Apesar de
não ter havido uma vitória portuguesa, para repetir o triunfo de Ricardo
Santos em 2012, nem por isso o golfe nacional deixou de estar de
parabéns e isso mesmo foi salientado por António Henriques, o presidente
do CGSS, no seu discurso na cerimónia de entrega de prémios: «Foi a
primeira vez que tivemos quatro portugueses no top-25 deste torneio».
Com efeito,
Filipe Lima ficou a 1 pancada de igualar Cruz no top-ten, quedando-se em
13º empatado, com as mesmas 12 pancadas abaixo do Par de Ricardo Santos.
Para estes dois portugueses, foi a melhor classificação no European Tour
de 2015 e para Lima foi igualmente a segunda melhor no Challenge Tour.
Ainda
dentro do top-25, exatamente em 25º empatado (-9), fixou-se Ricardo Melo
Gouveia, que perdeu o posto de nº1 da Corrida para Omã do Challenge
Tour, descendo para 2º, ultrapassado pelo novo campeão do evento que
mais promove internacionalmente a Região Autónoma da Madeira.
Falamos do
finlandês Roope Kakko, de 33 anos, que fixou um novo recorde do torneio
para 72 buracos, com 24 pancadas abaixo do Par (66+71+64+63), quebrando
as -22 do êxito de Ricardo Santos em 2012.
Mas como
Kakko conquistou o seu primeiro título do European Tour – foi, aliás,
apenas o segundo finlandês a impor-se a este nível na história do
circuito – subiu automaticamente à primeira divisão europeia. Kakko não
mais competirá este ano na segunda divisão, pelo que, virtualmente,
“Melinho” é o nº1 da Corrida para Omã do Challenge Tour e brevemente
recuperará essa posição.
O mais
discreto dos portugueses na Madeira, dos cinco que passaram o cut, foi
Pedro Figueiredo, que fechou a sua participação no 52º posto empatado
(-3). Mesmo assim, o ex-campeão nacional ascendeu do 150º para o 137º
lugar na Corrida para Omã.
Tiago Cruz
apurado para Dinamarca
Tiago Cruz
teve um grande final de torneio. Nos últimos buracos não perdeu qualquer
pancada e fez 1 eagle e 2 birdies para conseguir o tão desejado top-ten
e tornar-se no melhor português.
«Não
estamos aqui a lutar entre os portugueses. Estou contente pelo meu
resultado, mas não é importante ficar à frente dos portugueses»,
comentou o vencedor de três torneios este ano, entre os quais a primeira
edição da Taça Ibérica.
Um top-ten
dá quase sempre acesso ao torneio seguinte do European Tour e Tiago Cruz
qualificou-se para o Made in Denmark, de 1,5 milhões de euros em
prémios, que começa a 18 de agosto.
Mas apesar
de ter embolsado hoje 11.120 euros, o campeão nacional ainda não decidiu
se irá aproveitar a oportunidade, tendo até amanhã para decidir: «Tenho
esse direito mas tenho de pensar no que é melhor para mim. De calendário
não tenho nada em agosto, até seria bom, mas a Dinamarca é um país caro,
a viagem também, tem um pouco a ver com isso. Se conseguir alguns apoios
entre hoje e amanhã talvez consiga ir».
Filipe Lima
qualificado para Genebra
Filipe
Lima, por seu lado, já tinha decidido que mesmo que tivesse conseguido
um quarto top-ten nos últimos cinco anos na Madeira não iria à
Dinamarca.
Não andou
longe e 2 bogeys no 15 e 16 custaram-lhe esse top-ten depois de um
início brilhante de 2 birdies e 1 eagle entre o 9 e o 12, que o levaram
então ao 5º posto empatado. Acabou por assinar voltas de 70, 68, 69 e
69, com alguma frustração por «jogar bem e nada acontecer».
Em
contrapartida, o prémio de 9.220 euros permitiu-lhe ascender do 41º ao
34º lugar da Corrida para Omã e com isso garantiu a qualificação para o
Rolex Trophy, um torneio de 230 mil euros em prémios, que arranca a 19
de agosto, em Genebra e que está reservado ao top-50. É outro Major do
Challenge Tour, apesar de ter metade da cotação monetária do evento
madeirense.
«O Rolex
Trophy era um objetivo para esta semana e estou bastante contente com
isso», disse o português residente em França, que somou o seu quarto
top-20 seguido no Challenge Tour.
«Desde o
início do ano que ando sempre no top-20 e isso já está a chatear-me um
bocadinho porque gosto mais de top-5 como tem feito o Ricardo Melo
Gouveia. Top-20 no Challenge Tour não dá para nada, não andas para a
frente, ficas no mesmo lugar», lamentou-se, não obstante estar convicto
de que «isto vai melhorar».
Ricardo
Santos elege European Tour
Se
o 13º (-12) lugar de Lima deu-lhe a ida à Suíça, a mesma classificação
não foi suficiente para Ricardo Santos optar pelo Challenge Tour.
