a alguns que ficaram de fora do cut é muito
positivo. Como amador vinha aqui para divertir-me e fazer o meu jogo. Se
conseguisse passar o cut seria excelente», avaliou, por seu lado, Tomás
Silva, que chegou a andar com 5 abaixo do Par, também fez 6 birdies, mas
sofreu 1 duplo-bogey e 1 bogey.
«Estar num torneio
do European Tour é sempre positivo para qualquer amador, mas este não é
o meu torneio. Estou aqui porque a FPG acreditou em mim, acreditou que
eu poderia fazer um bom resultado e honrar o nome da FPG», acrescentou o
jogador residente em Cascais, que se tornou apenas no terceiro amador
português a passar o cut no Portugal Masters, igualando os feitos de
Pedro Figueiredo (2011 e 2012) e Ricardo Melo Gouveia (2012).
Tomás Silva, que foi
9º no Campeonato da Europa Amador do ano passado, tem sido acompanhado
de perto pelo selecionador nacional, Nuno Campino, que nos seus tempos
de jogador também passou o cut em torneios do European Tour.
«Agora quero
prepará-lo para que pense que isto ainda não acabou. Lembro-me dos meus
tempos de jogador que é habitual entre os jogadores portugueses,
sobretudo amadores, ficarem demasiado contentes quando passam o cut. Mas
ele está a jogar bem e se souber resistir a isso pode fazer aqui uma
grande prova», explicou o técnico da FPG.
Se este dia 16 de
outubro foi de festa para o aniversariante Tomás Silva e para o nº1
português Melo Gouveia, foi de tristeza para outros seis portugueses, os
eliminados, sobretudo para três que chegaram a estar dentro do cut
durante grande parte da jornada.
«Poderia ter sido um
dia histórico com uns cinco portugueses a passar o cut, porque o Vítor
Lopes (amador) fez o mais difícil que foi colocar-se em posição, quando
ia com 4 abaixo, antes do erro no 17, um buraco que não é dos mais
difíceis e fez 2 bogeys nos dois últimos buracos. O Ricardo Santos teve
aqueles três buracos finais que o colocaram de fora (3 bogeys seguidos)
e o Tiago Cruz perdeu 2 pancadas nos últimos quatro buracos», lamentou o
selecionador nacional.
Dos três, o caso
mais dramático foi o de Ricardo Santos que pelo segundo ano seguido
falhou o cut por 1 pancada e tal como no ano passado com 1 bogey no
último buraco, o 18. Desta feita, foi ainda mais difícil de engolir
porque um putt ficou parado a milímetros do buraco. Se tivesse entrado,
ter-se-ia igualado outro recorde nacional, o de três portugueses a
passarem o cut no Portugal Masters, alcançado em 2012.
«Esta talvez seja a
época de maior aprendizagem, porque talvez tenha sido a época que mais
mal me correu desde que sou profissional», admitiu o melhor golfista
português de sempre, agora tombado para o 180º posto da Corrida para o
Dubai. Agora, para se manter no European Tour em 2016, terá de passar a
Final da Escola de Qualificação.
O 9º Portugal
Masters está a ser dominado por um dos melhores jogadores deste ano, o
inglês Andy Sullivan, que este ano venceu o Open da África do Sul e o
Joburg Open e que figura no 66º lugar do ranking mundial e no 26º na
Corrida para o Dubai.
«É sempre bom
equiparar um boa volta com outra semelhante. Às vezes é difícil voltar
ao campo e repeti-lo, mas joguei com a mesma alma de ontem. Senti-me
mesmo confiante e “patei” muito bem», disse o inglês que somou uma
segunda volta seguida de 64 pancadas, para um agregado de 128 (-14), a
apenas 4 do recorde do torneio para 36 buracos estabelecido há um ano
pelo francês Alexander Lévy.
E se em 2014 o
Portugal Masters foi pela primeira vez reduzido dos 72 buracos
regulamentares para apenas 36, devido ao mau tempo, em 2015 bem que
Sullivan gostaria que tal sucedesse.
Afinal, as previsões
meteorológicas para o fim de semana não são famosas, mas o European Tour
está otimista e para fintar o mau tempo tomou uma decisão que é rara mas
que é a mais acertada – a de disputar a terceira volta em shot gun a
partir das 8 horas.
«No Sábado estamos à
espera de fortes chuvadas a partir das 13 horas. Portanto, a única opção
que tivemos foi a de fazermos um shot gun», explicou o espanhol José
Maria Zamora, o diretor de torneio.
De acordo com um
comunicado do European Tour, «a única outra vez em que houve saídas em
shot gun num torneio oficial do European Tour foi no Open da República
Checa em 1994.
É verdade que este
ano, em março, houve também uma segunda volta marcada para shot gun no
Madeira Islands Open BPI, mas esse torneio foi cancelado e adiado para
julho, pelo que as ocorrências de março não fazem parte das estatísticas
do European Tour.
«Vamos alterar a
preparação do campo para a terceira volta. Para além da chuva, prevemos
ventos que possam chegar aos 50 quilómetros por hora e por isso não
vamos cortar os greens. Iremos também avançar alguns tees para tornar o
campo mais acessível. Estamos à espera de um dia muito duro»,
acrescentou Zamora, que também dirigiu os “dois” Opens da Madeira este
ano.
Será lamentável se o
mau tempo afetar o Portugal Masters porque têm-se registado, uma vez
mais, bons níveis de afluência, com um total de 18.440 espectadores
registados em três dias.
Mas
independentemente do que vier a suceder, Tomás Silva nunca esquecerá o
9º Portugal Masters, aquele em que festejou o seu 23º aniversário com um
recorde pessoal e nacional.