O algarvio
de 32 anos é o único português com cartão (parcial) para no jogar no
European Tour em 2015 e os 9.200 euros permitiram-lhe subir de 196º para
193º na Corrida para o Dubai, mas ainda está longe do top-110 que
permanece no circuito principal.
Já no
Challenge Tour, Ricardo Santos ascendeu ao 75º posto e precisaria de
fechar a época no top-15 para continuar a jogar no European Tour em
2016.
A escolha
não é fácil mas o campeão nacional de 2011 tem ideias claras: «vou
focar-me no European Tour porque uma semana boa no Tour pode garantir
logo o cartão para a próxima época e uma semana boa no Challenge Tour
não o garante. Teria de ter-me corrido muito bem esta semana e a semana
passada também para eu poder optar pelo Challenge Tour. E se continuar a
jogar golfe assim e a sorte sorrir pode acontecer algo de bom».
Com voltas
de 66, 76, 69 e 65, Ricardo Santos saiu bem confiante de que, uma vez
mais, a Madeira será um ponto de viragem na carreira, depois de obter
aqui as melhores exibições do ano: «Há algum tempo que não tinha uma
semana com três voltas nas 60’s pancadas. A Madeira tem sido marcante. A
boa série começou em 2011 quando saltei para o European Tour e terminei
no Porto Santo em 10º e depois voltámos ao Santo da Serra em 2012 e tive
a felicidade de sair vencedor».
“Melinho” e
“Figgy” queriam mais
Dos
portugueses que passaram o cut, Ricardo Melo Gouveia e Pedro Figueiredo
foram aqueles que ficaram com «um amargo sabor», como caracterizou
“Figgy”.
Melo
Gouveia veio com legítimas aspirações ao título, mas voltas de 68, 72,
71 e 68, para um agregado de 279 (-9), deixaram-no em 25º empatado, para
um prémio de 5.880 euros.
Numa época
em que já venceu três torneios, um dos quais no Challenge Tour, na
Alemanha, só tem razões para estar confiante e, por isso, foi com
pensamento positivo que se despediu de um torneio que jogou apenas pela
segunda vez e a primeira nestes percursos Machico-Desertas: «Saio desta
semana contente porque, sabendo que não joguei ao meu melhor nível,
ainda acabei no top-30. Quer dizer que o meu jogo se encontra no sítio
certo para os próximos torneios. O meu controlo de distâncias não esteve
muito bom esta semana, os approaches não estiveram bons, não me adaptei
às condições de os greens estarem mais elevados. Hoje já consegui
adaptar-me melhor, já percebi mais o que é preciso fazer de espero para
o ano trazer essa experiência e poder lutar pelo título».
Pedro
Figueiredo, por seu lado, encerrou a participação em 52º empatado, com
285 (73+69+71+72), -3, arrecadando 2.340 euros.
Não foi o
torneio que o ex-campeão nacional desejava, mas há ilações positivas a
retirar: «Saio contente sobretudo pela forma como evoluí neste torneio.
Não vim nada confiante para aqui e saio com um balão de oxigénio e mais
tranquilo para os próximos torneios. Se conseguir jogar muito bem nos
três ou quatro próximos torneios e ficar nos primeiros 70, garanto pelo
menos o cartão “full” para o próximo ano no Challenge Tour. Seria bom e
já ficaria contente».
Roope Kakko
ama a Madeira
Quem já não
tem de fazer essas contas é Roope Kako, o primeiro finlandês a vencer na
Madeira em 23 edições. Agora, abriram-se-lhe as portas do European
Tour.
Mas a
vitória, mesmo com resultado recorde não foi nada fácil. A última volta
teve três líderes diferentes, o escocês Scott Henry teve uma arrancada
fantástica com 3 birdies, mas repetiu o 2º lugar do ano passado, desta
feita com 21 abaixo do Par, superando e 3 o seu compatriota Andrew
McArthur que, tal como Kakko, fez hje 63 (-9).
«Muita
pressão, muita pressão, mas hoje tive muitos bons pensamentos no campo e
fui capaz de suportá-la. No 16 estava quase a chorar, havia um turbilhão
de emoções, este torneio é tão importante para nós, o meu caddie
ajudou-me deu-me algumas canções finlandesas para cantar, soltou algumas
anedotas e isso ajudou-me a voltar ao presente», disse aos jornalistas.
Momentos
depois, já banhado de espumante foi para a cerimónia de entrega de
prémios, onde recebeu um cheque de 100 mil euros das mãos de Diogo Louro
do BPI; uma garrafa de vinho da Madeira Barbeito entregue por Manuel
Agrellos, presidente da Federação Portuguesa de Golfe; e a taça, dada
por Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira.
Estiveram
ainda na cerimónia Ricardo Franco, presidente da Câmara Municipal de
Machico; Jorge Carvalho, secretário regional da Educação e Recursos
Humanos; Kátia Carvalho, diretora regional de Cultura, Turismo e
Transportes; António Henriques, presidente do Clube de Golfe do Santo da
Serra; e José Maria Zamora, diretor de torneios do European Tour.
Depois de
muitos agradecimentos, alguns de voz embargada, Roope Kakko encerrou o
seu discurso dizendo: «eu amo a Madeira».